Cap 14 Ameaças

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  Hermione após chegar com Hugo em casa, ainda teve que responder um bilhete cheio de indagações de Draco, que uma coruja mal humorada segurava com força na janela de seu quarto. Tentou riscar em algumas linhas uma resposta que o fizesse entender que naquele momento ela precisava estar com o filho. Não soube se ele compreendeu, pois não houve resposta.

Depois que seu filho saiu do banho de 5 minutos, Hermione o chamou para conversar em seu quarto. Ela estava muito séria e Hugo percebeu isso, estava assustado. Não sabia se tinha feito algo errado, ou se ela estava tão séria pela conversa que tivera com seu pai na porta da escola. Ainda por cima tinha a carta de Rose, que pedia para que ele contasse para a mãe sobre a suposta namorada do pai, mas não sabia se queria fazer isso de verdade. Hermione o tirou de seus pensamentos confusos.

"Então Hugo, eu não vou enrolar para falar, porque você já um homenzinho e entende muito bem as coisas." – O menino se sentiu importante, e esse era o objetivo dela.

"Aconteceu alguma coisa mamãe?" – Ele perguntou sentado em cima da cama de Hermione, com as perninhas cruzadas.

"Sim. Por acaso você recebeu alguma carta de sua irmã?" – O garotinho ruivo franziu o cenho.

"Como você sabe?"

"Ela também me escreveu Hugo. Ela me contou que você mandou uma coruja para ela." – Hugo deu um soquinho na cama.

"A Rose é muito fofoqueira. A gente é irmão, não podemos ter segredos?" – Ele parecia realmente decepcionado e Hermione percebeu. Se aproximou mais dele e acariciou o rosto delicado do filho.

"Claro que podem. Mas é que o que você disse a ela tem haver comigo e com seu pai, e ela achou melhor que eu soubesse Hugo, nada demais." – O menino apenas deu de ombros. Hermione então continuou. – "Filho, que história é essa de seu pai ter uma namorada?" – Hugo atingiu a vermelhidão Weasley em menos de dois segundos. Passou a encarar a colcha na cama da mãe.

"A Rose não devia ter feito isso. Nunca mais conto nada para ela!"

"Não Hugo, não haja assim, como disse no começo da nossa conversa, você já é um homenzinho, e então sabe que ela fez isso porque era a melhor coisa a se fazer." – Estava sendo mais difícil tirar algo de Hugo do que ela tinha imaginado. Depois de uns dois minutos, ele respirou fundo, e ainda sem encará-la, ele voltou a falar.

"Como eu disse a Rose, eu não tenho certeza mamãe. Mas é que de uns tempos para cá, papai as vezes aparece com uma mulher. Eles sempre conversam muito baixo quando estou perto. Ele já até me buscou na escola com ela uma vez. Ela tem um carro muito chique com motorista e tudo. Eu nunca perguntei nada a ele, mas um dia ele me disse que era uma amiga dele que ninguém conhecia, e que era para eu guardar segredo, que esse seria o nosso segredo. Ah mamãe, e eu não guardei. Eu sou horrível." -Hermione se sentiu penalizada ao ver lagrimas se acumularem nos olhinhos azuis de Hugo. O puxou para suas pernas e deitou a cabeça dele lá. Começou a afagar os cabelos flamejantes dele.

"Se você não guardou segredo é porque está preocupado filho. E assim você procurou ajuda. Você está completamente certo. Não se sinta culpado. Mas me diga, como é essa mulher, você lembra do rosto dela?" – Hugo ainda fungava por causa do choro, mas respondeu.

"Mais ou menos mamãe. Ela é muito elegante e sempre usa roupas que parecem de festa. Muitas jóias de prata. Outro dia vi até um troço brilhante na blusa dela que parecia uma cobra. Eu fiquei assustado mamãe. Quem fica usando esses negócios de jóia que parecem uma cobra?"

"Sonserinos." – Hermione respondeu automaticamente, sem nem mesmo perceber. Seu cérebro trabalhando furiosamente tentando encontrar essa mulher na sua cabeça.

"Sonserinos? Mas papai não os odeia?"

"Acho que nem todos. O que mais você lembra dela?"

"Ela tem o cabelo mais escuro que o seu. Ela sempre ta de penteado. Tem a pele clara. Acho que só." – Isso não era muito para Hermione. Podia ser qualquer bruxa rica.

"Nunca ouviu o nome dela?" – Hugo fez uma careta.

"Uma vez eu ouvi sim. Mas não me lembro.'

"Faz um esforço filho."

"Lembro que o nome dela é diferente e começa com A. Achei engraçado porque parecia com astros." – Hermione de repente sentiu sua boca amargar. Não podia ser quem ela estava começando achar que fosse, podia?

"As.. Astória?" – Hugo levantou de uma vez do colo da mãe completamente recuperado do choro.

"Sim mamãe. Era exatamente esse o nome. Você conhece ela?" – Hermione sentiu todo o sangue do seu corpo gelar. Por um momento tudo rodou, mas ele se segurou. Seu filho estava ali, não podia fraquejar perto dele. Respirou fundo.

"Mais ou menos Hugo, mais ou menos. Vamos fazer assim. Você não precisa contar para se pai que falou comigo sobre esse assunto. A não ser que você queira." – Hermione conhecia muito bem o filho. Sabia que, se não desse status de segredo aquela conversa, Hugo não daria importância a ela, e assim sendo, não se sentiria tentando em contar alguma coisa a Rony.

"Não mamãe, não quero contar. Ele não pode saber que eu não guardei segredo." – Hermione descabelou o ruivinho.

"Certo então Hugo."

"Mamãe, há problema de ele ter uma namorada?" – Ele parecia constrangido.
"Não fique pensando nisso querido. Você não precisa se preocupar com nada. E não, não há nada de errado em seu pai namorar. Está tudo certo." – O garotinho parecia realmente aliviado.

"Então eu vou jogar vídeo game, tá?" – Hermione sorriu tenra para seu ruivinho.

"Claro querido. Mais tarde vamos sair para comer alguma coisa, está bem?" – Ele apenas assentiu com a cabeça e saiu correndo do quarto.

Hermione então se jogou na cama como se fosse um pesado saco de batatas. Sua cabeça a mil. Rony não podia estar fazendo aquilo que ela achava que ele estava fazendo. Se unir a Astória para destruí-la? Para prejudicar Draco? Quão baixo ele estava sendo? Mas desde o dia que contara toda a verdade a ele já não o reconhecia mais, então talvez, esse tipo de atitude fosse completamente aceitável na nova "versão Ronald Weasley." Se levantou com a cabeça doendo. Mesmo se Draco estivesse com raiva, como um bom garoto mimado, ela teria que escrever para ele. Iria explicar tudo nessa carta, até mesmo porque, naquele momento não poderia ser encontrar com ele pessoalmente. Quanto antes se prevenissem, talvez menor seria o estrago que o furacão Weasley – Greengras poderia fazer.

Ron estava jogado no sofá bebendo uma cerveja trouxa enquanto via um programa qualquer na televisão. Se sentiu estranho, pois, enquanto estava casado nunca havia dado atenção ao aparelho e agora parecia que ele era seu melhor amigo, sempre lhe fazendo companhia. Sobressaltou-se quando ouviu a campainha de seu apartamento tocar, já que ele raramente recebia visitas trouxas e os bruxos não batiam exatamente à sua porta quando queriam lhe falar. Levantou com certa preguiça, olhou pelo olho mágico e acabou tendo uma surpresa.

"Entre." – Ronald abriu a porta para a bela mulher morena.

"Obrigado." – Astória respondeu sem muito ânimo, entrando pela sala do pequeno, porém confortável apartamento do ruivo. – "Belo lugar você tem aqui, pequeno, mas aconchegante. Falta um toque feminino na decoração, claro, mas nada que o faça detestável."

"Obrigado pela atenção, mas você não veio até aqui pra opinar sobre a decoração da minha casa não é?" – O homem falou com desdém.

"Não sei por que dizem que você é burro, sempre pega as coisas no ato!" – Astória não perdeu a chance de debochar de Ron.

"Não abusa madame, posso não ser burro, mas não sou exatamente um poço de educação também. Desembucha, veio fazer o quê aqui, sabe que não podemos dar essa bobeira. Hoje era dia do meu filho estar aqui, sorte sua que ele ficou com a traidora."

"Eu sei que arrisquei vindo até sua casa, mas o que eu tenho pra falar não pode esperar. Não vai nem me oferecer um lugar pra sentar?"

Ron fez um gesto apontando para o sofá, ao que Astória percebeu e sentou-se com toda sua classe.

"Bom, antes de qualquer coisa eu preciso falar que isso que vou dizer não tem nada a ver com ninguém mais além de mim."

"O que exatamente você está querendo dizer Astória?" – Ronald estava começando a ficar inquieto.

"Ronald, eu andei pensando, em tudo isso que está acontecendo. Sei que você está com raiva da sua ex, eu sei como é isso, já senti muita raiva de Draco..." – ela apertava as mãos delicadas juntas no colo. – "acontece que agora Ronald, agora essa raiva em mim já passou. Eu ainda me sinto magoada, por tudo que ouvi e tudo que falei, mas a raiva, a necessidade de vingança.....ela, bem, eu sinto que me vingar de Draco não me fará mais feliz, especialmente porque isto não fará meu filho feliz."

Ron olhava para a mulher esguia sentada no sofá à sua frente e tentava assimilar o que ela estava dizendo. Ela não podia estar falando sério, ela não podia desistir de tudo naquele momento, não enquanto ele não se vingasse de Hermione.

"Ronald, você está me ouvindo?" – ela cobrou do homem.

"Você está querendo deistir da ação." – ele disse suavemente.

"Bem....é."

"Mas você não vai."

"E posso saber por quê? Desde quando eu preciso da sua aprovação? Não vi seu nome no processo."

"Você é muito burra mesmo."

"Eu faço o que quiser, quando bem entendo, sempre foi assim, não é você quem vai me impedir agora."

"Exatamente, você sempre fez o que quis, quando bem quis, e olhe bem onde você está. Trocada por uma traidorazinha, correndo o risco de ficar até sem seu filho."

"Eu vou aprender a lidar com esse fracasso."

"Hahahaha, agora você está começando a exagerar minha querida. Ninguém aprende a lidar com um fracasso. Especialmente quem está acostumado ao sucesso, como você."

"Só estou pensando no que é melhor para Scorpius."

"Quer realmente entrar nesse mérito Astória? Pagar de boa mão pra cima de mim?"

"Não estou dizendo que nunca errei com meu filho, mas vejo que agora é a hora de finalmente fazer as coisas da maneira certa." – a mulher começava a ficar cada vez mais nervosa.

"Escute bem o que vou te dizer. Você não vai dar uma de 'mamãezinha querida arrependida', não agora. Nós temos um acordo e você não irá quebrá-lo."

"É você quem tem que me ouvir Ronald, farei o que eu quiser, você não pode me impedir!"

"Bem, como você pode ver, eu não tenho muito a perder." – Ronald olhou à sua volta. – "Mas você ainda tem madame."

"Você está me ameaçando?"

"Entenda como quiser."

"Você não tem nada contra mim, eu me dou o respeito, ao contrário da sua ex."

"Hahaha, nisso você tem razão, aquela ali perdeu todo o respeito por si mesma quando se envolveu com aquele comensal sujo, depois dele te dar um pé na bunda." – Ron segurou a risada irônica e fez um gesto com a mão quando percebeu que Astória tentaria rebater a última afirmação. – "Você anda se divertindo um pouco não é Srta. Greengrass?"

"Me divertindo?"

"Um drinquezinho aqui, uma músiquinha ali. Uma conversinha acompanhada acolá."

Astória estreitou os olhos verdes entendendo do que ele estava falando.

"Sabe...o Adriano é um cara até legal,não éramos amigos na época da escola, mas nunca é tarde pra reforçar a amizade."

