Capítulo 12

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**SARA**

Eu não sabia o que fazer, o Ricardo estava com uma camisa social preta e a calça não dava pra ver, e ao lado dele tinha um senhor, aquele que eu ajudei no metrô, isso é brinks né destino? Perguntei a mim mesma esperando uma resposta, o senhor estava com um terno azul, e me olhava feliz, se dependesse de mim eu não diria uma palavra, mas quando pensei que o silêncio reinaria o senhor falou.

- Eu não acredito!

Pude perceber o rosto do Ricardo, ele estava mais perdido que cego em tiroteio.

- Em quê pai?

Pai? OMG! Eu já sei, isso é o azar das vezes que passei por baixo das pernas de mamãe quando pequena

- Ela filho - o senhor caminhou em minha direção - ela é a garota que salvou a minha vida!

Disse me abraçando, quer dizer, me sufocando, eu não reagi, afinal é constrangedor isso, o Ricardo não sabia o que falar, ele só me olhava, e aquele olhar me dava um medo terrível, se esse senhor é o Lauro Lambertini, e se o Ricardo chamou ele de pai, ele também é um Lambertini? Claro idiota! Grita minha consciência e eu concordo, que idiota eu sou, eu tinha que ir embora ou ele me demitiria sem eu nem ser contratada, ou pior me colocaria pra fora dali.

- O quê pai?

- Ela filho, a moça que me ajudou na estação de trem, ela estava comigo, me falando pra não desistir. Oh meu anjo eu lhe agradeço tanto!

Ele disse novamente me sufocando, eu era pequena poxa, e já estava vermelha quando ele percebeu que estava me matando sufocada me soltou.

- Oh, me desculpe minha linda, viu filho ela é um anjo.

Eu não tinha dito uma palavra, apenas olhava para o Ricardo que me olhava pensativo, meu coração quase parou quando ele se levantou mostrando sua calça social preta, e se encostou na mesa cruzando a ponta dos pés, meu que lindo,  para Sara!

- Pai!

Ele diz e o pai se vira pra ele.

- É ela.

Ele diz com um sorriso se formando em seu rosto, nem preciso dizer que os meus pelos estavam pior que pinauna. ( Aquele bixinho preto que tem na praia)
O senhor Lauro então me olhou, e pela primeira vez eu o olhei de volta, sentindo medo, morrendo de medo, ele olhou pro filho e olhou pra mim novamente. Ele não era tão acabado pra idade dele, tinha os cabelos grisalhos e ainda era esbelto e forte.

- Como assim? Ela é, ela?

- Sim, ela é ela.

Oi? Claro que eu  sou eu, oras, eu então tomei coragem e fiz o que eles iam fazer, não iria dar esse gostinho a ele, então aproveitei pra dizer oq estava na cabeça.

- Bom, eu fiz o que qualquer pessoa faria, e faria com qualquer um, e você - disse apontando pro Ricardo - Ricardo, nem pense em falar comigo, seu idiota tirado a grandalhão, e agora xau!

Disse e eles ficaram me olhando, só o Ricardo que estava vermelho de tanto rir, que abusado, quando eu pego a maçaneta pra sair, o Ricardo já estava lá, segurando o meu braço.

- Onde você pensa que vai?

Ele disse com um sorriso ainda em seus lábios.

- Vou voar!

Disse e o pai dele pareceu surpreso com minha atitude, bom, agora o homem que achava que eu era um anjo, deve achar que sou um diabo!

- Ei minha linda, por favor não vá agora, afinal essa é uma entrevista. Por favor, deixe-me agradecer.

Penso, é verdade, já estou quase sem dinheiro e tenho que pensar no meu filho, não posso ser orgulhosa agora.

- Tudo bem- digo e eles se sentam de novo na cadeira- podem começar a entrevista.

O senhor começa falando.

- Bom, eu sou o Lauro Lambertini, e esse é o meu filho - ele aponta para o homem que está ao seu lado- Lorenzo Lambertini.

Oi? Porque isso acontece comigo? E o Ricardo? De onde eu tirei Ricardo? Do seu sonho maluca, meu Deus!

- É... é , não é Ricardo?

Perguntei esperando ele dizer que sim.

- O meu nome é Lorenzo, Sara!

Ele disse olhando direto para mim, quantos arrepios é possível se ter em menos de 30 minutos?
Calei a boca e eles continuaram.

- Bom, vejo que você é cardiologista e pediatra, gosta de crianças?

Perguntou o senhor.

- Gosto sim.

- Há quanto tempo está em Seattle?

Perguntou o Lorenzo, cruzando os braços.

- Humm, vai fazer 3 dias.

-E de onde você veio?

Continua a perguntar.

- Prefiro não comentar.

- Claro- o senhor diz, percebendo o meu desconforto - mas enfim, já se alocou bem?

- Sim senhor.

-Eu quero muito ter o meu anjo da guarda no meu hospital.

- Será bom trabalhar aqui.

- Aqui não maluca.

Diz o Enzo. Enzo? Oi? Dando apelidos carinhosos Sara? Sai dae!

- Lorenzo, não deixe a Sara constrangida.

Novamente me defende o senhor.

- Eu não entendi.

Falei com a cabeça baixa, não queria parecer burra, mas eu realmente não entendi.

-Bom a Lambertini, é sócia do Salazar, e estamos em centenas de lugares, mas o que digo quando falo que queremos você no nosso hospital..

- Estamos - interrompe o pai - nos referindo a Nova York.

Eu não posso ir pra lá, a passagem de avião era muito cara, imagina se manter?

- E..eu não posso.

- Você tem alguém aqui?

Perguntou ele todo curioso.

-Não, mas eu não tenho como me manter lá, eu estou querendo um trabalho pra me manter, e o custo de vida lá é mais caro.

- Você vai se esse é o problema!

Disse o Enzo com autoridade, não entendi o porquê disso tudo, mas fazer o quê?

- Olha sr Lauro, se a vaga for por quê eu fiz o que qualquer médico faria, eu sinto muito mais prefiro não aceitar, quero trabalhar por meus méritos e não por caridade ou por quê o se acha que me deve.

- E é isso que me faz querer você no meu hospital, precisamos de médicos assim, competentes e que queiram que seus méritos estejam à frente de qualquer coisa.

- Não aceitamos não como resposta.

Disse o Enzo e eu fiquei feliz.

- Então eu aceito sr.

Disse com os olhos marejados, Entao sr, segurou a minha mão e a acariciou, como um pai faz a um filho, e por um momento eu lembrei do meu pai.

- Bom, a senhora tem até a sexta feira pra ficar aqui e aproveitar, como uma férias, no sábado voltamos a NY, e a senhorita já pode começar.

Uma lágrima caiu, mais era de felicidade, a primeira coisa boa que me acontece de verdade desde que cheguei.
Me levantei e agradeci os dois com um aperto de mão, mas quando apertei a mão do Enzo, me arrepiei toda, saí da sala e passei a mão na minha barriga.

- É meu amor, você realmente deu sorte a mamãe, vai dar tudo certo.

Revisado

O valor de um sorriso (COMPLETO) EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora