Capítulo 08 - Dorkoff

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"Você tem certeza de que não quer jantar fora?" Eu perguntei.

Eu, claro, não me importaria de ficar em casa com ela, mas eu também não queria que Lauren se sentisse desconfortável, apenas no caso de ela preferir ter essa conversa em um lugar neutro.

"Sim, eu tenho certeza." Ela confirmou. "Nós queremos conversar sobre assuntos pessoais, de qualquer modo, e talvez seja melhor que isso aconteça em um ambiente privado."

Lauren tinha um bom argumento.

Quando ela chegou, alguns minutos atrás, eu parei de pintar e perguntei se ela não se importaria de esperar eu me arrumar, foi então que ela sugeriu de jantarmos aqui no meu apartamento mesmo. Nós nos dirigimos à cozinha e decidimos preparar macarrão e frango.

Eu definitivamente não achava que nós faríamos o jantar hoje. Cozinhar juntas parece ser uma coisa tão doméstica a se fazer, e eu não podia deixar de me perguntar se nós faríamos isso mais vezes se ela viesse aqui sempre.

Eu me repreendi silenciosamente por ainda ter esperança com ela, mas é a Lauren. Como eu poderia não ter?

Eu a ouvi limpar a garganta enquanto colocava o macarrão na panela de água fervendo, o que me tirou do meu transe.

"Então..." Ela começou se virando em minha direção logo depois de ter colocado todo o macarrão dentro da panela.

"Eu posso começar?"

Eu já tinha posto o frango no forno, então me sentei na bancada da cozinha e me preparei para a conversa que nós estávamos prestes a ter. Um ano e meio de frustrações, perguntas não respondidas e coração partido, tudo isso seria o assunto dessa conversa e eu bem sabia que não estava nem um pouco preparada para isso.

Mas mesmo assim eu assenti, para que ela soubesse que podia continuar.

Ela também se sentou na bancada, diretamente de frente para mim. Foi aí que eu percebi que minhas preocupações anteriores sobre ela não se sentir confortável aqui eram incrivelmente estúpidas. Eu nem acredito que eu sequer cogitei essa possibilidade. Durante os anos de nosso relacionamento, nós passamos mais tempo nesse apartamento do que em qualquer outro lugar. É claro que ela se sente confortável aqui.

"Por que você foi embora?"

Eu imediatamente senti uma dor se espalhando pelo meu peito, quase como se uma faca sem fio tivesse sido introduzida ali. Ela certamente não perdia tempo, não é? Agora eu estava ainda mais nervosa do que antes, e eu achava que isso não era possível.

"Você sabe por que eu fui embora." Eu respondi.

"Sim, eu sei, mas eu nunca entendi."

Eu dei de ombros. "Eu não achava que tinha muita escolha."

"Você sempre tem uma escolha." Ela me contrariou.

Eu assenti. Não havia nada que eu pudesse dizer, eu sabia que nossa conversa iria por esse caminho. Eu fodi com tudo.

"Eu sei." Eu limpei minha garganta. "Eu não via as coisas dessa maneira naquela época."

Ela suspirou. Não era essa a resposta que ela queria. Mas eu preferia ser honesta do que simplesmente falar o que ela queria ouvir; mentir foi o que nos levou à situação em que nos encontramos agora, para começo de conversa.

Eu olhei para o forno para garantir que a comida não havia queimado e então ela continuou.

"Eu fiquei imediatamente fascinada por você, sabia?" Ela começou com o tom de voz suave. Eu estava me sentindo um pouco nostálgica com a mudança abrupta de assunto, mas imaginei que ela estava perguntando isso para mostrar seu ponto de vista. "Quando nos conhecemos, digo." Ela passou os dedos pelo cabelo recém cortado e eu fiz uma nota mental para elogiá-la mais tarde. Ela está linda.

The Iceberg Method (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora