Dedução

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Os dois homens entraram no apartamento com armas nas mãos, um cobrindo o outro, em uma formação tática que evidenciava o extenso treinamento militar pelo qual passaram. Sabiam o que estavam fazendo.

- Tudo limpo – disse o primeiro com a arma levantada na altura da mira. O rosto por trás do capacete perfeitamente redondo não era visível, mas estava tenso. Um movimento mal executado, uma distração qualquer poderia botar tudo a perder.

- Dois corpos – continuou. Apontou a arma para um dos corpos caídos, um feixe de luz verde saiu pela extremidade frontal, um pouco acima do orifício por onde eram projetados os disparos. No micro visor que ficava abaixo da mira um nome surgiu – Floyd Wyllis – apontou para o corpo do punk caído – Lesões no pescoço. Foi asfixiado até a morte. Pelos padrões das marcas de dedos no pescoço, quem o matou não era muito forte.

A vitrola tocava uma música melancólica. Um blues antigo.

- Mas o que importa é se ele é daqui. – O segundo homem veio com a arma abaixada – E esse aí no sofá?

O primeiro apontou a arma ao corpo estendido no sofá enquanto dizia:

- Sim, Wyllis é daqui. E esse aqui também. Johnny Constanza. Ambos bandidinhos de segundo escalão. Nada relevante. – Antes que pudesse prosseguir com as averiguações um sinal apitou na tela do micro visor – Espera aí! Leitura interessante aqui. Há um projetil alojado na cabeça de Constanza que leva traços interdimensionais. Podemos retirara para analise, mas não será um trabalho muito limpo – virou-se para o parceiro – Lá se vai nossa cervejinha.

Do outro lado da rua, um terceiro home, vestido com jaqueta de couro e o mesmo capacete dos outros dois analisava a situação por uma mira telescópica acoplada à arma que trazia apoiada no ombro. Apertou o disposto auricular levemente.

-Nem me fale. A patroa já está achando estranho. Deve estar pensando que tenho alguma amante – Pelo ponto no ouvido os dois que se encontravam no apartamento puderam ouvir a gargalhada do outro.

- Mal temos tempo para beber – acrescentou o que se encontrava dentro do apartamento, também às gargalhadas.

Segundos após estavam os dois debruçados por sobre o corpo sem vida de Johnny, abrindo a cabeça do mesmo cuidadosamente ao meio. Tiraram os capacetes para olhar o projétil de perto.

- Calibre baixo – disse o primeiro franzindo as grossas sobrancelhas agora visíveis. Coçou a cabeça – Dá uma olhada, enquanto pego o scanner – entregou o projetil deflagrado e sujo de sangue e miolos para o segundo.

- Cara, nem precisa averiguar para saber que isso não é daqui – disse o segundo girando o projetil na mão enquanto observava.

- Me manda a imagem, quero dar uma olhada – pediu o que se encontrava sobre o prédio do outro lado da rua. De seu braço uma holografia quase perfeita do projétil foi projetada. – Olha, tem algo escrito embaixo, dá uma olhada aí – disse para os outros.

Aquele que estava com a bala nas mãos, girou-a para averiguar cada centímetro dela. Na parte de baixo do projétil desenhado em baixo relevo no metal inscrições em um idioma incompreensível para o homem.

O outro voltou com uma branca máquina quadrada. Suas extremidades laterais arredondavam-se, a parte de trás trazia grades com espaçamento mínimo para somente passar o ar, para resfriar o motor da máquina. Na sua oval extremidade frontal carreiras de lâmpadas pequenas estavam perfiladas. O homem apertou o botão redondo que se encontrava na parte superior do objeto. Uma luz banhou a sala. O homem que estava com o projétil na mão o aproximou da luz. Finos feixes de luz azul, vermelha e verde varreram a extensão da bala. Do pulso do homem que operava a máquina uma tela holográfica surgiu, nela vários dados surgiram, um deles em particular chamou a atenção do homem.

- Essa porra é fabricada manualmente, mas é feita do mesmo material e nas mesmas condições que nossas armas. – Ele estava de olhos arregalados.

- Isso é impossível! – o que estava com o projétil na mão logo tomou a frente da conversa – Só nós temos permissão e condições para a fabricação dessas armas! E elas com certeza não podem ser feitas artesanalmente.

- Me passa os dados – a voz veio fraca diretamente no ouvido dos dois homens no apartamento pelo ponto eletrônico – Acho que eu sei o que pode ser.

O homem sobre o telhado analisou minuciosamente todas as informações. Segundos que pareceram horas se passaram.

- Amigos, precisamos avisar os superiores – disse ele assertivo – Encontramos algo que está sendo procurado desde que eu entrei para a corporação.

- E tem mais aqui – a voz veio do homem que segurava a máquina de scannear – Há dois rastros suspeitos – disse sem tirar o olho da tela de leitura – Um é claramente interdimensional, mas o outro é bem confuso. A leitura não consegue definir e é ou não interdimensional, o sinal é vacilante.

- Vamos mandar para analise complementar esses dados. – Novamente a voz veio pelo ponto eletrônico – Peguem todas as evidencias e ativem o transporte. Tenho a sensação que voltaremos pra cá em breve.

Os três homens viraram pilares de luz. Um som de explosão atingiu os ouvidos dos três; apenas eles podiam ouvir. Sumiram sem deixar vestígios, segundos depois.


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⏰ Last updated: Oct 22, 2016 ⏰

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O Pseudo-escritorWhere stories live. Discover now