Cap 2 Filhos tudo na vida

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Assim que escutou a porta da sala em frente a sua bater com força, Hermione sorriu com vontade. Fazia tempo que não se divertia tanto, por tão pouco, afinal, atormentar Draco Malfoy era uma coisa ínfima.
Entrou em sua sala, e como ha muito tempo, percebeu que ela era, de certa forma bem iluminada. Incomodou-se um pouco com o estado do estofado de seu sofá cor de mel, estava um pouco gasto, mas ela logo tratou de tirar isso de sua cabeça, estava era comparando sua sala com a daquele loiro insuportável, e isso, era ridículo. Mas, ao pensar nisso, se lembrou de uma antiga caixa, que ela havia deixado perto de um dos armários de processos, uma caixa que guardava coisas do passado.
Pegou a caixa, se sentou e a abriu. Ali havia pequenos tesouros acumulados com os anos, como seu primeiro exemplar de "Hogwarts, uma história", fotos dela com Rony e Harry quando ainda tinham 11 anos. Guardou ali também o livro em runas antigas, presente de Dumbledore, fotos de todos da família Weasley. Um par de sapatinhos amarelos de bebê, que foi o primeiro de Rosa e um chocalho que ela quase tinha certeza que era de Hugo. Uma lágrima correu solta em seu rosto sem nem mesmo que ela percebesse. Mas foi o que tinha mais ao fundo da caixa que chamou a atenção.

Era uma capa velha de um livro, ou talvez de um caderno. Não se lembrava dele, até aquele momento. Sorriu ao vê-lo ali, junto com todas aquelas lembranças. O pegou e o folheou. Aquele teria sido seu diário, se algum dia ela tivesse tido paciência de escrever uma obra desse tipo. Sua mãe havia lhe dado quando completara 15 anos. Ela acreditava que assim os problemas, típicos de adolescentes somados ao de uma bruxa envolvida com aventuras, poderiam ficar menos pesados. Hermione jamais fez o tipo de garota que desabafaria com pedaços de papel, e confessava a si mesma, que depois do que aconteceu com Gina, tinha ficado com um trauma tolo, mas que ela não fez muita questão de vencer.
Hermione reparou que, contudo, não o havia deixado em branco. Tentou lembrar o que poderia ter escrito naquele caderno brochurão tão trouxa para estar no meio de coisas tão mágicas, e se lembrou que às vezes rabiscava poesias, ou mesmo frases desconexas que refletiam o que estava sentido naquele momento. Resolveu passar as paginas com mais cuidado para ver se encontrava algo interessante. Pode ver algumas folhas que tinham um tanto de R's soltos, outras que ela rabiscou a palavra "ódio" perto desses R's e perto de L's também. Gargalhou, tempos de Ron com Lilá, que coisa patética aquele caderno parecia agora. Viu também, em uma lida rápida, textos que expressavam medo e apreensão com que poderia acontecer com ela e com seus amigos, principalmente Harry. Era estranho ver aquelas coisas, uma vez que ela não pontuou nada com datas, então por vezes ficava difícil definir qual era o momento que estava sendo retratado ali.


Ela não percebeu, mas perdeu um bom tempo admirando aquele encontro com o passado, e achou melhor guardá-lo. O fechou com pressa e o jogou na caixa de volta, junto com todas as outras coisas, mas ao fazer isso, sem que ela visse, um velho pedaço de pergaminho dobrado caiu de dentro do caderno, antes que ele fosse parar no fundo da caixa, ficando preso entre o braço do sofá e almofada dele. Ela tinha acabado de colocar a caixa no lugar quando alguém adentrou sua sala sem pedir permissão. Essa audácia só podia ser de uma única pessoa, a última que ela queria ver naquele momento, ou em qualquer outro momento.

"Que dia enorme, Merlim, que dia!" – murmurou se voltando em direção à porta onde tinha certeza que ele estaria.

"Pois é GRANGER, o dia não acabou o que significa que seu trabalho também não! Quando você pretende me apresentar o Ministério? Não que eu não conheça, mas preciso saber como essa coisa funciona." – disse tudo pausadamente, se aproximando da mesa dela.

"Malfoy, a babá aqui já vai te levar pra passear, mas antes precisa ensinar ao garotinho uma regra básica de educação. BATER NA PORTA ANTES DE ENTRAR! SEU TOSCO!" – esbravejou sacudindo os braços em cima da cabeça. Draco sorriu verdadeiramente com os gestos dela.

