38: O casamento

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☆☆☆











-Está na hora. Disse minha mãe...
        Eu estava na janela do quarto de Charlie escondida atrás das cortinas observando horrorizada a quantidade de pessoas nos mais de mil assentos nos campos de golfe ao longe, observei apavorada a língua comprida que era o tapete vermelho e sua extensão, eu levaria meia hora até enfim chegar ao altar, olhei as carruagens que nos esperavam lá embaixo enjoada... se eu sobrevivesse a cada obstáculo mortal até chegar lá onde ele esperava por mim sem nenhum arranhão, ilesa, o "sim" seria um grito de vitoria.
        Eu me virei para minha mãe a expressão de choque e emoção por ver em meu corpo o segredo que fora guardado a sete chaves de um cofre de segurança máxima, o vestido, Ivy chorava olhando para mim, ela secou os olhos com um lencinho, eu respirei duas vezes profundamente tentando fazer minha pulsação diminuir, preparando-me para o dia mais importante da minha vida... eu não sei quem foi que saiu daquele quarto, quem era aquela mulher de branco destemida atravessando aquela casa imensa para chegar ao seu destino final e dizer sim ao homem que ama mas decididamente não era eu ali, eu não sabia de onde tinha tirado toda aquela confiança e a corajem para fazer o que eu faria, talvez estivesse pensando somente em Adam lá esperando por mim e em mais nada, eu exclui daquela existência toda o luxo da cerimônia e os convidados que foram presencia-la... eu desci ao primeiro andar e ao térreo, galguei as escadas corajosamente até a carruagem aberta adornada de rosas vermelhas, olhei para White e Swift selados, escovados e enfeitados com laços de fitas de seda para me levarem, o condutor perfeitamente vestido para a ocasião... Carl com a mesma expressão espantada que minha mãe ainda carregava no rosto assim como meu pai me aguardava no banco detrás, eu subi na carruagem olhando seu rosto, isso me acalmou... Ivy enrolou a cauda e a deu a mim, eu agradeci com os olhos, ela tinha parado de chorar, minha mãe e ela foram na outra carruagem atrás da que eu estava e Carl colocou os cavalos para andarem, devagar eu vi o milhar de pessoas se levantar como uma onda em efeito domino, só que ao invés de caírem eles se colocaram de pé para olhar as carruagens arredondadas e fechadas como uma abóbora ainda distantes, tentei induzir em mim falsamente a ideia de eram apenas os lindos cavalos e as carruagens da Cinderella que eles ficaram curiosos para olhar mas eu não consegui enganar a mim mesma muito bem e olhei a estrada lá embaixo ao longe... por onde tinha passado quando fizemos a travessia do Sul tropical para o Norte... exatamente ali a tantos meses ouvindo Numb-Link Park infeliz e insensível a vida, olhando pela janela as pistas de corrida passar com carros velozes percorrendo suas voltas, as quadras, os campos de golfe, a casa branca, o portal com os leões dourados sem saber que um dia eu estaria ali... quem diria?... se naquela época alguém me dissesse que em menos de um ano eu me casaria ali naquela propriedade com o homem mais lindo, gentil, bondoso do mundo, eu diria que essa pessoa sofre de sérios problemas mentais... se eu soubesse antes não acreditaria  mas mesmo assim ainda continuava não acreditando...
           Só percebi quando a carruagem parou quando meu pai estava de pé do meu lado estendendo a mão para mim, eu olhei sei rosto segurando sua mão era difícil não me sentir uma garotinha de cinco anos de novo segurando aquela mão, apenas uma garotinha ainda descobrindo a vida mas eu olhei melhor minha mão na sua, não era mais tão pequena, crescera, meus dedos embora pequenos e de aparecia débil não eram mais de uma criança, eu tinha crescido, virado adulta ainda na adolescência, amado e amadurecido e me tornara mulher, senti meus pés no sapato fino e alto tocarem um degrau, depois outro e a grama agradavelmente macia embora não pudesse tirar os sapatos e senti-la naquele momento, minha mãe e Ivy ajudaram a estender o vestido a meu redor e a calda gigantesca atrás de mim, ouvi o som da orquestra tocando a marcha em um tom baixo e suave Carl tirou a carruagem do meu caminho e eu vi o sol ameno nascer no horizonte atrás das árvores, o azul claro e o amarelo creme, o lilás suave cobrindo o céu, os rostos em fileiras a minha frente com alguns erguendo o pescoço para me ver melhor, as flores em arranjos ou em vasos de cristal no chão por toda parte, olhei o tapete e Molly a minha frente como daminha de honra em um vestido mais curto, uma réplica do meu carregando uma cesta cheia de pétalas, ela sorriu para mim e piscou com aqueles olhos enormes e se virou para a frente começando a caminhar atirando as pétalas no chão, meu pai segurou minha mão e a pousou em seu braço e quando eu dei o primeiro passo no tapete vermelho, eu olhei para ele... ainda tão distante, esperando por mim como sempre, eu o vi dar um passo a frente talvez querendo como eu correr para outro, vi sua expressão séria, a testa quase vincada enquanto me olhava deslizar até ele... uma reação diferente de surpresa muda quase de assombro como o resto do mundo ali presente, os olhos em mim... até que eu vi um fulgor em seus olhos brandos a cada passo que me colocava um a menos mais perto dele, crescendo em seu olhar como se o céu estivesse estrelado, o fulgor de mil estrelas brilhando incontidas no céu de seu olhar... seus olhos não absorviam aquele amanhecer magnífico, os tons suaves não encontravam brecha para cintilar naquele olhar negro, o dia não cabia ali mas a noite infindável abraçava seus lindos e escuros olhos e ali nada mais existia além de nós dois, um sorriso desabrochou em seu rosto nos passos finais e quando meu pai parou a sua frente e passou a minha mão a ele, o sorriso tomou conta de seu rosto, eu toquei o rosto do meu pai em agradecimento, seus olhos avermelhados... ele me beijou no alto da cabeça e se afastou, Adam também fez o mesmo antes de nos viramos para o padre e nos ajoelharmos perante ele... e enquanto ele dizia as palavras, eu fui tomada por uma fixação ardente em Adam, eu não parei de olhar seu rosto e nem ele parou de olhar para mim inteira, sem saber se ficava em meus olhos, em meus lábios, no cabelo, no vestido, na minha mão clara como a sua segurando a dele... nem no momento que nossos votos foram ditos nós paramos de nos olhar, ele colocou a aliança em meu dedo delicadamente beijando minha mão e eu peguei sua mão depositei em seu dedo o anel dourado e encostei meus lábios em sua pele... nos levantamos, eu ergui o queixo e ele se abaixou ao nível de minha boca e me beijar suavemente enquanto soavam os aplausos e assobios, ele se afastou para olhar para mim em contemplação quase veneração, olhou minha mão com o anel... não havia como colocar em palavras o quanto ele estava feliz tanto quanto eu ou ainda mais se fosse possível.
-Minha esposa. Sussurrou ele com admiração, eu ri deixando a palavra surtir o efeito sobre mim... os convidados nos cercaram e tiveram início uma sucessão de apresentações em que Adam orgulhosamente me apresentou a todos os desconhecidos como sua oficialmente esposa, a mais nova, comentada e elogiada senhora, os amigos também vieram a nosso encontro, Tita quicando, Jack, minha família quase completa... quanta diferença Charlie encontraria quando acordasse, sua irmã casada!... os amigos mais próximos de Adam, os mais velhos do clã... Nicolay, Ivan, Ian, Arthy... Arthy eu ainda não conhecia, ele tinha o cabelo castanho claro, os olhos castanhos quase mel, profundos e quando ele sorria apareciam covinhas em suas bochechas, era o gentil e o mais doce deles como Adam...
-Será que me daria a honra de cumprimentar sua senhora meu irmão?. Perguntou Arthy no meio do alvoroço dos convidados que se dirigiam ao local da festa mais além... Adam assentiu sorridente e eu ergui a mão para o bondoso Arthur... ele a segurou com muita gentileza e encostou os lábios ali.
-Acho que deve estar cansada de ouvir isso senhora mas deixe-me ter o grande prazer de dizer o quanto é bela. Disse Arthur, Ivan o empurrou para o lado e colocou a mão no ombro de Adam.
-Aí Dom Ruan... irmãozinho você vai ter que me perdoar mas eu preciso fazer isso... com todo o respeito. Disse Ivan soltando um assobio olhando para mim... Nicolay trovejou atrás de Ian, rindo alto.
-Quando for sua vez com ele no ringue... ele vai se lembrar disso. Disse Nicolay, Adam levou a mão ao queixo pensando no assunto olhando a mão de Ivan em seu ombro.
-Você tem sorte por estarmos em uma festa. Disse Adam colando dois dedos nas frente dos olhos e depois apontando um dedo para Ivan... o famoso "estou de olho em você".
-Não se preocupe Ivan eu posso convencê-lo a pegar leve com você. Interrompi, ele sorriu para mim.
-E como faria isso?. Perguntou Ivan, eu passei atrás de Adam para ir a festa mas antes me virei por sob ombro para Adam e pisquei.
-Ele sabe como. Provoquei vendo com deleite Adam suspirar... os cinco me acompanharam até onde as mesas foram espalhadas ao ar livre, colocadas em ciranda ao redor de um palanque redondo bem no meio do gramado com o piano de calda modelo orquestral e a banqueta esperando por mim... Adam parou a meu lado, eu me virei para ele minimamente de perfil sem olha-lo.
-Seu presente. Sussurrei e atravessei por entre as mesas sorrindo para os rostos abismados que encontravam o meu, eu subi os três degraus do palco de madeira branca, posicionando-me enquanto os mais curiosos chegavam mais perto, as caixas de som e o microfone garantiriam que a música fluiria para todos no ar fresco do início da manhã  e comecei a tocar, Adam se sentou no tablado do outro lado do piano virado para mim com um o cotovelo apoiado no joelho e o queixo pousado no punho observando-me  maravilhado enquanto eu tocava como a estátua do pensador, o fulgor encantador no olhar deixava algo dentro de mim irrequieto... era incontrolável, fervente... minha pele se aquecia sedenta só de olha-lo, estremecia levemente não pela brisa que perpassava por nós mas pela ansiedade  do que viria no pós-festa, minha garganta estava seca, a sensação era de sede mas não era por água porque eu sabia que quando a comemoração do nosso casamento viesse ao fim eu seria dele e isso era mais do que suficientemente inquietante... e quando terminei de tocar as dez músicas que escolhera para lhe dar de presente como prometera estava tremendo, o som dos aplausos e gritos me despertaram um pouco, eu me levantei Adam veio pegar minhas mãos, as beijou sem perguntar porque eu tremia... com aqueles olhos ardentes, mais controlado e paciente do que eu e me ajudou a ir até a mesa comprida do outro lado, tiveram animações como dança e música para o entretenimento de todos, houve nossa vez de dançar a valsa abrindo a pista e a cada movimento que me colocava contra seu corpo, a cada giro, olhando nos olhos dele o ardor em minha pele aumentava, até o instante que paramos de dançar, o magnetismo entre nós nos atraía ainda mais, não se podia ignorar aquele calor fluente, a energia dominadora... ele pegou meu queixo e se inclinou para mim...
-Com licença... desculpe interrompe-los assim mas eu precisava vê-la mais de perto... anseio por este encontro a semanas. Disse um senhor ao se aproximar de nós com um sotaque italiano inconfundível... ele sorriu com gentileza, um cachecol branco postado nos ombros e o smoking preto, apoiando-se em uma bengala marrom.
-Giovanni. Falei em reconhecimento, ele assentiu e seu sorriso delicado se alargou.
-Sim sou o pai de George é um prazer poder conhecê-la senhora... o quanto ja não ouvirá a seu respeito, Dummont não poupava elogios quando a mencionava em nossas conversas, a senhora é mesmo extraordinária, e tive o privilégio de testemunhar por mim mesmo seu talento... foi magnífico, esplêndido. Disse Giovanni Sartori, olhar o rosto fino e fragil daquele senhor me fez lembrar de Dummont.
-Obrigada maestro... também estou muito feliz em poder conhecer o senhor, Deixe-me apresenta-los... senhor Sartori este é meu marido Adam. Apresentei-os, os dois trocaram um aperto de mão.
-Como vai senhor?. Perguntou Adam, Giovanni riu.
-Para um velho da minha idade não tenho mais a saúde de um garoto... a artrite é uma desavença para mim mas estou bem sim meu filho, obrigado e perdoe-me o atrevimento cavalheiro mas sua esposa é deslumbrante... um raio de luz, fez a melhor das escolhas. Disse Sartori, os dois riram e Adam me abraçou.
-A melhor com certeza senhor Sartori. Concordou Adam olhando para mim... a sensação inquietante voltou a cintilar outra vez.
-Voltemos aos elogios... sua apresentação no piano foi mesmo uma amostra de um exímio talento minha senhora, algo jamais visto por mim... estou fascinado e intrigado com sua demonstração, foi perfeita... eu estava conversando ainda a pouco com seu pai, parece-me que a senhora ainda não terminou seus estudos no colegial... correto?. Perguntou Sartori, eu assenti.
-Sim senhor... ainda faltam mais dois anos.
-Já pensou em se dedicar a música? Seria um ganho inenarrável para aqueles que apreciam a música como eu aprecio... pense nisso... o que a senhora tem não pode ser desperdiçado, seu talento é algo muito valioso. Disse Sartori, eu o olhei sentindo um leve rubor em minha pele, um elogio vindo de Giovanni Sartori era uma aprovação, um reconhecimento de que muito me perturbava.
-Vejo que compartilhamos das mesmas opiniões Giovanni... eu também estou admirado. Disse Adam, Sartori assentiu rindo.
-Suponho que seja um grande admirador pois então meu jovem não deixe de persuadi-la, a convença como puder, sei que o senhor se orgulha desta bela dama... eu mesmo gostaria de ter a honraria de ainda poder vê-la tocar em um concerto... ou melhor de ter a graça de que a pupila de Dummont seja minha aluna também, o que me diz senhora?. Perguntou Sartori, eu sorri mesmo surpresa.
-Seria uma honra muito grande Giovanni, obrigada.
-Pois então conversaremos sobre isso quando voltar de viajem... me procure assim que desejar e eu virei ao seu encontro... sinto em ter que despedir-me agora mas parto hoje mesmo de volta a Itália, tenho um concerto em Florença... mas obrigado por convidar-me para a cerimônia, foi um belo casamento, esplendoroso. Elogiou Giovanni, eu o abracei.
-Venha nos visitar mais vezes Giovanni... é bem-vindo a nossa casa. Disse Adam enquanto Giovanni acariciava meu rosto com as frágeis mãos.
-Sim muito obrigado... felicito aos noivos pela união, e vos desejo felicidades, até logo meus novos amigos. Disse Giovanni beijando as maçãs do meu rosto em despedida e abraçando Adam, e depois do brevíssimo encontro Sartori se afastou de nós caminhando a lentos passos para longe da multidão... eu respirei fundo ainda absorta nas lembranças boas que sua vinda me trouxera... Adam tocou meu rosto.
-Está feliz?. Perguntou ele, eu sorri ainda mais.
-E como não poderia estar se estou com você?
-Mais uma dança?. Perguntou, eu assenti e antes que ele tocasse minha cintura para me puxar para ele meu pai apareceu.
-Será que me concederia a próxima dança com sua senhora?. Perguntou meu pai, Adam sorriu.
-Com muito gosto meu sogro. Disse Adam entregando minha mão a meu pai e nós saímos girando para o meio da pista.
-Como se sente Sra. Lichtenfels?
-Me sinto como se estivesse no céu, nas nuvens papai... não quero cair agora. Sussurrei em seu pescoço contemplando a alegria que sentia.
-E não vai meu anjo... não vai. Prometeu ele, eu vi Adam girando com minha mãe a nossa volta enquanto ela ria ruborizada nos braços dele... meu pai os olhou.
-Eu sempre soube que você tinha ciúmes da mamãe mas isso é desnecessário mas até que é fofo. Comentei, ele revirou os olhos e riu... em seguida Jack apareceu e me puxou para dançar... toquei sua gravata era tão estranho vê-lo tão formal.
-Você está diferente. Notei olhando seu rosto sério.
-Estou?
-Deveria adotar mais esse estilo, impressiona as garotas mas não precisa ficar tão sério assim... sabe sinto falta do Pateta. Admiti, ele riu.
-Sente falta de um idiota, irresponsável e grosso?. Perguntou ele incrédulo.
-A vida não precisa ser tão séria assim... escolha essa posição para os momentos que exija isso, sinto falta do velho Jack.
-Prometo que vou melhorar por você. Disse ele girando-me outra vez soltando minha mão e eu bati em alguém... Zack, ele me segurou.
-Desculpe. Sussurrei, ele me ajudou a me endireitar.
-Você está bem?. Perguntou ele, eu toquei a tiara de cristal na minha cabeça para ter certeza de que ela não tinha saído do lugar... ainda estava presa.
-Estou sim obrigada. Assegurei olhando seus olhos azuis.
-Você... bom, eu ia dizer que está linda mas me parece que não é o suficiente... posso dançar com a mulher casada mais bonita da festa com todo o respeito?. Pediu ele, eu assenti e ele pegou minha mão, ficou olhando sem saber onde se colocava a outra mão... eu a peguei e coloquei na região acima da cintura perto das costelas no corpete justo do vestido... ele olhou em volta nervoso e eu percebi quem ele estava procurando.
-Ele está bem ali. Apontei com o queixo para Adam distante de nós conversando com alguns senhores olhando para mim, eu sorri e ele retribuiu.
-Será que ele não vai se importar?. Perguntou Zack olhando para Adam por sob o ombro um tanto apreensivo.
-Acho que não... você está se comportando muito bem, diferente da maioria dos garotos que já conheci você não seria capaz de ser desagradável com uma dama. Disse, ele sorriu tensamente e olhou para Adam que sorriu para ele.
-Eu sou um inseto insignificante perto dele.
-Fique calmo Zack, ele não é um tirano... e como vai sua mãe?. Perguntei, ele sorriu.
-Está muito bem depois da cirurgia... nós recebemos uma doação anônima. Disse ele, eu apertei os lábios para não rir e me entregar... eu sabia que Zack era orgulhoso demais para aceitar se eu oferece-se pessoalmente para pagar o tratamento de sua mãe, então Adam sugeriu que eu mandasse o advogado entregar o dinheiro sem dizer quem era o doador.
-Isso é muito bom Zack.
-Se é... ainda sobrou para a faculdade. Disse ele contente, eu sorri satisfeita por ele estar feliz.
-Fico muito feliz por você Zack. Disse, ele sorriu ainda mais e parou quando sentiu uma mão grande em seu ombro... Nicolay.
-Posso?. Perguntou ele, Zack se afastou.
