Cap 4 O passado passou

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"Qual a graça?"

"Eu, você, sua mãe e seu pai, juntos por um fim de semana inteiro? Você pirou?"

"Não estou entendendo qual o problema..."

"Eu achei que você fosse mais esperto Draco, sinceramente. Isso é completamente inconcebível! Como você espera que eu passe um fim de semana inteiro ao lado de pessoas que me odiaram a vida inteira, simplesmente por eu ser nascida trouxa? Draco, o seu pai tentou ME MATAR!" – ela agora havia se levantado da mesa e andava pela sala.

"Tentou nada! E você sabe disso! Ele não faria isso." – Draco também levantou do sofá.

Hermione deu ao homem um olhar de incredulidade.

"Ta bom, ele pode ter tido sim vontade de te amaldiçoar algumas vezes, mas ele nunca fez! Olha só como ele teve consideração!"

"Draco. Draco. Draco. Escuta o que você ta dizendo! Eu. Não. Vou. Fazer. Isso."

"Hermione deixa de ser mocinha e para com essa frescura toda! Você mesmo não vive dizendo que nós já pagamos pelos nossos erros e não podemos julgar as pessoas e blá blá blá? Não que eu ache isso ruim ou indigno, claro que não..." – ele dizia balançando a cabeça.

"Isso é golpe baixo Malfoy...usar minhas palavras contra mim? Golpe baixíssimo...." – ela parou bem próxima ao homem e ele pode sentir o perfume que ela usava.

"Golpe baixo é você não aceitar o meu convite. Hermione, eu preciso que você faça isso...já falei com meus pais e pode ter certeza que será muito bem recebida em nossa casa. O passado já foi Hermione. As pessoas mudam. No nosso caso foi pra melhor. Você mesmo me disse que precisava acreditar nessa mudança para nos ajudar. Então venha! Veja por si mesma essa mudança." – Draco se aproximou mais ainda da mulher e os dois ficaram se olhando por um tempo, até que ela falou.


"Eu não sei se consigo."

"Você é Hermione Granger, a sabe tudo de Hogwarts e amiga do cabeça rachada que derrotou o Lord das Trevas, ou é uma menininha boba que só sabe tremer quando um cara como eu chega assim tão perto dela?" – e dizendo isso ele acariciou a face da mulher com as costas da mão direita.

Ao toque dele, ela involuntariamente fechou os olhos e quando os abriu viu que eles estavam mais próximos do que antes e sem pensar, cedeu ao toque dos lábios dele.

Um beijo simples e leve, onde somente os lábios se tocavam, um beijo sem urgência e sem amarras. Ela posicionou as mãos nos braços dele enquanto o homem segurava a nuca da mulher com uma mão e a outra começou a passear pela cintura dela. Contudo, esse momento foi quebrado quando ele tentou aprofundar o beijo e como começou, tudo acabou. De repente. Ela se soltou dele e o deixou sem entender nada.

"O quê que a gente ta fazendo!"

"Hã?"

"Não! Isso não pode acontecer! Não mesmo!"

"Hermione...foi só um beijo."

"Um beijo que não poderia ter acontecido! Não! Malfoy, vai embora. Vai. Isso não ta certo. Não ta certo." – ela andava de um lado para o outro, como alguém que tinha visto algo muito ruim acontecer.

"Não vou sem antes saber se você vai comigo pra França."

"Malfoy! Vai embora! Eu já te pedi!"

"Granger.."

"VAI!"


"Você deve ter algum problema mental sabia? Só pode estar louca!" – e dizendo isso ele saiu pela porta, batendo-a com toda força que podia.

Hermione ficou ali, sem entender como sua vida que havia começado a se "descomplicar" há apenas um dia, podia ter se complicado tanto novamente com um simples beijo. E ainda tinha a viagem.

"Ai que merda! Porque você só arruma confusão hein Hermione Granger?" – a mulher disse a si mesma quando se sentou outra vez em sua mesa, tentando encontrar paz interior para voltar a ler os documentos do caso de certo loiro aguado, mas um loiro aguado que tinha o beijo mais gostoso que ela havia recebido na vida, isso era.

**
A semana parecia voar na opinião de Hermione, principalmente porque Draco havia recebido a citação para a primeira audiência com Astoria. Ele mandou um estagiário entregar na sala da frente, pois, desde que fora "enxotado" da sala da mulher, depois de um beijo que o fez se sentir "esquisitamente bem", ele não havia sequer trocado um olhar com ela.

A mulher não lia os documentos, ela praticamente os "devorava" com os olhos e a cada linha estava mais convencida de que Astoria fazia tudo aquilo para se vingar de Draco. Hermione simplesmente não conseguiu encontrar nada que a fizesse dizer que Malfoy estivesse envolvido em algo obscuro ou ilegal, durante todos estes anos. Ele era a "personificação do homem perfeito", ela pensou. Nunca traiu a ex, nunca sequer levantou a voz para o filho, era adepto de uma vida tranqüila, com hábitos caros, mas simples, sem muitos exageros.

Quando todos acharam que romperia com o pai, ele não o fez, pelo contrário, o perdoou e a relação dos dois nunca foi melhor. A mãe era uma espécie de conselheira, era a ela que ele recorria quando precisava e em relação aos negócios da família, Draco não só conseguiu reerguer as empresas que o avô havia deixado de herança, como conciliou perfeitamente o ofício de empresário com o de advogado ministerial.

"Mas não é que essa doninha realmente tomou jeito?" – Hermione pensou enquanto se levantava e caminhava até uma pequena mesinha onde estava um jogo de porcelana com café fresco e biscoitos.

Enquanto isto, na sala da frente, Draco não conseguia se concentrar em um processo que lia para uma audiência que tinha logo no dia seguinte bem cedo. O beijo que tivera com Hermione há três dias não o deixava pensar direito. Ele tentava procurar na memória quando foi a última vez que gostou tanto de beijar uma mulher, a última antes de Astoria foi uma trouxa que conheceu quando a família decidiu se mudar para St Raphael. Izabelle. Uma francesinha no alto dos seus 19 anos e ele, do alto dos também 19, achou que tinha encontrado o amor verdadeiro, e com uma trouxa. Ma não tardou para que ele descobrisse que para ser verdadeiro o amor precisava mais do que beijos acalorados e noites quentes. A diversão começou a cansar e em uma visita à casa de seu antigo amigo de escola Zabinni, Draco reencontrou algumas pessoas, Pansy Parkinson que estava noiva de Blaise e com ela, a tiracolo estava Daphne Greengrass, que havia levado sua irmãzinha mais nova, Astoria, para um passeio antes que ela fosse para seu último ano em Hogwarts.

Ele imediatamente fixou seus olhos acinzentados na garota e viu nela o que ele achou que sempre quis: uma bela mulher, com um comportamento exemplar, alguém que saberia ostentar um nome tão forte quanto o dele. Ironicamente, sempre foi assim que Draco viu sua mãe, Narcissa, bela, porém com uma personalidade forte e que soube segurar o nome.

"Talvez esse tenha sido o meu erro. Mesmo depois de tudo o que aconteceu, eu ainda queria ser como meu pai e acabei arrumando uma mulher muito parecida com minha mãe." – Draco pensou, mas sem concordar que sua mãe nunca faria o que Astoria estava fazendo com ele naquele momento.

Hermione saiu de sua sala naquela noite e não percebeu que alguém havia decidido fazer o mesmo, no exato momento. Como os corredores do Ministério são "ridiculamente estreitos", nas palavras de Hermione, foi inevitável literalmente esbarrar na última pessoa que ela queria ver.

"Er, me desculpe. Esses corredores são..." – a mulher disse ao homem loiro.

"Muito estreitos, é, eu sei. Não tem problema."

Os dois ficaram se olhando por um tempo, ambos com a mesma sensação de estranheza dentro de si, pois, eles sempre tiveram muito o que dizer para o outro, mesmo que fossem só xingamentos. Agora, nada. E quando o silêncio começou a ficar constrangedor demais, Hermione então falou.

"Se você puder passar na minha sala amanhã, tem umas coisas que eu gostaria de discutir com você. A respeito do seu caso."

"Claro. Tenho uma audiência bem cedo, mas estou livre depois do almoço. Passo por lá."

"Tudo bem então. Boa noite."

"Boa noite."

*

Quando a mulher chegou em casa naquela noite encontrou a amiga ruiva na cozinha já preparando algo para as duas e o sobrinho comerem.

"Gina! Eu passei na sua casa e o Harry me disse que você veio pra cá! Não precisava trazer o Hugo, eu ia buscá-lo..."

"Ah deixa de ser boba Mione...eu queria vir e ter uma conversinha com você também...sei lá, tem muito tempo que a gente não conversa, como duas amigas!"

"Quê que você tá preparando aí hein? Hum, que cheiro bom!" – Hermione se aproximou do fogão e sentiu o aroma que exalava da panela de molho que Gina preparava.



"Pasta! Com duas opções de molho: ao sugo, ou branco com muito queijo pra gente se empanturrar e criar muitas celulites!" – Gina sempre teve vocação para humorista. – "e de quebra, um vinhozinho tinto doce de leve...só pra ajudar você a se soltar mais e me contar todos os seus segredos sujos!"

"Ai Gin....se você soubesse...."

"Ahá! Então temos uma safadinha por aqui?"

"Para Gina....mas cadê o Hugo?"

"Ta no seu quarto jogando vídeo game na sua tv, ele disse que lá é melhor porque é maior e como ele disse mesmo? É de "alta dissolvição"".

"Alta DEFINIÇÃO Gina!"

"Ah sei lá! Você e o Harry cismam com essa tecnologias trouxas...eu não entendo nada!"

"Ai Gin, você sabe que eu te amo né?" – e Hermione deu um abraço bem apertado na ruiva, em meio à umas boas gargalhadas.

*

Depois de saborear o prato feito por Gina, Hermione colocou o filho na cama e voltou para a sala. A amiga já estava com a garrafa de vinho aberta e já havia servido uma taça para a mulher.

"Agora vai. Desembucha." – a ruiva falou entregando a taça para a castanha.

"Desembucha o quê Potter?"

"O que ta te incomodando oras."

"Não tem nada me incomodando Gin....bom, nada além do Malfoy, mas isso já acontece há tantos anos que eu nem percebo mais..." – Hermione disse com uma leve risada no final.

"Você, usando o nome Malfoy e rindo ao mesmo tempo? Rá! Alguma coisa ta acontecendo...Harry me disse que você...er...passou a noite na mansão? Sabe, na MANSÃO?"

"Gina, eu já expliquei isso pro Harry e se você veio aqui porque ou ta curiosa ou porque o Harry pediu pra você vir e encontrar "chifre em cabeça de cavalo", pode ir falando..." – Hermione agora se levantou e abriu a porta que dava para uma sacada, e o ar frio do fim de novembro se manifestou dentro do apartamento.





"Eu vim aqui porque sou sua amiga e notei que tem alguma coisa acontecendo com você. Desculpe-me por me preocupar...e quem você acha que eu sou? A mulher de Harry Potter? Ah faça me o favor Hermione Granger! Você mais do que ninguém sabe que eu sempre fui conhecida pela minha personalidade forte, porque essa frescura toda agora?" – Gina agora estava também de pé e com as duas mãos na cintura.

"Gina, por favor, não me faz lembrar do que eu não quero lembrar okay? E me desculpe pelo que disse antes..."

"Lembrar do que?"

"Você não me ouviu pedir desculpas?"

"Ah ta, que seja, ta desculpada. Mas do que exatamente você não quer se lembrar? Tem a ver com o Malfoy não tem? O que ele fez? Peraí...o que vocês fizeram? Ai Merlim...vocês transaram? Ai meu Merlim..."

"O QUÊ? Não! Não! Definitivamente NÃO! Lógico que NÃO Gina!"

"Mione, você dormiu com ele! Eu sabia que isso ia acontecer...o Harry me disse que ele tava todo "mudadinho", ainda implicava com você, mas que agora tava mais civilizado, se é que ele algum dia foi né? Mas eu sabia! Você não resiste à homens com carinha de cachorro que caiu da mudança...olha meu irmão! Aquela cara de lesado e você ficou casada por quase vinte anos com ele...."

"Ginevra, você quer fazer o favor de me ouvir sua louca?"

"Ai meu Merlim...quando o Harry descobrir, o Ron então...isso vai dar merda, merda, merda, merda!" – Gina andava como uma louca pela sala, com Hermione atrás dela, balançando os braços freneticamente.

"GINA! PARA! Quer me ouvir, por favor?"

"Desculpa. Fala."

"Eu NÃO dormi com o Draco. Ta me ouvindo? EU NÃO DORMI COM O DRACO!"

"Devo acreditar em você?"

"Deve. Quando foi que eu menti pra você sua anta ruiva?"

"Quando disse que não era apaixonada pelo Ron, no seu quarto ano."






"Você acreditou em mim naquela época?"

"Nope."

"Então acredite agora. Isso não aconteceu...."

"Ainda?"

"Ainda o quê Ginevra?"

"To completando a frase... "isso", e quando eu falo "isso" eu quero dizer, sexo com o Malfoy, não aconteceu, AINDA Hermione? Pode acontecer algum dia? Alguma chance?" – Gina colocava aspas imaginárias quando falava a palavra isso.

"......"

"Granger....me responde."

"Eu estou só ajudando-o. Só Gina."

"Ajudando com o quê?"

"É particular. Sigilo advogado-cliente."

"Ah! Então quer dizer que você está trabalhando pra ele? Já vi onde "isso" vai dar."

"As malditas aspas de novo Gina? É isso mesmo, eu to trabalhando pra ele e "isso" vai dar em ganho de causa!"

"Ou em cama."

"Você tem feito pouco sexo ultimamente Gina? Porque do jeito que você ta falando sobre isso, to achando que Harry anda meio "desocupado" demais!" – agora foi Hermione que usou das aspas imaginárias.

"Jogo sujo....falar das minhas intimidades com meu marido..." – a ruiva se fez de ofendida.

"Ahá! Acertei não foi? Hahaha! E você falando da minha vida sexual?"

Gina não resistiu e caiu na gargalhada e ao ser indagada por Hermione o porquê de tanto riso, ela somente disse:

"Amiga, se você tem tudo "aquilo", e quando eu digo "aquilo" eu to querendo dizer Draco Malfoy, à sua disposição e não aproveita, então sinto lhe dizer que você NÃO TEM uma vida sexual...pelo menos uma que não esteja digamos, "descansando" no momento!"





Hermione não resistiu e as duas ficaram rindo por pelo menos mais umas três taças de vinho para cada, até que Hermione tomou coragem e disse:

"Gin....ele me convidou para passar o final de semana na casa dele na França. Sabe, pra "conhecer" os pais dele. Por causa do trabalho, ele acha que se eu ver como eles mudaram, meu trabalho ficará melhor."

"Mione, isso é muito sério amiga. Você sabe que não é tão simples assim...por tudo que aconteceu no passado. Eu sei que você já perdoou todo mundo e nós também, mas você acha que é uma boa idéia?"

"Boa com certeza não é, mas acho válido acreditar na mudança das pessoas. Ele me garantiu que serei bem tratada."

"E desde quando você acredita em Draco Malfoy?"

"Desde que percebi que ele deixou de ser um menino e se tornou um homem."

Depois desse breve porém honesto diálogo, as duas mulheres ficaram em silêncio por um tempo e Gina decidiu que já era hora de ir e após as duas se despedirem, a castanha caiu na cama, pensando que a amiga ruiva tinha razão. Seria extremamente difícil passar um final de semana inteiro na companhia das pessoas que a fizeram sofrer por tantas vezes no passado. Contudo, como certo loiro aguado disse uma vez, o passado já foi. E então ela acabou dormindo tentando não pensar no dia seguinte.







Hermione acordou e se espreguiçou. Não se lembrava de ter lençóis de seda, na verdade tinha um, ganhou um conjunto quando se casou, mas só o usou uma vez. Resolveu abrir os olhos e viu que não estava na sua cama e sim numa outra, de dossel e cortinas em volta. Se assustou com aquilo. Ela havia bebido apenas algumas taças de vinho com Gina, nada demais, e tinha certeza que dormira em casa. Mas aquele definitivamente não era seu quarto. Na verdade ele era bem maior que o seu e muito mais luxuoso. Foi quando ela resolveu olhar para o seu lado direito na cama e ao fazer isso soltou um grito.

- O que significa isso??

- Ah, bom dia, por que você está gritando? Está sentindo alguma coisa? – O loiro que outrora estava deitado, adormecido, se sentou apressadamente e olhava para Hermione preocupado.

- Responde Malfoy! O que significa isso? – Ela perguntava esganiçada.

- Malfoy? O Merlim, o que foi que eu fiz desta vez? Você só me chama de Malfoy quando eu faço algo que a desagrada. Puxa, não tem nem cinco minutos que estou acordado. Então foi ontem. Mas ontem a noite.. Não, foi você que pediu pra parar, disse que já tava cansada, que já eram 4h da manhã, que hoje teríamos que acordar cedo pra levarmos Rose, Scorpius e Hugo para plataforma, por mim a gente continuava! Eu fiz algo errado não foi? Por isso você não quis mais?!

- Mas que besteira é essa toda que você está falando? – Hermione esbugalhou os olhos para o loiro que estava próximo demais para o gosto dela.

- Besteira? O que você tem Mione? – Ele tentou se aproximar dela, mas ela não deixou.

- Não me toque, seu tarado!

- Ah, você nunca reclama. Tirando ontem, mas é normal no seu estado, eu compreendo meu amor. Também 4 vezes numa noite e..

- Da pra calar a boca!

- Você está vermelha! Isso é incrível. Você sempre fica vermelha. Mas prefiro esse seu jeitinho depois de fazer amor, é uma delicia te ver assim depois de te amar. – Ele tentou dar um beijo nela, mas ela o empurrou.

- EU NUNCA FIZ NADA COM VOCÊ!




- NÃO? Então porque estamos nus, na nossa cama e você por acaso está esperando um Malfoy? – Ele arqueou a sobrancelha.

- Que? Você deve estar doente.

- Você que parece não estar bem, mas deve ser a gravidez.

- EU NÃO ESTOU GRÁVIDA!

- Não fique negando, o bebe pode sentir Hermione. – Ele disse serio. – Olha o tamanho da sua barriga.

Hermione fez isso,levantou o fino lençol que a cobria e viu que sua barriga não estava muito grande, mas já era visível um aumento significativo de seu ventre.

- Eu não entendo, eu não entendo.

- Acho que você deve ter tido um sonho ruim. Quer falar sobre isso?

- Malfoy, essa brincadeira não tem a menor graça!

- Eu estou ficando preocupado, melhor te levar ao médico. – Ao dizer isso, Draco se levantou e Hermione deu outro grito.

- VOCÊ ESTA PELADO!! – Ele começou a se virar de frente para ela, mas ela fechou os olhos.

- Claro que sim, e você também. Hermione, somos casados, dormimos assim na maioria das noites, você está cansada de me ver assim e eu te ver assim. Qual é o problema afinal? – Ainda de olhos fechados Hermione respondeu.

- Isso não é verdade, isso não é real, isso não é real. – E dizendo isso ela colocou as mãos em volta da cabeça e a sacudia com força.

- Mãe!

- Não é real, não é real.

- Mãe! Acorde! –Hermione abriu os olhos e viu Hugo, sentando ao seu lado, com o ar assustado. Ela agora sim estava em seu quarto, em sua cama, sua vida.

- O meu filho. – Ela o abraçou.

- Tudo bem mãe? – O garoto perguntou ainda abraçado a mãe.

- Sim, querido, me desculpe se te assustei. Acho que tive um pesadelo. – Ela soltou o filho.

- É o que parece mãe. E só um pesadelo para lhe fazer perder a hora né? – Ele disse maroto, de um jeito que a lembrou Harry quando aprontava algo.

- Como assim perder a hora querido?

- Já passam das 10!

