Capítulo 10

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10 de novembro.
Não há tempo a perder. Os correspondentes internacionais já estão organizados e a viagem já está para começar. O secretário do Papa, Padre Salomão, convoca os jornalistas para irem até a sala de imprensa.

— Caríssimos, hoje começa a saída do papa Bento XVI daqui de Roma para a América Latina, vocês são os jornalistas que estarão dentro do avião conosco e poderão entrevistar o santo padre na ida desta viagem. Sabemos que ele é uma pessoa tímida, mas, que irá atender o máximo possível. Seus equipamentos estão no aeroporto de Roma aos cuidados da Alitália. Uma van irá levar vocês... Estão em 15, 16 pessoas. É isso? — diz olhando para os lados como se estivesse procurando alguma coisa.

— Sim, são quinze pessoas. — diz o assessor.

— Pois bem. Quinze. Boa viagem á todos! — ele sorri e acena.

— Vamo lá Gabriel? A hora é nossa! — diz Caíque.

— Vamo!

Minutos depois...

Eles já estão no aeroporto, no pátio mesmo para não criar um tumulto. As forças armadas italianas se ofereceram para buscar o papa e seus auxiliares de helicóptero no Vaticano, então foi mais rápido que se imaginou.

— Daqui a pouco, o papa está chegando, vamos entrar no avião? — diz uma aeromoça indicando a escada. Subam e sentem-se nos assentos marcados para vocês.

Caíque faz o sinal da cruz e entra no avião, logo depois, sobe Gabriel carregando uma pasta preta. Na poltrona 25 e 26, os dois se sentam e esperam a chegada do pontífice e a partida do avião. Gabriel, pega o celular, coloca em modo avião e usa somente um lado do fone de ouvido.

— O que você está ouvindo?

— Uma rádio local de notícias!

— Legal! Sinto-me realizado, pela primeira vez na minha vida irei viajar no mesmo avião que o papa. Eu que sempre gostei de estudar o Vaticano, e sou religioso... É uma oportunidade única! — comenta de mãos postas segurando um terço. — Obrigado, Padre Pio, obrigado Jesus!

— Parabéns!

Um senhor de cabelos brancos, e batina preta com uma faixa vermelha, um bispo, sobe no avião e diz: — O chegou o papa! Imediatamente os jornalistas se prontificam, os fotógrafos ajeitam suas câmeras. Da TV italiana, com duas emissoras estão cobrindo a partida do avião. Começa um burburinho, entra o secretário particular e em seguida um homem de branco, ou seja, o papa.

— Atenção, senhores, a Sua Santidade Papa Bento XVI!

— Boa noite, caríssimos! — acena o homem.

— Boa noooite! — respondem.

— No dia de amanhã, estarei na América Latina para uma viagem missionária pela segunda vez no continente. Minha primeira viagem passou apenas de uma curta escala na Argentina. Mas, eu irei ficar por seis dias. Vocês estão me acompanhando, o que é uma honra para vocês e também para mim. — diz o papa.

— O santo padre irá se resguardar um pouco, mas em breve, ele está de volta. — diz o porta-voz.

E o papa abençoa a todos e entra com seus auxiliares na parte privada do avião.

O alto-falante anuncia: — Senhores passageiros, por favor, desligar os celulares, apertem os cintos de segurança e fiquem sentados. O avião vai decolar!

Minutos depois...

Aparece na porta reservada do avião, o secretário papal. — senhores, o santo padre vai dar uma entrevista coletiva breve á imprensa, em minutos. — disse falando ao microfone enquanto alguns jornalistas se acomodam nos assentos para ouvi-lo.

— É a nossa hora, Gabriel. Cadê os papeis? Onde colocou? — pergunta olhando para os lados como se estivesse procurando alguma coisa.

— Ah espera... Ah achei. — Gabriel em pé no bagageiro entregando uma pasta plástica azul com documentos. — Aqui está!

— Obrigado! E... Você tem aquela bandeira nacional aí na mochila? — pergunta Caíque.

— Sim... Está aqui em um dos bolsos... Achei. — entregou um pano verde embrulhado em uma folha de jornal.

