Vinte Cinco.

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Gabi: Otávio?
Falei parando na frente dele.
Otávio: Aconteceu alguma coisa Gabi? Que cara é essa?
Gabi: Me leva pra casa quando você for?
Otávio: O que aquele franguinho te fez?
Gabi: Não me pergunta nada, só aceita me levar, por favor.
Uma lágrima caiu e eu limpei ela rápido, ele se levantou e me abraçou bem forte. Desfizemos o abraço e eu lembrei das minhas coisas.
Gabi: Ó eu tenho que ir buscar minha mala, você pega ela lá comi...
Leleca me interrompe.
Leleca: Gabi o que tá acontecendo?
Gabi: Eu vou embora
Leleca: Não vai não
Gabi: Vou sim Letícia, e to indo agora, obrigado por tudo.
Eu saí andando o mais rápido que eu pude e senti o Otávio me acompanhou. Suei pouco subindo aquele tanto de morro, mas finalmente cheguei. O portão estava aberto acompanhado da porta, o Otávio não entrou, subi para o primeiro andar e fui recolhendo minhas coisas, separei as sujas em um saquinho e as molhadas em outro. Arrumei tudo na mochila e saí com ela no ombro, Otávio fumava um cigarro lá fora.

Gabi: Pronto, nos deixamos ela no carro e quando terminarem de cantar parabéns nós vamos ou nós vamos na hora que você quiser.
Otávio: Tá.
Seco.

Eu tô errada e não posso cobrar nenhuma atenção. Por que eu mal havia dado pra ele e fui me abrigar na casa de outro. Quem eu penso que sou? Não passo de uma vagabunda. Como você pode Gabriella Rangel? Nojento, ridícula.

Sair da igreja e ir parar no mundo. Cade aquele papinho que você nunca iria à um baile, que você achava ridículo se colocar em tal situação. Não era você que tinha nojo de maconha? E o nojo do loló e do lança perfume?
Vadia, você é uma vadia Gabriella. Jugou tanto as outras, mas vive se relacionando sexualmente com um e com outro.
Cadê aquele papo de boa moça? Não se faça dizendo que vai a igreja. Você rola os olhos ao ver um crente passando.
E cadê aquele papo de que piercing é coisa de piranha? Já furou a língua e o umbigo, fura a xana da próxima vez, vadia.

Otávio me libertou dos meus pensamentos ao avisar que já iríamos. Rafael não dirigiu a palavra a mim em momento nenhum, mas também não fez o papel da criança infantil de ficar se agarrando com outra. Rafael é igual a todos, com aquele papinho de "você é especial". Especial e um caralho, não passa de um safado. Mas pra que eu tô me revoltando? Não gosto dele, não gosto do Otávio, sabe do que eu gosto? Eu gosto se ver todos ao meu redor.
Gosto de quando me elogiam, gosto de quando chamam meu nome no sexo. Gosto de ver babarem por mim, gosto da onda da maconha, gosto de encher a cara e acordar sem ressaca nenhuma na manhã seguinte, por que não tem essa de bebida falsa. É as originais, nos não tem nada, e ao mesmo tempo tem tudo.

Eu não amo ninguém. Meu coração acelera quando tô perto do Otávio, mas é tensão por ele ser alguém perigoso. Para mim ele não é, mas eu nunca sei qual vai ser a próxima ação dele se eu dizer algo que não devo. Ele é imprevisível. Não sei o que esperar dele, eu nunca sei quando ele vai gritar ou quando ele vai me beijar.

Quando eu cheguei em casa os gritos da minha mãe começaram mais uma vez. Eu me tranquei no quarto e as lágrimas começaram a descer no mesmo estando. A minha mente ia na igreja desde agora, o ponto que eu cheguei, o ponto que eu EU me permitir chegar. Ninguém leva ninguém pra lugar nenhum, você vai de quiser. Não existe essa de más influências.

Acordei novamente e era madrugada, o relógio marcava 4:31 da manhã. O som de longe chegava até aqui. Meu sono havia passado. Lembrei do Otávio.

Por que eu tô lembrando dele a essas horas? Merda. Achei meus fones de ouvidos e conectei no celular, coloquei na minha playlist de sertanejos e em aleatórios no Spotify e começou a tocar ''Que sorte a nossa''.
Otávio. Sorri, mordi os lábios. Sorri mostrando os dentes.
Para de ser louca. Você não tem coração. Você não ama ninguém. O que é amor? Amor não dói. Amor não machuca. Amor só traz felicidade. E tudo que o Otávio me trouxe foi prazer.
Céus, por que raios a minha mente está a milhão?
Sono, volta.

As músicas iam passando e cada vez mais meus pensamentos me levava a ele. Eu não sei o que é esse sentimento. Meu Deus...
Lembrou de Deus, Gabriella?
Atacou meu pior inimigo, meu subcomandante.
Só lembra de Deus quando precisa, não é mesmo?
Me deixa em paz, eu amo à Deus em primeiríssimo lugar.
Estão volta.
Eu não consigo.
Você é uma fraca.
Sai de mim, por favor. Eu vou voltar, eu não consigo agora, mas eu vou.

Não deu tempo da resposta do meu pior inimigo, eu adormeci em meio aos meus pensamentos.

4 MESES DEPOIS.

Constantes. Brigas e mais brigas com aquela que me concebeu a vida. Há um mês e meio eu aceitei a me sujeitar a um pedido de namoro do Otávio. Foi do nada, nos ficamos mais algumas vezes desde o ocorrido só aniversário do Rafael e ele finamente falou o que queria conversar comigo e quando ele começou a falar disse que queria juntar as escovas de dentes e que o lado da parede era dele. Eu saquei de primeira e disse que iria pensar, aí ele respondeu que com ele não tinha essa. Era 8 ou 80 . Vai ou fica. Sim ou não. Minha mente implorava para minha boca dizer sim, mas meu coração foi mais rápido dando um não como resposta.
então começou o pesadelo dentro de casa.
Minha ''super mãe'' só me humilha. Nesse um mês e meio de namoro as minhas malas estão feitas. Todo o santo dia ela me expulsa de casa. É claro que eu entendi que nenhuma mãe quer ver sua filha com bandido, ninguém manda no coração. Otávio jogou sujo. Mas eu não o amo, eu gosto dele, mas amar não. Pelo menos, no meu achar não chega ao tal ponto.
Todos os dias eu falo que vou me mudar para a casa dele e na hora eu falo para deixar para outro dia. Eu não sei, não consigo sair. Cansei de apanhar da minha mãe por causa dele, mas algo me prende e esse alguém com certeza é Deus, por que eu tema que seja pior sem minha mãe. Independente de tudo, mãe é mãe e ela sempre quer apenas o melhor para o filho.

GABIOnde histórias criam vida. Descubra agora