- O QUE? MERLIM! Sua aula, meu trabalho, estou perdida! – Dizendo isso, a castanha deu um pulo da cama e correu para o banheiro, o dia já havia começado errado, com certeza ele estava apenas começando.

ooooooo



- Posso entrar? Alô! – Draco após bater algumas vezes, resolveu entrar na sala de Hermione. Ela disse que queria conversar com ele sobre seu caso e como sua audiência da parte da manhã acabou mais cedo ele resolveu ir ver logo o que ela queria falar com ele.

- Sempre tão certinha, mas nem chega na hora no serviço. Irônico isso. – E deu um de seus tantos sorrisos sarcásticos.

Resolveu olhar a sala da colega de trabalho. Passou os olhos nos moveis meticulosamente limpos e as pilhas e pilhas de livros incrivelmente organizadas. A sala tinha um cheiro diferente, como se o perfume de Hermione já estivesse impregnado no ambiente. Perto dos armários de processos, Draco pode ver uma caixa que estava mal colocada. Chegou mais perto e percebeu que ela estava meio aberta e ao contrário de tudo naquela sala, o conteúdo da caixa estava bem bagunçado.

- Nem tão perfeita assim! – Ele disse a si mesmo.

Deu mais uma volta pela sala e quando chegou a mesa dela avistou alguns porta retratos. Lá tinha fotos dela com os filhos pequenos. Outro, dela com ex marido e as crianças. Tinha ainda mais outro, dela com os Weasley's e um terceiro, dela mais nova, entre Rony e Harry. Nesse ele pode reparar, que ao fundo, apontava algumas torrezinhas tão típicas de Hogawarts. Soltou um suspiro ao se lembrar daqueles tempos tão confusos de sua vida.

Resolveu se sentar em uma das poltronas. Diferente da sua sala, que era muito luxuosa, a de Hermione causava bem estar, um clima de satisfação, de carinho. Talvez seja só por causa das fotos, que sempre trazem lembranças e querendo ou não trazem para perto da gente os mais distantes. Na sala dele havia apenas uma foto, a de seu filho. Soltou mais um suspiro e relaxou na poltrona. Hermione estava demorando demais.






Já eram quase meio dia, ela não era de se atrasar assim, ele tinha que reconhecer. Deixou os braços escorrerem para os lados e foi aí que sentiu algo esbarrar em sua mão. Ele olhou. Era um pedaço de pergaminho que estava preso entre a almofada e o braço da poltrona. O puxou para fora. Ele estava dobrado e aparentava ser bem antigo. Ele resolveu abrir para ver o que estava escrito ali e que com certeza havia sido esquecido.

[Foda-se]


Olhe dentro, olhe dentro da sua pequena mente
Então olhe um pouco mais profundamente
Porque nós estamos tão sem inspiração tão enjoados e cansados
De todo o ódio que você cultivou




Draco sorriu. A letra era de Hermione, ele sabia por causa de umas notas que tomaram em processos, e por incrível que parecesse o texto, ou seja lá o que fosse aquilo começava com um palavrão. Ele já ia continuar sua leitura se não fosse interrompido por uma forte batida na porta. Mais rápido que pode, dobrou o pergaminho novamente e o guardou em um bolso de seu paletó.

- Até que enfim você chegou! – Ele disse se levantando e olhando para um Hermione de cabelos soltos, um pouco úmidos. Vestia uma calça jeans e uma blusa regata branca. Ela estava linda, ele pensou, mas nada coerente com uma advogada do Ministério da Magia. E mais estranho era o fato dela ter corado com uma pimenta assim que o viu e ter abaixado a cabeça.



- O que você esta fazendo na minha sala? – Ela disse baixo demais, passando por ele como um furacão e ainda com a cabeça baixa.

- Ora, foi você mesma que pediu que eu viesse aqui hoje. Me disse que queria conversar sobre o cas..- Mas ela o interrompeu.

- Que casamento??? – Ela levantou o rosto e o olhou espantada.

- Eu ia dizer caso, mas se você quer falar sobre casamento. – Ele sorriu e aquilo a irritou.

- Não sorria Malfoy. – Ela se sentou com um baque em sua cadeira.

- O que está acontecendo com você? Você não parece bem. – Ele disse se sentando na cadeira em frente a ela, na mesa.

- Que mania você tem de falar que eu não pareço bem! – Ela disse nervosamente.

- Mas eu nunca disse isso antes! – Draco respondeu confuso.

- A, deixa pra lá!

- Então?

- Então o que?

- O que você queria falar comigo?!



- Ah, é. Sim, bem. Acho que você tem razão. Eu vou passar esse fim de semana na casa dos seus pais. Acredito que seja necessário eu conhecer o ambiente que Scorpius foi criado, as pessoas que o cercavam. Arrumar algumas boas testemunhas que ajudem a provar que você é um bom pai. E principalmente, eu me convencer que os Malfoy's não são tão danosos mais como sempre foram. Só assim para eu poder advogar corretamente. – Hermione disse tudo muito rápido e sem olhar uma única vez para o loiro a sua frente.

- Talvez agora você queira tomar ar.

- Como? – Draco se levantou e lentamente deu a volta a mesa e parou perto da mulher.

- Você não me parece bem. Está nervosa. Chegou atrasada. Nem se arrumou devidamente para vir ao trabalho. Isso tudo por causa de um final de semana comigo? – Ele abaixou de modo que seu rosto ficasse próximo ao de Hermione, enquanto acariciava de leve o braço esquerdo dela com as pontas dos dedos. Aquela aproximação e aquele toque leve das mãos dele, estavam deixando Hermione fora de órbita e Draco estava mais próximo de conseguir o que lhe tinha dado vontade de fazer desde o primeiro momento que a viu entrar naquela sala, a beijar. Mas Hermione se lembrou do sonho e em um impulso o empurrou para longe dela.

- É melhor você sair daqui agora. Eu já falei tudo que queria dizer. – Disse andando de encontro a porta. – Você tem razão, eu não estou bem, tive uma péssima noite, me atrasei, tive que mentir na escola do meu filho para que ele pudesse entrar fora do horário. Enfim, meu inferno nem começou e eu não quero a sua ajuda para piorar as coisas. – Ela abriu a porta como que em um convite para que ele saísse. Draco foi até ela, e em um sussurro disse em seu ouvido.

- Tudo bem então. Vou organizar os preparativos da nossa viagem de final de semana. – E saiu da sala, não sem antes ouvir um IDIOTA, berrado por uma Hermione bastante estressada.





O dia transcorreu normal dentro do possível. Hermione apesar de chegar bem atrasada acabou saindo mais cedo. Draco, que ficou até as 8 da noite resolvendo as questões da viagem que faria com as castanha até a casa dos pais, ficou bastante satisfeito com o rumo do processo e estava convencido que se Hermione levasse a serio, como ele sabia que ela levaria, as chances dele eram muitas, mas ele sabia também que o caminho até vitoria seria longo e desgastante e seu maior medo era que nesse circo todo que Astoria estava armando, Scorpio sofresse.

Voltou para a mansão e foi direto para seu quarto. Queria tomar um banho relaxante e assim o fez. Ao sair do banheiro, ainda enrolado na sua toalha, reparou em pedaço de papel meio para fora do bolso de paletó que ele havia deixado em uma cadeira da saleta de seu quarto. Sorriu, havia se esquecido completamente daquele pergaminho durante o dia corrido. Foi até ele e o pegou, abriu. Estava curioso em saber o que Hermione tinha escrito ali.





[Foda-se]
Olhe dentro, olhe dentro da sua pequena mente
Então olhe um pouco mais profundamente
Porque nós estamos tão sem inspiração tão enjoados e cansados
De todo o ódio que você cultivou

Então você diz que não é normal ser como eu sou
Eu apenas acho que você é mau
Você é apenas um racista
Que sequer serve para amarrar meus cadarços
Seu ponto de vista é medieval

Foda-se, foda-se muito, muito mesmo
Porque nós odiamos o que você faz
E odiamos toda a sua corja
Então por favor nem mantenha contato

Foda-se, foda-se muito, muito mesmo
Porque suas palavras não condizem
E está ficando muito tarde
Então por favor nem mantenha contato

Você se sente
Você se sente um pouco por fora
por ter uma mente tão pequena?
VOCÊ QUER SER COMO SEU PAI
É aprovação que você busca
Bem, não é assim que você irá encontrá-la

Você, você realmente curte
viver uma vida tão odiosa?
Porque há um buraco no lugar em que sua alma deveria
estar
Você está perdendo o controle
E é realmente nojento






Foda-se, foda-se muito, muito mesmo
Porque nós odiamos o que você faz
E odiamos toda a sua corja
Então por favor nem mantenha contato

Foda-se, foda-se muito, muito mesmo
Porque suas palavras não condizem
E está ficando muito tarde
Então por favor nem mantenha contato

Foda-se, foda-se, foda-se
Foda-se, foda-se, foda-se
Foda-se

Você diz que acha que precisamos ir á guerra
Bem, você já está em uma
Porque são pessoas como você que precisam morrer
Ninguém quer a sua opinião

A, se eu pudesse, diria isso tudo na sua cara seu fuinha loira. Sim, diria. As vezes temo em concordar com Harry, as vezes quase acredito que você acabou se transformando mesmo em um comensal da morte. Mas não, não tem como, afinal você não passa de um adolescente mimado, que está mais estranho do que nunca. Mas hoje, hoje foi demais, depois da benção de passar quase meses sem ouvir a sua odiosa voz, tive que esbarrar em você aqui na biblioteca. O Merlim, que inferno. Eu só esbarrei em você. Mas seu escândalo foi digno de um duelo! Achou que eu estava te vigiando? Se sentindo culpado por algo? Também saindo da sessão reservada, boa coisa não seria né? Só não te falo essas coisas, porque meu tempo é precioso demais pra perder com coisas como você. E vou parar com essa idiotice de escrever, porque isso sem duvida é uma grande perda de tempo.







