Capítulo 08

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VIII

HARRIET

A BANDA QUE ALEC TOCAVA ESTAVA INDO MUITO BEM. Ele tinha dado muito certo com o grupo todo e a banda era bem enérgica, tinha harmonia e química. Mas o melhor, na minha opinião, foi ver Alec mudar. Ele estava mais confiante com tudo, principalmente com suas opiniões, é claro. Comprou algumas roupas melhores, mas não menos escuras ou rasgadas. Aquele estilo resumia a personalidade rebelde dele, mas muito inteligente.

Alec mandou fazer algumas camisas personalizadas com frases que algumas pessoas podiam achar sem sentido, mas conhecendo-o como só eu o conhecia, entendia muito bem que aquilo tinha a ver com ele.

Ele havia se tornado um alvo masculino desde então. Seu jeito despojado e despreocupado chamava a atenção das mulheres, que faziam questão de cair em cima dele por onde ele passava. Ser rebelde e guitarrista era sexy para elas. Eu nunca disse para ele, mas acho que aquele meu empurrãozinho o libertou. Tanto que ele já havia perdido as contas de quantas mulheres se envolvera em dois meses que estava na banda.

Já eu, estava focada no curso. Havia feito alguns amigos na faculdade. Eles não me achavam muito estranha, como no colégio. Eram pessoas de outros países, também, e isso me favorecia. Não foi difícil fazer amizade com eles. Sempre que dava, os levava comigo para assistir à apresentação da banda de Alec em algum bar no centro, mas era difícil acompanhar a banda quando se estava estudando e fazendo provas. Ele tocava todos os dias, mas eu tentava.

Afastamo-nos um pouco e quando percebemos que estávamos muito afastados, sem saber o que estava acontecendo na vida do outro, decidimos que isso teria que mudar, tínhamos que nos ver pelo menos duas vezes na semana, nem que fosse por apenas quinze minutos, e eu sabia que ele sentia minha falta, apenas não queria admitir.

Eu voltava para minha casa a pé, segurando meu caderno contra o peito. Estava um frio de congelar os dedos e não via a hora de chegar em casa para tomar um chocolate quente que só minha avó sabia fazer. Meus dentes batiam um contra o outro, tremendo de frio. O ar que eu jogava para fora fazia fumaça diante dos meus lábios. Eu adorava ficar olhando essa fumaça e andava distraída, como sempre.

Olhei rapidamente para o lado da rua, para atravessá-la, e coloquei um pé para a frente. Foi um grande erro, eu sei. Eu devia parar na calçada, mesmo sabendo que naquela rua não havia muito movimento, mas nesse dia foi diferente. E bota diferente nisso! Uma moto passava a toda velocidade e, em seguida, alguns carros. Parecia uma perseguição, mas eu nem notava, estava concentrada na fumaça que saía da minha boca. Quando percebi, estava sendo puxada com força de volta para a calçada e, claro, cai no chão, batendo a bunda e as costas com força.

— Ai! — Disse ao sentir o choque do chão duro contra as minhas costas e a bunda. Pelo menos, pensei em segurar a cabeça para não batê-la. Meus cadernos caíram no chão da pista. — Meus cadernos. — Murmurei, mas um carro passou por cima deles e eu fiquei em choque vendo-os estraçalhados. — Meu Deus, meus caderninhos...

— Você está bem? — Ouvi uma voz atrás de mim, e foi só assim que senti duas mãos apertarem meu ombro.

— Meus cadernos. — Murmurei novamente.

— Moça? — Achei a masculina muito bonita e ouvi-la novamente me fez virar e olhar para o dono da voz. Eu tremi. Era o homem mais lindo que tinha visto em toda a minha vida. — Está tudo bem?

— Ai, não. — Meus lábios tremeram. — Minhas costas.

— Você consegue se mover? — Ele afastou as mãos dos meus ombros e ficou de frente para mim. Era alto e forte. Ele carregava uma bolsa de lado. Parecia estudante. Agachou-se de frente para mim. Seus cabelos eram curtos e castanhos, os olhos castanhos bem claros, quase verdes, a pele branca e a barba por fazer.

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⏰ Última atualização: Jan 17, 2020 ⏰

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