15

23 6 0
                                    

                          V4

—Então não o viu ontem? —O policial pergunta a Jordan novamente.

—Não. —Jordan dá de ombros. Estamos sentados na sala. Boa parte do batalhão que veio com o Delegado Kavannagh ficou do lado de fora. —Ele sempre sai pra trabalhar pela manhã e não costuma a almoçar em casa , e quando apareçe me manda mensagem. Isso não aconteçeu.

—Então não viu seu pai ontem? Não sabe pra onde ele possa ter fugido?

—Não senhor. —Jordan hesita —Porque meu pai está sendo procurado?

O delegado olha pra mim e depois pra Daphine.

—Elas são de confiança senhor. —Jordan fala.

—Recebemos uma denúncia anônima que acusa o seu pai de... Assassinato e agressão. —Jordan fica vermelho. O delegado hesita novamente. —Olivia, sua mãe, foi assassinada por ele.

—Não. —Os olhos do Jordan enchem-se de lágrimas. —Não, não, não, não... —Ele cobre o rosto com as mãos soluçando. Como ele é bom. Acaricio as costas dele. —Ele podia ser violento mas... Assassino? —Jordan protesta com a voz embargada —Não podem ser provas falsas?

O delegado balança a cabeça negativamente. Está nervoso.

—Eu sinto muito Jordan.

—Então ele fugiu porque sabe que vai ser preso?

—Provavelmente.

—Mas como ele soube da denúncia?

—Deve ter sido alguém próximo dele, talvez uma amante a quem ele agredia ou uma das ex namoradas... Não importa quem o denunciou Jordan, ele finalmente será punido pelo que lhe fez e pelo que fez a sua mãe. —O delegado diz sério —Vamos pega-lo, a justiça vai ser feita.

Jordan assente limpando as lágrimas com as costas das mãos.

—Se ele entrar em contato comigo eu avisarei —Meu namorado ator murmura —Não quero ter um pai fugitivo. Já basta ele ter tirado minha mãe de mim e... Só quero que ele se entregue, que pague pelo que fez.

—Ele vai pagar Jordan, garanto a você .

—Obrigado delegado.

Caramba.  Está mesmo funcionando. Eu não vou apodrecer na cadeia.

     
                       V4

O vento atinge meu rosto trazendo areia bem pra minha cara. Merda de maresia. Destampo o vaso chegando na pedra limite da margem da praia.

Alex Kavannagh deve estar nesse instante farejando pistas falsas. Sorrio. Posso ser um criminoso tão bom quanto policial. Laurel está segura agora. Derramo as cinzas do Xerife e de lixo na água. As cinzas se dissolvem. Se espalham. Somem. Assim como ele. O Xerife está morto. Não tem nada que possa incriminar Laurel. O carro foi lavado, pneus novos foram colocados, grama cortada, atiçador destruído e retorcido por uma prensa... Estamos seguros, livres do crime. Agora só falta apenas uma parte do meu plano a ser executada. Arremeço o pote na água e saco o celular do bolso.

                        V1

—Esperem —O delegado diz atendendo o telefone. —Alô? Sim... Um voô para Nova York?... A que horas?... Merda... Tudo bem, estamos indo. —Ele solta a respiração olhando pra Jordan —Uma viagem foi comprada em nome dele ontem á noite, pra NY. A pessoa fez o embarque, bate com a descrição dele. Seu pai está fugindo mas vamos acha-lo, eu juro. Precisamos ir agora, manterei contato com vocês.

Jordan e ele apertam as mãos e o delegado saí apressado.

                      V2

A porta se fecha e Daphine desaba no sofá sorrindo aliviada.

—Conseguimos. —Fala suspirando —Não dá nem pra acreditar.

Laurel está me encarando séria.

—Você devia ser ator—Ela diz e me beija —Você foi incrível.

Sorrio.

—Gostaria de saber como Sawyer conseguiu isso, pessoa embarcando pra NY é coisa de profissional. —Comento e Daphine ri —Sabe me dizer como ele fez isso?

—O amigo cracker dele, fez apareçer nos registros de embarque o nome dele e depois manipulou algumas imagens das câmeras de segurança.

—Uau.  —Laurel sorri franzindo o cenho —Sawyer fez pareçer que matar alguém é fácil.

—Você só acelerou. —Brinco e me arrependo, Laurel fecha a cara —Desculpe, não faço mais.

Ela desfaz a cara feia e sorri novamente.

—Então agora vamos poder... Seguir em frente, certo?

—Certo. —Daphine morde o lábio —Nossas vidas estão de volta aos eixos.

                       V3

A porta da frente se abre e Sawyer entra, de casaco e jeans escuros. Ele sorri para nós.

—Como estão meus criminosos preferidos?

—Não faça pareçer que somos psicopatas,  me sinto louca o bastante todos os dias. —Laurel resmunga mas Jordan a abraça lateralmente e ela relaxa.

Lucas senta ao meu lado, ainda sorrindo.

—Então agora é cada um por si? —Jordan pergunta.

—Não, na verdade eu... —Sawyer pigarreia —Estou saindo da policia.

Ele vai embora. Eu sabia. Sabia. Estava bom demais pra ser verdade.  Depois de nos beijarmos e de eu admitir gostar dele ele vem e diz que vai me deixar. Maravilha!

—Como assim? —Jordan se alarma —E se precisarmos de você o quê nós...

—Calma. Calma. —Sawyer o interrompe revirando os olhos —Vou sair da polícia, de tudo. Vou parar de trabalhar. Me aposentar.

—Você nem tem 30 anos. —Observo.

—Mas não quero mais isso pra mim, descobri que talvez seja melhor viver a vida do jeito que eu quero e não do jeito que esperam que eu viva.

—O que vai fazer? —Laurel questiona curiosa.

Sawyer sorri.

—Bem... Só vou sair no fim do ano, pouco depois do Natal. Estou pretendendo fazer uma viagem pelos 50 estados, numa van. É. Num carro onde caberão 4 pessoas e muitas malas.  Uma viagem sem tempo de duração e... Eu tenho 3 vagas reservadas pra vocês, o que acham?

                      V4

Daphine agarra minha mão sorrindo de um jeito apaixonante e empolgado.

—Eu com certeza vou. —Fala sorrindo mais ainda —Vou juntar grana daqui até lá.

—Ótimo. —Graças a Deus ela vai. Não sei o que faria se dissesse não. Foi uma idéia maluca porém... Verdadeira, quero mesmo recuperar o tempo perdido e não há pessoas melhores que essas para estarem do meu lado.

—Eu vou se você for. —Ouço Jordan sussurar pra Laurel. Ele sorri pra ela. —Vou ficar contente com o que decidir.

Laurel olha pra ele, expressão ilegível. O beija e depois olha pra Daphine.

—Amo vocês. Todos. —Ela diz e sorri —Sempre tive problemas em partir mas acho que quando formos viajar no fim do ano, isso não vai aconteçer.

Sorrio.

—Então isso é um sim?

—Sim. —Daphine diz.

—Sim. —Jordan diz.

—Sim. —Laurel diz.

—Então nós iremos —Eu digo por fim, olhando para cada um deles —Finalmente ser livres.

Todas As Vítimas Onde histórias criam vida. Descubra agora