Conto - Triste solidão - parte 1

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Eu andava sozinha no meio de muitas pessoas com a cabeça baixa e pouca confiança, alguns caminhavam com pressa, outros estavam sentados e concentrados em seus aparelhos eletrônicos. Via muitas pessoas por perto, mas me sentia muito só. E realmente eu era uma pessoa solitária isso já fazia mais de três anos desde que deixei a pequena cidade onde eu morava no estado de São Paulo.

Agora estava vivendo no Rio de Janeiro, em um pequeno apartamento de três cômodos. Entrei naquele apartamento e mais uma vez tinha que ficar olhando para aquelas paredes cinza que passavam muita melancolia. Eu podia me trocar e sair sozinha mais uma vez e observar todos felizes e bem acompanhados.

Eu me deitei na cama e olhei para cima, comecei a relembrar de todos os que me deixaram de lado, pessoas que se diziam serem meus amigos e que estariam sempre comigo e pouco depois sumiram sem deixar rastros, pessoas frias que nunca se importaram realmente comigo e sumiram quando eu mais precisava de alguém. Naquela noite me lembrei de tudo, estava mal e queria chorar.

Liguei o notebook e vi umas fotos de cinco anos atrás de quando eu namorava e tudo estava bem, olhava aquelas fotos, pensava em apagar tudo para conseguir esquecer aquelas lembranças que me torturavam. Sentimentos ruins me dominavam, resolvi escutar musicas muito tristes e que definiam melhor o que eu sentia, que revelavam tão claramente toda a dor que estava dentro do meu ferido coração.

Já no escuro e na solidão escutei algumas musicas e refletia sobre algumas palavras, sentia um aperto e logo lágrimas começaram a cair. Eu me levantei, acendi a luz e fui pegar um lenço para enxugar meu rosto, acabei olhando no espelho uma pessoa com uma expressão triste, de cabelos castanhos ondulados, olhos castanhos claros e sem nenhuma confiança. Aquela era eu, mas eu não me sentia bem em minha própria companhia, era uma luta viver sozinha, mas eu estava sendo forte todo esse tempo.

Na manhã seguinte me acordei cedo, dormi muito mal, observei lá fora, o céu estava nublado e fazia frio, o tempo definia meus sentimentos. Eu olhava para baixo da sacada do meu apartamento, carros e mais carros, pessoas indo para lá e para cá, talvez algumas pessoas estão indo a alguma direção ao encontro de alguém que as ame, tem algo de bom para fazer no sábado, uma companhia para assistir um filme junto com eles ou uma festa com os amigos. Enquanto eu estou aqui na mesma rotina. Logo o inverno acabaria e chegaria à primavera, estação linda com muitas flores, mas a minha vida continuaria a mesma, parada e sem ninguém.

Já não suportava mais olhar para aquelas paredes cinza, preparei um café e me sentei à mesa, olhei para três cadeiras vazias e era assim que eu me sentia, completamente vazia, apenas alguém que ocupa um espaço e nada mais, alguém sem nada de especial para oferecer.

Resolvi sair, peguei um ônibus e fui até a praia, olhava mais uma vez para o céu nublado e para aquele mar que estava agitado, mas tudo estava tranquilo a minha volta, poucas pessoas e sem barulho eu podia refletir melhor e tentar relaxar. Eu me sentei e apenas observei. Alguém se aproximou de mim, era um homem de ombros largos, cabelos pretos e lisos, tinha chamativos olhos castanhos.

– Você esta sozinha? – perguntou ele.

– Sim.

– Posso me sentar ao seu lado? – perguntou com um sotaque em espanhol, logo percebi que era de outro país.

– Sim, pode – respondi balançando a cabeça.

– Eu me chamo Damian e moro no Equador, estou passando férias aqui, cheguei ontem.

– Prazer em conhecê-lo, seja bem vindo.

– Obrigado. E qual é o seu nome?

– Heloisa. Você veio sozinho?

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