Draco tremia ao acabar de ler aquilo. Como assim? Ela havia escrito tudo aquilo para ele. Como? Era isso que ela achava dele? Tentou se lembrar do acontecido descrito no final do pergaminho mas não conseguiu. Pelo jeito, foi na época do sexto ano, já que o cabeça rachada desconfiava que ele havia se transformado em um comensal. Mas não lembrava do encontro em questão. Andava tão tenso com a responsabilidade que tinha em mãos, que brigas assim não faziam diferença pra ele. Voltar aquela época, daquele maneira não foi agradável, ainda mais ao constatar o que Hermione pensava que ele era e pior, o que ele talvez realmente teria sido.




Ele então achou melhor tentar dormir e decidir se falaria com Hermione sobre o que ela havia escrito. Era certo que acontecera há muitos anos, porém, Draco precisava saber se ela ainda pensava daquela maneira. Contudo, havia um problema. Como ele explicaria o fato de estar com um pertence pessoal da mulher? Havia encontrado o pergaminho largado no sofá da sala dela, entre as almofadas, poderia dizer que só estava guardando-o para entregá-lo mais tarde. "Não. Ela é mais esperta que isso sua doninha." Draco falou consigo mesmo, usando um dos apelidos favoritos de Hermione para ele. Resolveu que deixaria essa decisão para depois. Talvez durante a viagem ele pudesse ter uma idéia do que ela realmente pensava dele e quem sabe, se essa idéia ainda fosse ruim, ele faria de um tudo para mudá-la durante o final de semana.

No dia seguinte, assim que chegou ao Ministério, Draco tratou de enviar uma coruja com instruções para seus pais prepararem tudo para a chegada dele e de Hermione, ainda naquele dia à noite. Pedira que fosse arrumado o melhor quarto de visitas da casa, o quarto com a vista mais bonita do mar mediterrâneo, pediu ainda que fosse providenciado um jantar com as comidas favoritas da mulher, coisa que ele descobriu lendo a revista de fofocas comandada por Rita Skeeter, que tinha sempre como assunto principal, a vida do "Trio Maravilha", por mais que já houvesse se passado quase duas décadas do fim da guerra.


Hermione levantou naquela manhã mais calma, não havia tido nenhum "pesadelo" com Draco Malfoy ou com qualquer parte do corpo dele que pudesse fazer com que ela ficasse da cor de uma pimenta malagueta só de lembrar. Durante o café da manhã ela se lembrou de que teria uma tarefa meio complicada para fazer. Teria que explicar à Hugo e especialmente à Ron, o porque de ter de deixar o menino passar todo o final de semana na Toca, com o pai.

"Hugo meu bem, eu precisava falar com você."
"
Fala mãe."




"Meu amor, eu vou precisar viajar a trabalho esse final de semana, foi tudo meio de improviso, só decidi que iria ontem a noite..."

"E?"

"E que você vai ter que passar mais esse fim de semana na casa dos seus avós. Meu bem me desculpe, eu juro que não queria ir, mas é muito importante pro meu cliente...sabe, ele ta tentando passar mais tempo com o filho, agora que ele e a mulher se separaram. Eu estou ajudando-o nisso."

"Hum...okay. Sem problemas."

"Sério?"

"Sério. Quer dizer, coitado do cara, porque a mulher dele não deixa ele ver o filho? Ela é o que? Uma comensal por acaso? Eu que tenho sorte por você me deixar passar esse tempão todo com o pai."

"Hugo...você cresceu quanto anos esse ano mesmo? Juro filho...quando eu achei que você tinha voltado a ser uma criancinha, você me surpreende com essa "maturidade" toda..."

"Maturi o quê?"

"Hahahaha! Maturidade filho. É uma coisa que acontece com todo mundo. As pessoas crescem meu bem e isso se chama maturidade. Bom, nesse momento eu só espero que pelo menos uma pessoa em especial tenha amadurecido." – Hermione falou esta última parte em um tom de voz mais baixo, para si mesma. – "Mas está tudo bem mesmo pra você que eu passe o fim de semana fora?"

"Ta sim. Tudo beleza. Só queria ver se posso levar a vó e o vô Granger pra lá também. A vó Molly falou que eu podia chamar eles pra ir lá qualquer dia."

"É mesmo, Molly pediu para eu falar com mamãe que estavam devendo uma visita à Toca. Vou ligar pra ela e peço pra te buscar na escola e vocês podem ir direto pra lá, okay?"

"Beleza. Mãe."

"Oi?"

"Só lembrando que a gente já ta atrasado. De novo."

"Ai meu Merlim! Vamos logo Hugo!"





A mulher e o menino saíram voando para o carro e depois de deixar a criança na escola, Hermione se dirigiu ao Ministério.
*
Entrou meio "esbaforida" em sua sala e mal havia se sentado à mesa quando ele entrou.

"Está atrasada. De novo." – ele parou no meio da sala, com as mãos nos bolsos da calça.

"Virou relógio agora foi Malfoy?"

"Engraçadinha. Só estou na dúvida se esses constantes atrasos têm a ver com sua dedicação ao meu caso ou..."

"Ou o que doninha?"

"Ou se devem ao fato de você não conseguir dormir pensando no que aconteceu entre nós." - e soltou um sorrisinho malicioso.

"O que aconteceu entre nós exatamente Draco? Porque eu não sei se podemos chamar aquilo de beijo." – a mulher se levantou e andou até seu armário de processos, colocando-se de costas para o homem.