"Adriano é um amigo, nada mais. Você não acha realmente que alguém vai acreditar nessa sua história, além do mais, o que isso teria a ver, eu e Draco já estamos separados legalmente."

"Sim, estão. Mas sempre tem gente disposta a ganhar um extra em troca de umas mentirinhas inocentes. Sem contar que, você disse que Adriano é um amigo? Pois bem, vocês se conhecem há o que? Alguns dias? Realmente confia nele? Pense bem Astória, com alguns ingredientes eu posso criar uma história tão feia quanto você pode imaginar, e se bem lembra, eu sou Ronald Weasley, amigo de Harry Potter, o 'menino que sobreviveu', enquanto você é a ex mulher de um comensal. Seria quase como aquele ditado trouxa, como é mesmo? Ah sim, 'o feitiço virou contra o feiticeiro'. Lembra-se do que este ditado fez por Voldemort, não é? Imagine o que faria por você."

"Você é desprezível. Não. Na verdade, acho que é só amargo. Infeliz. Mal amado. Mas isso vai mudar Ronald, só espero que não seja tarde demais pra você poder desfazer o mal que está fazendo." – Astória havia se levantado e andava até a porta do apartamento.

"Então é isso? Vai arriscar?"

A morena parou de costas para o ruivo.

"Nosso acordo está mantido. Mas não se esqueça que EU sou a titular dessa ação, e se não desisti agora é por que tive minhas razões que nada tiveram a ver com essa sua chantagem barata." – e saiu pela porta fora, batendo-a às suas costas.



Draco e Hermione não se encontravam fora do escritório havia alguns dias já. Ela ainda estava com medo do que descobrira, sobre a associação de Ron com Astória e evitava de todas as maneiras possíveis ficar perto demais dele para que isso não levantasse suspeitas de terceiros, o que poderia chegar as ouvidos da dupla. Entretanto, apesar de entender os receios dela, ele já não agüentava mais tê-la tão perto e ao mesmo tempo tão distante. Decidiu que daria a ela, e a ele mesmo, uma noite sem preocupações, só os dois, sozinhos, sem nenhum problema para incomodá-los.

Draco teria a chance de concretizar seus planos naquela mesma semana, já que os pais decidiram aproveitar os primeiros sinais da primavera na casa de veraneio da família, na França. Sua intenção era não de se encontrar com Hermione no flat que costumavam se ver, mas levá-la até a mansão. Ele sabia que não seria fácil, afinal as lembranças que ela tinha daquela casa eram as piores possíveis, ele mesmo demorou algum tempo para não mais ouvir, durante os pesadelos, os gritos de dor dela enquanto Bellatrix a torturava na sala ao lado de onde ele estava com os pais. Mas Draco pensou que, talvez ele pudesse dar a ela uma lembrança boa do lugar e decidiu que era exatamente isso que faria.

Organizou tudo com antecedência e se certificou que ela não tivesse desculpa para não acompanhá-lo naquela sexta feira, e pra isso contou com a ajuda, inesperadamente, de ninguém menos que Harry Potter, que decidiu levar os filhos em um passeio à um daqueles parques temáticos trouxas nos Estados Unidos e, convenientemente, convidou o sobrinho Hugo. Ela não teria como dizer não.

"Srta. Granger, o Sr. Malfoy está perguntando se poderia dar um pulo até o escritório dele, por um minuto." – Alice, a secretária de ambos disse calmamente abrindo a porta de Hermione.

"E porque ele não pode vir até aqui? Estou ocupada terminando essa petição pra hoje ainda. Diga a ele que irei quando puder ou que ele venha até aqui Alice, por favor." – Hermione falou sem tirar os olhos do que fazia na mesa.

"Bem, ele disse que é muito importante senhorita Granger, e pediu que eu não desistisse até fazer a senhorita ir até lá."

"O que ele fez pra você concordar com isso?" – Hermione agora havia se interessado no que a mulher pedia.

"Olhe, a senhorita sabe que eu sou uma mulher casada, e muito bem casada, amo meu marido, mas....quem resiste àqueles olhos? Especialmente quando se pode enxergar boas intenções neles?" – Alice disse sinceramente.

A advogada deu uma boa olhada na secretária. Era uma mulher por volta dos seus 50 e poucos anos, bonita, e como mesmo disse, muito bem casada. O marido era secretário do ministro e uma das pessoas de mais confiança de Kingsley. Não tiveram filhos, não se sabia por que, mas eram muito felizes daquele jeito e se ela dizia que havia boas intenções nos olhos de Draco, Hermione resolveu acreditar e conferir por si mesma.

"Draco, o que de tão urgente você tem pra me mostrar?"- a mulher entrou no escritório do advogado sem cerimônia.

"Nada. Só queria saber se você está pronta." – ele disse calmamente, levantando-se da cadeira e indo até a porta para trancá-la.

"Pronta? Draco que brincadeira é essa? Você sabe que eu tenho milhões de coisas pra resolver antes da audiência." – Hermione se virou para ele, colocando as mãos na cintura.

"Não é brincadeira, vou te levar comigo pra um lugar hoje. Chega de me evitar." – Draco aproximou-se, passando os braços entre os dela, enlaçando-a pela cintura.


"Mas nós combinamos de dar um tempo nos encontros fora do escritório tá lembrado? Não podemos nos arriscar com a Astoria e o Ron tramando por aí. E você sabe muito bem porque estou te evitando...não sei o que você faz, mas eu não me controlo muito bem perto do senhor." – ela disse se deixando abraçar por ele.

"Eu sei que você não está me evitando, só queria te ouvir dizer que eu te deixo louca." – ele riu maliciosamente.

"Idiota." – Hermione encaixou sua boca na dele enquanto brincava com os cabelos claros do homem.

O beijo foi caloroso e já ia se encaminhando para o 'algo mais' quando ele teve a difícil tarefa de se controlar e romper o momento.

"Bom, acho melhor pararmos por aqui, não quero começar as coisas antes do previsto." – Draco falou se afastando dela e ajeitando as roupas e tentando apagar a quentura que sentia no corpo todo.

