Já haviam passado várias horas, eu já estava em meu quarto deitado em minha cama, depois de ter almoçado, mas eu ainda não havia esquecido as palavras de Charlie. Rio de janeiro... O destino era mesmo algo muito engraçado. Eu lutei para sair de lá, fui contra, e agora o destino me levaria para lá novamente, pro lugar onde eu nasci e cresci, onde eu tinha aprendido e me acostumado a viver. Tudo isso me lembrou da estranha sensação que senti assim que eu sai de lá. Algo dentro de mim dizia que eu voltaria a ver minha casa, eu voltaria ao meu antigo lar, mas não seria como eu esperava; eu não voltaria a passeio, muito menos para voltar a morar lá.
A missão, esse era meu objetivo, meu dever. A cada hora que passava, eu ficava certo que tudo aquilo era realmente pra mim, eu era o escolhido para salvar o mundo. Seria difícil me acostumar... Nunca tive muitos amigos, ninguém confiou em mim para nada, ninguém nunca precisou de mim, sempre fui solitário e agora... o Brasil e mundo dependia de mim. Eu nunca tinha lutado antes, nem na escola, nem em rua... Nunca fui de se meter em briga, contudo, algo dentro de mim, uma força interior, me fazia me sentir pronto pra aquela aventura. Eu me sentia forte, preparado.
Se as coisas ficassem difíceis, eu tinha meus poderes, que segundo Charlie, era uma "herança genética". Eu ainda não tinha parado pra pensar muito naquilo, mas... Se monstros, bruxas, criaturas místicas existiam, meus poderes também existiam. Me lembrava muito bem do dia dos urubus, fora eu que os explodira e eu tinha... curado aquela mulher no ônibus. Eu só precisava aprender a controlar e principalmente "ativar" aquele poder. Na minha humilde opinião, ainda seria muito mais fácil se tivesse um botão, ou um controle ativador, mas parecia ser bem mais complicado que isso.
Estiquei as mãos e fiquei olhando pra elas, tentando reviver os sentimentos que tive nas três vezes que meus poderes apareceram. Nada aconteceu.
Tentei fazer força; Nada. Mexi minhas mãos em movimentos nada dignos; Nada. Até bati meu cotovelo na parede de propósito para fazê-lo doer e tentar curar a mim mesmo eu fiz, e mesmo assim, nada.
Assim que desisti de tentar, reparei que estava muito frio. Minha janela estava aberta e um vento violento invadia meu quarto o deixando bastante frio. Levantei e fui a janela fechá-la. O céu já estava completamente negro, e muitos raios cortavam o céu; o que antes era só uma promessa, agora já era certo, iria chover muito dentro de pouco tempo. Lembrei que eu tinha que falar com Karina o quanto antes, e não fazia a mínima ideia de onde ela morava. Decidi me apressar para sair de casa, antes que o mundo desabasse em água.- Onde pensa que está indo com esse tempo ? - Eu nunca, em hipótese alguma, conseguia sair sem que minha mãe visse, era incrível as habilidades maternais dela.
- Preciso encontrar uma pessoa mãe, é urgente.
Ela franziu as sobrancelhas e me lançou um olhar desconfiado.- Olha lá Heitor, vê se não vai arrumar mais problemas... Se chover você volte pra casa imediatamente... e nada de sair da vila... - Se eu não saísse logo, minha mãe ficaria mais uma hora dando recomendações, começaria a chover e eu não sairia. Pensando bem, essa devia ser mesmo a intenção dela. Só concordei e sai antes que ela parasse de falar.
Todo mundo da vila pareceu perceber que o risco de cair uma chuvarada iminente, a rua estava vazia, sem crianças e sem os trabalhadores habituais, já que era sábado. O único som que eu ouvia era o uivar o vento batendo forte em meu rosto, me fazendo tremer de frio. Como de costume, eles dois estavam em pé lá, eram as únicas pessoas que fizesse sol, chuva ou neve, eles tinham de estar lá; Moacir e Raoni. Me surgiu a ideia de que talvez Raoni pudesse saber onde a Karina morasse, ele morava ali a vida toda e pelo modo que ele falava, já havia passado muito tempo a beira do rio observando as mulheres, com certeza ele a conhecia.
- Raoni, Moacir. - Os cumprimentei assim que me aproximei.
- Fala ai garoto, vai cair uma chuva forte, se eu fosse você voltava pra casa. - Raoni falou.
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Floresta Sombria
Fantasy"Eu estava num lugar muito escuro, com árvores imensas e muito densas, de forma que eu mal conseguia ver seu fim. Provavelmente era uma floresta, as árvores eram completamente negras, desde a raiz até as copas. Aparentemente eu estava sozinho, mas d...