Capítulo 3

14.1K 1.2K 49
                                    

Coitada da Sara, tudo de ruim acontecendo com ela, o que falta agora?..


-Eu não vou sair do meu emprego Daniel!

-Ah vai- ele rosnava- e vai ser hoje, e sobre a sua mãe eu mandei desligarem os aparelhos, vamos enterrá-la logo e ponto final!

Parei sem saber o que fazer, sem saber o que pensar, a minha mãe sem os aparelhos? Como ele pôde fazer isso?

-Você é um desgraçado, eu não aguento mais, eu vou embora pra nunca mais voltar.

-Repete e eu quebro todos os seus dentes, o enterro é amanhã!

Não sei o que aconteceu, só vi tudo escurecer.

Acordei no chão  no mesmo lugar onde estava antes de desmaiar, o Daniel não estava em casa, eu chorei, perguntando a Deus o motivo desse castigo, sempre fui uma boa filha, só briguei uma vez com o menino da faculdade, mas ele passou a mão em mim, mas isso não é o motivo.

Fui pro meu quarto, que era o da mamãe, agora durmo aqui quase todos os dias exceto quando o Daniel quer me comer como diz ele,  separei um vestido preto rodado, que a mamãe me fez antes de adoecer e como eu não engordei, ele cabia perfeitamente em mim, olhei minha bolsa, e lá estava aquela caixinha rosa, eu não vou olhá-la, não agora, tinha que ser a Tess!

**

Acordei mais triste do que o normal, se bem que eu não me lembro de como é ser feliz, tomei um banho relaxante e coloquei o vestido da mamãe, peguei um sapato fechado preto, prendi o cabelo num coque e estava pronta; 

O velório foi lindo, eu chorava mais que tudo e todos,  ainda bem que não pus maquiagem, o padre falou algumas lindas palavras e depois de todos nos despedirmos ( quando digo todos, digo, eu o Clóvis, a Tess, a Deize e o David), era hora de descer o caixão, a cada descida, uma onda de raiva passava pelo meu corpo, afinal a culpa é dele, e ele nem veio se despedir da minha mãe.

Terminada a cerimônia eu me despedi dos meus amigos e do Clóvis e fui pra casa, estava soltando ódio pelos ouvidos, cheguei em casa e ele não estava, fiz a comida e deixei o prato dele separado, coloquei metade do vidro da pimenta e um pouco de choio pra tapar  o cheiro da pimenta, então fui tomar meu banho, olhei pro lixo do banheiro e me lembrei que eu deveria estar menstruada, saí do banho e peguei a minha bolsa,  e voltei pro banheiro trancando a porta, vai saber, peguei a caixinha rosa e a minha consciência gritava você não pode ficar grávida, o que seria da criança?  Eu sei que não estou, então fiz o xixi na vasilha e deixei o bastão ali enquanto esperava os 5 minutos.

Parecia uma eternidade, mas enfim quando passou os minutos pedidos da caixa, peguei o bastão, e tinham..não.. eu sabia, meu deus um filho e agora? Ele vai matar nós dois! minha consciência gritava, e eu queria não ter ela nesse momento. Sentei no chão do banheiro pensando e olhando aquele pequeno bastão rosa,   peguei o segundo e refiz, esta feito, estou grávida.

O Daniel chegou e me chamou, coloquei os testes na bolsa e enrolei no meu jaleco,  e fui esquentar a sua comida, é hoje...

-Sua vagabunda, aaah minha boca, eu mato você eu mato você hoje- vi seus olhos se transformarem, eu não pensei que chegaria a esse ponto  a sua fúria, mas eu não podia deixar que ele me tocasse, não seu eu quisesse salvar o serzinho que crescia dentro do meu ventre - você nunca me viu com tanta raiva sua.. sua.

Ele correu em minha direção mais eu corri, e ele me segurou, suas mãos quase arrancaram meu braço fora e ele me jogou na estante me fazendo cair, e veio novamente para cima de mim, então eu peguei uma garrafa de cachaça que tinha ali e dei em sua cabeça com força a fazendo quebrar, e ele cair desmaiado.

Eu rodei por uns 4 minutos e depois resolvi amarrá-lo, afinal se ele acordasse eu poderia fugir, fugir isso, é isso! Corri pro quarto e peguei a mala, pondo todas as minhas roupas e alguns sapatos, peguei sua carteira e tirei todo o dinheiro e o seu cartão de crédito já que eu sabia a senha, peguei minha bolsa no banheiro e chamei um táxi, rodei por mais 5 minutos  quase me arrependendo do que estava prestes a fazer, mas agora não depende só de mim, eu tenho que fazer isso, pagarei o preço que for pra ver o seu sorriso, pensei com a mão na minha barriga.

O táxi buzinou e eu abri a porta, depois de colocar a mala dentro do carro entrei em casa novamente e ele estava acordando, pensei que teria medo, mas ele foi substituído pela raiva

-Me solta sua ..

-Calado!- dei um tapa em sua cara com toda a força que tinha- eu vou sumir, você nunca mais vai encostar em mim!

O táxi buzinou, e eu sai, deixando-o falando e gritando sozinho

-Pra onde senhora?

-Aeroporto  por favor!

E segui, aproveitando o surto  de coragem que me restava, seja o que Deus  quiser, sei que a mamãe onde quer que esteja está cuidando de mim.

Revisado

O valor de um sorriso (COMPLETO) EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora