Todas As Vítimas

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V3

Abro a porta.
Sawyer. Sem uniforme é mais bonito ainda.

-Boa noite Daphine.

-Entre. -Sorrio educadamente e ele entra. -Sente...-Ele senta no sofá deixando as mãos nos joelhos -Quer beber alguma coisa?

Ele me olha intensamente.

-Fale, apenas fale Daphine.

Solto a respiração indo sentar na poltrona de couro da Emma. Ela foi trabalhar hoje. Temos privacidade.
Desde ontem, daquelas palavras dele, não consegui dormir ou comer direito. Finalmente alguém vai fazer alguma coisa.

-Como começou? -Lucas pergunta com a voz baixa.

-Há quase um ano. -sussuro -Eu estava na cidade à pouco tempo, uns... 40 dias no máximo... Era noite e eu...

V4

-...e eu estava vindo da boate sozinha, Emma havia me levado para conheçer seu ambiente de trabalho. Fiquei chocada e saí sozinha. O Xerife me ofereceu carona, não estava de farda. Eu não sabia quem ele era. -Daphine pausa -Emma não trabalhava nessa boate aqui perto de casa, era em uma no lado leste que foi fechada recentemente. Um trajeto de 20 minutos no máximo. Ele não me pareçia alguém... Ruim... -A voz dela falha -Quando ele parou o carro numa estrada vázia eu soube que algo estava errado. Primeiro ele me ofereçeu dinheiro e até um emprego mas eu neguei tudo, estava apavorada e só queria voltar pra casa. Quando fiz menção de descer do carro ele agarrou meu braço e foi fácil pra ele me render...-Daphine fecha os olhos cruzando os braços, as mangas do blusão escondendo suas mãos -Ele me deixou lá e fui à pé a delegacia prestar denúncia, chorando e em estado de choque... E então ao chegar lá dei de cara com ele e...

-Você surtou. -Completo sentindo um nó se formando no meu estômago.

-Mas eu gritei, pra todo mundo lá, que ele me violentou mas... -Ela balança a cabeça freneticamente com as lágrimas escorrendo pelo rosto moreno-Ninguém acreditou. Eles me olhavam como se... Se eu não estivesse lá, gritando tudo aquilo. Eu não sabia Lucas, não fazia idéia de que todos nessa cidade devem favores a ele. De que não importa o que ele faça ninguém jamais o enfrentará.

-Eu estou aqui agora.

-Ele me procurou no mesmo dia. -Ela continua, o choro cessando e a voz ficando firme-Me espancou até dizer chega. Nem tentei fazer a denúncia porque... Não adiantaria nada, ele me disse, disse que tinha costume em omitir vadias como eu.

-Ele fez com outras?

-Não sei mas... Ele falava da mulher com frequência. -Ela fecha a cara -Falava as barbaridades que fazia com ela e que gostaria de fazer comigo.

-E o Jordan? Sabia que o garoto era espancado?

Daphine assente.

-Ele me contou. Ele... Aquele monstro diz que se arrependeu do que fez com o filho mas nunca mencionou arrependimento de ter matado a mulher.

-Como sabe disso?

-Ele me ameaça sempre que pode. -Diz ríspida -Ele... Ele sempre mostra como pode ser fácil se livrar de mim ou como consegue se livrar de toda prova que consigo contra ele... Desisti de denuncia-lo há meses.

-Mais estupros ou agressões? -Mantenho o tom baixo mas meu coração e a cabeça estão latejando rapidamente. Não consigo tirar a imagem das mãos doentes dele nessa mulher.

-Agressões. -Daphine engole seco-Acho que o maior prazer dele é bater não foder... -Ela aperta a palma das mãos nos olhos -Quando ele tenta me violentar eu reajo Lucas, eu reajo como posso mas...