-Sim claro... Hãm... tchau Bella. Disse Zack, eu ri quando ele saiu pela direita apressado e eu dancei com Nicolay, com  outros amigos como Ivan, Ian, Arthy, o prefeito e mais outros com sotaques estranhos misturados ao inglês, ou em suas próprias línguas que eu não entendia nada até Adam interromper a música e convidar a todos para cortar o bolo, cortamos o bolo gigantesco e branco... as mulheres solteiras se reuniram ao redor para que eu pudesse atirar o buquê pelos ares para a próxima sortuda no amor, eu tive um cuidado especial para me colocar na linha certa desejando que fosse para Amy mas não tinha como mirar de costas e então apenas confiei na sorte e em minha pontaria cega, atirei o buquê e me virei para ver o arranjo girar no ar, as mãos erguidas eufóricas esperando por ele... Amy estava na ponta de braços cruzados, ela não quis ir tentar a sorte, estava sentada conversando quando o buquê caiu em seu rosto, ela se assustou e olhou o buquê em seu colo, riu e o ergueu acima da cabeça como um troféu enquanto as outras se dispersaram arrasadas... Adam me abraçou por trás.
-Boa pontaria. Elogiou ele, eu olhei para Nicolay olhando Lady Amy do outro lado... ela olhava para ele, eu toquei seu braço.
-Agora é a sua vez. Alertei, ele me olhou sem entender e Adam empurrou o ombro dele.
-Vai até lá homem. Incentivou Adam com outro empurrão no braço de Nicolay... Ivan e Ian começaram a caçoar.
-Ele não vai conseguir é mais fácil encarar um tubarão branco. Disse Ivan, Ian riu.
-Ele não tem corajem vai borrar as calças. Disse Ian, eu os olhei.
-Se os dois não calarem a boca eu vou até aí. Ameacei, os dois pararam de rir e Adam riu.
-Ouviram a senhora. Disse Adam, eu dei um pulinho para dar um tapinha na cabeça de Nicolay para que ele acordasse.
-Vai logo. Disse, ele atravessou o campo até Amy que o olhava esperançosa... Adam beijou meu ombro... eu fiquei intrigada que ele soubesse que Nicolay e Amy se gostavam, em geral, homens demoram para perceber alguma coisa.
-Você também percebeu que os dois...
-A uns cem anos... eu notei alguma coisa surgindo entre os dois... mas Nicolay...
-Eu não acredito cem anos?! Porque não o ajudou logo do início? Deveria ter tido pulso firme com ele... que vergonha Sr. Lichtenfels. Sussurrei em reprovação enquanto a orquestra começava outra música e as pessoas deslizavam no gramado com suas roupas de gala, parecia mais a entrega do Oscar do que um casamento... ele riu em meu ouvido.
-Admito que fui demasiado lento a persuadir aos dois sobre o enlace que poderia vir acontecer entre eles... a afeição que existe ali é tão clara quanto a água mas conhecendo bem Nicolay como eu conheço, isso poderia levar mais alguns séculos se não fosse por interferência sua. Disse Adam, eu me virei para ele e o abracei olhando Amy e Nicolay conversarem.
-Antigamente... eu não era o ser mais romântico do universo... tinha dificuldades em ver o amor em toda parte e eu estar sozinho... sei que devia tê-lo incentivado mais, ter sido mais firme e ao mesmo tempo compreendendo o pavor dele com as mulheres. Disse ele fazendo uma pausa para um riso rouco fraco e parou olhando para Nicolay dançando com Amy.
-Deveria ter sido mais amável e tolerante como ele precisava que eu fosse, e eu tentei... eu o ouvia falar nela o tempo todo, em Amy... mas a minha desilusão com o amor após sua partida... a forma como foi, minha culpa crescente e corrosiva com isso foram tão fortes em mim que me tornei um homem amargurado e vazio... no começo eu preferi manter distância... não suportava passar perto de um casal enquanto estes se amavam com trocas de carícias e palavras de amor... até que me acostumasse com um mundo sem você mas com o passar do tempo eu aprendi a conviver comigo mesmo e os restou dentro de mim. Disse ele... o modo como ele deixou as palavras saírem e se afundarem com a última tive uma estranha noção daquele período que ele vivera sem mim... parecia-me que a dor era mais do que um sentimento era uma coisa viva... um monstro avassalador que se alimentava de sua alma... perfurando-o como uma verme fazia com a carne em putrefação, consumindo-o em lentidão... eu toquei seu rosto vazio com angústia... ele beijou minha mão.
-Se eu lhe pedisse uma coisa... você poderia fazer por mim?. Perguntei a ele, Adam assentiu.
-Não quero que pense e nem fale mais nisso... o que já passou, passou... vamos seguir em frente... sem dor ou culpa, já basta... chega, esta bem?. Perguntei, ele assentiu e sorriu para mim.
-Eu poderia pedir algo?
-O que quiser. Concordei, ele olhou a nosso redor.
-Vamos aproveitar que todos estão distraídos... venha, ela deve estar esperando. Disse ele pegando minha mão e me puxando para longe, a certa distância nos limites da propriedade ficava o bosque, Adam me pegou no colo.
-Ela quem?. Perguntei, ele me beijou.
-O que está fazendo?. Perguntei puxando a calda do vestido quando ele começou a correr comigo.
-Não quero estragar seu vestido, a propósito já lhe disse esta manhã que está maravilhosa?. Perguntou ele na floresta sombreada... eu revirei os olhos.
-Umas mil vezes... para onde está me levando? O que as pessoas vão pensar quando perceberem nossa ausência?.
-Que os recém-casados queriam um tempinho a sós?. Perguntou ele, eu o beijei levemente para não mancha-lo com o batom.
-Teremos bastante tempo a sós depois disso... uma semana não é?. Conferi, ele expeliu o ar pela boca fazendo um ruído, quase um rosnado de raiva... e eu ri quando ele atravessou a última fileira desordenada de árvores e nos colocou de volta a luz... estávamos no coreto sem teto de piso negro onde dançamos certa vez que passei alguns dias em sua casa a pedido de Rosemary... ela estava lá no meio sorrindo para nós dois com uma câmera profissional nas mãos... as plantas se entrelaçando nos pilares ao redor com arranjos de rosas... tudo tinha sido preparado... eu olhei para Adam indagativamente.
-Sessão de fotos? Jura?. Perguntei, ele sorriu me colocando no chão liso e eu fui abraçar Rô... ela ergueu a câmera e me puxou com um braço... eu não tinha percebido ela em parte alguma na festa e nem na cerimônia, acariciei seu rosto com saudades... seu olhar terno quase sensível encheu-se de lágrimas mas ela era durona demais para deixa-las cair.
-Na verdade eu só preciso de uma... já sei como você é de cada ângulo... mas tenho que acertar no vestido... não posso simplesmente pintar um balão branco no lugar. Disse ela, eu ri e a olhei sem entender.
-Eu pedi que minha irmã fizesse um quadro seu... não me atreveria a ficar sem uma única recordação sua desse dia... da última vez que Rô tentou pinta-la você ficou tão ressentida que virou o rosto. Disse ele, eu ri lembrando-me do quadro A camponesa e ri de novo.
-Ele está sendo gentil... você ficou furiosa. Disse Rô, eu suspirei.
-Imagino que sim. Disse colocando-me no meio do coreto de boa vontade.
-Aqui está bom?. Perguntei, ela me olhou surpresa.
-Não vai ter um ataque por isso?. Perguntou ela, eu sorri enquanto ela se afastava, Adam veio até mim e esparramou a cauda do vestido ao meu lado, voltada para a frente, para que a câmera a pegasse... era a peça mais linda do conjunto junto com a tiara de cristais no alto da minha cabeça.
-Bem pensado. Elogiei, ele sorriu correndo para ficar ao lado de Rô que esperava pela resposta.
-Não estou fazendo por mim, estou fazendo por ele. Confessei sorrindo para a lente redonda que mostrava o meu reflexo branco... ela ergueu a câmera revirando os olhos enquanto a posicionava a frente do rosto.
-Eu não vou pedir para você dizer X por que aí seria demais. Disse Rô, meu sorriso se alargou.
-Prontinho... doeu?. Perguntou ela, eu balancei a cabeça e olhei para Adam... todo lindo de noivo.
-Vem aqui. Chamei, ele sorriu sedutor caminhando até mim.
-Vou quebrar a lente. Brincou ele fazendo biquinho, Rô e eu rimos.