"Hahahaha, Granger, ate parece a minha avó assim. Coitado dos seus filhos!" – ele disse se sentando.

"Quem te convidou a sentar? Sai fora já! Não quer passear? Anda, vamos logo."


Ele não respondeu nada. Os dois saíram pela porta, e muito secamente Hermione explicou alguns detalhes que ela julgou necessário que Malfoy soubesse. O apresentou para certas pessoas, que na sua maioria se assustaram ao ver o loiro de volta, mas ele não se mostrava abalado com isso. Voltaram para as suas salas exaustos, principalmente um do outro. Tudo que queriam era poder voltar para casa em paz.


"Então Hermione, como está Hugo?" – perguntou Harry, assim que se encontraram no Átrio.

"Ai Harry, nada fácil. Essa foi a primeira semana dele só comigo em casa. A escola o distrai um pouco, mas não é o suficiente. Ele não aceita a separação e parece que me culpa por não ter dado certo. Hoje, antes de deixá-lo na escola me comunicou simplesmente que ia passar o fim de semana novamente na Toca. Disse que combinou com o pai, e que ele iria buscá-lo na escola. As vezes acho que o Ron dá razão a ele, sabe?" – disse Hermione cansada quando entravam no elevador, junto com vários aviõezinhos coloridos.

"Não Mione, não acredito nisso. Só acho que Hugo tenta aproveitar o máximo do pai quando o pode ter por perto. Você sabe, eles se entendem muito bem. Se identificam um com outro. Dê um tempo a ele. E acho que você deveria ir para a Toca esse fim de semana também." – Disse o moreno tão descabelado como sempre foi. Saíram do elevador.

"Só poderei ir domingo Harry, apareceu mais um grande caso, preciso estudar tudo muito bem. Mas prometi a Molly, e domingo estarei lá." – Hermione sorriu para o amigo, um sorriso forçado.

"Mione, você tem que se controlar, desse jeito você vai..."

"Ficar louca?! Hahaha Harry, você e o Ron me dizem isso desde a escola, ainda me considero normal." – Ambos sorriram. Já estavam na porta da sala da castanha.

"E o Malfoy? Como tem se comportado?" - perguntou Harry olhando para a porta de frente da de Hermione.

"Como sempre se comportou. Mas tive a oportunidade de ter contato com alguns processos que ele advogou. Nada mal, quer dizer, eu esperava nada dele né, ele até que dá para o gasto."

"King me disse que é um excelente advogado, comparado mesmo só a você." – sussurrou Harry, como se tivesse medo que alguém o ouvisse.

"Ai Harry, você quer me ouvir elogiando Malfoy? É isso? Tudo bem, ele é muito bom no que faz, sim, excelente!" – Ela disse olhando para Harry com um rosto cômico.



"Sou mesmo, querida. Sou o melhor em tudo, TUDO, que eu faço, sem exceção." – do nada o loiro apareceu ao lado de Hermione.

"Ah Merlim, essa sexta feira promete. Já começou cedo." – Hermione levantou os olhos para o teto como se realmente estivesse vendo Merlim ali.

"Bom dia para vocês. Te vejo no almoço Mione." –Harry se afastou apressado antes que a briga deles começasse e sobrasse pra ele. Já era notícia em todo Ministério as brigas épicas entre Hermione e Draco. Muitos diziam que era uma competição de quem ofendia mais quem, da maneira mais cruel e inteligente possível, de fato, um grande espetáculo pra quem assistia.

"Chegou cedo descolorido. O que aconteceu?" – Hermione perguntou abrindo sua porta, sendo imitada pelo loiro.

"Eu chego a hora que eu ache que deva chegar. Isso não lhe diz respeito mesmo." – disse seco.

"Acordar cedo deixa seu humor ainda melhor, Malfoy."

"Use e abuse dele então, pois ele durará o dia inteiro, querida." – e bateu a porta na cara de Hermione, que de certa forma, também estava ficando com o humor do cão.


Draco acabou de adentrar em sua sala e logo percebeu que uma carta tinha sido colocada em sua mesa, provavelmente na noite anterior, depois que ele já havia saído. Reconheceu o selo de cera, tinha o brasão da família Malfoy, o mesmo do anel que seu pai usava e que ele também carregava em seu próprio. Draco não entendeu bem o porquê, mas sentia que aquela carta não trazia boas notícias.





Draco,
estávamos certos. Prepare-se, pois receberá em breve uma intimação.
Astoria deixou a casa, pois sua mãe não agüentou e a confrontou, o que em minha opinião só deixou as coisas piores. Enfim, ela deixou a casa e se mudou para Paris, mas avisou que pretende voltar a Londres o mais breve possível para terminar o que havia começado. Utilizei alguns dos meus agora poucos contatos, porém descobri que ela marcou uma visita à um escritório de advocacia aí em Londres e também já requisitou uma visita à Hogwarts.
Filho, só lhe dou um conselho: arrume um excelente advogado. Excelente não, na verdade, um perfeito. Alguém em quem confia o suficiente para resolver essa situação, alguém que não deixa pontas soltas e que veja todos os lados, porque você sabe que sua situação é crítica. Ela é rica, seu pai influente, e você, um ex comensal, filho de um ex comensal.
Espero que se acerte, e me comunique de sua decisão, gostaria de poder ajudar mais, contudo é só o que posso fazer no momento.
Amor,
Seu pai.







Draco sentiu seu estômago revirar e ficou olhando para a carta em suas mãos. O pior estava por vir, ela estava cumprindo a ameaça que havia feito quando ele lhe comunicou que queria se separar. Astoria disse que tiraria Scorpius de sua vida, que ele nunca mais veria o filho, nem ele e nem ninguém da sua família. Draco definitivamente não poderia deixar isso acontecer, contudo, um problema foi percebido por ele, ou mais um problema. O advogado mais competente que ele conhecia....era ele mesmo! Mas era impossível ele representar a si mesmo nessa causa, havia o chamado conflito de interesses. Precisava de alguém como ele, competente, inteligente, que não deixasse nada passar, alguém tão apaixonado pelo trabalho que se entregasse completamente, alguém como.....

"Não! Definitivamente não!" – Draco levantou-se de sua mesa e começou a andar por sua sala com uma expressão perturbada no rosto. – "Hahahaha! Isso não pode estar acontecendo comigo, simplesmente não pode!"

"Ta doido é?" – Hermione havia entrado na sala.

"Mas que merda é essa? Não tem educação não é sua bruxa?" – Draco se virou assustado e conseguiu esconder rapidamente a carta que estava em suas mãos, dentro do bolso do paletó preto.

"Bruxa? Ah Malfoy, por favor! Você tinha mais criatividade do que isso na escola!" – a mulher agora se dirigia à mesa do homem e colocava alguns papéis em cima do móvel. – "Este é o processo do qual te falei aquele dia, lembra? Quando você me chamou de cabeça de vassoura desdentada? Então, é esse aqui, o do marmanjo que anda falando pra Merlim e o mundo que é filho de Frank Longbottom com uma suposta amante dele, antes do Neville nascer."

"Marmanjo? Suposta? Mas você já está julgando o homem sem nem saber!" – Draco decidiu que instigaria Hermione a lhe responder o porquê dela estar tão certa quanto ao que afirmava. Ele estava testando-a.




"Não estou julgando ninguém. Só não acho possível que isso tivesse ficado tanto tempo oculto e que, convenientemente agora que a avó de Neville faleceu e sua herança que deverá ser passada para o primogênito de Frank, este digno senhor tenha decidido se revelar. Ah! Não esqueçamos que ele anda atolado em dívidas de jogo e outros negócios um tanto obscuros." – Hermione já tinha a esta altura chegado próxima à cadeira de couro verde atrás da mesa e sem receios sentou-se de pernas cruzadas, fazendo com que sua saia subisse um pouco acima dos joelhos.

"Sim. Você então acha que ele está mentindo, sem nem mesmo ter provas concretas disto? Porque você sabe que o fato dele ter dívidas não quer dizer que ele esteja atrás da herança. Além do que, ele pode muito bem alegar que passou a vida escondido, pois temia pelo futuro do irmãozinho querido e também pela própria vida, já que o suposto papai está em estado vegetativo em St. Mungus há mais de três décadas, por ter sido troturado." – Sem deixar a visão das pernas da mulher passar despercebida, Draco foi para trás da mesa e sentou-se na beirada desta, olhando Hermione de cima.

"Você tem razão. Não tenho provas concretas. E ele pode convencer o júri de que está falando a verdade, alegando tudo isto que acabou de dizer." – Hermione agora se levantou e por ele estar apoiado na mesa, os dois ficaram na mesma altura, separados pro alguns poucos centímetros. – "Contudo, serei eu quem estará do outro lado. E ele sabe disso, sabe que eu sempre consigo o que quero dentro de um tribunal. Se eu disser que ganho esta, é porque ganharei." – Hermione deu a volta na mesa e voltou-se antes de abrir a porta. – "Leia o processo e me procure. Sou o primeiro advogado ministerial nessa causa, mas gostaria de uma segunda opinião."