Draco não resistiu e desceu os olhos até a região dos quadris dela e por um momento ele imaginou como seria tocar o corpo da mulher. Aparentemente só imaginar não foi suficiente e ele resolveu se aproximar um pouco mais.

"Não gostou?"

Sem pensar no que estava fazendo Draco segurou a cintura de Hermione e suavemente beijou o pescoço da mulher.

"O que você está fazendo Malfoy?" – Hermione disse com a voz meio fraca. "Droga, porque esse idiota me deixa assim?" – ela pensou.

"Estou tentando me redimir pelo beijo lamentável que não te agradou." – e dizendo isto ele a virou para si.

"Não brinca com fogo...você pode acabar se queimando..." – Hermione disse olhando-o nos olhos. "Mas o que eu to falando? E porque to com tanta vontade de beijar esse imbecil?" – os pensamentos dela definitivamente não condiziam com o que saía de sua boca.

"Se esqueceu de que sou um "dragão" mocinha? Brincar com fogo é o que eu mais gosto..." – o homem disse isto brincando de mordiscar a boca da mulher, sem realmente beija-la.

"Mione, tava precisando falar com você..." – Harry entrou pela porta, com os olhos em um pedaço de papel.

Hermione e Draco se separaram em uma fração de segundos ao ouvirem a voz de Harry e quando este levantou os olhos viu que a amiga estava vermelha e bastante ofegante, enquanto Malfoy estava do outro lado da sala, encarando a parede, passando as mãos pelos cabelos.

"Ta tudo bem aqui? To interrompendo alguma coisa?"

"Ta tudo ótimo! E não, você não interrompeu nada. Estávamos só discutindo umas coisas sobre um caso, não é Draco?"

"É. Só isso." – o homem bufava.

Notando a irritação de Draco, Harry tornou a perguntar.

"Ta tudo bem mesmo Mione?"

"Harry, eu já disse que sim. Eu e Draco só discordamos de umas coisas e ele ficou meio, exaltado, mas nada que não possamos conversar sobre depois." – Hermione olhou para o loiro que pela cara, queria amaldiçoar Harry com todas as Imperdoáveis conhecidas e ainda desconhecidas.

"É Potter, acredite na sua amiguinha, não tem nada acontecendo aqui. Mas poderia se você aprendesse a bater na porta seu imbecil..." – essa última parte saiu baixinho, mas aparentemente não o suficiente, pois Harry disse:

"Ta falando comigo Malfoy?" – Harry se aproximou de Draco e o encarou.

"Não, ele não estava falando com você, na verdade, com quem você estava falando hein Draco? Vamos fazer o seguinte? Vai pra sua sala que eu passo por lá mais tarde pra gente...acertar os detalhes...do caso."

Draco, muito a contragosto, resolveu atender ao pedido da mulher e se dirigiu à porta do escritório dela, mas antes de sair fez questão de lhe falar ao ouvido, vendo que Harry estava de costas para os dois.

"Eu gosto de terminar o que começo. Não se esqueça disso." – e atravessou o corredor, adentrando sua própria sala.



Ainda se sentindo sem graça pelo o que tinha acabado de acontecer, Hermione se voltou para a Harry que a olhava desconfiado.

"E então Harry, o que você queria falar comigo?" – Perguntou com um sorriso amarelo apontando uma poltrona para ele e se sentando em outra, a frente do moreno.

"Hermione, está acontecendo alguma coisa?" – Harry insistiu.

"O que poderia estar acontecendo?" – Ainda sorrindo de maneira constrangida, Hermione cruzou as pernas e olhou para Harry.

"Gostaria de saber. Mas se ainda não é hora." – Deu de ombros, como se quisesse parecer despreocupado.

"Ai Harry, não tem nada. Nada. Afinal, o que queria falar comigo?" – Hermione estava começando a ficar nervosa e percebendo isso Harry tratou de mudar de assunto e falar logo com ela o que queria.

"Soube que está com um caso novo. Mas isso é normal. O seu cliente é que me causou espanto na verdade." – Harry disse arrumando seus óculos.

"Isso aqui é um Ministério ou uma central de revista de fofoca?" - Hermione suspirou.

"É um grande caso Mione, claro que as pessoas vão comentar. Ainda mais se tratando dos envolvidos. Mas, por que você aceitou?"

"Você mesmo já respondeu a essa pergunta. É um grande caso. Sabe como gosto de desafios. E depois, sei como é triste ficar distante de um filho, como sei."

"Não vai me dizer que ficou com pena de Draco Malfoy?!" – Harry riu divertido com esse pensamento.

"Ah, de certa forma sim. Mas fiquei mais com pesar foi pelo filho dele mesmo. Eu o conheci em Hogwarts, acredita que é amigo da Rosinha?"

"Um Malfoy amigo de um Weasley? Merlim!" – Harry parecia assustado de verdade.

"Ah Harry, não vai dar um de Ronald Weasley!"

"O que tem eu?" – Rony tinha acabado de entrar na sala de sua ex esposa. Hermione se sobressaltou ao vê-lo e Harry se levantou para cumprimentar o amigo.




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