Capítulo 11

31 7 0
                                    


Olha, se existe amor á primeira vista, eu realmente não sei, mas o que eu senti foi próximo disso.

Assim que ela tirou o capuz eu vi a menina mais bonita que já tinha visto na vida. Não era o tipo de beleza comum que você encontra em qualquer lugar, era uma beleza diferenciada, única e rara.
Ela era mais clara que eu, mas não chegava a ser branca. Seus olhos eram incrivelmente pretos, como a noite, como céu fica á meia noite. Os olhos dela traziam um certo tipo de mistério, um tipo de segredo, que combinavam perfeitamente à sua aparência. O cabelo dela era liso e batia no ombro. Era vermelho, um tom forte de vermelho, um tom bem vivo, daqueles que parecem que seus olhos doem só de olhar.
Eu queria muito ver o sorriso dela, que deveria ser muito bonito também, mas a julgar por sua expressão, aparentava que sorrir era uma coisa que ela não gostava muito de fazer. Ela começou a falar.

- Oi. - Sua voz não era fina, era mais encorpada, tinha um certo charme e isso me deixou ainda mais fascinado. Ela era linda e quase perfeita mas por que tinha que ser tão estranha e se vestir tão mal ? - Meu nome é Anna. Tenho 17 anos e meu sonho é ter um futuro para qual sonhar. - Ela pôs o capuz e voltou para sua cadeira bem ao
fundo da sala, do lado oposto de mim e do Daniel.
Definitivamente estranha. Como assim ter um futuro para qual sonhar ? O que exatamente ela quis dizer eu não sei, mas que foi estranho, foi. E eu ainda não me conformava com o casaco dela, queria estar sentindo o frio que ela estava sentindo.

Charlie continuou chamando, mas eu já tava completamente desligado de tudo. A tal Anna tinha roubado toda a cena. Eu duvidava que ia aparecer algo mais anormal ou que chamasse mais atenção que ela. E não era só eu, todos pareciam ter perdido a atenção em quem ia lá na frente, todos trocavam cochichos e olhavam para trás. Se ela queria atenção, conseguiu.
Atraiu atenção de todas as formas. Pelo casaco mesmo no calor, pelas roupas surradas, pela coisa estranha que disse e pela incrível beleza.
Fui tirado das minhas distrações quando Charlie chamou meu nome. Eu nem reparei que tinha ficado tanto tempo. Nem vi Daniel ir lá na frente, aliás.

Me levantei e senti todos os olhares caindo sobre mim. Imaginei que até Anna deveria estar me olhando, o que não ajudou em nada no meu nervosismo. Eu já era muito tímido e aquela era uma situação muito ruim para, pois eu sempre morria de vergonha.
O caminho até a frente era pequeno, mas pareceu enorme e quando finalmente cheguei lá a frente eu não consegui olhar para ninguém em especial, então, olhei para a parede branca ao fundo sala e comecei a fala, sob o peso de dezenas de pares de olhos.

- Olá, me chamo Heitor Levi, tenho dezoito anos e ... - Mas que droga, eu não havia pensado em nada para dizer, não sabia com qual era meu sonho para o futuro, não sabia o que eu queria ser, então, eu disse algo que eu não deveria ter dito. - E meu sonho ... É que todos tivessem um futuro para qual sonhar. - Todos ficaram me olhando meio atônito, meio incrédulo.
Voltei para meu lugar e concluí que todos tinham achado que fiz uma alusão a apresentação de Anna, e na verdade, eu realmente fiz.

- O foi aquilo que disse ? - Daniel sussurrou para mim assim que sentei. - Nem pense em gostar da estranha cara. Ela é chave de cadeia, confusão na certa.

- Mas o que você esta falando ? - Eu sussurrei em resposta. - Eu não to gostando dela ... e como assim confusão na certa ?

- Depois te falo. - Ele disse e voltou a focar sua atenção à frente. Ele já estava me irritando com essa de "depois te falo". Daniel teria muitas coisas para me falar no intervalo desta forma.
As apresentações continuaram. Meninos, meninas. Muitos assim que sentavam eu já esquecia o nome. Eu sabia que não conseguiria guardar o nome de todos. Até agora só sabia o nome de Daniel e ... da Anna, que era impossível esquecer.

- Priscila Diniz - Chamou Charlie.

A menina que levantou era tão bonita quanto Anna. A diferença é que ela estava arrumadinha, com roupas novas e não estava usando casaco. Ela tinha pele escura e cabelo liso, era mais ou menos do meu tamanho. Ela tinha dezessete anos como Anna, e o sonho dela era ser professora de biologia. Interessante, muito interessante, eu ia gostar muito daquela escola afinal.
Depois não se apresentou mais ninguém de interessante, exceto uma menina chamada Rayane que também era muito bonita.
Depois que todo mundo se apresentou, Charlie apanhou seu livro que estava em cima da mesa e começou a dar a aula propriamente dita.
Eu prestei atenção só em algumas coisas, depois comecei a me perder em meus pensamentos, como já é de costume.

Floresta SombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora