°° Capítulo Quinze °°

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Três meses e treze dias antes–18 de setembro de 2016.
                                      Em algum lugar perto do castelo.

  Antes mesmo de o sol aparecer, Amie, Parker e sua tia já estavam de pé. Como combinaram na tarde de ontem, eles iriam até a estação e pegariam um trem para Fussen, onde visitariam o Castelo de Neuschwanstein. Ao entrarem no trem cada um deles se acomodou no seu banco e se perderam entre analisar a bela paisagem congelada, ler um livro, e dormir mais um pouco.

..”Eu não posso esperar até que o sol se ponha, então
Você dançará comigo, deixe descer
Eu não posso esperar até que o sol se ponha, então
Você dançará comigo, deixe descer..”

Amie encontrava-se de olhos fechados, enquanto ouvia uma música de batida forte, lenta e gostosa de ouvir. Ela ainda não conseguia esquecer o que ouviu, quando passou em frente ao quarto de Parker. Ela tentou de todas as formas tira-lo de sua cabeça, mas cada segundo que passa ela só pensa nele, em seu sorriso, seus olhos, em suas mãos no seu rosto.
Aquilo estava sendo uma prova de fogo para sua sanidade. O trem estava chegando à cidadezinha de Fussen, que é onde tem a estação de trem mais perto do castelo. Descendo do trem eles pegando um ônibus que depois de alguns minutos para em frente à bilheteria para comprar os ingressos, para se poder entrar.

- Não posso acreditar que estamos aqui. – Amie fala entusiasmada.

Ela vestia calças pretas, botas de cano longo, um suéter branco, com um casaco por cima, e um cachecol. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, e seu rosto estava limpo de qualquer maquiagem - da forma como Parker gostava de olha-la. Ela parecia tranquila, feliz, relaxada.
- Querida, você parece uma criança pronta para entrar em um parque de diversões. – sua tia fala sorrindo.
- Isso é um parque de diversões, tia.
Quando entrar lá dentro vocês dois entenderam. Sei muito bem que você acha que vai ser entediante, Sean, mas lhe garanto que vai ser um máximo. Agora venham.

Amei vai na frente tirando fotos de tudo e todos. Algumas vezes ela para e fotografa Parker e sua tia despercebida, outras vezes fotografa a si mesma com Parker. Ela registra cada momento, tentando memorizar cada pequeno detalhe, como sempre fazia quando via aqui, com seus avós. Parker nunca sentiu-se tão bem como estava se sentindo naquele momento. A alegria dela era tão contagiante que ele podia sentir essa energia passando para ele. Eles tiraram tantas fotos, que encheu a memória do celular.
- Ludwing II, era conhecido como o rei louco de Bavária, ele contratou não um arquiteto, mas, sim um cenógrafo de teatro para a construção do castelo. Mas Ludwing estava sempre ali ao lado, escolhendo tudo, desde os simples detalhes. Cada parede, a tapeçaria. O conto medieval germânico “ Cavaleiro do cisne”, também foi um tema central para a decoração. Ele perdeu toda sua posição e grande parte do seu dinheiro com a construção do castelo. Ele se isolou ali, ficando longe das pessoas. Um tempo depois ele morreu, não chegando a ver a sala do trono pronta. – Amie explicava a história do castelo a Parker, enquanto mais a frente sua tia estava junto com um grupo de turistas e um guia.
- Eu com certeza voltaria do mundo dos mundos se isso fosse comigo. O cara gastou uma fortuna, ficou sozinho e morre sem poder ver o resultado final do seu trabalho? – Parker murmura indignado fazendo Amie rir.
- Ele não era um cara sortudo. Mas, o mais incrível você não sabe. – ela fala segurando nos braços dele.
- O que? – ele pergunta achando graça suas ações.
- Esse castelo foi inspiração para a Walt Disney desenhar os castelos da Cinderela e Bela Adormecida. Isso não é simplesmente incrível? É como ser a própria Cinderela e Bela  Adormecida aqui dentro. – os olhos dela brilhavam como estrelas no céu depois de uma forte chuva.

- Uau! Minha filha adoraria vir aqui. – Parker murmura ao se lembrar do quanto sua menininha adora as princesas da Disney, mas logo congela ao se dar conta do que falou.
Amie percebe o desconforto dele e chega mais perto.
- Não se preocupe, Sean. Ontem sem querer escutei você ao telefone com sua filha. Não direi a ninguém o que ouvi. – Amie fala olhando em seus olhos.
- Você não deve ficar escutando atrás da porta, Amie. – ele a repreende com cuidado.
- Não estava ouvindo atrás da porta. – ela murmura chateada, cruzando os braços acima do peito
- Ah não? – ele pergunta rindo.
Mesmo que agora ela saiba uma parte sua de verdade, ele não sente medo e nem raiva. Ele sente um alívio por poder compartilhar algo tão importante da sua vida com ela.
- Não. E não ria de mim. – ela fala apontando o dedo para ele.
Ele segura em seu dedo, e a puxa contra ele. Ela bate em seu corpo, e o olha assustada, quente. Os olhos deles estavam febris e suaves.
- Nunca, aponte esse dedo atrevido para mim. – sua voz sai rouca, sem nunca deixar de olha-lá,.
- Me conte da sua filha. – ela pede se afastando delicadamente dele.
Ele sabe que ela não falaria da sua vida pessoal para outros. Para seu pai ele não tinha ninguém, era um órfão, sozinho no mundo. Mas para ela, mentir sobre sua vida era errado, era como se tivesse a traindo. Era arriscado falar, mas ele só queria compartilhar com ela momentos e pessoas importantes da sua vida.
- Ela tem seis anos. É a menina mais doce, inteligente, amorosa e sapeca. Ela é tudo para mim.
- Eu imagino que seja. Ela deve se parecer muito com você. – Amie diz, e os dois começam a caminhar lentamente.
- Na verdade, ela tem apenas a cor dos meus olhos. Ela é a carinha da mãe. – ele sorri.
- Eu imagino que você as ame profundamente. – ela diz com carinho, mesmo que ouvi-lo dizer que ama outra lhe deixe desconfortável.
- Minha filha, é minha vida. Sem ela não sou nada. Ela é meu pequeno raio de sol. A mãe dela foi muito importante para mim, a amei profundamente. – ele diz.
- Foi? – ela pergunta sem entender.
- Ela morreu á alguns anos.
- Eu sinto muito, Sean.
Ela sente uma dor sufocante em seu peito ao ouvir que ela está morta. Ela não entende porque sente isso por uma pessoa que nunca viu ou ouviu.
- Já foi há muito tempo. Hoje, a dor é imperceptível.
Realmente, a dor já não era mais notável, mas, o ódio sim. E ele estava naquele instante de frente para a filha do assassino dela. Ele poderia mata-lá ali mesmo, e o faria sentir a mesma dor que ele sentiu. Podia tortura-lá, corta-lá, faze-lá gritar. Só que esse pensamento o fere, ele não pode sequer imaginar vê-lá com um simples ferimento. Então, jamais poderia, de forma alguma, machucar a mulher que o faz ver depois de muito tempo um futuro. Machuca-lá seria como feri-lo também.
- Como ela era? – Amie pergunta.
- Bom, ela me lembra um pouco você. Olhos castanhos e expressivos. Uma mulher forte, protetora com que amava, cabelos castanhos, rosto redondo, doce, compreensiva. E tinha uma marca em formato de lua igual a que você possui na clavícula.
- Como você sabe que tenho um marca ali? – Amie pergunta encarando-o.
- No dia que fiz o curativo em você, seu.. seu roupão estava um pouco aberto, então acabei vendo. – sua voz sai baixa e levemente rouca.
- Hm. Sobre aquele dia, peço desculpas pelo que fiz. Estar naquela casa depois de tantos anos, foi difícil para mim. – ela murmura cabisbaixa.
- Sinto muito pela sua vó. – Parker diz pegando as mãos dela entre as dele.
- Ela era a mulher mais incrível que conheci. No dia em que a vi caída em frente à escada, sobre uma poça de sangue e olhos abertos eu fiquei em choque. Passei muito tempo me culpando pela sua morte. Talvez, até hoje ainda me sinta assim. Por isso, eu digo que ela foi à mulher mais maravilhosa que já conheci, e que a sua mulher também foi maravilhosa. E que você errou em compara-la comigo.
- Você não teve culpa do que aconteceu, Amie. Céus não diga que foi sua culpa porque não foi. Querida olhe para mim. Foi uma fatalidade sim, mas nunca repita que foi sua culpa, anjo. Você era uma criança, estava dormindo. Não poderia ter feito nada para salva-lá. Tire isso da sua cabeça.

