Estava num sono gostoso, pela primeira vez em séculos eu havia dormido bem, mesmo com os remédio, meu sono não era gostoso como deveria ser, eu dormia pois os remédios me obrigavam e não porque eu precisava ou queria. Porém, na noite anterior quando me deitem para dormir, eu repassei todos os acontecimentos do dia, e me permiti dormir.
É claro que o fato de eu me permitir dormir, não significava que eu queria acordar, porque eu realmente não queria, e acho que minha tia não entende muito bem essa parte, porque ouvi sua voz ao longe me chamando.
"Vamos... Acorde!" ela realmente não entendia a importância que o meu sono tinha em minha vida.
"Tia? Essa hora? Por quê?" falei sem nem abrir os olhos. Deduzi que era cedo, pois mesmo depois de ouvir a cortina e janela sendo abertas, os raios de sol não me queimavam.
"Colégio, ou pensou que ia passar o resto da vida deitada nessa cama?" ela puxou a coberta que eu havia jogado sobre a minha cabeça.
"Marquei de ver o dr. hoje pela tarde, preciso pedir mais remédio..." Eu menti. E cá entre nós, eu sou péssima com mentiras, principalmente quando estou com sono.
"Não tem problema, quando você sair do colégio, nós passamos no consultório dele." Ela fingiu acreditar na minha mentira e puxou minha coberta de vez, dobrando a mesma.
"O colégio é período integral." sorri de lado e fechei meus olhos, me virando para continuar dormindo.
"Você sai mais cedo para ir ao consultório dele, e ele te fornece um atestado. Simples assim." Ouvi seus passos saindo do quarto e pensei que poderia dormir em paz, até que os passos que antes se distanciavam, começaram a se aproximar novamente, e então, alguma coisa gelada encontrou em contato com o meu corpo, fazendo-me tremer. Era água, constatei assim que abri meus olhos, me levantando instintivamente da cama e correndo para o banheiro, em busca da água quente do chuveiro.
Ouvi minha tia gargalhar do lado de fora do banheiro, enquanto a porta do quarto era fechada.
Eu ainda estava tremendo, mas a água quente já caia sobre meu corpo ainda coberto por roupas, só tiraria elas quando estivesse completamente quente. Por um momento eu pensei sobre o fato de voltar para o colégio, não seria de tudo ruim. Lá eu tenho colegas de classe, eu tenho amigas, eu tenho os professores, e matérias para correr atrás e me distrair, apesar de não ter perdido muita coisa nesse meio tempo que fiquei fora, logo após o acontecido com meus pais, já começaram as férias, então, teoricamente eu não perdi nem um mês de aula, e toda a matéria da qual eu deixei de acompanhar em sala era enviada pro meu email, e como uma boa aluna que sempre fui, nos meus tempos vagos eu corria atrás do prejuízo.
Me despi e finalmente comecei meu banho que foi rápido. Desliguei o chuveiro, me sequei e coloquei meu roupão. Sai do banheiro e fui secar meus cabelos, já que fui obrigada a lavar depois do banho de água gelada que tomei. Vesti uma blusinha justa que marcava bem a minha cintura, e uma calça jeans justa, mas confortável, coloquei meu tênis e prendi meus cabelos em um coque mal feito, apenas para passar o corretivo embaixo dos meus olhos, sem que o cabelo ficasse todo sujo do produto.
Observei as minhas olheiras que tinham diminuído significativamente, mas não deixavam o meu rosto, já que eram de família. Me lembrei de minha mãe me perguntando todas as manhãs o por quê de eu passar tanta maquiagem para ir pro colégio, mesmo passando apenas um corretivo e as vezes um rimel, ela insistia naquela pergunta, e eu insistia na mesma resposta de que a culpa era dela. Me peguei sorrindo enquanto soltava meus longos cabelos castanho escuro, quase preto, do coque mal feito e o arrumando com a mão mesmo.
Desci em silêncio para cozinha, e no caminho peguei minha mochila na sala.
"Ande logo Rebecca ou vai se atrasar!" minha tia disse assim que entrei na cozinha, me entregando um prato de ovos com bacon, meu prato preferido para o café da manhã. "Vai querer que eu te leve para o colégio?" Ela disse enquanto eu terminava de comer e caminhava sentido o lavabo do andar de baixo, para escovar meus dentes.
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Até Você Chegar.
Roman pour AdolescentsQuanto tempo uma dor é capaz de durar? Um dia? Uma semana? Um mês? Ou um ano? Sinceramente, eu lembro apenas a intensidade da minha dor. Lembro do quanto dói quando a sua base é abalada, ou simplesmente tirada de ti, talvez não do jeito mais brusco...