Te encontrei - Capítulo 1

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Sinopse: Influenciada pela família, a mídia e a maioria das pessoas a sua volta a jovem Isadora cresceu com um grande preconceito com relação às pessoas de uma cidade próxima de onde ela vive, chegando até a maltratar um garoto que era desta cidade na infância. Com a chegada da adolescência e após enfrentar muitas dificuldades em sua vida pessoal, ela vai mudando sua maneira de pensar e agora deseja muito encontrar e pedir desculpas a pessoa que ela maltratou na infância e provar a si mesma que naquela cidade ela pode encontrar pessoas boas e especiais.

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Lá onde eu moro em Ierapolis desde bem pequena eu aprendi que não deveria falar com pessoas que moram na cidade de Dankelis, diziam que eles eram arrogantes, egoístas, violentos e principalmente falsos, então era melhor nem ser amigo de pessoas desta cidade. Minha família não gostava de gente que era de Dankelis e eu também passei a pensar assim, embora nunca tenha conhecido alguém de lá.

Eu sempre escutava comentários negativos sobre as pessoas de Dankelis e os noticiários da cidade de vez em quando viviam falando mal de lá e das pessoas, mostravam sempre o lado negativo, confusões, brigas. Assim passei a dizer que não gostava de gente de Dankelis. Nem em sonho quero ir para essa cidade, lá só tem gente ruim, gente que se acha, se eu fosse lá eles vão me tratar mal.

Quando eu tinha oito anos eu estava com a minha mãe em uma praça, em uma cidade vizinha, eu estava cansada de ficar de pé e me afastei um pouco da minha mãe que conversava com uma amiga e me sentei no banco da praça, até que um garotinho se aproximou e se sentou ao meu lado. Já que ele fez essa gentileza de não me deixar sozinha, resolvi falar com ele.

– Oi, tudo bem? – perguntei falando baixo.

– Sim e você? – respondeu olhando para mim.

– Estou bem... De onde você é?

– De Dankelis – respondeu pronunciando ''danquili''.

– Eu sou de Ierapolis! – respondi com firmeza e orgulho.

Ele ficou me encarando e eu fiz o mesmo, era como se estivéssemos nos estranhando, eu olhei para ele como se ele fosse de outro planeta e ele fez o mesmo.

– Longe, não é? – respondeu como se Dankelis fosse do outro lado do mundo, quem dera, aquela cidade ficava há umas três horas daqui, foi o que meu pai me disse um dia.

– Tchau – disse o garoto.

Antes que eu respondesse tchau, ele saiu e me abandonou no banco da praça sozinha. Não gostei dele, nem para esperar eu dizer tchau, que falta de educação, não quero amizade com esse povo não.

Pena que nem tudo na vida é como queremos, em 2002 quando eu tinha dez anos, eu estava na quarta série, na minha escola começou a estudar um garoto de Dankelis. Alguns colegas que estudavam com ele, viviam falando mal dele.

– Esse garoto é muito convencido, desde que chegou vive elogiando aquela cidadezinha dele – criticou um colega da sala dele.

– Dankelis é isso... Dankelis é aquilo. Ridículo! – reclamou outro.

– E vocês já foram para lá? – perguntei com curiosidade.

– Não, mas sei que as pessoas são convencidas.

– Bom, pelas imagens que eu vi da cidade na TV, confesso que a cidade não é feia – admiti com coragem.

Eles ficaram olhando feio para mim. Resolvi não falar mais nada de Dankelis.

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