CAPÍTULO UM - DAYANE

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— Não sei se isso é uma boa ideia — murmurei para a minha irmã.

— Sim, é uma ideia muito foda — minha irmã sorriu. — Sair com Júlio é melhor que ficar segurando vela durante toda a festa e você sabe disso.

— Você tem razão — sussurrei, sorrindo.

Minha irmã, Juliana, estava decidida em me arrumar um namorado ou até mesmo um ficante, já que ela sabia da queda abismática que eu tinha pelo seu cunhado, Gael. Quando ela descobriu, tive que tampar as minhas orelhas para não ouvi-la praguejando como um marinheiro durante quinze minutos inteiros, quase nos fazendo ser expulsas da lanchonete onde estávamos.

Recentemente, eu havia sido finalmente promovida para assistente do diretor financeiro da empresa onde estava trabalhando, onde Gael era o diretor criativo. Primeiro, ficava envergonhada cada vez que tinha que levar documentos que precisavam de sua aprovação. Mas, depois de um tempo, comecei a perceber que Gael não dirigia qualquer olhar para mim, mostrando-se indiferente.

Será que eu não era tão atraente?

Muitas garotas haviam me dito que o cara gostava de foder, muito, e com qualquer mulher que se parecesse minimamente interessada e muito, mais muito, bonita. Eu sei que não sou deslumbrante, já que estou um pouco acima do peso, mas sei que sou bonita. Bem, é o que meu pai diz.

— Então, amanhã à noite ele vem te buscar para jantar, então esteja pronta as oito — disse severa, fazendo-me revirar os olhos.

— Como se eu não tivesse aparecido em cada uma daqueles encontros de merda que você me fez ir — revirei os olhos. — Não sei se você sabe, mas ainda estou pagando a prestação daquele vestido que você me fez comprar.

— Tenho quase certeza que você não se arrependeu de ter comprado — sua irmã disse, acertando em cheio.

Revirei os olhos novamente, não querendo dizer a ela que estava certa. Minha irmã me conhece bem o suficiente para saber que jamais me aventuraria a comprar um vestido que custasse mais que trezentos reais, já que eu estava economizando para poder comprar o meu apartamento.

— Vou aproveitar e usá-lo na sua festa — falei rindo. — Já que você acha que deve comemorar todo ano.

Levanto do sofá, arrumando a minha saia e caminho em direção a cozinha, buscando um copo de água. Como hoje é minha folga, estávamos jogadas no sofá vendo filmes e séries para pôr em dia.

— Por favor, quanto casais você conhece que podem dizer que estão felizes com o seu casamento? — Ela revirou os olhos. — Guto e eu estamos muito felizes, além de estarmos realizados com o nosso trabalho.

Suspiro, concordando plenamente com a sua observação. Desde que ela se casou, Juliana parecia mais bonita a cada dia, sonhando quando o seu primeiro filho chegaria, já que estavam tentando bastante nesses últimos meses. Quando digo isso, estou dizendo que eles fazem sexo a cada oportunidade que aparece, em qualquer lugar. Quando digo em qualquer lugar, é em qualquer lugar mesmo. Semana passada, Juliana e Guto foram detidos por atentado ao pudor, já que estavam fazendo sexo em púbico e em um restaurante.

Naquela noite, minha irmã me ligou desesperada implorando para que eu passasse no caixa eletrônico para sacar o dinheiro da sua fiança. Seria bom se eu encontrasse um lugar vinte e quatro horas que tivesse um.

Duas horas e meia depois, eu estava assinando os documentos necessários para ajudá-la a sair dali. Na manhã seguinte, meus pais passaram a manhã toda dando um imenso sermão nos dois, sobrando até para eu, que não fiz nada.

— Soube que Gael está tendo problemas no trabalho — gritou, assustando-me. — Ao que parece, alguma daquelas modelos esqueléticas acabou de ser internada em um centro de reabilitação.

Tudo o que ele quer - Parte Um | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora