II

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Samuel Nara estava em seu computador portátil quando ouviu uma janela se estilhaçar e o som estridente adentrar o seu apartamento.

- AHHHHHHH! - O grito veio do outro lado do corredor junto a uma pancada seca no chão, com certeza era da sua velha vizinha Mary.

- Mas o que diabos foi isso?  - Sam correu rapidamente para o criado-mudo e pegou o seu telefone, discando instantaneamente para a polícia, porém estava sem sinal o telefone.

- Ótimo, era tudo que eu precisava. - Pensou Sam colocando o celular no bolso e indo para a cozinha apanhar a maior faca que conseguira encontrar na sua gaveta de talheres. Caminhou até a sua porta e olhou pelo olho mágico verificando se o que quer que seja que estivesse no apartamento da velha Mary, não estaria ali no corredor.

Abriu a porta do seu apartamento com a maior cautela que poderia distribuir em seu corpo e caminhou vagarosamente na direção da porta de sua vizinha que estava entreaberta, ele entrou com a faca em punho, segurando-a como um açougueiro pronto para cortar umas peças de porco.

- Sra. Mary, está tudo bem com você? - Sam disse isso automaticamente, sem ao menos pensar que se um intruso estivesse ali, agora saberia que ele estava dentro da casa. - Eu ouvi a senhora gritar e vim ver se está tudo bem.

Samuel tateou a parede a procura de um interruptor, ele já esteve diversas vezes dentro daquele apartamento para ajudar a velha Mary com alguns afazeres domésticos, mesmo assim ele não conseguia de maneira alguma encontrar o interruptor. Pegou então o seu celular no bolso e ligou a lanterna iluminando precariamente o apartamento. Na sala de entrada da residência estava tudo aos seus conformes, Então Sam foi caminhando para a cozinha, quando viu então que um dos compartimentos do armário da Mary tinha caído sobre a pia quebrando então alguns copos e louças.

- Que coisa ridícula. - suspirou Sam aliviado.

Samuel se virou e já ia saindo do apartamento, quando deu de cara com Mary na porta de entrada.

- Ahh, olá Sam, boa noite - Disse ela com um sorriso no rosto e a voz doce como sempre. - Você deve ter se preocupado com o barulho não é mesmo?

- É... isso mesmo - Disse Samuel meio desajeitado guardando o celular e tentando esconder ridiculamente a faca por trás das costas. - Pensei que a senhora tinha se...

- Basta Sam - interrompeu Mary entrando pela sala. - Sei bem que você sempre tem as melhores das intenções.

- Tudo bem então, acho que agora é o momento de me retirar não é mesmo?

- Com toda certeza. - Mary falou com um tom de voz mais ríspido, o que deixou Samuel desconfortável pois a velha Mary nunca tinha sequer mudado o tom de voz com ele.

- Perdão por ter invadido o seu apartamento assim. - Samuel tinha acabado de passar pela porta quando Mary bateu ela com tanta força que Sam achou, com certeza, que ela não estava tendo a melhor noite de sua vida.

- PEÇA PERDÃO AO DIABO! - Gritou ela com um tom de voz gutural.

- Não precisa se estressar tanto Sra. Mary, eu estava com as melhores das intenções, assim mesmo como a senhora disse. - Samuel estava tentando computar em sua cabeça se a ação que ele teve realmente poderia ter a importunado tanto assim.

- De boas intenções o inferno está cheio, seu merda você vai ver isso.

- Tudo bem Mary, discutir com você não vai resolver em nada, muito menos nessa hora da ...- Samuel não sabia dizer ao certo em qual parte do dia eles estavam, mas de certa forma ele não se preocupou com isso nesse momento.

Vinho QuenteOnde histórias criam vida. Descubra agora