X

13 2 0
                                    

Samuel tateou os bolsos e desajeitadamente pegou as chaves da porta do seu apartamento, colocou uma delas na tranca e girou, ao fazer isso ele ouviu do fundo do corredor:

- Olá, bom dia Samuel - Disse a senhorita Mary. - Desculpe-me te incomodar essa hora da manhã, mas você poderia me ajudar com uma coisinha aqui no meu apartamento?

- O... Oi dona Mary - Respondeu Samuel espantado por ver sua vizinha acordada tão cedo, ou tão tarde, dependendo apenas do ponto de vista, ele deduziu que era cedo. - Mas é claro, eu só vou guardar essas coisinhas aqui e já vou. - Samuel levantou a mão com as sacolas que ele carregava e balançou a cabeça na direção do seu cão.

- Ah sim, deixarei a porta aberta, quando você voltar pode entrar sem se preocupar em bater. - Ela estampou um sorriso em seu rosto.

- Tudo bem, só um instante - Um calafrio correu pela espinha de Samuel ao lembrar mais uma vez de seu pesadelo. - Pelo menos ajudar-la irá retirar um pouco do meu sono. - Samuel pensou e deu uma coçada no olho para espantar o sono.

Nara rodou a maçaneta da sua porta e a abriu, exibindo para ele um apartamento limpo, coisa que fazia semanas que não acontecia devido ao seu estado de desleixo.

- Bem-vindo ao seu novo lar temporário Lucky - Sam agachou, retirou a coleira do cão e o afagou, recebendo instantaneamente uma balançada de cauda e uma lambida no rosto como agradecimento. - Não é tão grande quanto o apartamento da Michelle, mas a intensão é o que importa. - Ele sorriu com um pensamento nostálgico de quando morava com Michelle.

Sam fechou a porta e colocou uma das vasilhas que havia comprado no chão, abriu o saco de ração e encheu a vasilha até a borda, Antes mesmo de terminar, o cão já estava se deleitando com sua refeição. Nara caminhou até a cozinha com a segunda vasilha e na torneira encheu ela com água filtrada, voltou cuidadosamente para onde o cão estava e colocou a vasilha ao lado dele.

- Então garoto, eu vou um instante na velha Mary ali do lado e já volto - Samuel estava em frente a porta. - Tente não fazer nada estupido, pelo amor de Deus.

Samuel atravessou o corredor e bateu gentilmente na porta, mesmo a senhorita tendo lhe falado que não era necessário, ao bater ele não obteve resposta, então decidiu entrar. Ao colocar seus pés dentro do apartamento, mais uma vez o calafrio subiu por sua espinha.

- Olá... Senhorita Mary? - Samuel estava olhando ao redor do quarto e admirando os moveis de tão bom gosto que a velha possuía.

- Ahh; Oi Sam, eu estou aqui - A voz doce veio da cozinha. - Estou passando um pouco de café para você, imaginei que gostaria de beber um pouco nessa hora da manhã.

- Eu agradeceria bastante - Samuel sorriu. - Falando nisso o que te põe de pé tão cedo?

- Bem, é essa bendita torneira da pia, ficou gotejando a noite toda, você tem alguma ideia de como lidar com isso?

- Eu não tenho certeza sobre isso - Sam coçou a cabeça pensando em como faria isso. - Mas eu dou um jeito para a senhora.

- Muito obrigado garoto - Ela sorriu enchendo uma xícara com café. - Gostaria que todos os garotos da sua idade fossem como você, aqui está seu café, sente-se um pouco e beba.

- Infelizmente o mundo está ficando cada vez pior, são poucas as pessoas que se importam com as outras. - Samuel se sentou e bebeu do café, deixando transparecer um ar de preocupação em seu rosto.

- Eu acho isso besteira - Mary também se sentou. - Enquanto houver pessoas para fazer o bem, haverá outras para se inspirarem nelas.

- E quando não restar nenhuma para fazer o bem? - Samuel levantou o rosto e fixou o olhar nos olhos da doce senhora.

- Nesse dia garoto - Ela fez uma pausa e deixou seu rosto tomar uma feição sinistra. - Nesse dia o Demônio andara por essa terra. - Ela fez outra pausa e estampou um sorriso no rosto. - Mas enquanto isso, vamos aproveitar a vida que temos e fazer o bem ao próximo não é mesmo.

Samuel concordou com a cabeça, terminou seu café e foi em direção a pia que havia tirado o sono noturno da velha Mary. observou e mexeu nela por cerca de 10 minutos e por fim fez cessar a goteira.

- Está pronto dona Mary - Samuel se pós de pé e se curvou fazendo uma especie de alongamento. - Era apenas uma rosca mal apertada o motivo da goteira.

- Muito obrigado mesmo Sam - Ela estampou um sorriso completo em seu rosto. - Você é mesmo um anjo.

- Não sou nada disso. - Samuel andou na direção da porta do apartamento.

- Não seja modesto garoto - Ela o acompanhou até a porta. - Se você precisar de algo é só me falar.

- Entendi - Samuel lembrou-se do pedido de Ron. - Sobre isso é... não esquece, deixa pra lá.

- O que foi garoto? - Mary expressou uma feição de curiosidade.

- Não é nada. - Samuel gesticulou com as mãos para que ela deixasse pra lá o seu pedido.

- Samuel, você já me fez muitos favores, pode até ser algo muito idiota para se falar, mas se tem algo que essa velha aqui pode fazer para te ajudar. Eu estarei disposta.

- Bem... - Samuel estava considerando a ideia de Ron mais uma vez. - Não é certeza que isso será necessário, mas é que talvez hoje a noite eu vou sair e como a senhora viu mais cedo eu estou com o cão da minha namorada e não posso deixar ele sozinho. Seria possiv...

- Eu cuido dele sim Sam - A senhora interrompeu Samuel com a sua doce voz. - Vá aproveitar a sua noite, você pode até trazer ele aqui para o meu apartamento, seria uma boa companhia para mim. - Ela sorriu

- Muito obrigado Senhora Mary, a senhora sim é um anjo.

- Não é nada querido, agora eu vou tentar dormir um pouco.

- Ah sim, tudo bem. - Samuel acenou com a mão uma despedida. - Uma boa noite então.

- Pra você também Sam, se é que você dorme - Ela também se despediu com um aceno. - Mais uma vez, muito obrigado pela ajuda.

Samuel esperou que a velha fechasse a porta para dar as costas, ao ouvir o barulho da tranca rodando dentro do interior da porta, ele andou em direção ao seu apartamento torcendo para que seu cão não tivesse destruído nada. Ao entrar em seu apartamento, não havia sinal nenhum do cão, muito menos de um desastre causado por ele. Samuel ficou apreensivo e olhou pela sala, sem nenhum sinal do cão. Ainda assustado correu para a cozinha e mais uma vez nada do cão, enfim com o coração palpitando, quase saindo da boca, Samuel foi para a direção do seu quarto e viu a porta entreaberta. Ele abriu a porta com cautela já prevendo ver o pior, ao abrir-la viu o cão deitado em um canto de sua cama dormindo.

- Puta merda Lucky, você quase me matou do coração - Pensou Samuel deitando no outro canto da cama e sentindo o alivio de ter achado o cão. - Você pelo visto é menos bagunceiro do que eu. - Nara deitou de lado e fechou os olhos, sem querer e muito menos perceber, ele caiu no sono.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 12, 2017 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Vinho QuenteOnde histórias criam vida. Descubra agora