Desaparecida entre os Sete Pecados

¨ Capítulo Dois ¨

Quatro meses e um dia antes – 31 de agosto de 2016.

Em algum lugar no meio da cidade.

  

  A grande sala é contemplada por suas paredes decoradas com detalhes em ouro. Desenhos de anjos com flechas, e nuvens estão estampados no teto do salão. Móveis do estilo vitoriano são vistos ali também, dignos das famílias mais ricas. Riqueza exala em cada canto. Pendurado no alto do teto, uma luminária revestida por milhares de minúsculos cristais refletem no espelho as luzes com cores esplendorosas.

O imenso espelho com bordas banhadas à prata com detalhes viçosos mostra a imagem de uma mulher exuberante. Ela possui seus cabelos loiros acobreados arrumados em um penteado que o deixa acima dos ombros em pequenas ondas. Seu vestido perolado é justo em seu busto, descendo por uma camada lisa brilhante, abrindo levemente até o tecido tocar o chão. No busto do vestido era como se estivesse transpassando uma tira por cima da outra, deixando um pequeno espaço de pele à mostra em seu colo. Na metade superior das suas costas, um X era formado pelo tecido.

Seu rosto traz uma maquiagem delicada, que demarca um esfumado em seus olhos, um batom claro e suas bochechas bronzeadas. Um pequeno brinco de diamante brilha em cada uma de suas orelhas. Ela fixa com seus olhos cor de mel a imagem que ela própria reflete no espelho. Ali ela vê a mulher que muitos dizem que ela é:

Sexy. Poderosa. Tentadora. Deliciosamente perigosa.

A porta do grande salão é aberta, mostrando a figura de outra mulher quase tão bela quanto a que se encontra em frente ao espelho. Ela veste um vestido cor de rosa, em um tom bem claro. A parte de cima é lisa com uma faixa um pouco acima da cintura a demarcando, e logo a cauda desce como um tule com alguns cristais de um tom de rosa mais escuro.

— Querida você está perfeita — a mulher atrás dela diz com um enorme sorriso no rosto, ao qual não é retribuído com entusiasmo.

— Ela tem razão meu amor. Tenho certeza que será a mais bela dessa noite. — diz um homem alto, forte e com olhos azuis. Olhos estes que sempre olharam para o caminho que ela seguia, sempre olhando e a amando.

Seu coração bate forte por ele. Ela o ama mais que tudo no mundo. Ela ama o homem que deu a vida por ela. Ela ama o seu pai.

Ela sorri para ele através do espelho. Ele caminha em sua direção e põe as mãos em seus ombros.

— Você está linda, minha filha. — ele murmura emocionado.

Ela é a cópia de sua mãe. Seu peito se aperta dolorosamente ao compará-las. Cada pequeno traço, cada fio de cabelo e cada pequeno gesto se assemelha a ela.

— Você também está lindo, papai. Perfeito de pinguim. — ela elogia com graça.

Ele ri jogando a cabeça para trás. Uma risada alta, repleta de humor. A mulher elegante atrás deles os olha com reprovação e desânimo. Ela balança a cabeça negativamente, mas antes que ela possa dizer algo desagradável, a porta é aberta abruptamente com a entrada de três pessoas espalhafatosas.

— Senhor, as encontramos na cozinha. Comendo. — o homem vestido de segurança relata a pequena gafe que as duas mocinhas supostamente cometeram – aos olhos de alguns.

— Bom, então me digam: O Buffet está aprovado? — o homem, que já se encontrava no quarto com as outras duas mulheres, pergunta a elas.

— Sim, papai. — as duas respondem ao mesmo tempo, aos gritos, e logo caem na risada.

O homem abre os abraços para recebê-las. Elas correm e ele pega a menor no colo dando-lhe um beijo estalo na bochecha, logo puxando a outra para um abraço bem forte.