"Você que me deixa louca não é? Sei..." – Hermione zombou da situação do homem. – "Afinal, o que você está aprontando hein? Posso saber?"

"Não. Claro que não. Se soubesse não seria supresa."

"Surpresa..." – Hermione fez um olhar de desconfiança.

"Sim, isso mesmo. Só me diz uma coisa, será que o Hugo está gostando da Disney?" – lá estava ele de novo, o sorriso malicioso.

"Você...não acredito. Como você convenceu o Harry? Não....não é possível. Harry Potter e Draco Malfoy juntos em alguma coisa, isso só pode ser sonho!" – ela colocou as duas mãos na boca.

"Sonho como Hermione Granger e Draco Malfoy juntos?" – Draco indagou.

"Não meu amor, isso é realidade." – Hermione foi até ele e o abraçou ternamente.

Ela decidiu dar uma chance ao que ele tinha planejado, mesmo sentindo que aquilo não era a coisa mais prudente a se fazer no momento. Tinha voltado à sua sala e terminado o que conseguiu, uma vez que marcara com Draco de se encontrarem no flat que usavam para se ver. Saiu um pouco depois que ele deixou o andar e pode ver quando o homem virou o corredor que dava para a saída do Ministério. Aguardou alguns minutos e seguiu pelo mesmo caminho, e quando já ia se aproximando da saída efetiva, ouviu uma vozinha um tanto quanto irritante às suas costas.

" Srta. Granger! Srta. Granger! Hermione!" – a mulher se virou e viu Claire.

" Claire? Achei que já tinha ido embora."

" Não senhora, senhorita. Na verdade, estava lhe procurando." – a jovem fitava
Hermione com os olhos nervosos.

" Então....diga. O que queria comigo?"

" Bom, é um pouco delicado o assunto...será que não poderíamos ir para um lugar
mais reservado?"

" Claire, eu estava de saída já. É que tenho um compromisso meio que urgente
agora." – Hermione disse meio sem graça à moça.

" Compromisso com o seu namorado? Cormac?" – Claire se sobressaltou um
pouco.

" Er...não. Claire, o Cormac não é exatamente meu namorado. É um amigo mais
próximo, assim dizendo. Mas não somos namorados. Enfim, vamos até ali no átrio, tem uma saleta onde poderemos conversar." – a mulher indicou um caminho à esquerda. – " Então. Aqui estamos." – Hermione fechou a porta de uma das pequenas saletas que existiam no átrio do Ministério.

" Primeiro, em minha defesa, eu gostaria de dizer que nós não planejamos nada.
Só aconteceu."

"O que aconteceu Claire?" – Hermione fez uma cara de desentendimento. – "E quem exatamente se inclui em 'nós'?"

"Não aconteceu nada, literalmente falando, mas figurativamente, acho que sim." – a jovem começava a ficar muito nervosa e tentava firmar a voz. – "Eu sei que a senhorita gosta muito dele..."

"Me chame de 'você'." – Hermione estancou ao ouvi-la dizer as últimas palavras e pensou que se ouvisse o nome de Draco ali no meio da fala da estagiária, não tinha certeza que se controlaria.

"Certo, sei que você gosta muito dele, mas é que, bem, depois daquele almoço com os Potter, nós percebemos que temos muito em comum sabe..."

"Como o quê Claire?" – a castanha sentia seu rosto ferver e interrompeu bruscamente a fala da outra.

"Desculpe?"

"O que exatamente vocês tem tanto em comum?" – ela teve vontade de colocar um 'sua biscate' no fim da sua fala, mas resolveu deixar a garota terminar de falar antes de surtar.

"Bom, nós dois gostamos de uma vida mais, digamos, cara, vivemos em um círculo de pessoas influentes, ambos somos ambiciosos.."

"Gosto por uma vida cara, pessoas influentes, ambiciosos..." – Hermione ia repetindo tudo que Claire falava, deixando a moça um tanto mais nervosa.

"Gostamos de quadribol, me lembro de vê-lo jogar e sonhar em um dia conhecê-lo pessoalmente..."

"Gostam de quadribol, você o via jogar. Espere aí." – a mulher parou de repetir e se pôs a pensar que Draco nunca jogou quadribol fora de Hogwarts, além do que a moça era muito jovem pra ter o visto jogar na escola.

De repente ela teve um estalo e como que por mágica, sua expressão se descontraiu e ela começou a rir, alto e descontroladamente.

"Hermione você está bem? Srta. Granger? O que foi que eu disse de tão engraçado?" – Claire não entendia nada.

"Ai Claire! Me desculpe...hahaha, me desculpe, eu sou uma idiota mesmo. Continue, continue." – a advogada tentava, em vão, segurar o riso.

"Eu estava dizendo que nós temos muito em comum, Cormac e eu, e bem, nos encontramos por acaso outro dia no Beco e ele me chamou pra tomar um chá e eu aceitei. Foi bom, eu gostei e ele também. Tanto que me chamou pra jantar, amanhã. Mas eu disse à ele que falaria com você antes. Se tiver algum problema, eu juro que me afasto dele Hermione, você sabe o quanto eu prezo este estágio, ter a chance de trabalhar com você, aprender com a melhor."

"Ah, Claire, eu não sei o que dizer, obrigado. E quanto ao Drac.., Malfoy, vocês não estão...namorando?"

"Claro que não. Nunca estivemos. Ele é uma ótma pessoa, não me leve a mal, lindo de morrer, acho que não sou a única aqui que percebe isso, mas não. Eu sei que um homem como ele não merece uma mera estagiária. Ele merece alguém que esteja à altura dele."

"Alguém como a ex mulher, Astória?"

"Não. Não digo socialmente à altura dele, mas intelectualemente, alguém que o complete. Alguém como você, talvez."

"Claire..."

"Não se preocupe, não espero que me confirme nada, nenhum dos dois me deve satisfações, mas queria que soubesse que, se for verdade o que eu penso que é, que seja assim. E espero, portanto, que não seja um problema eu começar a sair com Cormac."

"Bom, já que vocês tem tanto em comum não é? Não vou ficar no meio do mais novo casal das colunas sociais!" – Hermione sorriu sinceramente para a moça, que retribuiu o sorriso. – "Ok, espero que esteja tudo certo entre nós então, agora tenho mesmo que ir, Claire, não posso mais me atrasar."

"Tem alguém esperando não é?"

"Na verdade, não sei bem. Mas se descobrir, NÃO TE CONTO!" – as duas riram alto enquanto saiam da saleta e se despediam no átrio do Ministério.

Draco andava de um lado para o outro no flat, ele vira quando Hermione deixou sua sala logo após ele deixar a dele e não entendia o porquê da demora da mulher.

Pensou se poderia ter acontecido algo no caminho, talvez ela tenha sido interrompida, mas se fosse algo mais sério ela daria jeito de avisá-lo, não o deixaria ali esperando sem notícias. Até que por fim ele ouviu o barulho da fechadura e se virou a tempo de vê-la entrando pela porta e lançar-lhe um sorriso.

"Hermione, o que aconteceu?" – Draco andou até ela, que ainda estava com o sorriso no rosto. – "O que foi? Pelo jeito foi coisa boa, a julgar esse sorriso lindo." – ele terminou a frase pegando-a pela cintura.

"Draco...acho que nós somos cornos."

"O quê???" – Draco deu um sobressalto, mas ainda permanecia envolvendo a mulher pela cintura.

"Relaxa, não sou eu que estou te corneando não seu paranóico, e só espero que o senhor também não esteja fazendo nada por aí. Humpf."

"Peraí, então quer dizer que a Claire está me 'traindo'?"

"Uhum." – Hermione sacudiu a cabeça em afimação.

"Mas você disse 'nós somos'. Então o Cormac também tá aprontando algumas?"

"Sim senhor."

"Ok. Você percebe o quanto isso é deprimente, não percebe? Nossos namorados de mentira estão nos traindo."

"Derrota."

"Mas afinal, quem é o 'garanhão' e quem é a 'biscate'?" – Draco riu da própria fala.

"Pois é, pra você ver. Eles estão juntos. Cormac e Claire."

"Nããão!"

"Acredite."

"Mas eu jurava que aquela menina era inteligente..."

"Draco! Não é pra tanto, coitado do Cormac.."

"Ah vai defender aquele acerebrado agora é?"

"Vou! Se isso te deixar com bastante ciúme, provando que você não vive sem mim, nem mais um dia." – Hermione beijava de leve os lábios dele, que deixava que ela comandasse as carícias

"Mas eu não vivo sem você. E a senhorita sabe disso. Nem. Mais. Um. Dia." – a cada pausa Draco beijou cada um dos olhos, a ponta do nariz e por fim, os lábios de Hermione.

"Eu sou a 'sabe-tudo' chata não sou?" – ela começou a desabotoar a camisa do homem.

"Opa, espera só um pouco!"

"Como assim 'espera'? Draco, desde quando você não quer isto?"

"Ah não querida, eu quero, quero muito, você não faz idéia." – ele escaneou o corpo dela com os olhos e a ponta dos dedos. – "Mas não é aqui que faremos isso."

"Não? E onde será, então? Na minha casa você sabe que é sem chance, tenho medo do Ron estar vigiando...ele não anda bem, preciso conversar direito com ele..." – ela ficou pensativa.

"Não, não vamos falar disso hoje, está bem, não hoje. E não vamos para sua casa também, vamos para a minha."

"E desde quando você tem casa?"

"Desde que nasci."

"Você está falando da mansão?"

"Sim."

"Draco...acho melhor não."

"Hermione, por favor. Só te peço uma chance. Sei que o que você sofreu dentro daquela casa ainda dói muito. Não te peço pra esquecer as más lambranças, mas peço que faça novas, dessa vez, boas. Comigo." – Draco segurou as duas mãos dela juntou ao seu próprio peito. Seu coração batia muito rápido. – "Confia em mim?"

"Sim."

Dando mais um beijo em Hermione, Draco os aparatou diretamente para os portões da Mansão Malfoy, já que não era possível fazer tal coisa dentro da propriedade. Mesmo já tendo ido lá, depois da batalha, Hermione ainda sentiu um arrepio de incomodo e um amargo na boca. De fato, as coisas que ela passara ali não tinham sido fáceis. Draco percebera isso, pois ele tentara se mover afim de entrar pelos portões, mas Hermione continuava imóvel, o apertando pela cintura.

"Tudo bem Hermione?! Se realmente for muito difícil para você, podemos voltar e.."

"Não Draco, está tudo ótimo. Eu sei que você deve ter preparado coisas maravilhosas não é? Só estava pensando se seus pais estão por ai." – Ela respirou fundo se esforçando ao máximo para se acalmar e passar confiança para o loiro. Ele continuou parado, como se estivesse dando um tempo para ela, e ainda, começou a lhe acariciar os cabelos.

"Meus pais estão na França. A casa é todinha nossa."

"O que estamos esperando então?" – Ela o olhou travessa e ele sorriu. Adentraram a mansão de mãos dadas.

"Quero te mostrar um lugar que acredito que você vai gostar muito. Eu, na verdade, me orgulho muito de poder ter isso em casa." – Hermione estava mais calma, e seguiu com Draco por um corredor próximo ao hall. Aquela casa era absurdamente grande, e ela sabia que, se por caso ficasse sozinha ali, não saberia por onde ir. Quando se deu conta estava dentro de um cômodo bem grande e iluminado por uma enorme lareira. Sorrir foi inevitável.

"Uma biblioteca!" – Ela soltou das mãos de Draco e deu um passo a frente, admirando todo o local. – "Draco, uma biblioteca sua!" – Ele sorriu feliz.

"É da minha família. Há séculos os Malfoy vem montando suas coleções de livros. Essa com certeza é uma das maiores da família. Meu pai sempre gostou muito de ler e eu herdei isso dele." – Hermione se voltou para ele com os olhos brilhando.

"Isso é realmente extraordinário!" – Ele se aproximou dela.

"E pode ser seu também, Hermione." – Ela piscou algumas vezes como se isso a ajudasse entender melhor as palavras.

"Do que você está falando?" – Foi quase um sussurro.

"Eu quero que você seja minha esposa. Se você aceitar, além de me ter com como presente, vai levar coisas assim, como a biblioteca, de bônus." – Ele sorriu mais uma vez e a tocou no rosto delicadamente, mas ela se afastou e lhe deu as costas. Draco perdeu o sorriso.

"Não estou com você pelos bônus Draco."

"Hermione por favor, eu sei que não. Isso foi só uma maneira de falar. Estou te pedindo em casamento." – Ela se voltou para ele mais uma vez.

"Eu entendi, me desculpe. Você me pegou de surpresa."

"Essa era a idéia Hermione." – Draco não estava gostando do rumo que aquela conversa estava tomando, não era aquilo que ele tinha planejado.

"O Draco, não fique assim. É só que casar me soa precipitado demais. Temos tantas coisas em que pensar agora, coisas a resolver."

"Não quero que se case amanhã comigo Hermione, mas gostaria que isso estivesse nos seus planos de futuro, assim como está nos meus." – Draco tinha o semblante preocupado. Hermione se aproximou dele.

"Claro meu amor. O que importa e quero que você saiba, que independente de qualquer papel assinado, eu serei sua e você será meu, pra sempre." – Em seguida ela o beijou fervorosamente, fazendo que ambos perdessem o fôlego.

"Vem." – Foi tudo que ele disse, antes de sair a puxando pela mão. Eles ainda subiram dois pavimentos e passaram por corredores verdes em detalhes pratas. Draco só parou quando chegou ao fim do quinto corredor do terceiro andar da casa. Abriu a porta e fez com que Hermione entrasse no recinto.

"Bem vinda ao meu quarto. Meu desde criança. Poucos puderam entrar aqui." – Hermione estava encantada e assustada com como as pessoas podiam viver em tanto luxo. O quarto era quase do tamanho do apartamento dela. Tinha uma saleta perto de uma lareira e ao fundo perto de portas de vidro, uma imensa cama de casal, com dossel e cortinado. A decoração se baseava em madeira, estofados verdes e detalhes prateados. Tudo sonserino, mas tudo de muito bom gosto.

"É lindo Draco, realmente." – Mas tinha algo que incomodava Hermione, e como se tivesse lido a mente dela, Draco sorriu e se aproximou.

"Não se preocupe, como disse, poucas pessoas entraram nesse quarto. De mulher, só a minha mãe." – Hermione arqueou uma sobrancelha.

"E sua ex - esposa?"

"Aqui é meu santuário, meu refugio. Não deixo ninguém, ou quase ninguém se aproximar. Quando me casei, mandei decorar um dos quartos maiores da casa, e foi lá que vivi como Astória. Ela nunca veio aqui, e muitas vezes brigamos por isso. Sempre que me sentia incomodado, ou queria distância eu ficava aqui. Meu filho esteve aqui apenas duas vezes, para se ter uma idéia." – Um sorriu para o outro.

"Então eu sou uma privilegiada." – Ela o enlaçou pelo pescoço o deixando a centímetros de distancia de seus lábios.

"Nós somos." – Ele a beijou com delicadeza. Ainda mantendo contato com ela, a pegou em seus braços e se encaminhou para a cama. Com cuidado a depositou sentada no colchão e se afastou. Ela não gostou.

"Onde você vai?"

"Eu vou ser todo seu, mas se acalme." – Ele sorriu malicioso para ela e foi até uma mesa, que parecia ser de chá, e voltou com uma cesta de frutas. Sentou aos pés da cama, e colocou a cesta ao lado. Hermione o olhava intrigada.

"Você vai ver." – Sem aviso ele começou a descalçar as botas de Hermione. Ele fazia tudo com muita tranquilidade e carinho. Retirou as meias, e assim que teve os pés dela em suas mãos plantou um beijo casto em cada um. Depois, arrastando as mãos por toda a extensão das pernas dela, o que causou calafrios em Hermione, ele chegou até o cós da calça e desabotoou o cinto e os botões. A desapontando, ele não fez nada ali. Apenas seguiu com as mãos até os ombros dela. Retirou o casaco de lã, para em seguida começar a desabotoar, botão por botão, da blusa vermelha dela. Sorriu ao ver o sutian de renda verde escuro dela. Ela até podia não ter certeza que estaria com ele aquela noite, mas estava preparada caso fosse.

"Vai ficar só olhando?"

"Quanto pressa, minha querida. Temos tanto tempo." – Draco fingia uma calma que não sentia. Estava pegando fogo, e tudo que queria era arrancar as roupas, tanto dela quanto suas, e ama-la com fervor, mas se seguraria. Depois de terminar com a blusa, ele fez com que ela se deitasse, e puxou a calça dela. Hermione estava só com seu conjunto intimo verde.

"Draco que planinho maléfico é esse?"

"Gosta de morango com chocolate?" – Ela levantou a cabeça o fitando confusa e começando a entender as intenções dele, que já remexia em algo dentro da cesta.

"Draco você não ...." – Tarde demais. Draco já tinha começado a derramar chocolate por toda a extensão de sua barriga, o que arrepiou. Ela ainda o viu morder um morango inteiro, o que a deu água na boca. Teve que fechar os olhos assim que a língua dele entrou em contato com sua pele quente. Ele a lambeu toda, até acabar com todo chocolate, e por fim a beijou, a fazendo sentir o gosto daquela mistura.

"Gostosa..." – Ele sussurrou em seu ouvido, se afastando mais uma vez. Ela já estava ofegante e ardente. Abriu os olhos para vê-lo se despindo com mais pressa do que despiu ela. Por fim ele a olhou no fundo dos olhos e foi se deitando por cima, direcionando as mãos paras as costas dela. A beijou com volúpia, enquanto arrancava o sutian dela. – "Você estava linda com ele, mas fica melhor sem." – Ele ainda disse enquanto descia a boca pelo pescoço dela. Ela sorriu, mas logo sua expressão mudou para prazer, quando ele começou a beijar seus seios.

