IX

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Um único clarão no céu, um único estrondo, algo tão simples e comum, mas que naquelas circunstanciais tinha um significado singular. Qualquer um que morasse na parte baixa sabia exatamente o que estaria por vir. Claramente, não Samuel que se assustou com o barulho e pensou que poderia ter sido um tiro, em um beco qualquer dali. Ron também não sabia, já que apenas tinha ouvido falar do estranho 'levante dos mortos'. O único do carro que parecia saber o que estava por acontecer era Lucky, o cão que se encontrava apenas dormindo, acordou de repente com o barulho. Em um ato instintivo ele ficou em posição de alerta, olhando ao redor e rosnando para o nada.

- Droga Sam, vai começar. - Ronaldo desceu do carro com as chaves na mão e foi em direção ao porta-malas.

- Hey! o que você vai fazer? - Samuel sentiu um frio correr pela espinha e os pelos do seu corpo arrepiarem, a situação parecia mais tensa do que deveria ser.

- Vamos, abra! - Ronaldo forçou a tampa do porta-malas, mas ela parecia presa. - Isso! - Ele exclamou aliviado ao ver que finalmente a tampa havia sido destrancada.

Samuel estava olhando ao redor do carro, procurando ver se alguma coisa acontecia. Por um instante tudo ficou em silêncio, mas rapidamente o silêncio foi quebrado, pelo bater da tampa do porta-malas sendo trancado. Samuel viu Ronaldo correr para a porta dianteira, abrindo ela e sentando no banco do motorista com uma chave de roda na mão e uma barra maciça de ferro, com o tamanho de 60 centímetros aproximadamente Samuel deduziu.

- Toma, segura essa merda - Ronaldo entregou para Sam a barra. - Pula para o banco de trás e protege o cachorro.

- Você acha realmente que isso será necessário? - Samuel estava tremendo de medo e desengonçadamente passou para o banco de trás.

- Se é necessário? - Ron estava aparentemente calmo. - É claro que é necessário, agora se a gente vai precisar usar isso, eu não sei te responder. - Ele apertou outros dois botões na porta e as janelas traseiras se abriram, como havia feito outrora com as dianteiras.

- Você quer nos matar? - Samuel ouviu a porta do prédio ao lado deles se abrir, o suor gelado escorreu pela sua testa. - Feche essas malditas janelas Ron! - Lucky agora estava olhando para a esquina à direita do carro olhando em posição de alerta.

- Não, você tem que ter todo o caminho aberto para qualquer coisa, se eles fizerem qualquer gracinha você enfia essa merda na cara deles sem dó, se a coisa ficar muito feia eu tiro a gente daqui. - Ronaldo olhou para o retrovisor central do carro e viu algo que o fez repensar a ideia de estarem ali. uma multidão que ele não conseguia nem ao menos por em números. - Se prepara Sam, aí vem eles.

Da portaria do prédio abandonado que Samuel estava tentando contar os andares, saíram em questão de segundos mais de 100 viciados.Todos eles se empurrando e contorcendo um em cima do outro, mas nenhum correndo. Eles passavam lentamente ao lado do carro, conversando baixinho entre eles e sem dar muita atenção para os ocupantes precariamente armados. Da esquina à direita apareceram mais uns 500 e por assim ia até o final da avenida. Até chegarem na fabrica.

- Isso é ridículo - Samuel finalmente conseguiu dizer algo. - Por que todos estão assim, eles de fato parecem zumbis.

- Isso Sam, é o que a gente chama de... - Ronaldo parou pois ouviu uma batida mais forte na traseira do carro, que no momento estava completamente rodeado de viciados. - A gente chama isso de, 'O problema numero um da cidade'.

- Se isso já está tão grave assim, por que a policia simplesmente não intervém? - Alguns usuários tiveram a atenção tomada para dentro do carro quando Samuel comentou sobre policia, mas eles apenas continuaram seguindo seu rumo.

Vinho QuenteOnde histórias criam vida. Descubra agora