21: Confronto

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☆☆☆
Ameaça perigosa










    Ele estacionou o camaro na porta da minha casa, faltava menos de quinze minutos para que eu toma-se o banho mais rápido do mundo e ir para a escola quando olhei um comboio de carros estacionados na frente da minha casa entre eles jipes, picapes e alguns outros modelos de rodas grandes que eu não sabia o que era, tinham homens espalhados pelo gramado inteiro na frente e atrás da casa, grandalhões de roupas pretas, na mesma postura fechada e sisuda de braços cruzados, óculos escuros, às roupas comuns como se não quisessem chamar à atenção... e se eles não estivessem invadindo o jardim da minha casa não teria ficado tão apreensiva, eles não pareciam homens comuns só de bobeira, olhando o movimento enquanto pisoteavam às plantas, se fosse um só não teria motivos para nevorsismo mas eram tantos... pareciam o tipo que passava o dia inteiro na academia erguendo pesos colossais acima da cabeça, lutadores de lutas clandestinas que brigavam até a morte, oficiais disfarçados de algum esquadrão de serviço ultra-secreto que o governo usava do que apenas caras normais esmagando as plantas no jardim fingindo olhar o movimento.
-Quem são todos esses...?
-Trabalham para mim. Disse ele puxando alguma coisa de tecido preto embolada no banco de trás... uma camisa.
-O que eles estão fazendo aqui?. Perguntei virando-me para Adam... ele estava terminando de abotoar a camisa de manga longa preta, cobrindo seu abdômen perfeito... eu suspirei.
-Precaução. Disse ele saindo do carro... a porta foi aberta para mim por um homem alto, louro e forte como um touro.
-Senhora.
-Obrigada. Agradeci esperando que Adam fosse me explicar a situação, o que ele quis dizer com precaução? Mas eu o vi se afastar indo até meu pai... o homem que tinha aberto a porta para mim se aproximou.
-Devo acompanhá-la até a porta senhora. Disse ele, eu o olhei... não tinha sido uma pergunta, sua expressão era gentil o que me fez perguntar se eu seria carregada se tentasse resistir, se seria dominada facilmente e carregada no ombro igual um saco de batatas sem, mas ele apenas esperou até que eu me decidisse o que fazer, eu assenti e ele me acompanhou conduzindo-me pela calçada com as mãos a meu redor sem me tocar... eu o olhei apreensiva sentido-me como se estivesse em algum programa de proteção ou coisa assim, como se fosse a filha do presidente ou alguma celebridade super famosa mas eu estava bem longe de ser qualquer uma dessas coisas... e a pergunta que não quer calar é... porque que todos esses homens estavam fazendo plantados no jardim, por que?
-O que está acontecendo?. Perguntei, ele não me olhou... olhou direto para trás... para o bosque do outro lado da rua como se alguém o tivesse chamado... ele direcionou um olhar sombrio para dois homens parados ao lado da porta... eles não disseram nada, não houve nenhum gesto mas eles desceram a pequena escadaria e caminharam pela frente da casa até chegar a rua.
-Algumas medidas de segurança estão sendo tomadas senhora não se preocupe... entre. Disse ele abrindo a porta da casa para mim... eu entrei sem contestar e ele fechou a porta... Maria e minha mãe estavam na sala.
-Mas o que significa isso tudo?. Perguntou minha mãe irritada e indignada.
-Também quero saber, o porque aqueles selvagens estão destruindo meu jardim... plantei margaridas ontem. Choramingou Maria olhando a janela preocupada.
-Não gosto da presença deles aqui e são tantos. Disse Maria apertando o terço fortemente com às duas mãos, nesse momento meu pai e Adam entraram pela porta dos fundos.
-Richard! O que esta acontecendo? O que todos aqueles homens fazem lá fora?. Perguntou minha mãe, meu pai me olhou por um segundo, um olhar preocupado, e andou até ela.
-Precisamos conversar Susana. Disse ele, minha mãe o olhou desconfiada mas subiu às escadas primeiro, a irritação a fez pisar firmemente o chão deixando claro suas opiniões quanto àquele cerco a casa, meu pai subiu logo atrás em um segundo de hesitação... Maria olhou para mim por um breve instante e olhou Adam... um olhar demorado, severo e frio, ele retribuiu o olhar serenamente com um leve sorriso, mas isso não amenizou sua expressão azeda... depois ela foi para a cozinha enquanto me perguntava o porque de sua atitude nada educada.
        Eu peguei a mão dele e o levei até o escritório do meu pai e assim que entramos fechei a porta atrás de mim... ele olhou em meus olhos, eu esperei tentando demostrar que estava zangada mas tinha ficado contente demais por tê-lo encontrado para ficar com raiva... porém, em vez de deixar transparecer minha alegria insana, e sorrir feito uma retardada tentei impor o máximo de severidade que pude em minha expressão... ainda sem entender o porque ele colocaria aquele batalhão lá fora.
-Bella...
-Pode me explicar por favor o que está acontecendo Adam?. Perguntei, ele sorriu como... se tivesse gostado da minha ira encenada... minha tentativa fracassada de parecer aborrecida não deve ter funcionado muito bem, se não ele não teria sorrido para mim e ficado emocionado como tinha ficado, enquanto olhava em meu rosto me perguntei o que ele estava vendo... o que o teria motivado para transbordar aquela alegria contagiante... eu suspirei encostando-me na porta e sorri ainda que fosse um sorriso acanhado, apertando os lábios como apertava sem querer ser boba demais.
-Não posso deixar de notar o quanto seu rosto é adorável, o quanto me comove... não me cansaria nunca de admira-la... nada mudou e nada irá mudar. Disse ele intenso demais para que eu o olhasse nos olhos.
-Seus questionamentos são simples de responder, sei que isso deve parecer estranho para você, à primeira vista é sim, considerando que devo ser apenas um estranho para você... um homem deslumbrado demais pela beleza de uma jovem inocente, deve pensar que sou algum tipo de maníaco, um perseguidor obcecado ou coisa pior... sei que não deveria procurar por você, já que me pediu para não tornar a vê-la... eu deveria manter distância e respeitar seu desejo...
-Eu esbarrei em você... isso pode acontecer, mesmo que não quiséssemos... às possibilidades são muitas e às probabilidades não falham. Murmurei, se pensamentos e sonhos contassem... se ele pensava que ele era obsessivo ainda bem que ele não sabia ler pensamentos para descobrir que eu podia ser bem mais incisiva do que ele... era um alívio e tanto perceber que não era só comigo, que ele também pudesse sentir o mesmo embora a história de uma suposta ex me deixasse encurralada no cantinho da auto-preservação e do bom senso. Eu o olhei, seus olhos estavam aflitos, ele continuou o que estava dizendo antes que eu interrompe-se.
-Pode parecer estranho mas não é... é complicado por que é difícil de explicar tenho medo que não entenda, tenho esperanças de que possa entender ainda que uma parte de mim pede para que você não entenda... que fique longe, acho que é o mínimo que mereço depois de todos os horrores... mesmo que me sentencia-se a este castigo sei que ficaria feliz se fosse o melhor... mas tem o necessário, o que farei sempre, deixa-la em segurança. Prometeu ele, imediatamente pensei na criatura que tinha me perseguido, um frio medonho se alastrou em meu estômago, meus olhos se arregalaram... então era disso que se tratava os homens lá fora, segurança.
-Do que está tentando me proteger?. Perguntei sem olha-lo... mesmo que ele tentasse me proteger, ele e aqueles homens também corriam perigo... não sabia porque aquela coisa estava me seguindo e o que queria comigo e quem era ele, mas me dava medo pensar... era uma ameaça perigosa, mortal que não podia ser tão facilmente vencida porque se por trás daquela face houvesse um rosto humano, ele sabia exatamente o que estava fazendo e seus instintos predatórios o guiariam até mim... basicamente eu tinha uma criatura insatisfeita no meu pé, um ser que eu não tinha o menor conhecimento de quem era ou de suas pretensões.
-Ele começou a seguir você... sei o que ele quer mas não vai conseguir...
-Você chegou a vê-lo?
-Sim.
-É o mesmo que atacou Charlie, não é?
-Sim.
-O que ele quer?. Perguntei, sem saber se queria mesmo ouvir a resposta, o que adiantaria afinal? Nunca conseguiria impedir que algo de ruim acontecesse, era inevitável... ele pareceu pensar bem na pergunta, na resposta que daria mas não olhou em meus olhos quando respondeu.
-Você. Disse ele, eu suspirei e pareceu mais um gemido, fui até a janela para contemplar a vista sem ver.
-Ele não vai tocar em você. Disse ele, eu me virei... ele tinha tanta segurança de si ao dizer isso, que nada pudesse me fazer mal mas não era tarefa dele... ele não deveria se preocupar comigo, porque ele sentiria a necessidade de  proteger alguém que mal conhecia? Ele não deveria se importar com nenhuma coisa e nem outra que me envolvesse, mas ele estava ali e o porque era um mistério, desde o começo, como na noite do incêndio em que ouvi sua voz dizer que me amava, esse era mesmo um mistério, mas se pensasse bem, o momento em que cheguei em sua vida, pensando na conversa que tivera com Elie, que era possível que fosse por uma mulher o motivo dele ter caído em tristeza, pensando nessa possibilidade talvez algo em mim o tenha feito se lembrar dela, não era tão difícil assim que esta fosse a verdade, não era raridade que um homem apaixonado que teve seu coração partido pudesse enxergar... procurar semelhanças de sua amada em outra, talvez essa fosse a resposta para sua paixão súbita por mim mas e eu? Como eu me sentiria se descobrisse que estava certa? Era tudo ilusão então? Nada do que vivemos foi verdadeiro?... estar apaixonada por ele era uma complicação muito séria, um decreto irrevogável que me traria problemas mais tarde se investi-se ainda mais no que sentia por ele... mas acho que não existe remédio para fazer parar de amar alguém, e nessas condições ama-lo era arriscado demais, eu poderia morrer de tristeza... olhei sua camisa bem passada amargurada... os botões não estavam nas casas certas... andei até ele, coloquei um dedo em um botão.
-O que foi?. Perguntou ele, os olhos negros ao nível dos meus olhos... os lábios em uma linha impecável e suave no rosto inesquecível, nem finos, nem grossos demais mas o suficientemente atraentes demais, desejáveis demais para que eu continuasse sem eles, parecia um pecado estar tão perto assim e não poder aproveitar, não poder beija-lo... não poder arrancar aquela névoa sombria de tristeza de seu olhar.
-A camisa... esta errada. Disse, ele olhou para si e me lançou um sorrisinho envergonhado.
-Posso?. Perguntei ainda com o dedo no botão... surpreso, ele assentiu olhando em meu rosto quando comecei a desabotoar sua camisa de cima para baixo, os botões saíram facilmente um a um deslizando para fora da abertura sem precisar força-los, as costas de meus dedos roçaram na pele quente de seu abdômen, eu parei quando senti um leve tremor em seu corpo, olhei seus olhos... estavam fechados, os lábios entreabertos, a cabeça levemente inclinada para trás... sua expressão era de contentamento, de puro deleite como se aprecia-se meu toque sobremaneira... ele era tão lindo, a beleza mais proxima de um anjo... um guerreiro, um daqueles heróis fortes e destemidos que estavam dispostos a tudo para salvar uma vida, eu parei por um momento imensurável para admira-lo fantasiosamente, aproximando-me mais do que deveria de seus lábios sem pensar, sentindo o ar sair de seus pulmões, inebriante... enquanto terminava de abotoar a camisa para que ficasse certa até chegar em seu peito... ele segurou minhas mãos ali, seus olhos abriram e eram ardentes... os lábios ainda continuavam entreabertos... ele tocou meu rosto e manteve sua outra mão segurando as minhas em seu peito.
-Eu preciso saber. Sussurrou ele colocando meu cabelo atrás da orelha, meu corpo reagiu ao seu toque e a sua voz de maneira inesperada e desconhecida.
-O que quer saber?. Perguntei... os lábios deles pararam a um centímetro dos meus, ele olhou em meus olhos parecia angustiado mas não parecia ter dúvidas do que queria naquela curtíssima distância, a indecisão era minha... a proximidade fez meu lábio inferior tremer com a expctativa, desejando ardentemente que aquele pequeno espaço entre nós diminuísse até que ele pudesse encontrar meus lábios sedentos por ele... mas ele ficou ali, o olhar abrasador quase feroz me fitando desejosos.
-Naquele dia quando foi à minha casa... Alfred me disse que você foi ao quarto de Rosemary e que saiu de lá chorando depois que falou com Jolie... o que ela disse a você para que saísse daquela maneira?. Perguntou ele roçando um dedo em meu lábio inferior trêmulo.
-Ela não precisou me dizer muito coisa... eu entendi tudo sozinha.
-O que você entendeu?. Perguntou ele, eu fechei os olhos por um instante perguntando-me se devia ser sincera e o mágoa-se com a verdade... mas não me parecia muito correto mentir.
-Que não podemos ficar juntos. Sussurrei olhando a pele clara de seu pescoço não querendo olhar na imensidão sombria e triste de seus olhos.
-Quando lhe perguntei o que ela havia dito... você disse nada mais do que a verdade... ao menos isso acho que tenho o direito de saber... o que você descobriu?.
-Não havia muito o que descobrir... acho que eu apenas acordei para a realidade. Disse, querendo me soltar dele e me afastar mas não fiz nada... não tentei ficar longe dele parecia que tudo era melhor quando estava perto dele, o ar era mais puro quase que imprescindível para minha sobrevivência nesse mundo cruel.
