Capítulo 15- parte II

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ela sorriu e ...

Kira

Acordei sentindo minha cabeça doer, olhei para o Tayle e a Cora a minha frente, me olhavam assustados e confusos e eu também por um momento fiquei confusa. Porquê eles me olhavam assim? O que tinha acontecido?.
Depois dessa pequena perda de memória me lembrei do que havia acontecido, eu estava consciente do que estava fazendo mas não conseguia me controlar, era mais forte que eu.
Senti-me ficar sem palavras, como eu ia explicar isso para eles se nem eu mesma entendia? Não era dessa forma que eu gostaria que eles descobrissem. Por um segundo achei que a melhor maneira de contar tudo para eles era naquele modo automático que eu me encontrava mas logo dispensei esse pensamento, não era daquele jeito que eu gostaria que eles pensassem de mim, era arrogante, má, definitivamente eu não era eu.
Quando levantei, tudo que estava a flutuar caiu, tudo que eu tinha feito quando estava digamos que na minha versão "má" estava a desfazer-se aos poucos, daqui a pouco o Tayle e a Cora se libertarão e eu não sei qual será a reacção deles e isso me preocupa. Suspirei e os fitei totalmente sem jeito

Cora: porquê seus olhos estavam brancos?

Kira: não sei, coisas estranham estão acontecendo ultimamente. Sinceramente eu não faço a mínima ideia de como eu fiz aquilo que aconteceu a pouco tempo- ficamos em silêncio por um tempo e depois ouvi uma gargalhada debochada no quarto

Tayle: que tipo de brincadeira é essa Kira?- a voz dele estava rouca e fria, isso fez-me recuar um pouco. Nunca o ouvi falar assim

Kira: você sabe que não é brincadeira porque viu como tudo se desenrolou e sofreu as consequências do uso desses poderes.

Tayle: Kira é realmente o seu nome?

Kira: sim

Cora: como podemos ter a certeza que você não nos irá fazer mal?

Kira: eu acho que se eu quizesse fazer isso eu já o teria feito. Não sintam medo de mim. Eu sou exatamente como vocês conhecem

Tayle: e nós conhecemos esse teu lado. Como se chama mesmo?! Calut? !- ele falou debochadamente. Meu peito apertava pela maneira fria que ele me tratava. Eu não queria que eles me vissem como um monstro. Eu gostaria de dizer que eles não têm nada a temer mas isso seria mentira porque eu mesma não sei o que irá acontecer. Nem respondi a pergunta dele. Pelo menos parece que o seu medo diminuiu

Cora: você treinou nessa academia?

Kira: sim

Cora: e como era o vosso treino?

Kira: era duro. Nós aprendemos tudo o que vocês aprendem numa escola normal mas treinavamos luta, aprendemos a uzar armas e assim. Temos que saber como matar um darcass e isso não só na teoria mas também na prática, eles dizem que se nunca tiver visto un darcass ou matado algum antes era capaz de não o conseguir fazer durante a guerra, então quando capturavam um darcass eles os traziam para a academia para que nós os vissemos e assistissemos sua morte. Admito que é uma coisa assustadora e fria mas é uma maneira de nos tornar bons guerreiros.

Cora: parece que você está a falar dos darcass

Kira: como eu já disse, os caluts podem ser tão frios como os darcass mas isso não quer dizer de sejamos maus. Por ter que enfrentar os darcass não podemos ser muitos sentimentais. Somos orgulhosos, cumprimos nossas promessas e se somos frios é para proteger as pessoas que amamos

Cora: Como você veio parar aqui?

Kira: numa noite fomos invadidos pelos darcass e ...- chacoalhei a cabeça - resumindo tudo, apareceu uma luz branca e eu vim parar aqui- eles já não pareciam tão assustados o que eu via mais eram traços de curiosidades nas suas caras. Isso me surpreende porque acho que se fosse eu, não ia conseguir dizer nem uma palavra

Tayle: o Liam e a Lauren também são caluts?

Kira: sim

Tayle: e a história que você nos contou sobre a tua vida, o orfanato e tudo mais, era tudo mentira?

Kira: não completamente. Eu vivi num orfanato, o que a dona Gina ( a que controlava o orfanato) me disse e que meus pais e minha irmã eram guerreiros calut e todos eles morreram numa noite em que os darcass invadiram. Como eles eram guerreiros eu também decidi seguir o mesmo caminho. Quando isso aconteceu eu tinha três anos então não me lembro deles, a Senhora Gina disse que uma amiga da minha mãe foi deixar-me lá, já que ela não tinha condições para me criar.
A Lauren também esteve no orfanato e entrou lá aos 13 anos. O subterrâneo é quase igual ao vosso mundo as únicas diferenças é vocês não vivem num mundo cheio de magia e que não há nem uma floresta separando vocês de algum inimigo como nós dos darcass

Cora: você nunca procurou saber mais sobre a sua família?

Kira: não. Acho que saber mais sobre eles só me irá causar dor

Tayle: então você sente. Isso sim é uma surpresa!. Depois do que vi hoje achava que você não era capaz de sentir- sei que ele está irritado ou algo do tipo e com razão mas essa maneira que ele me está a tratar apenas me irrita. O que ele queria que eu dissesse ?: " Olá eu sou a Kira! Vim de um outro mundo, tenho poderes e seu mundo está a ser invadido por seres sobrenaturais?" Não havia um jeito certo de lhes contar isso. Novamente não respondi

Cora: vocês têm contacto com o nosso mundo, o mundo normal?

Kira: temos sim, através dos sonhos, mas nós caluts poucas vezes entramos nós sonhos das pessoas só os darcass fazem isso com frequência. Normalmente os caluts que controlam os sonhos das pessoas são como a Lauren

Tayle: porquê pessoas como a Lauren?

Kira: por causa do poder dela. Talvez um dia te explique melhor- isso que acabou de acontecer fez- me lembrar uma série policial, eles fazendo perguntas e eu respondendo. Tenho a certeza que agora eles já podem se movimentar a vontade, o efeito dos meus poderes passaram, mas eles não sairam do quarto por mais impressionante que seja. Eles pareciam pensativos. Os compreendo

Cora: eu quero ajudar- o quê?

Kira: isso quer dizer que você confia em mim?

Cora: não. Quer dizer que te dou uma chance. Acho que se você quizesse nos fazer algum mal já o teria feito a muito tempo. Se nós já estamos envolvidos contigo, não fará muita diferença - isso faz- me questionar se nossa amizade voltará a ser a mesma?

Kira: podemos apagar a vossa memória, vocês nem se irão lembrar que nós existimos

Cora: não. Eu prefiro saber a verdade, pelo menos tenho o previlégio de ser uma das poucas pessoas que sabem disso. Se há um " perigo eminente" eu prefiro estar informada de tudo.

Kira: e você Tayle?

Tayle: eu também vou participar nisso. E não será porque eu confio em ti, não farei pela Kira que vi hoje mas pela Kira que conheci

O que será dessa amizade?
Será que eles voltaram a confiar em Kira?
Me dê a sua opinião.

Espero que esse capítulo tenha exclarecido muitas dúvidas sobre os calut. Bjs e até o próximo capítulo

CALUTOnde histórias criam vida. Descubra agora