33: A libertação

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   ☆☆☆









      Meus pais não me prenderam mais no hospital quando lhes disse o motivo de minha saída, o prolongamento de minha estadia na prisão hospitalar onde cumprira duas semanas de reclusão em regime fechado vendo literalmente o sol nascer quadrado não era mais necessário, a antecipação da minha alta fora recebida com alívio por mim, eu não conseguiria ficar mais doze horas naquele lugar me remoendo sentada esperando que Adam fosse se dignar a aparecer, depois de nossa conversa minhas suspeitas quanto a possibilidade de que ele não fosse aparecer mais para me ver eram angustiantes, Rô me levou até seu irmão, contei a ela sobre tudo que se passara nesses últimos dias e ela mais do que eu não estava muito contente com nenhuma das verdades que lhe falei.
-Ele tem medo principalmente que você não fosse perdoa-lo, que as semanas que deixara passar ao seu lado foram apenas um gesto de compaixão de sua parte por ser tão bondosa. Disse ela pensativa no carro, fiz um som de repulsa.
-Isso é...
-Ridículo, eu sei. Disse Rô, ela me olhou, eu me encolhi.
-Você está com raiva de mim?... eu queria ter contado a ele... mas Adam...
-Eu sei Bella... convivo com ele a cinco séculos tomando muito cuidado com o que digo por medo de mágoa-lo, sei exatamente como se sente mas dessa vez ele vai ouvir, você deu um tempo demasiadamente longo para que ele se recupera-se do incidente... sei que está com medo Bella mas não à ninguém mais indicado do que você mesma para desmerece-lo de sua culpa... estou enojada, isso foi cruel, o pior ato de crueldade que poderia se cometer contra alguém... até a alma mais perversa não merecia passar por isso, é um pecado imperdoável... por mim, pelo menos, acho que Deus ainda conseguiria ter misericórdia... mas eu não. Disse ela estremecendo ao meu lado enfurecida, eu segurei sua mão e ela a apertou.
-Me perdoe Rô.
-Você não é culpada aqui... é só mais uma vítima daquela... criatura repugnante. Falou ela irritada pressionando os dedos na curva do nariz.
-Se eu tivesse um tempinho a sós com Demétrius, eu adoraria tortura-lo e já que ele não morre tão fácil, eu repetiria os processos várias e várias vezes a moda antiga. Falou ela, eu apertei mais sua mão olhando a janela com ansiedade, eu precisava liberta-lo do cárcere de sua alma atormentada, salva-lo da escuridão e trazê-lo de volta a vida. Rô estava estranhamente tranquila a meu lado, o silêncio perturbador, talvez ela estivesse pensando em diversas formas de responsabilizar o indivíduo causador daquela mentira... o peão do anjo das trevas, Demétrius.
      O carro parou na porta da biblioteca, Carl abriu a porta para mim, eu olhei para Rosemary, ela ainda estava de olhos fechados.
-Você não vai entrar?. Perguntei, ela abriu os olhos e me beijou no rosto.
-Não... tenho que cuidar de algumas coisas, mas você vai conseguir, ele não acreditaria em mim se eu dissesse, só você pode fazer isso, tenha corajem... você consegue Bella... e depois que tudo for acertado, confie em mim não à nada nesse mundo que irá impedir que vocês sejam felizes, seja firme Bella, seja forte por quem ama. Disse ela, eu chorei e ela secou uma lagrimazinha que escorregou por meu rosto, eu sorri para ela e sai, Carl segurou minha mão e sorriu.
-Senhora.
-Obrigada Carl... cuide de nossa Rosemary por mim, não deixe que ela faça nenhuma besteira. Pedi, ele assentiu seriamente.
