Capítulo 34

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- Acorda, acorda, acorda... - essa palavra ecoou em meu ouvido numa voz fina e irritante. Meus olhos pesavam e meus ouvidos doíam - acorda, acorda, acorda... - essa voz brincava com meus sentidos, fazia meu corpo se encolher. Eu queria abrir os olhos, mas eles não me permitiam. Resistiam a minha vontade e aquilo estava começando a me desesperar - ACORDA! - sua voz estridente ganhou um tom altíssimo, fazendo todas as barreiras dos meus ouvidos quebrarem. Gritei exasperada e pus as mãos sob os ouvidos para amenizar a dor. Encolhi-me, debati-me, aquilo estava ultrapassando níveis inigualáveis das dores que já senti em toda minha vida.

Mas aí tudo parou. A dor, a voz, o peso nos olhos, tudo cessou e eu abri os olhos.

Senti meu mundo girar, literalmente. Estava encarando o chão, e era como se ele fosse de vidro e estivesse dentro de um enorme barraco negro que me esperava. Desesperei-me com aquela imagem. Sentei-me e arrastei meu corpo para trás e senti minhas costas chocarem com o vidro frio e duro.

Olhei tudo à minha volta.

Estava em uma caixa de vidro transparente, flutuando no meio de um burraco negro. E o mais esquisito é que apenas tem iluminação na caixa. Deseperei-me.

Como sairei daqui? Como encontro os outros?

Realmente estou pisando em um território desconhecido...

Imagino como os outros devem estar. Se não estamos juntos, o Drifen está aqui, de certeza.

Toquei todo o comprimento da caixa. Era muito pequena, apenas para me albergar. Nem sei como respiro aqui, não tem nem um único furo para me aliviar. É impossível sair!

A parte de baixo abriu, fazendo meu corpo gelar.

Caí!

Meus olhos ficaram vidrados na caixa, eu apenas paralisei. Não conseguia gritar, mas o desespero me consumia, meu peito queimava e eu temia meu futuro. Já não via a caixa, mas a caída era interminável.

Meu corpo embateu com o chão duro. Ouvi meus ossos quebrarem, a dor de sentir que toda a estrutura que eu havia criado ao longo dos anos, passar como se não fosse nada. Gritei!

Não cheguei a ficar inconsciente. Isso não devia acontecer. No mínimo, estaria morta.

Drifen brinca connosco!

Minha estrutura foi reposta num ápice. Levantei-me apesar de tudo estar escuro.

Normalmente costumo gostar do silêncio. Ele costuma ser meu amigo, mas nesse momento o silêncio é a pior coisa que pode acontecer. Dá-me o pressentimento de que algo ruim irá acontecer. Nunca vi o Drifen, mas quase sinto seu sorriso de triunfo agora.

- Ahhhhh! - outro grito em minha mente. Caí com as mãos sob meus ouvidos. Apertei minha cabeça como se isso fizesse a dor passar. Rangi os dentes para tentar suportar. E tal como da primeira vez, a dor passou.
E eu voltei a levantar-me.

Andei sem direcção, estava completamente escuro. Minhas costas embateram em algo duro e as luzes daquele lugar acenderam.

Estavam lá todos. Confusos e meio perdidos, mas todos lá. Sorrio.

Lauren: sou a única que começou a concordar com o Liam? - balancei a cabeça como quem diz que não. Ela suspirou - bom

Cora: como o apanharemos?

Tayle: de alguma forma. Apenas temos que descobrir como isso funciona - olhei para aquele cenário branco. Era uma sala, sem móveis, sem nada.

Liam: sei que não é boa altura para falar isso, mas...- ele sorriu - eu avisei

CALUTOnde histórias criam vida. Descubra agora