Dois - Jantar Em Família

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Naquela noite o jantar de Ação de Graças seria apenas para cinco pessoas, Steve estava feliz em rever os filhos e Maggie, nossa, ela nunca estivera tão deslumbrante, nem mesmo quando se casaram. Steve se orgulhava de tudo que tinham conquistado juntos, a casa, a família, o negócio em que investiram todas as economias...

    April, a filha mais velha, estava sozinha porque o marido estava viajando a negócios, mas seu casamento era estável, Kenny era bom para ela e era visível o quanto se amavam. Harry viera de Dartmouth para passar o feriado com a família, sempre fora o mais inteligente dos três irmãos e também o mais afetuoso, e agora estava prestes a terminar a faculdade, logo seria um advogado de sucesso e quem sabe, mais tarde, um juiz?

    Já Erick era outra coisa, dos três filhos, ele sempre fora o mais isolado, Maggie e Steve chegaram a pensar que seria o mais desafiador dentre os irmãs, mas a medida que o tempo passava, ficou claro que ele era apenas... Distante; e para a surpresa de todos, num belo dia de primavera, Erick recebeu uma carta de um dos professores da Juilliard e meses depois o rapaz se tornara o músico da família.

    Steve se orgulhava da família, Maggie se mostrara a mais incrível amiga nos meses de divórcio amigável que tiveram, para todos os parentes eles ainda estavam juntos, ela insistiu na farsa, pois queria que os filhos soubessem antes de qualquer outra pessoa, e como parte do acordo, Steve deveria assumir-se até o fim do ano, pois o ano seguinte seria um recomeço para os dois.

    O jantar foi longo e divertido, Maggie e Steve trocaram amenidades o tempo todo, sempre sendo muito formais, April não demorou a perceber, mas decidiu falar sobre isso mais tarde com seus pais, separadamente. Erick sentiu falta dos parentes e Harry constantemente fazia observações sobre seu último ano em Dartmounth.

    Quando todos estavam cheios, Steve e Maggie conversaram através de breves olhares, e então, após a mulher balançar a cabeça afirmativamente, ele pigarreou e disse em voz alta:

    — A mãe de vocês e eu temos algumas coisas para contar... – aquelas palavras eram como uma pedra na janela do inconsciente de cada um dos filhos.

    — Sabia que algo estava errado! – April exclamou batendo a palma da mão na mesa.

    — Minha nossa, Sherlock... Você é a única detetive da família, né? – Harry ironizou.

    — Shhh... – foi a única coisa que Erick disse.

    — O que aconteceu? – April ignorou o irmão caçula e desatou a falar. – Quem está doente? Alguém da família faleceu? Vocês resolveram ter um filho?

    — April, silêncio, por favor! – Maggie estava tensa.

   — Por favor... – o tom de voz de Steve era apaziguador demais, sua companheira passou muitos anos invejando todo esse autocontrole. – Preciso que fiquem em silêncio e me escutem... Vocês podem fazer isso?

    Todos assentiram.    — Ótimo, a mãe de vocês e eu, nós... – por um instante ele teve vontade de mentir, ele hesitou, o que estava prestes a dizer poderia acabar com a família que haviam formado, mas ele prometera para Maggie quando assinaram os papeis do divórcio, por isso ele respirou fundo, armou-se de coragem e continuou. – Maggie e eu, nós... Nós nos separamos...

    — O que? – Erick falou tão alto que assustou a todos.

    — Como assim "nos separamos"? – Harry estava pálido.

    April tentou dizer algo, mas não conseguiu e começou a chorar.

    — Será que o pai de vocês pode terminar de falar?! – Maggie ralhou. – Pelo amor de Deus, controle-se April!

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