— ótimo! Assim que tiver oportunidade, irei entregar ao papa, para ficar de lembrança! — sorri.

[...]

Há uma pequena movimentação no avião, da porta branca se vê o papa de batina branca. Eis que aparece novamente, o seu secretário com o porta-voz do Vaticano, este que anuncia:
— Caríssimos, eis a Sua Santidade, o papa Bento XVI!

E o santo padre, com uma expressão um pouco tímida começa a falar:

— Queridos irmãos e irmãs, bom dia.
— Bom dia! — respondem em coro.
— Como todos sabem esta é a minha primeira viagem á América Latina. Irei fazer uma passagem breve aos países daquele continente, mas minha missão é o Brasil. Vou me encontrar com os jovens cristãos e católicos para o Jubileu dos Jovens. Estou aqui para responder perguntas de vocês amigos jornalistas.

E começa as perguntas. Primeiro, a vez de uma jornalista peruana;

— Santo Padre, o que o senhor acha da conversão das pessoas na época de viagens apostólicas?
— Pois bem, eu como um Pastor, acho isso um presente de Deus e com isso posso ter duas certezas; a primeira é que Ele me ajuda nessa missão; a outra é que ainda temos como Igreja, esperança para que continue viva, apesar de toda agitação do mundo. — Responde ajeitando a cruz peitoral da sua roupa.

Depois, um jornalista americano pergunta;

— Santidade, o que o senhor acha sobre algumas igrejas, estarem deixando um pouco de lado, a tradição, e adotando o modernismo?
— Bem, eu sou adepto ao tradicional, sou conservador. Da forma de que os fiéis têm o direito de receber a comunhão de joelhos e na boca, a todo o devido respeito á Eucaristia. Também sou a favor do canto gregoriano, que infelizmente desapareceu de países latinos. Mas, a Igreja, ela deve sempre seguir a tradição, aos trejeitos que vem de séculos.

Em seguida, um jornalista europeu perguntou;

— Papa, poderia nos dizer quais são as dificuldades de ser um pontífice? São muitas? Como agir?
— Ah sim, boa pergunta. Sim, dificuldades existem. Vou dar exemplos: A maior dificuldade é que os dias de trabalho ás vezes são cansativos fisicamente, pois têm audiências, visitas a receber, documentos para fazer. Ainda mais numa idade avançada. Mas, também há o perigo das tentações... Então, todos os dias, a todo o momento, eu me reservo, saio do palácio apostólico e vou rezar num cantinho da Basílica, e volto renovado. Mas no final é um grande prêmio!

Agora é a vez de o brasileiro perguntar. Caíque se posiciona e pergunta;

— Querido Papa, é uma alegria imensa nós do Brasil receber a visita do papa. Eu me sinto muito feliz por estar aqui representando o povo, mas antes, tenho uma pequena lembrança... Gabriel! — faz gesto para Gabriel que lhe entrega a bandeira. Aqui está á nossa bandeira. Quero lhe entregar em nome dos católicos. — ele sorri com lágrimas nos olhos...

— Ah, que belo, muito obrigado, uma bandeira brasileira! O maior país católico! Obrigado filho. — entregando ao seu secretário.

— Por nada. Pois bem, santidade... Que conselho o senhor teria para a juventude? — pergunta.
— A juventude... Bom, eu recomendo a todos que sigam os passos de Jesus e o que aprenderam na catequese e na alegria da primeira comunhão. Eles são o futuro da Igreja e do Mundo, se possível seria muito bom continuar seguindo Jesus com toda essa energia, inteligência. E eu nesta viagem, irei visitá-los!

Minutos depois...

Caíque está ouvindo música em seu celular, enquanto está deitado na poltrona do avião, olhando para o nada, distraído, quando lhe vem à vontade de ir ao banheiro. Ele levanta, vai e em sua cabeça surge uma idéia: "Queria falar com o Papa... receber um autógrafo ou uma bênção". Um pouco desanimado, ele volta ao seu lugar e começa a escrever uma matéria, com o seguinte título em letras grandes e em negrito:

"Papa aos jovens: devem seguir os passos de Jesus e também são o futuro da Igreja!"

Viajando com o PapaWhere stories live. Discover now