-Que realidade?
-Uma que não podemos ficar juntos. Disse e ele me soltou... imaginei seu rosto obscurecido pela tristeza assim como eu estava e quando o olhei tive uma surpresa angustiante sua expressão era de quem tinha sido ferido por algum instrumento de tortura que causava uma dor imensa, com a força destrutiva e devastadora de uma tempestade que varrera a superfície da Terra... meu corpo parecia tão leve como se estivesse caindo de um penhasco, o coração batia com uma lentidão assustadora em sua angústia... eu tinha, afinal me atirado para aquele abismo sombrio de seus olhos e conhecido profundamente o que ele estava sentindo... será que era tão forte assim para ele como estava sendo para mim? Que não era apenas uma fantasia ilusória e que ele realmente me amasse como disse?... seu olhar torturado me compeliu.
-Bella por favor me diga o porque... não me deixe assim... não posso ficar em paz se não me disser, sei que não tenho direito de pedir nada a você ou que você aceite um ser tão asqueroso quanto eu sou, que eu rejeite ainda mais a mim mesmo por querer que não me renegue... pois sabendo o que sou... quem eu sou verdadeiramente deveria deixá-la... mas eu não sei até quando consigo conviver com essa agonia.
-Adam...
-Por favor... eu imploro. Pediu ele... eu respirei fundo procurando uma forma de não magoa-lo ainda mais, mas não havia outra maneira... ele parecia alguém que estava sendo atormentado por uma culpa terrível, eu não sabia o porque, mas o que eu queria desesperadamente era que ele se sentisse melhor, que não sofresse mais... ele precisava de algo para acalmar sua agonia e eu não tive como negar isso.
-Não posso ficar com você por que você não merece alguém como eu...
-Do que você está falando?. Perguntou Adam como se eu tivesse sido incoerente.
-Eu não sou aquilo que você precisa... não sou perfeita... sou muito menos do que você acha que eu sou... sou tão errada quanto imperfeita... e por mais que me engane que algum dia possa chegar a merecer você não posso desejar você para mim porque você merece muito mais do que alguém como eu. Sussurrei envergonhada, ele me observou sério por vários minutos, eu me perguntei o que se passava em seus pensamentos, se ele estivesse achando ridícula aquela conversa ou que concordasse comigo em cada palavra até que sua expressão se suavizou e ele me olhou sem acreditar.
-Então era isso?... essa era a verdade que você entendeu? Que descobriu?... que você acha que não serve para mim?. Perguntou quase sorrindo.
-O que mais poderia ser?. Perguntei, ele passou a mão nos cabelos e andou até mim.
-Jura que era só isso mesmo?... não há realmente mais nada que a faça querer ficar longe de mim?. Perguntou ele como que para ter certeza, eu assenti.
-O que mais haveria?. Perguntei e ele se afastou meio metro ficando pálido.
-Eu pensei que...
-O que você pensou?. Perguntei tentando adivinhar o que ele estava querendo dizer... ele ficou bastante imóvel como se não respira-se e seu olhar se perdeu no meu.
-Você não descobriu.
-O que eu não descobri?. Perguntei, ele recuou mais.
-Você não sabe. Disse ele parecia estar em um estado de transe.
-O que eu não sei?... está escondendo alguma coisa de mim, não está?. Adivinhei, seus olhos brilhavam de uma forma que pensei que ele fosse chorar mas era só dor... ou culpa, algum tipo de sentimento reprimido ou muito bem escondido que deixava seu olhar mais doente, mais triste... uma dor que parecia lhe partir e a mim também.
-Há uma coisa ao meu respeito que você ainda não sabe... e quando descobrir... vai desejar nunca ter me conhecido. Disse ele recuando para longe de mim no momento em que estendi as mãos para alcança-lo, para conforta-lo de algum modo mas ele continuava a recuar para a porta, virou e partiu sem dizer mais nada.
-Eu jamais desejaria algo assim. Sussurrei sozinha no escritório, Tita apareceu na soleira da porta.
-Uau... quem é ele?. Perguntou ela olhando-me com uma expressão de curiosidade.
-Adam... o senhor Lichtenfels. Disse, seus olhos se arregalaram e eu a deixei sozinha saindo em direção ao quarto... havia algo que ele não queria me contar, um segredo talvez, que o deixava tão infeliz... pensei em nossos poucos encontros e em como tudo tinha sido tão súbito... fosse o que fosse minha dúvidas aumentavam com a mesma intensidade que meus sentimentos por ele cresciam ininterruptamente.

A Bella e a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora