Capítulo 04

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IV

Harriet

EU NÃO ACHAVA QUE O IRRITARIA. Foi a primeira vez que fiz algo tão estúpido com alguém. Realmente não sabia lidar com o fato de ter amigo. Quando Alec me convidou para ir à cafeteria, achei que poderia falar com ele sobre os garotos que tocam num pub perto dali. Estava esperando ficar tarde para levá-lo até lá. Queria que ele os conhecesse, mas é claro que estragaria tudo. Sempre faço as coisas erradas. Sou um desastre.

A garota nem quis saber dele. Eu o fiz passar vergonha. Primeiro porque me aproximei dela parecendo uma lésbica embriagada, depois fui dizendo que meu amigo estava interessado nela. Ela o olhou por inteiro e vi seu nariz ficar retorcido. Que garota imbecil. Ao ver a reação dela, Alec se levantou e foi embora a passos muito largos e apressados, que as minhas pernas não alcançavam.

— Alec, espera. — Eu estava de salto alto. — Por favor, Alec.

— Vai embora, Harriet. — Ele estava muito nervoso, suas mãos estavam fechadas firmemente enquanto caminhava.

— Por favor, me espera, Alec. — Eu gritei. — Eu estou ficando sem ar.

— Deixe-me em paz! — Ele se virou para mim e levou a mão até o cabelo o bagunçando.

Eu parei ao sentir meu peito dar um salto com força. Ele estava incrivelmente maravilhoso. Eu podia achar meu amigo bonito, não podia? A luz parca iluminava pouco seu rosto. Senti o perigo emanar dele quando Alec se aproximou. Seu maxilar estava rígido.

— Desculpe-me, nunca fiz nada desse tipo. — Bufei e uma mecha do cabelo voou em torno do meu rosto. — Achei que amigos ajudavam uns aos outros.

— Você não é minha amiga. — Ele se virou e continuou caminhando.

— Você está falando isso porque está bravo. — Eu tirei os sapatos, senti os pés ficarem gelados e molhados. — Espera!

— Pare de ser chata, Harriet. — Ele se virou novamente, e como eu corria, seguindo-o, trombei nele. Ele me segurou pela cintura e levei as duas mãos em seu peito. Fiquei olhando-o por um longo tempo. Olhei para sua boca. Por um momento, achei que ele fosse me beijar, pois olhava para minha boca também, mas se afastou abruptamente.

— Ela não te merece, está bem? É uma nojenta. — Eu suspirei. Sentia meu peito bater com força. — Confesso que estou surpresa por descobrir que você gosta de garotas. Eu nunca o vi olhando para nenhuma.

— Você o quê? — Ele esfregou o cabelo e ficou me olhando.

— Ah, eu achei que você não gostava de garotas. Eu não tenho preconceito, está bem. — Levei as mãos na cintura. — Não tinha outro tipo de garota para se interessar, não? Tinha que ser o tipo de garota popular?

— Ela é bonita. — Ele se defendeu encolhendo os ombros.

— É, tenho que admitir. — Deslizei a língua pelos lábios. — Mas tem outras garotas tão bonitas quanto ela.

— Eu não sei. Acho que tenho fetiche por garotas difíceis. — Ele sorriu. — Nunca mais faça isso, Harriet, eu não gosto.

— Não farei. — Ele relaxou os ombros ao me ouvir. — Prometo te pedir permissão antes.

— E minhas respostas serão um sonoro "não". — Ele enrolou o braço no meu me guiando pelo caminho que tomava antes.

— Nunca mais diga que não somos amigos. — Alec sorriu e me abraçou pelo ombro. Eu realmente não gostei de ouvir aquilo.

— Amigos brigam de vez em quando. — Ele olhou a hora. — Vamos embora, temos aula amanhã cedo.

E, mais uma vez, esqueci de falar para ele a respeito da banda.

Alriet - Quando o Amor AconteceOnde histórias criam vida. Descubra agora