"Para quê? Não está certa do que pensa? – Draco retorquiu com um sorriso de canto de boca.




"Malfoy, você pode ser muitas coisas, mas burro eu sei que não é. Leia e tenho certeza que concordará com tudo que eu acabei de lhe dizer. Você é ou não é o todo poderoso advogado ministerial que o King falou?"

"Não. Sou o todo poderoso e SEXY advogado ministerial que todos conhecem."

"Pois é....que seja. Ficarei até mais tarde hoje, se conseguir ler tudo passe na minha sala e deixe o processo lá, não quero perder nenhuma cópia. Tenha um bom dia doninha."

"Você também vassoura desdentada."

Antes de sair pela porta Hermione pode "sentir" que o homem lhe deu uma certa "conferida" dos pés à cabeça. Sem saber bem porque, ela sorriu internamente e atravessou o corredor.



Já passava das oito da noite quando Hermione se deu conta que nem um chá ela parou para tomar desde as duas da tarde, quando foi seu almoço. Isso porque Harry passou por lá e deixou um pedaço enorme de torta de legumes com queijo que só Gina sabe fazer. Ela obviamente devorou o pedaço gigantesco enquanto Harry observava.



Lembrança de horas antes...





"Mione. Posso te fazer uma pergunta meio pessoal?" – Harry sempre fora muito educado.

"E desde quando você pede permissão pra se meter na minha vida Potter"? – Ela respondeu dando mais uma mordida na torta.

"É...eu sei, foi estranho isso! Então, o que exatamente houve entre você e o Ron? Sei lá, vocês nunca brigaram..." – e vendo o olhar de incredulidade da amiga ele continuou. – "ta, vocês nunca brigaram feio, tirando aquela vez que ele namorou a Lilá na escola, mas só me lembro disso, no mais, vocês sempre foram um casal tão, sei lá, tão, como explicar?" – Harry fazia gestos com as mãos de quem tentava encontrar a palavra certa para a ocasião.

"Tão perfeito?" – Hermione completou.

"É. Isso. Pelo menos foi o que eu sempre achei. Eu e Gina tivemos aquele período negro, em que ela voltou pra Toca e levou o James pequenininho lembra?

"Lembro. E foi daí que veio o Al se me lembro também."

"Hehehe. Foi, podemos dizer que o Al foi o nosso "brinde de reconciliação"."




"Ah Harry, honestamente, eu amei muito o Ron, muito mesmo. No início era só uma paixãozinha de menina, mas aí quando ele e a Lilá engataram aquele pseudo namoro, eu me vi arrasada, sentia meu coração apertado e quando ele foi envenenado na sala do Slughorn, eu achei que fosse morrer. Eu juro que pensei Harry. Ali eu percebi que ficar sem o Ron na minha vida não era mais uma opção, eu precisava dele perto de mim e descobri também que só sua amizade não seria suficiente."- ela agora havia recostado sua cabeça na cadeira e olhava o amigo sentado à sua frente.

"Muito bonito isso Mione."

"O resto da história você conhece, eu o agarrei e o fiz tomar uma atitude, hehehe, namoramos, nos casamos, tivemos Rosie, depois Hugo e tudo ia bem, até que aquela sensação de aperto toda vez que ele saia em missão com você foi diminuindo, diminuindo e sem eu ver, ela sumiu. Não sei o dia, nem a hora, nem o mês, nem o ano, não tem como precisar, e não foi de uma hora para a outra, simplesmente foi. Me dói dizer isto, reconhecer isto, mas quando se trata de amor, não podemos usar dois pesos e duas medidas. Ron me amava mais do que eu o amava naquele momento e não era justo que ele recebesse menos amor do que eu. Ele não merece isso, definitivamente não. Queria muito poder te dizer que amanhã eu vou acordar e ver que ele é o amor da minha vida de novo, mas não posso. Não posso afirmar isso Harry. Você me entende agora?" – Hermione se permitiu derramar algumas lágrimas enquanto explicava ao amigo.




"Fico feliz que tenha me contado, você precisava falar com alguém. Sei que Gina é sua melhor amiga, mas sei também que é complicado pra você falar sobre isso com ela." – dizendo isso ele se levantou e foi até a mulher. Puxou-a da cadeira e lhe deu um abraço muito apertado, um abraço que fez ambos se lembrarem de uma das muitas noites que passaram em uma barraca durante a busca pelas horcruxes naquele ano sombrio quase duas décadas atrás.

Harry lhe dava um abraço tão apertado quanto o que havia dado naquela noite que Ronald voltou ao acampamento. Antes de ele voltar Harry e a mulher, na época menina, dançaram e confidenciaram um ao outro seus maiores medos: ele de fracassar na missão, ela de nunca se declarar para o amigo. Como era boa aquela sensação que o abraço do amigo provocava, ali ela encontrava um porto seguro, e foi bom chorar abraçada a uma pessoa que ela amava e a amava muito, sem nunca pedir nada em troca.

"Ah, mas que cena mais linda, é tão romântico isto! Imagina a Potterzinha vendo então?" – Draco havia entrado e viu Hermione abraçada à Harry.

"Diferente de você cobra venenosa, eu tenho amigos. E não tenho vergonha de demonstrar meu amor por eles." – Hermione de repente perdeu toda a doçura do semblante.

"Aposto que como é mesmo o nome dela Potter, Gina não é? Pois é, aposto que a Gina vai adorar saber que suas amigas "demonstram" todo o "amor" delas por você!"







"Mione, eu vou indo, se precisar, você sabe. E quanto a você Malfoy, cresça. Eu cresci, derrotei Voldemort, terminei Hogwarts com louvor, me tornei auror como primeiro da turma, me casei com uma mulher maravilhosa, tive filhos fantásticos, fui promovido a chefe da seção, e ainda mantive meus amigos, meu amigos VERDADEIROS, IRMÃOS pra vida toda. E você o que fez? Se escondeu? Me chame quando evoluir sim? Mione querida, não vá muito tarde, sabe que anda trabalhando muito e nós nos preocupamos com você. Fique bem, e você Malfoy, tenha uma boa tarde." – e dizendo isto, Harry passou pelo loiro e saiu.

"Quem diz o que não deve ouve o que não quer." – Hermione disse dando as costas para o homem loiro que estava parado sem ter muito que dizer, na entrada de sua sala.

"Toma. Já li tudo." – dizendo isto jogou o processo no sofá da sala da mulher.

"Ótimo. Muito eficiente o senhor. O que achou?"

"Não posso falar agora, tenho coisas mais importantes para resolver." – e saiu pela porta afora, batendo-a quando passou.

Draco saiu do Ministério aquele dia com a cabeça a mil. Mal conseguia raciocinar ao certo sobre o processo que tinha lido. Só sabia que no fim ele concordava com Hermione, tudo era uma farsa, um impostor em busca de dinheiro.

Saiu pelas ruas frias de Londres, deixando o vento soprar em seu rosto. Estava
mesmo preocupado era com o rumo que sua vida ia tomar. Uma ex-mulher decidida em acabar com sua vida. Sim, porque ficar longe de seu filho significava o fim para ele. O que fazer? Como agir? Em quem confiar? E mais uma vez uma idéia absurda passava pela sua cabeça loira, ele no fundo sabia, não queria reconhecer, mas sabia, ela, era, sem dúvida, a única que pudesse ser comparada a ele. Mas logo ela? Sacudiu a cabeça. Resolveu tomar algo forte. Era sexta, um bom dia para espairecer as idéias. Parou em pub, nas redondezas do Ministério, tomar algo e relaxar, era tudo que Draco Malfoy precisava.

Depois do passa fora, mais um de tantos, que levou de Draco, Hermione resolveu que era hora de voltar para casa. Cansada, e um sábado entediante pela frente, era tudo que tinha em mente. Além é claro, de um filho rebelde que aquelas horas estava na casa dos avôs esquecendo que tinha uma mãe. Se sentiu extremamente fracassada. Fracassara como esposa e agora como mãe. Afinal, o que estava acontecendo com ela? O que ela poderia fazer? Como ela agiria? Não sabia. Constatou que se já tava tudo mal mesmo, não custava nada tomar algo bem forte e morrer de ressaca no dia seguinte, já que novamente estaria em casa sozinha. Foi para um pub nas redondezas do Ministério, tomar algo e relaxar, era tudo que Hermione Granger precisava.

Ambos estavam sentados no balcão algum tempo, mas nenhum percebeu a presença do outro, até o quinto copo de uísque de Hermione, que quando se levantou para ir ao banheiro passou por Draco e ele a viu. Por algum motivo desconhecido dele, ele não disse nada a ela, esperou que ela voltasse, meio trôpega, e aí sim resolveu puxar assunto com a castanha.

