CALUT

Capítulo 41

Kira: minha irmã? - olhei incrédula para o Sr. Minergoh. O que ele acabou de dizer é impossível. Por mais que doa, eu não tenho uma irmã. Ela também morreu. Tal como meus pais.

Sr. Minergoh: sim, sua irmã Kira - olhei para a mulher que estava ao seu lado. Breana...minha mãe falou que esse era o nome da minha irmã. E ao contar a história, em parte alguma mencionou que Breana tinha morrido. Engoli em seco.
Ela pode ser minha irmã sim. Tem alguns traços parecidos com os meus. O cabelo, o nariz...mas como? Céus, estou terrivelmente confusa e incrivelmente desnorteada. Eu pensava que sabia de tudo acerca dos meus pais e irmã. Mas estava errada. Breana não está morta como imaginei. Porém, ainda não entendo como sobreviveu. Onde esteve esse tempo todo?

Meus pensamentos estão tão baralhados que acho que ainda não processei que é a minha irmã a minha frente. Que essa mulher bonita, com lágrimas percorrendo seu rosto e mãos tremendo teve como primeiro lar o mesmo ventre que eu.

Olhei para a Lauren em busca de ajuda. Para que ela me desse algum sinal que mostrasse o que eu devia fazer, pois eu estava sem reação. Estava tudo uma grande confusão.
Com um pequeno tombo de cabeça para o lado da Breana, Lauren me incentivou a fazer algo. Queria mover minhas pernas e me obrigar a abraça-la, fazer algo. Mas não foi preciso. Breana mesmo veio me abraçar fortemente.

E eu fechei os olhos me lembrando do quanto eu quis o abraço de uma irmã. Do quanto eu chorei por não ter alguém quando estive sozinha no orfanato. Uma lágrima caiu.

Eu não conhecia minha irmã de facto. Eu nem sabia que tinha uma até minha mãe ter dito. Logo, não sei o que sentir quanto a ela. É conturbado.

Mas Breana me abraçava como se não quisesse me largar. Como se a saudade a afogasse. Como se sentisse pelo tempo que nos foi tirado. E de um certo jeito, eu também senti por isso.

Ela me largou com um pequeno sorriso envergonhado.

Breana: desculpa. Mas eu precisava disso - apenas assenti e continuei olhando-a

Sr. Minergoh: acho melhor sentarmo-nos - o Sr.Minergoh falou chamando nossa atenção. Desviei o olhar da Breana e fiz o que o sr. Minergoh pediu. Todos fizemos - acho que gostariam de saber como Breana chegou aqui

Kira: sem dúvida

Sr. Minergoh: bom, como é óbvio, ela não morreu. Porém, no dia que houve o ataque, Breana foi levada pelos darcass. E foi do outro lado que ela passou todos esses anos. Escrava. Presa!
Mas o ataque que tivemos a libertou. Ela aproveitou a confusão para fugir e a encontramos no caminho pra aqui.

Kira: verdade isso? - perguntei e Breana assentiu

Tayle: por quê não te mataram? - Tayle perguntou de repente e o lancei um olhar duro - o quê Kira? É meio estranho eles não terem feito isso antes. Afinal, porquê eles poupariam a vida dela? Ainda mais sendo filha de uma Darrow?

Breana: porque você eu era isca naquela época. Queriam que os caluts se deixassem levar e os atacassem, mesmo sem recursos, por raiva. Mas isso não aconteceu. E meu sumiço nem foi divulgado para o resto do povo. Fui dada como morta também.

Cora: mas se eles viram que você já não tinha valor como isca, por quê te mantiveram lá?

Breana: troféu. Eu era uma prova que eles eram melhores.
Mas isso só nas primeiras semanas. Depois fui lançada a uma vida de escrava, com alguns caluts que também formam apanhados.
A única coisa que eu podia servir era de escrava mesmo.

Lauren: mas eles não têm medo desses caluts se reunirem e decidirem atacar? - Breana balançou a cabeça negativamente.

Breana: isso é impossível. Somos bem monitorados e as condições de vida são horríveis. Mal comemos.
Isso nos enfraquece e nossos poderes deixam de funcionar.
Meu poder era bem simples. Me curar...Mas eu não conseguia fazer isso lá - ela mostrou-nos uma cicatriz no tornozelo - tenho mais cicatrizes espalhadas pelo corpo... - ela suspirou e pude ver o sofrimento em seus olhos - vocês não fazem ideia do que eles fazem lá - ninguém quis tocar mais nesse assunto. Com medo de ouvir coisas bastante depenosas. Breana baixou o olhar e eu pus minha mão sobre a mão dela. Ela abriu um pequeno sorriso.