-Pode deixar comigo. Disse ele, eu subi os degraus de mármore cor de areia da imensa biblioteca de Half Moom com destino ao laboratório subterrâneo, rumo a libertação... a minha e a dele... a minha libertação seria a dele, eu passei na recepção a senhora de cabelos brancos sorriu para mim, eu assinei meu nome no livro depois de cumprimenta-la e segui para o labirinto de estantes no corredor de artes enquanto deslizava os dedos nas capas grossas dos livros da secção infantil eu vi uma figura curiosa postada na frente de um quadro, envolta por um cobertor cinza, os cabelos também da mesma cor mas de um platinado mais profundo eu a vi, me aproximei cautelosamente para não assusta-la e fiquei a seu lado, ela passava os dedos frágeis no quadro O Filho do Rei: A Criança Real, eu cheguei mais perto perguntando-me como ela podia enxergar a beleza da obra se era cega quando eu tive um sobressalto, ela tinha me tocado, sua mão estava em minha barriga, em meu ventre... ela virou os olhos brancos para mim sem enxergar os meus mas de algum modo seus olhos se fixaram nos meus, eu segurei sua mão em minha barriga.
-O que está vendo senhora Elizabeth?. Perguntei a misteriosa senhora avó de Loren... ela levou as mãos pálidas e frias até meu rosto.
-A separação será breve mas vocês se encontrarão de novo. Disse ela, o rosto fragilizado em agonia ainda parecia mais velho.
-Não compreendo.
-Você compreenderá. Disse ela soltando meu rosto e virando-se de costas para mim, fugindo as pressas... eu corri atrás dela.
-Espere senhora Elizabeth... preciso perguntar uma coisa!. Disse mas ela continuou em um ritmo surpreendentemente veloz para uma senhora de idade, ou talvez eu estivesse acabada demais para persegui-la mas eu continuei ignorando os olhares curiosos das pessoas a minha volta enquanto corria, eu quase a perdi de vista quando ela dobrou no corredor mas a recuperei em meu campo de visão ela estava indo para o jardim de leitura nos fundos, vi ela passar pelas portas de vidros, hoje mais do que em qualquer outro dia a biblioteca estava abarrotada de gente, a maioria eram alunos mas eu continuei passando pelo contingente de estudantes e alcancei o portal, me atirei para o gramado verde, Elizabeth correu para longe da multidão de alunos sentados na grama assistindo a uma palestra passando por entre eles com maestria, eu levei três segundos a mais que ela para pelo menos me colocar fora dali tomando cuidado para não pisar em ninguém, às  pessoas reclamaram mas eu segui em frente tendo vencido o mar de alunos sem tropeçar estava na cola de Elizabeth não tinha como ela escapulir de mim, estava bem na minha frente... ela ia em direção ao jardim secreto atrás da cortina de plantas.
-A resposta está do outro lado. Disse ela, sumindo por um segundo atrás da parede espessa que continha o lugar secreto, eu afastei as plantas sem hesitar, levei dois segundos me enrolando nas tranças da trepadeira até chegar ao outro lado.
-Bella?. Disse ele, eu o olhei espantada e surpresa assim como Adam olhou para mim, ele estava sentado no banco na sombra do teto verde com um livro em mãos, estava na cara que nenhum dos dois esperava encontrar o outro ali, em minha imaginações, nós conversariamos em alguma sala dos anexos sombrios debaixo da terra... eu olhei o pequeno jardim escondido, além de plantas, peixes no pequeno lago e Adam não havia outro ser vivo que havia adentrado ali além de mim, nenhum cobertor cinza, uma senhora de cabelos grisalhos, como ela tinha escapulido de mim bem debaixo do meu nariz?!...
      Olhei o lago de carpas desnorteada, Adam largou o livro no banco e veio até mim assustado quando eu cambaleei para trás, perseguir uma senhora de prováveis sessenta anos tinha acabado com o restinho do vigor debilitado que tinha, correr foi definitivamente uma péssima ideia... Adam me segurou quando minha cabeça pendeu para trás, ele me pegou nos braços e me levou para a sombra fresca do teto de plantas.
-O que pensa que está fazendo fora do hospital?. Perguntou ele em tom de repreensão, eu ri com fraqueza envolvendo seu pescoço e respirando de forma irregular, ele pegou uma garrafa de água mineral ao lado do banco a abriu para mim comigo em seus braços e levou até meus lábios, eu bebi e deixei minha cabeça cair de lado em seu ombro, enfraquecida.
-Eu precisava ver você. Falei fechando os olhos.
-Precisamos conversar... tive um mal pressentimento de que você não fosse aparecer lá amanhã, fiquei com medo... então eu mesma vim a seu encontro. Sussurrei em seu pescoço.
-Não deveria ter vindo... você ainda não está em plenas condições de sair, não deveria se esforçar tanto. Disse ele, a tontura começou a ceder.
-Sim... eu devo isso a nós dois, facilite as coisas Adam... eu estou aqui, e se vim é porque eu o amo, só preciso que me ouça primeiro. Falei soltando um longo e cansado suspiro, seu olhar ficou suave e doce.
-Estou ouvindo mas sua insensatez foi em vão, eu regressaria para seu lado ainda hoje, poderia ter me esperado... não me assuste assim novamente Bella. Disse ele, toquei seus lábios.
-Shh não interrompa... estou a dias tentando lhe contar algo mas o senhor não me permite dizer. Disse, uma dor pequena que eu sabia que evoluiria em um estalar de dedos quando começa-se a cutucar sua ferida apareceu em seus olhos... eu toquei seu rosto.
-O que sinceramente esteve pensando todas essas semanas? Que eu deixei que ficasse a meu lado por pena? Por compaixão? Mesmo se fosse o caso seria generosidade sua pensar em mim dessa forma, que eu fosse tão boa assim... eu seria um monstro se viesse a expulsar você de minha vida. Falei olhando em seus olhos.
-Não quero que fique comigo por pena Bella... por favor não faça isso. Disse ele, eu me inclinei e pousei meus lábios nos seus.
-Não sinto pena... compadeço de sua dor porque eu o amo e dói em mim vê-lo sofrer, e eu não o aceitaria por pena mas sim por amor, como pôde pensar que eu não o amo? Como se atreve interpretar meu carinho, meu afeto por você dessa maneira? Há apenas uma verdade, e esta é que eu te amo com toda a minha vida... eu amo você meu amor. Murmurei, uma lágrima escorreu de seu olho minha mão tremia quando fui limpa-la.
-Mas quando lhe contei...
-Quando me contou a verdade... como queria que eu ficasse quando disse-me que era meu amor eterno? Eu não fiquei sem chão, fiquei perturbada que meus pés encontraram um lugar onde pisar, terra firme e não a escuridão infinita e infeliz de antes que me atirava para o além-mar... nunca aportei na costa, nunca encontrei um porto na vida porque nunca havia achado um lugar onde pudesse colocar os pés, você me trouxe a terra... demorou um pouquinho por que eu sou lenta mas estou aqui... atraquei a dezesseis anos e esse tempo todo estive procurando por você sem saber, me perdoe pela demora querido... lamento que tenha esperado tanto, você me perdoa?. Perguntei, ele começou a chorar e eu o trouxe para meu peito.
-Desculpe por não ter conseguido reagir naquela noite Adam, mas eu fiquei tão... feliz por ter descoberto você e que o nosso amor ; mesmo com os problemas que enfrentamos, tem continuado firme e vivo durante tanto tempo... que não consegui falar, não à palavras que possam expressar o que sinto, o que estamos vivendo, e não preciso de uma explicação para mim basta o significado que enxergo quando olho para você, não preciso de mais nada além de estar com você... depois quando às coisas ficaram mais claras e passaram a fazer sentido eu fui procurar por você em seu quarto... eu fui procura-lo mas não o encontrei, foi quando encontrei Mikael... me perdoe Adam, não foi insensibilidade minha, só fiquei surpresa demais, sem reação... você me pareceu tão distante de mim nessa manhã... eu também tive medo de perde-lo, por favor me perdoe. Implorei, ele continuou grudado a mim, o rosto colado em meu peito enquanto acariciava seu lindo cabelo.
-Já fui apresentada tantas vezes nesse ano... essa mesma história, e não percebi a verdade... fui tola e muito má com você quando pedi que se afastasse de mim, não foi minha intenção magoa-lo, eu não sabia da gravidade de seus sentimentos por mim, em minha mente pensava que você amasse outra mulher e que conseguia enxerga-la em mim, e no entanto veja só eu estava com ciúmes de mim mesma... que imbecil que eu fui, me perdoe se o fiz sofrer. Pedi, ele ainda chorava em silêncio em meu peito.
-Shh tudo bem, vai ficar tudo bem agora... eu estou com você, não vou deixar você ficar longe de mim nunca mais, eu o amo Adam. Falei, ele afastou o rosto, os olhos negros e avermelhados pelas lágrimas derreteram toda a minha resistência que eu tinha cultivado para não desmoronar também, eu peguei seu rosto.
-Você não está horrorizada? Minha presença não a desconforta?. Perguntou ele, eu ri enquanto chorava.
-Porque ficaria horrorizada se o que mais sinto quando estou com você é fascínio?... como sua presença seria um desconforto se eu me sinto tão feliz quando você está comigo? Seria sim um terrível desconforto para mim... ficar longe de você. Falei, ele parecia não acreditar.
-Quando você... entrou na floresta aquela vez, Alfred foi me avisar que Jolie havia dito alguma coisa, eu fiquei com medo... pensava que já soubesse da verdade quando não permitiu que eu a toca-se no hospital e quando me pediu para não procura-la mais eu aceitei, acreditei que não haveria chance para nós outra vez, então eu a deixei em paz, pensava que nesta vida você não me amasse que não sentisse mais nada por mim além de desprezo por saber o que eu sou. Disse ele, eu toquei seu rosto precioso... admirando as linhas firmes, os contornos demarcados, os traços perfeitos, o queixo anguloso, as maçãs altas, o nariz perfeito em simetria com o rosto todo harmoniosamente em cada detalhe, os olhos negros e profundos adornados por cílios longos e volumosos, os lábios de um rosado pálido, o cabelo espesso distribuído ao redor de seu rosto em mechas lisas... seu rosto chocante, impecável e lindo... era um rosto impactante, do tipo que não se esquecia, era marcante.
-O que menos sinto no momento é desprezo, confie em mim, não sabe o quanto desejo você... que me tome em seus braços e me faça sua, eu quero você... quero tanto que queima. Falei tocando seus lábios outra vez, puxando seu lábio inferior para baixo com a ponta do dedo me inclinei para ele, Adam agarrou meu cabelo na nuca, não com força mas delicadamente seus dedos envolveram meus cabelos e ele me trouxe para mais perto, a um centímetro apenas de sua boca, nossos lábios tremiam cogitando o anseio ali, a necessidade, uma distração para todas as coisas, à um centímetro de distância do céu.
-Aquela noite, nas ruínas da casa abandonada na floresta. Sussurrou ele enquanto olhava sua boca.
-Você me protegeu. Sussurrei, um dedo roçou em meus lábios.
-Como sabia que era eu?. Perguntou ele, eu ri de leve atenta a sua boca.
-Eu nem desconfiava até você me contar a verdade.
-Quando você me tocou eu fiquei completamente atordoado... queria saber se talvez fosse suportável para você conseguir conviver comigo, e então resolvi perguntar a você... tentar descobrir se você já tinha conhecimento sobre mim, e você achava que não me merecia. Disse ele, eu me lembrei de minha insegurança e de sua insistência para saber o que se passava em meu silêncio no dia em que esbarrei nele na floresta fugindo de Mikael.
-Ainda continuo achando a mesma coisa, se não me amasse tanto assim...
-Prefiro sofrer mil anos de dor por sua perda a ter que amar quem quer que seja... passaria a eternidade a sua espera para ter a graça de olhar em seus olhos outra vez, não trocaria você por ninguém e nada nesse mundo. Disse ele, eu suspirei de irritação.
-Você é teimoso e masoquista. Disse, um sorriso brincou nos cantos de sua boca mas ele o reprimiu.
-Quando você me tocou aquela vez em minha outra forma,  tive esperanças de que você me recebesse de volta, de que me aceitasse... que fosse possível...
possível... acho que não posso suportar mais essa agonia, não quero ficar longe de você. Murmurei, ele se inclinou mais um milímetro para mim e eu coloquei os dedos sobre sua boca, só havia um motivo para eu resistir aqueles lábios e dessa vez não havia nada nesse mundo que me impediria de fazer o que era certo, crucial para sua sobrevivência e a minha, sua libertação era mais valiosa naquele momento do que ceder ao desejo.
