Entre a tempestade e a calmaria

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Entre os lábios da mulher amada está o paraíso
E a destruição
Habita ali cada pedacinho de cada ser que lhe levou do riso
Ao vão,
Bate agora indeciso
Arde em chama e pulsa feito guiso
Desmanche tudo,
A emoção; feito a vida num clarão no céu se resile,
Porém, não desmanche o riso,
Deixe tudo, mas não desfaça o riso,
O motivo não importa;
A árvore viva se entorta
E das folhas brotam letras tortas
E prometidas a ti
Algumas mal se pode distinguir...

Entre o espelho espesso e o borrão;
Eis o sonhador; como Romeu,
Agora sozinho; sonhador? Talvez,
Talvez solidão;
Sólido? Não
Derreteu-se de si; escorreu do coração
Unindo-se às lágrimas do chão;
Amor; foi-se? Não...
Bem, talvez; pelo vão escorre...

As flores; velório ou amor,
O momento é quem faz; as flores são as mesmas,
E agora, foi-se o amor?
Entre palavras e ações há bem pouco a se importar;
O que lhe faz bem?
O que lhe faz delirar?
Entre o aceno, qual é a despedida
E qual é o cumprimento?
Quem vai e quem não vai?
Afinal, quem se vai?

O amor, foi-se?
Dúbio, não volúvel, então...
O que há? Tantas questões sem resposta;
Tantas apostas em vão,
Tantas vidas em vão,
Tantos amores despejados no chão
Escorrendo na vala da desilusão,
Preenchendo o lago dos que vivem e não...
Mas passará, ou será que não?
Tantas questões sem fim, ai de mim...
Ai de mim...

Ai de mim um texto inebriante;
Um amor depositado em versos numa estante
Um amor não infinito; um amor não de instante,
Pétalas voando num sol que o brilho acende o horizonte;
Um peito onde as mágoas não se firmassem constante;
Onde fosse amigo, namorado e amante;
Eis aí todo desejo; como um barco; um navegante;
Em um mar de amores; indecisos; exorbitante;
E no peito não se apaga; continua rutilante;
E as rimas pobres me restam o último tocante;
Ricas de sentimento? Talvez,
Coração fumegante;
Uma dor elegante;
E toda a tempestade se faz plácida.

Entre Metáforas e UtopiasOnde histórias criam vida. Descubra agora