Capítulo 1

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A cada minuto que passava, era um peso à mais. Eu ainda poderia ouvir os gritos dele me assustando, seus olhos arregalados e sua respiração acelerada.

Eu havia matado um inocente, sem nenhum motivo aparente. Raiva não é um motivo, mesmo que ela seja a culpada por várias coisas imprudentes que as pessoas fazem.

Começo a socar várias vezes a parede, tentando aliviar a tensão que eu estava sentindo. Mesmo quando sangue começa escorrer pelos meus punhos, eu não paro. Não podia.

Iria me arrepender depois de receber a bronca do meu pai, depois de perceber como meu quarto ficaria com um grande buraco na parede.

-Sophia? -Chama minha irmã, batendo na porta do quarto. Não atendo -Sophia, abre agora!

Não abro e nem paro de fazer o que estava fazendo. Não queria e nem podia.

-Tudo bem -Ela diz, parando de bater -Espero aqui.

Escuto ela sentando no chão, começando a cantar a música que nossa mãe cantava para a gente dormir. Aquilo faz meu coração ficar apertado, fazendo-me automaticamente parar os socos.

Suspiro exausta, olhando minhas mãos ensanguentadas. Queria sentir a dor, pois isso era melhor que à psicológica.

Minha irmã deve ter claramente ouvido os barulhos cessarem, pois escuto ela levantar.

-Pode abrir agora? -Ela pede,quase em um sussurro.

Ando até a porta e a abro. Meu quarto era pequeno em relação aos outros, mas eu não me importava muito. O fato de ter uma cama, guarda roupa, e eu puder chamar de meu, já era o suficiente.

-Meu deus -Ela diz ao vê minhas mãos. A garota pega, analisando-a com cuidado -Por que fez isso? Não percebe que o inverno ta chegando e precisamos economizar para ter comida? -Ela eleva a voz.

Não podia contar a ela o que fiz. Não podia contar que matei alguém para ter a comida que estava naquela mesa, para alimentar quatro pessoas.

-Desculpa -É a única coisa que posso dizer no momento.

Kala olha para mim. Um olhar de pena. Odiava aquele olhar, e isso me faz assumir uma posição rígida.

Ela lembrava muito nossa mãe. Seus cabelos louros, curtos, caindo sob os ombros. Os olhos eram castanhos claros, tão lindos. Essa mistura combinava com o tom de pele escuro dela.

Penso quentas vezes queria ter um pouco daquela beleza.

Enquanto ela era assim, eu era morena de cabelos longos, olhos castanhos claros e pele escura. Minha mãe me apelidava de pequena índia por isso.

-Tente limpar esse sangue e se arrume. Nosso irmão não gostará de vê você assim -Kala diz -Para sua infelicidade, papai não está em casa -Fecho os olhos, evitando encolher perante aquela informação. A última vez que recebi uma bronca do meu irmão, eu havia recebido uma enorme marca no braço.

Quando escuto a porta ser fechada, abro os olhos e estremeço. Queria ir embora dali, atravessar as muralhas que dividia os países. Não queria se importar com os acordos estabelecidos entre humanos e Grã-Elementares.

Nesse momento, ela preferia morrer à enfrentar a enorme irá do irmão.

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⏰ Última atualização: Oct 19, 2016 ⏰

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