IV

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- Alô, Michelle? - Sam Atendeu o telefone de bate pronto.

- Não, não é a Michelle. - Era Ron ao telefone.

- Puta merda Ron, foi mal.

- Mal não, foi péssimo - Ron respirou fundo, como alguém que tenta se acalmar para não dar uma bronca em uma criança. - Enfim cara, desce pro estacionamento que eu estou te esperando aqui.

- Tudo bem - Concordou Samuel. - Já estou a caminho.

- Pelo amor de Deus - Suplicou Ron - Não demore mais, Já faz meia hora que estou tocando a droga da sua campainha, mas você parece que não quer receber seu amigo em casa.

- Eu estava no banho. - Samuel tentou se explicar, mas Ron não lhe deu a devida atenção.

- O.k. então garoto, tchau.- Ron desligou sem maiores cerimonias e sem esperar que Nara também se despedisse.

- Ótimo! - Sam esbravejou consigo mesmo. - Virou alegria da galera agora desligar na minha cara.

Samuel guardou seu celular no bolso da calça, pós se de pé e olhou pelo espelho do guarda-roupa, aproximou-se um pouco mais e ajeitou o cabelo. Uma camisa vermelha de gola, uma calça jeans preta e um tênis para esportes, eram simples as suas vestimentas e boas para um encontro casual. Inesperadamente para Samuel o encontro seria com Ron e não com Michelle como ele havia pensado.

- Eu tenho que começar a olhar o visor do celular antes de atender - Samuel pegou as chaves do seu apartamento, apagou todas as luzes e saiu trancando a porta de entrada. - Puta merda, que idiotice. Ron vai pensar que eu sou um idiota desesperado; Se bem que sou. Mas quem se importa.

Nara deu duas voltas com a chave na fechadura e forçou a maçaneta, para verificar se realmente a porta estava trancada. Se virou e foi em direção as escadas, dessa vez descendo elas devagar, sem todo o estresse que passou durante seu sonho. Dois lances de escada e quando estava quase chegando no saguão ele se encontrou com a sua vizinha de corredor Mary, carregando algumas cartas em sua mão.

- Olá Sam, boa noite - Disse ela com um sorriso na face e o tom doce de sempre em sua voz.

- O... o... olá Mary - Nara sentiu um calafrio instantâneo por todo seu corpo, após ver ela sendo tão gentil, tão diferente do jeito que estava em seu sonho. - Desculpe-me dona Mary, mas no momento eu estou com um pouco de pressa. - Sam apertou um pouco o passo desajeitadamente, o que fez ele pisar um degrau em falso e quase se estatelar no chão.

- Cuidado Samuel, não vai querer se quebrar todo antes do encontro.

- Eu não estou indo para um encontro. - Samuel disse isso já no pé da escadaria e Mary ouviu pouco do que ele havia dito.

- Esses jovens... - Mary disse balançando a cabeça e com um sorriso no rosto. - Pensam que podem enganar a velha Mary. - Concluiu.

Samuel colocou o pé para fora do Saguão do prédio e sua visão foi ofuscada pelo sol que estava se pondo no horizonte, ele protegeu os olhos com o antebraço e olhou em volta do estacionamento à procura de Ron. Ele estava escorado no capo do seu Chevrolet Onix vermelho recém-pintado. Ron estava massageando as têmporas e estampava um semblante de preocupação em seu rosto suado.

- Já era hora, não é mesmo senhor Nara?

- É acho que você está certo, demorei tanto que seu cabelo até caiu. - Samuel estendeu a mão cumprimentando Ron.

- Nossa, parece que nada pode deter o senso de humor genial de quinta série do grande Samuel Nara. - Ron ficou plenamente de pé e apertou a mão de Samuel.

Vinho QuenteOnde histórias criam vida. Descubra agora