Amie o abraça e chora silenciosamente contra seu peito. Aquelas palavras eram tão importantes para ela, que ninguém jamais saberia como ela estava se sentindo naquele momento. Por anos se culpou pela sua morte, sofrendo e nunca se esquecendo daquela noite. Mais ali, nos braços dele ela teve certeza que não teve culpa. Se tivesse uma única chance de tê-lá salvado, ela teria usado essa chance. Mas ela não teve, e agora tinha que deixa-lá em paz. Ficar em paz, pois sua vó mesmo não estando ao seu lado, agora se encontrava em lugar bem melhor.

- Obrigada pelas suas palavras. Obrigada por acreditar em mim, em que sou. Mas não sou como sua mulher. Não sou doce, e muito menos forte.
- Você realmente não é como ela. Mas, sem duvidas, é a pessoa mais doce, forte, delicada, compreensiva, amável que já conheci em toda a minha vida. Você, Amie Beryl Brodbeck Mitchell é a mulher mais maravilhosa que meus olhos já tiveram o prazer de ver.
Ele chega perto dela, e coloca sua mão no rosto dela. Acariciando sua bochecha. Ela fecha os olhos e inclina sua cabeça contra a mão dele. Ela abre seus olhos e sente seu coração saltar, ao ver o quão perto eles estavam. Talvez centímetros de distância. Ela podia sentir a respiração dele contra seus lábios, o calor do corpo dele. A outra mão dele foi para sua cintura a puxando para mais perto.
- Você é a mulher mais linda que já vi. Não deixe que ninguém diga que você não é boa, porque você é mais do que isso. Você é um pequeno anjo, que entrou silenciosamente na minha vida. – ele sussurra contra seus lábios.
Ele desliza seu nariz contra o dela, inalando seu perfume. Chega sua mão para a nuca dela, e acaricia lá.
- Você é a mulher que ama brincar descalça com crianças em um orfanato. Que come no chão junto com elas. Que brinca e canta sem se importar com os outros, apenas com o bem estar das crianças. Você é mulher que ama suas irmãs. Que luta pelo que quer.

Uma lágrima desce pelo rosto dela, e ele a limpa com o polegar. Ele estava desnudando sua alma. Invadindo tão lentamente seu coração, que ela podia senti-lo abrindo as paredes do seu coração.

- Você é mulher que mesmo com dores, cicatrizes e lembranças de um passado doloroso, não deixa de colocar um sorriso no rosto. Você é muito mais do que a herdeira de um grande sobrenome. A mulher que eu conheço pode ter o mundo aos seus pés com sua doçura e beleza.

Ele puxa seu lábio inferior com os dentes, e beija o canto da boca dela. Ela tem seu coração batendo rapidamente, sua mente está em mundo distante dali. Ela sabe que ali, ele está tomando uma parte sua para ele. Não havia mais o que fazer, seu coração estava aprendendo o que amor.

Ele toma sua boca, em um beijo lento, carinhoso, saboreando seus lábios, seu gosto. Ele aprofunda o beijo vagarosamente, descobrindo sua língua que timidamente encontra a sua, invadindo não apenas sua boca, mais sua alma. Parker toma tudo de si para se controlar e não toma-lá ali. Ele puxa mais contra si, como quando as ondas do mar puxam navios para o fundo do mar. Ele se afoga nos seus beijos. Nos seus suaves gemidos. Ele se esquece de voltar para a superfície, e buscar oxigênio. Tudo o que ele precisa está ali, nos braços dela.

Ele a consome. Ela o enlouquece. Ele está tendo o amor de volta em sua vida. Ela esta finalmente conhecendo o que todos diziam que era amor

Desaparecida entre os Sete PecadosOnde histórias criam vida. Descubra agora