-Então estamos ambos esclarecidos agora tenho algo a dizer.
-Antes eu tenho que pedir seu perdão. Disse ele quando abaixei minha mão.
-Isso não será necessário.
-Seu perdão é importante para mim Bella, poder me perdoar por meus erros...
-É exatamente essa a questão... já chegou a ouvir o que eu estava delirando no hospital?. Comecei, ele me olhou sem entender.
-Sim.
-O que eu disse?
-Não foi você, você não parou de repitir isso um minuto. Disse ele sem entender o significado libertador por trás daquelas palavras, eu segurei seu rosto e olhei em seus olhos.
-Eu me lembrei de uma coisa com relação a minha vida anterior. Comecei, seus olhos ficaram afetados, ele quase sorriu.
-Você se lembrou de nós?. Perguntou ele com prazer.
-Em parte compreendi o que sinto por você mas não foi exclusivamente de nós que eu me recordei... mas você também estava lá.
-Do que se lembrou?. Perguntou ele, eu respirei fundo tomando corajem.
-De algo importante para nós dois...
-O quê?
-Do momento de minha morte. Falei, a dor e o pânico rastejantes na escuridão de seus olhos o possuíram por completo, acariciei seu rosto.
-Naquela noite você me perseguiu pelas ruas do vilarejo... lembro-me que pedira para que eu corresse...
-Não. Sussurrou ele em negação.
-Você sempre soube onde me encontrar... por isso alguma coisa dentro de você o puxava para mim, mesmo que não estivesse tão humano naquele momento havia algo aqui que procurava por mim. Disse tocando seu peito, ele ficou lívido.
-Eu passei pelo átrio e corri até o campo de rosas...
-Não. Sussurrou ele, a dor mais medonha que parecia faze-lo em pedaços estrangulou minha garganta mas eu fui em frente.
-Você deu a volta no outro corredor entre as roseiras e me surpreendeu pulando a minha frente... eu caí... você foi até mim, parou bem a minha frente, farejou minha pernas meu peito, você só estava querendo saber se era eu mesma, sentindo meu cheiro você soube quem eu era, eu puxei uma rosa cheia de espinhos a meu lado e a coloquei na frente de seu rosto, você me reconheceu Adam... será que não entende? Não percebe a verdade?. Perguntei, seu rosto se retorceu.
-Acho que vou vomitar. Disse ele, eu passei para o banco e ele abaixou a cabeça nauseado e trêmulo, eu passei a mão em suas costas e continuei.
-Não foi você que tirou minha vida... Demétrius apareceu lá depois que você me reconheceu, exatamente como aquela noite na casa abandonada você me defendeu... ele queria me levar embora, mas você não queria me deixar ir... mas ele soube me convencer quando me mostrou a adaga envenenada... me lembro de minhas impressões quanto a ele, Demétrius nunca fora de atirar palavras ao vento, ele disse que o mataria se eu me recusasse a ir com ele... eu me despedi de você, Adam você entendeu que eu estava partindo e segurou a saia de meu vestido, eu beijei sua mão... me doeu profundamente dizer adeus, acho que nunca mais serei capaz de fazer isso outra vez, eu prefiro a morte a ter que me despedir de você outra vez... mas eu disse adeus, andei até ele aceitando uma vida sem você para salvar o que restava de nosso povo, para salvar você... percebia o enorme sacrifício daquelas famílias, as incontáveis vidas perdidas, pais e filhos mortos em combate por minha causa... por mais que me ame e diga que eu fui a melhor coisa que aconteceu em sua vida... eu fui sua desgraça, arruinei um Reino inteiro, por isso achei que fosse melhor partir mas Demétrius foi mais rápido do que eu... claro ele é vampiro o que eu poderia fazer?. Disse infeliz, os sonhos que tive com o vampiro agora faziam sentido... Adam cobria o rosto com as mãos.
-Eu ouvi você... quando me virei você estava caído no chão, ele estava com a adaga erguida... eu segurei a mão dele, ele me atirou nas roseiras, os espinhos rasgaram minha pele e minha roupa não foi você que fez isso... você ouviu quando eu gritei queria ataca-lo mas eu consegui me erguer e o alcancei antes de você... Adam... Demétrius fez com que parece-se que fosse você mas não foi você... ele é o verdadeiro assassino, ele queria se livrar de mim e queria usá-lo para que tivesse algo a dizer para seu senhor... quando ele terminou comigo... Demétrius me atirou em cima de você... suas mãos se sujaram do meu sangue, eu vi o que você pensou, mas você estava enganado... o dia amanhecia, você estava voltando a sua forma humana e eu morri em seus braços repetindo não foi você mas você não entendeu. Disse, minha voz falhou no final... Adam ergueu a cabeça para mim quando eu terminei, deslizei uma mão por seu cabelo.
-Não foi você quem tirou minha vida, você me amava, não demoraria para que se habitua-se a sua nova forma e se encontrasse na escuridão... não foi minha morte que causou seu autocontrole sobre suas capacidades, você conseguiu isso sozinho. Disse com orgulho afagando seu cabelo no pescoço.
-Você não teve culpa de nada, entendeu agora?. Perguntei, ele se levantou de uma vez parecia meio tonto... passou a mão no rosto várias vezes como se tentasse acordar de um pesadelo enquanto me olhava, a liberação de sua pena cruel foi um abalo e tanto para ele percebi... como se um peso fosse tirado de suas costas e a leveza tivesse tirado seu equilíbrio, o fardo insuportável que carregava agora não existia mais, de repente ele caiu de joelhos a meus pés, seus olhos ficaram vazios.
-Adam... meu amor?. Perguntei tocando seu rosto, ele estava pálido, quando percebi que ele estava desmaiando eu me levantei e corri para apoia-lo, ele tombou de lado com a cabeça em meus joelhos, ele desmaiou... eu tateei meus bolsos procurando o celular desesperada mas eu havia esquecido dele em algum lugar que eu não sabia onde a não sei quanto tempo, eu procurei por algum aparelho no bolso dele, e achei um no bolso da frente da calça, rezei para que não tivesse senha enquanto deslizava os dedos pela tela, não tinha... fui a agenda telefônica na pressa em encontrar o número de Rosemary, eu cliquei em um número... o toque da espera soou em meu ouvido e no segundo alguém atendeu.
-Nicolay falando... como vai Fera?. Disse a voz grossa e inconfundível de Nicolay.
-Nicolay... é a Bella, você está na cidade?. Perguntei ansiosa, ouvi ele engasgar enquanto mastigava e tentava engolir alguma coisa.
-Ah, senhora!... sim eu estou na cidade, algum problema?. Perguntou ele, eu olhei para Adam atirei um pouco de água em seu rosto mas ele tinha apagado... calculei seu peso com base na sua altura, 1,95 ou 2,0 metros... com a massa muscular que ele tinha... precisaria de 4 homens para reboca-lo... mas ai eu lembrei que ele era um lobisomem então isso diminuiria um pouco... Nicolay tinha o quê 150 quilos de músculos?
-Consegue carregar um homem de uns cem... cento e dez quilos?. Perguntei aflita.
-Consigo por que?.
-Eu preciso de sua ajuda Nicolay... Adam desmaiou e não consigo acorda-lo. Falei, ouvi o som de alguma coisa caindo do outro lado da linha.
-Estou no carro, onde vocês estão... ele está bem?. Perguntou ele a voz séria e focada, ouvi o barulho de um motor pesado rugir.
-Estamos na biblioteca... no jardim reservado escondido atrás das plantas... acho que ele está bem sim, não bateu com a cabeça, só deve estar se recuperando do que disse a ele.
-O que a senhora disse a ele?.
-É uma longa história... lhe conto quando chegar. Prometi acariciando o cabelo de Adam.
-Não se preocupe já estou chegando senhora.

A Bella e a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora