CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.
CONFORME AVISADO O LIVRO FICOU COMPLETO ATÉ O DIA 20.04.2017
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CAPÍTULO 8 - PARTE 1
Lua
— Ei, filhotinho da mamãe. Tudo bem?
Beijo a bochecha do meu filho e agradeço a professora do berçário. Saio com meu filho e sua bolsa nos braços. Arrumo Lucas em sua cadeirinha e depois de me acomodar em frente ao volante, seleciono as músicas infantis que meu filho tanto gosta.
Lucas está com a corda toda e balbucia as letras ao mesmo tempo em que mexe os braços e as pernas. Ele usa um boneco do Capitão América como fantoche. Artur que deu o brinquedo a ele e é o seu xodó.
Canto junto com Lucas, que gargalha com a minha interpretação digna de um Oscar.
Dirijo com mais cuidado do que o habitual, pois mesmo com o dia corrido e cansativo que tive, o aperto em meu peito não sumiu.
Troquei e-mail com Artur, pedindo para ele se cuidar, por isso farei minha parte agora, e mesmo que eu atrase o trânsito da cidade toda, chegaremos em casa sãos e salvos.
Depois de chegar, dar o jantar de Lucas, um banho quentinho e milagroso que fez meu filho apagar em segundos, volto para a cozinha e inicio o preparo de um filé rápido com um risoto. Deixo tudo semipronto e subo para tomar um banho.
Pego o celular e ligo para Artur, mas para variar, ele não atende, por isso envio uma mensagem de voz dizendo que estou preparando a nossa comida e que Lucas já dormiu.
Abro um sorriso safado pensando na massagem que ele me pediu. Tomo um banho relaxante e visto uma blusinha e um short confortável.
Passo no quarto de Lucas e vejo que ele está dormindo tranquilamente. Desço, preparo a mesa de jantar para nós dois com cuidado. O final de semana foi ótimo, e como disse minha mãe, a vida é muito curta e valiosa, preciso dar valor a esses pequenos momentos a sós com o meu lindo marido.
Pego um copo de suco de laranja e abro as portas de correr da cozinha que levam para os fundos da minha casa.
Admiro a lua em toda a sua imponência e sorrio me lembrando do meu pai me apelidando de Lua quando eu ainda era pequeninha.
Sr. Rubens conta que eu era terrível para dormir à noite. Ele e minha mãe faziam de tudo, massagem relaxante, simpatia, chá. Tudo. Mas a única coisa que me acalmava era olhar a lua. Uma vez brinquei e perguntei o que eles faziam quando o tempo estava nublado, e minha mãe respondeu que simplesmente não dormiam, pois eu esperneava à noite toda.
Por isso, de Luana, virei Lua. E hoje acho até estranho quem me chama de Luana. Se não for em consulta médica ou no ambiente de trabalho, acho sempre que estão brigando comigo.
Tenho tanta sorte em ter meus pais. Sempre foram carinhosos, atenciosos e mesmo assim, me educaram com mãos de ferro. Lembro-me do dia que apareci com a minha primeira tatuagem, minha mãe surtou. Reclamou e me deixou de castigo. De madrugada, a escutei dizer ao meu pai que tinha adorado o desenho.
Amo meus pais incondicionalmente, e quero que Lucas tenha esse mesmo respeito e afeto por Artur e eu.
Distancio-me do batente em que eu estava escorada e quando penso em voltar para dentro sinto uma dor horrível no peito.
— Ai! Meu Deus.
Aperto o punho contra o peito e escuto o barulho do vidro do vidro se quebrando ao chão. Tento puxar o ar, mas parece que algo está dificultando que eu respire.
Alguns minutos se passam e finalmente consigo ficar ereta.
— O que será que me deu?
Mesmo não tendo mais dor, meu coração continua batendo de forma rápida e ansiosa. Nunca senti isso. Nem quando o parto de Lucas foi adiantado me senti tão nervosa assim. Volto para dentro caminhando devagar.
— Cadê você, Artur? — pergunto-me tentando discar pela terceira vez o número dele.
Caixa-postal direto.
— Academia Form Perfect, boa noite. — Escuto a recepcionista dizer assim que atende ao telefone.
— Boa noite. Artur ainda está na academia?
— Eu o vi na mesa dele há pouco. Não o vi descer depois disso.
Não preciso nem perguntar quem fala, pois pelo tom sei que se trata da Eliane. O que ela estava fazendo no escritório dele, para o ver em sua mesa?
Não pira, Lua. Ela é apenas a garota dos recados.
— Então, você não sabe se ele está aí ou não? Que bela recepcionista. — Não consigo controlar, quando eu percebo, a provocação já saiu.
— Sou paga para recepcionar as pessoas, não para ser babá. — a petulante me responde e eu solto uma risada falsa.
— É bom você tentar fazer o seu serviço direito e aproveitar o seu pagamento, pois daqui a pouco, nem ele você vai ter.
Não espero a resposta, finalizo a ligação e disco para Pedro.
— Oi, Lua — Clari atende o celular do marido.
— Tudo bem, Clari?
— Ai, menina, estamos no pronto atendimento esperando o pediatra da Mel lhe dar alta. Ela ficou internada por algumas horas em observação, está com febre e algumas manchas vermelhas pelo corpo. Até furaram minha bebê para um exame de sangue, tadinha. Pedro desceu para tomar um café agora mesmo. Está exausto, meu marido.
Clarissa fala sem parar e eu sorrio. Às vezes minha angústia era por conta da Mel ter ficado doentinha. Nunca tive isso, mas vai saber.
— Não será nada grave, e logo estarão em casa novamente.
— Você está precisando de alguma coisa? — ela pergunta quando faço menção de desligar.
— Liguei para o celular do Artur, mas para variar, está desligado. Só gostaria de perguntar ao Pedro se ele sabe de alguma coisa. Liguei na academia, mas a recepcionista não soube informar.
— Não soube porque aquela imprestável não trabalha direito. Liguei mais cedo para falar com Pedro também, e foi ela que atendeu. Uma má vontade. Mas Pedro comentou que Artur ficou para esperar um fornecedor. Deve ser por isso que ele está demorando tanto. Fique tranquila, em breve ele estará em casa.
— É verdade. Eu estou preocupada à toa. Já teve dias que Artur fechou a academia às dez e chegou muito tarde em casa. Acho que vou jantar e me deitar.
— Faça isso, Lua. Esperar esses homens sem horários é péssimo. Não faz bem ficarmos preocupadas, ganhamos rugas à toa.
Solto uma risada e me despeço de Clari. Minha doidinha preferida.
Tento comer, mas minha boca está com um gosto tão amargo que eu desisto.
Perambulo pela casa, ligo a TV e a ansiedade está cada vez mais alta. Abro as cortinas da janela da frente da casa e fico olhando nossa garagem. Não sei por que essa sensação ruim não sai do meu peito. Como se algo muito ruim estivesse acontecido ou estivesse para acontecer. Faço uma prece silenciosa, pedindo proteção para todos que conheço e amo e neste momento meu celular toca. Minha mão treme antes de pegar o aparelho e suspiro aliviada quando vejo o nome de Pedro na tela.
— Oi, Pedro. Não precisava retornar. Não era nada de mais.
— Lua. Eu preciso que você mantenha a calma e seja forte neste momento.
Antes mesmo de escutar o que ele tem a dizer sinto meu corpo amolecer e minhas pernas cederem.
Tudo se apaga.
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DEGUSTAÇÃO * Razões Para Recomeçar
RomanceLIVRO COMPLETO SOMENTE ATÉ O DIA 20.04.17. Artur, um homem tranquilo que passou a maior parte da vida com um sorriso fácil no rosto, sendo o pegador do pedaço. Tinha um trabalho estável como professor em uma academia, o que era ótimo para sua vida...