Draco ainda beijaria a barriga, e até mesmo a intimidade de Hermione. Só se deu por satisfeito, quando ela gemeu de prazer esplêndido por mais de duas vezes, para por fim, fazer amor com ela completamente. Se amaram numa intensidade ainda maior do que estavam acostumados. Era como se uma nova fase estivesse para acontecer. Depois de mais um ato de amor, Hermione se deitou em cima de Draco, suada, arfante e exausta.

"Draco, eu te amo tanto." – Draco ainda conseguiu ficar arrepiado ao sentir os lábios dela raspando em sua pele molhada de suor.

"Eu também meu amor."

"Vai dar tudo certo não vai?" – A voz dela era manhosa, cansada e de sono.

"Sim, eu prometo. Agora apenas descanse. A noite ainda não acabou." – Hermione ainda teve forçar de levantar a cabeça e encará-lo surpresa. Mas logo sorriu maliciosa.

"Você é insaciável é?"

"Você me faz ficar assim. Você é irresistível!" – Ela se arrastou ainda mais por cima dele, até alcançar a boca do loiro e beija-lo.

Eles dormiram assim, abraçados, enlaçados. Com promessas de paz, tranquilidade e amor. Mas para chegarem lá, teriam que enfrentar uma guerra, com inimigos que estavam carregando bem as suas armas.

Ela despertou antes dele e num impulso, resolveu se levantar. Deu um pequeno beijo no rosto do homem que dormia ao seu lado e sorriu ao se lembrar que na noite passada, ele havia lhe proposto casamento. É claro que ela aceitaria, mas ainda não tinha certeza se aquele era o momento certo para firmar tal compromisso, achava que eles deveriam ponderar algumas coisas antes, como por exemplo, assumirem o relacionamento publicamente.

Hermione levantou-se da cama e caminhou até a janela mais próxima e, teve o cuidado de não puxar muito as cortinas para não acordar Draco com a claridade do dia. O que ela viu pela janela a deixou completamente embasbacada. O que ela entendia por "quintal" era, no máximo, alguns metros gramados atrás da casa, com algumas flores e talvez uma área de lazer. O que tinha no "quintal" dos Malfoy era muito mais do que alguns poucos metros de grama e flores, na verdade, eram muitos metros de grama, muito bem aparados, cintilando devido ao orvalho da madrugada. Ela bem que tentou, mas falhou em enxergar o fim daquilo tudo. À esquerda Hermione viu um solário que era maior do que o quarto em que estavam e dentro dele havia uma enorme piscina, à direita ela percebeu um viveiro onde antes havia diversas espécies de aves, porém hoje estava vazio. Pode ver ainda o final de uma escadaria de mármore que coincidia com um caminho da mesma pedra, levando até uma estrutura de concreto branco, envidraçada, com plantas do tipo trepadeira florida por todas as vigas e dentro havia dois bancos de mármore branco. Os olhos dela se detiveram por uns instantes naquele lugar e como se adivinhasse o que ela pensava, ele que naquele momento já tinha despertado, falou ao ouvido da mulher, enlaçando-a pelas costas.

"Lugar perfeito para um casamento, não acha?"

"Oh sim, lindo." – Hermione despertou do seu devaneio, assustando-se levemente com a presença dele.

"O nosso talvez...mas sabe, ele não seria o primeiro. Meus pais se casaram ali, porém obviamente, a festa foi gigantesca, nada parecido com meus planos."

"E quais são eles, se a vossa alteza me permite perguntar?" – Hermione brincou, virando-se para o amado.

"Pensei em algo bem íntimo, nós dois, nossos filhos, pais, amigos mais próximos e só. No meio da manhã, aí poderemos servir um almoço leve, um vinho doce e um bolo, de chocolate, com recheio de chocolate e cobertura de chocolate."

"Nossa, alguém aqui tem uma obsessão por chocolate hein? Hahahaha!" – ela riu alto, beijando o homem de leve nos lábios. – "E eu não sabia que você já tinha tudo planejado...não vai deixar nada pra noiva decidir?"

Quando a ouviu terminar a frase, Draco sobressaltou-se, tentou falar, mas as palavras insistiram em fugir de sua boca, o coração parecia querer sair voando do peito de tanto que batia rápido. Entendendo a surpresa do homem, Hermione disse então o que ele mais queria ouvir.

"Sim, eu aceito."

Ele a pegou no colo e girou a mulher no ar, fazendo com que ela desse risadas que soaram como música aos seus ouvidos. Colocou-a no chão enfim e a olhou.

"Espere aqui." – ele saiu em disparada do quarto, deixando Hermione sem entender.

Passados alguns segundos, ele retornou ao quarto e encontrou-a no mesmo lugar. Ela percebeu que ele segurava um caixinha de veludo verde e soube que era anel, antes mesmo dele abrir e lhe mostrar.

"Meu pai mandou fazer este quando eu nasci, para eu dar à minha futura esposa. É como o da minha mãe, porém sem as serpentes de ouro branco e platina que o dela tem segurando a pedra. Engraçado...parece que ele estava prevendo que eu não me casaria com uma sonserina." – Draco ficou pensativo.

"É lindo, maravilhoso. Mas...por que não o deu à Astória quando se casaram?"

"Meu pai me disse que a dona deste anel teria que ser muito mais do que minha esposa. Teria que ser minha companheira e alguém em quem confiasse tudo, é obvio que ele deixou claro naquele momento que ela deveria ser sangue-puro também, mas isso são águas passadas. É exatamente por isso que não dei a ela, por mais que gostasse de Astória, simplesmente não conseguia vê-la como tudo aquilo que minha mãe representa para meu pai, por exemplo."

"E é assim que me vê?"

"Tem alguma dúvida ainda?" – ele pegou-a pela mão e retirou o anel do estojo de veludo, colocando-o suavemente no dedo de Hermione. Depositou ali um pequeno beijo e levantou os olhos para encará-la.

"Nenhuma." – ela então o abraçou e a comemoração do 'noivado' não poderia ser em outro lugar senão os lençóis de seda da cama de dossel.

***
Acordaram juntos no fim da tarde, ao que Hermione pulou na cama.

"Draco, meu Deus, já são quase seis da tarde! Devem tá achando que eu morri ou desapareci!"

"Hermione, relaxa, ninguém tá achando que você morreu ou sumiu, ou coisa assim. Deita aqui, vem."

"Como não? Eu saí ontem do ministério, antes de anoitecer e não dei notícias até agora!"

"E pra quem você daria notícias ô sua doidinha? O Hugo está viajando com os Potters, esqueceu? E eles sabem que você está comigo."

"Ok, mas e quanto ao Ron? Ele deve estar louco me procurando... e isso não é um bom sinal."

"Deixa aquele chimpanzé ruivo se explodir de ciúme Hermione, vocês não são mais casados e agora NÓS vamos nos casar. Ele vai ter que aceitar."

"Um dia sim, mas enquanto o seu processo estiver correndo na justiça, esse ciúme dele pode nos colocar em uma fria. Lembre-se que ele está de conluio com sua ex...coisa boa dali não sai, posso te garantir."

"Ah, tudo bem, tudo bem. Vamos levantar então, mas não pense que acabou aqui. Você vai pra sua casa, dá sinal de vida, faça o que tiver que fazer e me encontre no flat às 22h. Sem desculpas."


"Draco..."

"Eu disse 'sem desculpas' mocinha." – ele piscou sedutoramente e a puxou para um abraço antes de se levantarem da cama.

***
Hermione chegou em casa e tomou um longo e quente banho. Quando saiu do banheiro vislumbrou em cima da cômoda o anel de ouro branco e platina cravejado com uma única, porém vistosa esmeralda. Ainda não acreditava que tinha sido pedida em casamento pela segunda vez na vida, quando jovem achava que nem sequer um namorado teria, e agora estava para se casar com aquele que tanto brigou e por que não dizer, odiou, por tantos anos.

"Surreal." – ela disse a si mesma, em meio a uma doce risada.

Aprontou-se tranquilamente, colocou um conjunto de lingerie branco, todo rendado, um dos favoritos dele, perfumou-se, vestiu um vestido vermelho de mangas compridas que ia até os joelhos e calçou sapatos de salto pretos. Prendeu os cabelos para cima, deixando alguns cachos caídos em cascata e maquiou-se suavemente, contudo fez questão de usar o batom mais vermelho que tinha. Pegou a bolsa, deu uma olhada para trás na sala para certificar-se de que não se esquecia de nada e fez um lembrete mental a si mesma de que Hugo chegaria no dia seguinte, domingo, por volta das cinco da tarde e ela deveria estar lá para recebê-lo, não importando a chantagem emocional que Draco se atrevesse a fazer com ela. Já trancava a porta do apartamento quando ouviu uma voz atrás de si.

"Já saindo?" – era Ronald, que estava bem atrás dela, encostado na parede oposta à porta, aparentando certa casualidade.

"Ron, que susto! Nossa, você tem que parar de fazer isso, sério, qualquer dia me mata do coração." – a mulher levou as duas mãos ao peito, um pouco ofegante.

"Ah, me desculpe...mas como dizem por aí, se te assustei é porque boa coisa você não estava fazendo. Ou está pra fazer, analisando pela sua roupa. É novo o vestido?" – Ron desencostou da parede e andava na direção da ex mulher.

"Não, comprei ano retrasado, no natal, não se lembra? Ah não, claro, você estava muito ocupado com a loja pra perceber alguma coisa em mim não é?" – Hermione devolveu a alfinetada.

"Ouch! Vejo que está aprendendo direitinho com o namoradinho novo." – Hermione agradeceu mentalmente por ter deixado o anel dentro da bolsa, pois, se Ron a visse usando com certeza ligaria 'os pontos' e o escândalo seria garantido. – "Aposto que está indo se encontrar com ele agora não é mesmo?" – ele estava muito próximo dela, quase a encurralando na parede.

"Bom, já que perguntou, estou indo sim. Somos livres, não temos nenhum compromisso com outras pessoas, acho que está mais do que na hora de assumirmos nossas posições nisso tudo."

Ronald então soltou uma gargalhada, seguida de algumas palmas debochadas e antes que Hermione pudesse sair do cerco dele, o ruivo que era mais alto e encorpado do que Draco, a prendeu na parede com os dois braços cercando seus ombros.

"Ron, por favor..." – ela pediu em voz baixa.

"O quê? Não gosta mais disso?" – ele baixou os lábios até o pescoço dela e roçou-os suavemente na pele branca dela.

"Ron....eu amo Draco."

Como se tivesse ouvido as palavras mais nojentas do mundo, ele se afastou, encolerizado, não sem antes socar a parede, bem à altura e ao lado de onde estava o rosto de Hermione que, assustada, virou-se para o outro lado. Ron então se afastou mais, até o outro lado do corredor e Hermione teve tempo de vê-lo andar rápido até o elevador e dizer umas últimas palavras.

"Me espere na audiência. Se aquele infeliz acha que pode ter tudo, está muito enganado. Se quer você, vai ter que ficar sem o filho."

A porta do elevador se fechou e Hermione ficou ali um tempo, encostada na parece, ainda assustada pela reação violenta do homem que ela conhecia a vida inteira, ou pelo menos achava que conhecia. Estava atrasada, mas nem poderia sonhar em contar à Draco o que tinha se passado ali, ele era capaz de caçar Ron e ela não queria ver ninguém machucado. Entretanto, ela viu que a hora de tomar atitudes mais firmes havia chegado, há muito anos ela havia aprendido que com um pequeno objeto pode-se mudar o passado, acarretando um novo futuro. Mas um vira-tempo ali não era útil, infelizmente.

Despertou do espanto que sentia e aprumou-se, aguardou algum tempo até que Ronald aparatasse na esquina, como sempre fazia, e só então tomou o elevador e, já fora do prédio, um táxi até o flat onde encontraria Draco. Já estava atrasada, mas ele entenderia qualquer que fosse a desculpa que ela desse, afinal, o que importava para ele e, para ela também, era estarem juntos, sem ninguém os impedindo de se amar.

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