"Ora, quem diria, uma pessoa como você, em um bar!" – disse com a voz mais arrastada que sempre.

"Ah, você! Anda me seguindo?" – respondeu meio vacilante.

"Quando eu cheguei aqui, você nem estava querida. Acredito que você tenha me seguido! Ei garçom, mais uma dose, por favor."

"Você já está bêbado, pra quer beber mais. Ei garçom, quero mais também."

"Eu? Bêbado? Ora Granger, você nem me conhece!" – bebericou mais sua bebida que acabara de ser entregue pelo garçom.

"Se você não está bêbado, eu estou menos ainda Malfoy!" – derramou um pouco do liquido marrom no balcão quando pegou o copo para beber.

"Estou vendo Granger, estou vendo." – Draco sorriu. – "Por que esse desespero por álcool? Saudade do Weasley?"

E você? Saudade da, como é mesmo o nome dela? As.. as o que?"

"Astória!" – respondeu seco. – "Não me diga o nome daquela infeliz!"

"Uhuhu, ta nervosinho com a ex, "Draqnuinho"?

"Não seja tão ridícula Granger!"

"Ora, mas se não for isso, o que será?"

"Meu filho! Meu pequeno motivo de vida!" – Draco abaixou a voz, e Hermione se solidarizou com ele, em meio a sua bebedeira.

"Oh, sinto muito. Eu posso imaginar, mesmo sem saber o que ao certo. Eu estou tendo muitos problemas com meu Hugo sabe? Nada é pior do que problemas com filhos. Isso é verdade!" – disse meio embolando as palavras.

"Sabia que você está muito engraçada?" – Draco deu um sorriso de canto.

"E, por quê? Posso saber?" – Disse apontando um dedo para ele.

"Esta bêbada Granger, e isso é muito engraçado!"

"Já disse que não estou! Ah, quer saber de uma coisa, eu vou embora!" – Ela se levantou, mas cambaleou, e Draco teve que segura-la pelo braço.

"Cuidado Granger, como você vai embora?" – Disse a sentando novamente.

"Aparatar."

"Fala baixo sua louca, estamos no meio de trouxas." – Draco falou quase sussurrando.

"Ah, então não me faça perguntas idiotas!"- Hermione respondeu fechando os olhos e encostando a cabeça no balcão.

"Granger, por Merlim, não vá dormir aqui!" – Disse a sacudindo.

"Aqui está ótimo pra mim 'Draquinho'!"

"Mas de que fundo do baú você tirou esse Draquinho dos infernos mulher!?" – Mas ela não respondeu nada, caiu em sono profundo.

Draco confuso, pois ele também não estava em sua total sanidade, resolveu pagar a conta, arrastar Hermione para fora do bar e pegar um táxi.

Pediu para descer nos arredores da sua antiga mansão. Chegando lá, lançou um feitiço de levitar corpos, pois não se daria o trabalho de carregar uma Granger. Ordenou um elfo que arrumasse um quarto, não dos melhores para ela, e foi para sua quarto, onde deitou e apagou logo em seguida. Tudo que ele queria fazer era dormir e esquecer todos os problemas que estava para enfrentar em breve, e esquecer também a única possível solução para eles, solução essa que dormia a alguns passos de seu quarto e que provavelmente quando acordasse faria um belo escândalo.

"Quando é que eu coloquei dossel na minha cama?" – Foi a primeira coisa que Hermione pensou quando acordou e viu que estava deitada em uma cama com lençóis de seda pretos e cortinas verde escuro.

"Bom dia senhora." – Hermione se assustou ao ver a cabeça de uma elfa com aqueles olhos enormes. – "Meu patrão pediu que viesse ver se já acordou. O café já está servido."

"Mas onde é que eu estou? E quem é você? E quem é o seu patrão? Ai meu Merlim, o quê que eu fiz ontem???" – e de repente Hermione sentiu uma pontada de desespero ao se lembrar quem havia encontrado na noite anterior.

"Mestre Malfoy já desceu e gostaria muito da sua presença na mesa de café."

Hermione não teve outra opção senão se levantar e aceitar a toalha que a pequena elfa lhe oferecia. Ela notou que ao contrário do último elfo da família Malfoy que ela encontrou, Dobby, essa não usava trapos e muito menos apresentava cicatrizes de castigos infligidos. Ela usava roupas sóbrias, mas muito alinhadas e tinha na cabeça, o que Hermione não pode deixar de achar um pouco engraçado, uma peruca em que estava preso um pequeno coque.

"A senhora teve muito a ver com isso sabia?" – a elfa disse olhando a mulher.

"O quê?"

"Eu percebo o jeito que me olha senhora. Não uso trapos, não sou agredida. O esforço que a senhora fez no início de sua carreira para garantir nossos direitos teve resultados muito expressivos. Me chamo Dalila e graças a você e seus amigos hoje eu sou tratada com respeito, recebo por meus serviços e posso ter uma vida mais digna. Portanto, obrigado. É realmente uma honra conhece-la e posso ver que o senhor Malfoy escolhe bem os amigos."

Hermione ouviu a tudo parada no meio do quarto e continuou imóvel por uns instantes enquanto via a pequena elfa sair pela porta, com um sorriso de satisfação no rosto.

Depois de um banho quente e revigorante, Hermione saiu do quarto e desceu pelas escadas mais impressionantes que já havia visto na vida. Eram de puro mármore negro e davam em um hall de entrada com o chão feito do mesmo mármore da escada. Olhou para cima e viu uma imensa clarabóia de vidro que iluminava todo o ambiente, juntamente com janelas enormes em ambos os lados de um grande portal de madeira maciça com dois M's cravados em suas portas.

"Venha senhora, mestre Malfoy lhe aguarda na sala de refeições." - Dalila chamou Hermione, tirando-a do estado de incredulidade que esta estava.

Passaram por uma sala que mesmo depois de tantos anos, fez Hermione ter calafrios. Era a sala onde fora torturada por Bellatrix, quando tinha apenas 17 anos e buscava as horcruxes junto de Harry e Ron. Então ela lembrou-se de que fora também naquela casa que Voldemort passara a maior parte daquele ano e ela se perguntou o porquê dos Malfoy ainda manterem esse lugar tão "amaldiçoado".

"Finalmente acordou." – a voz arrastada de Draco a tirou de seus pensamentos.
Não estava sentado na cadeira em que geralmente o chefe da família senta. Esta estava vazia, e Hermione entendeu que esta cadeira havia deixado de ser a cadeira do chefe da família quando Voldemort a ocupou. Quem gostaria de se sentar ali? E ela entendeu a atitude de Draco.

"Posso saber o que estou fazendo aqui doninha?"

"Você bebeu todas, o que em minha opinião é extremamente vergonhoso para uma heroína como você. O que o santo Potter diria?" – Draco deu uma boa golada em sua xícara de chá.

"Ele me diria que nunca soube beber. E Harry não é santo, ele tem muitos defeitos se quer saber."

"Não obrigado. Prefiro manter o mistério, não pretendo destruir a imagem de bom moço que tenho dele. Meu pobre coração não agüentaria!" – e fez uma cara sarcástica que só ele sabia fazer. – "Senta logo Granger, toma um chá, vai ajudar a curar a ressaca."

"Você é quem sabe."

"Mas porque toda essa amabilidade? E porque eu estou aqui? Porque não me colocou em um táxi e me despachou pra casa?"

"Acredite, eu teria o feito se você não tivesse apagado no balcão do bar. Eu não sei onde você mora esqueceu?"

"E porque não me deixou lá? Seria muito mais a sua cara...."

"Por isso eu odeio beber muito, eu faço coisas das quais me arrependo amargamente depois...essa é uma delas."

"Sem problemas. Obrigado pela hospitalidade, mas já vou indo, posso aparatar fora dos portões ou devo tomar certa distância?" – a mulher disse já se levantando da mesa.

"Senta aí Granger. Deixa de ser idiota."

"E desde quando você me dá ordens? Se eu quiser ir embora, eu vou. Quando e como eu quiser, você não pode me impedir."

"Eu não estou ordenando nada, só preciso.....preciso...." – Draco engasgou um pouco. – "preciso falar com você."

"Segunda feira, no meu escritório."

"Não! Agora. Por favor."


Hermione definitivamente não teve resposta para esta situação. Draco Malfoy estava lhe pedindo algo com educação. Pedindo a ela, a sangue ruim Granger.

"Fala. Eu sei que vou me arrepender, mas fala logo." – ela voltou a se sentar. – "por acaso não tem a ver com sua ex tem? A As.."

"Astória. Tem. Mas tem mais a ver com meu filho, Scorpius. Como você já deve saber, pois fofoca corre mais rápido que a velocidade da luz por aquele Ministério, nós estamos nos separando. Eu decidi voltar a Londres e retomar minha vida aqui, enquanto ela ficou em St. Raphael com meus pais. Contudo, já tem umas semanas que venho recebendo notícias não muito boas de meu pai. Ele me disse que Astoria procurou um advogado e pretende..."

"Ela ameaçou tirar Scorpius de você é isso?"

"É. Ela disse que vai até o fim, vai fazer com que Scorpius nunca mais tenha nenhum tipo de contato com nenhum de nós. Eu não posso deixar isso acontecer Hermione, isso acabaria com meus pais, e eu....eu não sei viver sem meu filho." – Draco abaixou a cabeça e encarou sua xícara de chá como se houvesse uma poção muito importante dentro dela.

"Eu entendo. Filhos não é? É um tipo de amor que até mesmo você é capaz de sentir doninha. Eu me lembro o que o amor da sua mãe fez por todos nós. De um jeito estranho, se não fosse por ela, Harry não teria chegado até o castelo naquela noite e não teria derrotado Voldemort." – Hermione olhava para Draco. – "Mas exatamente o que você quer que eu faça?"

"A família de Astoria é muito influente, seu pai tem amigos em praticamente todos os ministérios bruxos q ue se tem notícia e em alguns trouxas também, é certo que ela vai utilizar dessa influência para me desmoralizar e acabar com minha família."

"Malfoy sinto te informar, mas sua família já está desmoralizada...você vem de uma linhagem de antigos comensais e se tornou um aos 16 lembra?"

"Se eu me lembro? Porque eu não me surpreendo com essas abobrinhas que você fala hein Granger?"



"Eu só quis ilustrar minha fala, mas tudo bem se acha que sou não sou de grande ajuda...."

"Eu não disse isso, disse? Eu sei que nossos erros do passado voltariam sempre para nos assombrar, e aceitamos isto, faz parte do arrependimento saber lidar com a sujeira que ficou pra trás, contudo, acho que neste caso seria sujeira maior ser julgado novamente em uma situação tão delicada. Em quinze anos eu não fui mais nada além de um marido exemplar e um pai amoroso para meu filho e não vou admitir que Astoria use de coisas pelas coisas já fui julgado e me arrependi. Não farei o jogo dela. Quero jogar limpo, quero mostrar que a minha presença na vida de Scorpius é essencial, para nós dois." – Draco agora estava em pé, parado em frente à lareira. Ele então continuou.

"E por isso preciso de você. Preciso de alguém que mostre isso, que os faça ver que eu não sou o mesmo, que minha família mudou, que só queremos viver nossas vidas. Por mais que me doa admitir, você tem algo que eu não tenho para isto: sangue frio. Você consegue enxergar as coisas de todos os ângulos mas consegue também ver o que está por trás das intenções. Preciso que seja meu olhos, meus ouvidos e minha boca nisto."

"Eu....eu....Malfoy...." – Hermione perdeu completamente a noção de como formar frases depois de ouvir tamanhos elogios, se é que se pode chamar isto de elogios, feitos por Draco. – "Eu preciso pensar."

"Pensar? Granger, nós não temos tempo para pensar! Astoria chega semana que vem e com certeza já está com tudo preparado!"

"Eu disse que eu preciso pensar! Você quer que eu os convença que você e sua família mudaram? Pois bem, como faço isto se nem ao menos os conheço? Pelo menos não de verdade....sua mãe nunca se dignou a nem mesmo a me olhar, seu pai tentou me matar inúmeras vezes.."

"Granger!"



"O quê? Você sabe que é verdade! Você não espera que eu chegue à frente de um juiz e diga: sim meritíssimo, essa família já desejou a minha morte por váaaaarias vezes, mas não se preocupe, eles agora são pessoa tão boas, mas tão boas que eu até resolvi tomar um chá com eles!" – ao dizer isto Hermione usou uma vozinha sarcástica. – "Ah Draco, faça-me o favor! Eu não posso mentir! Não. Definitivamente eu não sou a pessoa que você precisa e procura."

Ao terminar de dizer isto, Hermione pegou seu casaco que estava na cadeira e saiu pelo corredor, abriu a grande porta de madeira e atravessou os jardins da mansão Malfoy, saiu pelos portões e aparatou para casa. Ela precisava relaxar e faria isto em casa, sem nem cogitar a possibilidade de ajudar seus antigos algozes.

Hermione aparatou para casa bastante nervosa. Falava consigo mesma, palavras sem sentido como "nunca", "loucos", "sem noção", "jamais", "bem feito". Bateu forte a porta de sua casa e quase caiu para trás de susto quando chegou na sua sala.

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