Capítulo 31

36 4 0
                                    

É estranho o facto de tudo me acontecer a noite. Talvez porque a noite representa mais o mundo que vivo, um mundo mais obscuro.
O Tayle e a Cora ainda estão aqui. Decidimos que o Tayle não podia voltar daquele jeito para casa, os seus pais notariam que havia algo de errado e ficariam preocupados. Então, apenas decidimos ligar para eles, dizendo que a Lauren tinha passado mal e eles foram ajudá-la, nada grave, que foi apenas um mau estar.

Pela milésima vez, eu não estava conseguindo dormir. Quando fecho os olhos, um certo pânico se instala no meu corpo e eu não consigo mantê-los fechados. E não é apenas o medo do que aconteceu na última vez que dormi voltar a acontecer. É tudo o que nos está a acontecer.

Tudo mantém meu corpo inerte. Em alerta.

Era enervante. Um simples barulho deixava meus pelos irriçados. Nunca me vi tai frágil e sensível como hoje. Nem mesmo quando estava no orfanato.

A porta do meu quarto abriu-se lentamente, causando arrepios em toda a minha espinha.

A Cora entrou no meu quarto, mas não parecia estar normal. Ela não falou nada, apenas veio sentar em minha cama. Acompanhei todos seus movimentos, com um olhar intrigado. Quando ela me olhou nos olhos, percebi que ela realmente não estava bem!

Ela não tinha íris nem pupila

Simplesmente desapareceu.

Sua esclerótica também não estava branca. Era um castanho claro.

Me mexi desconfortável, chamando pelo seu nome e ela simplesmente sorriu. Isso fez minha preocupação aumentar. Como milhares de vezes, eu ainda não entendia o que estava acontecendo.

Kira: você está bem Cora?

Cora: não sou a Coraline - se isso era uma brincadeira, era horrível, mas seus olhos quase imploram que eu acredite que ela não é a Cora. Até ignorei o nome Coraline. Que eu nunca tinha ouvido. Suspirei

Kira: se você não é a Cora, quem você é afinal?

Cora: sua mãe - ela falou com convicção mas era impossível isso acontecer. Tive vontade de gritar que eu não tinha mãe, que ela não podia mentir desse jeito, mas ela não estava bem, nem um pouco, até sua postura está diferente, a forma que olha para mim também. Pus um sorriso terno nos meus lábios e peguei sua mão.

Kira: você não é minha mãe Cora! Não sei o que está acontecendo com você, mas você sabe que eu não tenho uma - um nó ficou em minha garganta quando falei isso - minha mãe e toda minha família está morta.

Cora: você nunca deixou de ter uma mãe Alana. Estou morta, mas sempre estive contigo. Eu e seu pai. Sei que é difícil acreditar, mas é só olhar para os olhos da Coraline. É seu corpo mas não é ela que está falando contigo nesse momento - ela apertou minha mão - Coraline nunca brincaria com isso. Estou falando verdade. Até meu toque é diferente - afastei a minha mão como se ela tivesse uma doença altamente contagiosa. Minha expressão denotava incredulidade. Cora estava possuída. Por uma pessoa morta. Pela minha mãe!

Mas como é possível? Engoli em seco

Kira: como você se chama?

Cora: Lara - esse nome ecoou na minha mente. Lara, Lara, Lara...
Foi inevitável não sorrir. Minha mãe se chama Lara. Eu nunca soube disso - e seu pai Arthur Priyer - ela falou como se soubesse que eu queria também saber o nome do meu pai. Eu já não conseguia o acreditar. Passaram-se muitas coisas que eu achava que não podiam acontecer. Essa é apenas a cereja no topo do bolo. Mas também não consigo deixar de me impressionar. É... fantástico!

Kira: você é realmente minha mãe?- ela assentiu - então porquê vieste só hoje?

Cora: porque só consegui chegar aqui hoje. Tem algumas coisas que você tem que falar apenas com um Darrow. E com a sua mãe.

CALUTOnde histórias criam vida. Descubra agora