-Não seja bobo... tire mais fotos Rô... eu quero um álbum só do modelo de capa do ano aqui. Disse, e os dois riram... Rosemary tirou mais fotos de nós, de Adam sozinho... ele tirou algumas da irmã comigo.
-Tire dos outros também... a família toda, amigos... todo mundo. Pedi, ela piscou para mim.
-Eu já tirei... não pensava mesmo que iria deixar alguma coisa passar, não é?. Perguntou ela, eu pisquei.
-Como eu não percebi isso?
-Se você não presta-se tanta atenção nele... perceberia alguma coisa. Disse ela olhando para Adam, eu ri e ele se aproximou.
-Vamos temos que nos despedir de todos e irmos para...
-A fazenda. Disse, tentei disfarçar a empolgação mais não consegui prende-la na garganta... ele olhou para mim, em meus olhos, profundamente... uma mão sua envolveu meu rosto... o olhar escuro, calmo e sem pressa, não que meus sentimentos encontrassem distinções nos seus quanto ao enfim... até porque estávamos exatamente no mesmo tom... seu olhar sereno sabia, mais do que eu, que não tinha mais espera, esta acabou também, a areia tinha se esgotado e não tinha mais porque dizer não... a ansiedade dele tinha sido anulada porque ele sabia que eu seria dele de qualquer modo... eu puxei a calda outra vez olhando para baixo tentando conter a euforia do fato, ameniza-la... Adam me pegou no colo para voltarmos e Rô tirou outras imagens de nós e voltamos, parecia que ninguém tinha dado por nossa falta e porque alguém se incomodaria se a festa com toda a pompa lhes ofereciam entretenimento sem limites?... a despedida foi breve com taças sendo erguidas e os dizeres desejando nossa felicidade, eu abracei minha família, meus amigos queridos no caminho até a porta da limusine que nos esperava e a todos que consegui abraçar e receber os votos de felicidade como Adam fazia ao meu lado, a chuva de grãos brancos em nós até o carro foi com fervor... gritos e assobios até que Adam pegou minha mão e entramos... ele ria enquanto sacudia o cabelo cheio de grãos de arroz.
-Somos sobreviventes. Disse ele, eu assenti enquanto me acomodava em seu ombro.
-Somos sim... em muitos sentidos devo acrescentar por alto... e não deixo de pensar que você foi meu colete salva-vidas... obrigada por tudo. Sussurrei ele beijou meu rosto.
-Sei exatamente o que quer dizer, também sinto o mesmo. Admitiu, eu puxei seu queixo para beijar seus lábios e ele envolveu minha cintura trazendo-me para seu colo, eu me reencostei em seu ombro... fechando os olhos.
-Está cansada?. Perguntou ele acariciando meu rosto que tinha deslizado para seu peito... se eu estava cansada? Estava e muito, levantar as duas da manhã para me arrumar para o casamento a luz do amanhecer foi de longe a ideia mais cômica que já tive... como deve ter sido tirar todo mundo da cidade da cama tão cedo? Se eles não me odiassem certamente porque a festa tinha sido de seu agrado... ri com sonolência.
-Da próxima vez que eu tiver uma ideia maluca dessas... me interne em um hospício. Murmurei, ele riu levemente em minha orelha... senti seus dedos remexendo em meu cabelo, retirando os grãos de arroz.
-Não foi uma ideia ruim... devo parabeniza-la, foi genial... seus olhos... nenhuma pedra no mundo, extraída de uma rocha, do seio de uma montanha, das profundezas da terra, seja de onde for, absolutamente nenhuma delas, ainda que fosse a mais lapidada... ainda sim, nenhuma seria capaz de se quer competir com o brilho que vi em seus olhos, não haveria chances de vitoria... poderia levar mais de mil anos que ainda seria a coisa mais linda que já vi. Disse ele, eu ri.
-A maquiagem faz maravilhas... espere até me ver acordar todos dias de manhã e seus conceitos a meu respeito vão mudar.
-Eu já a vi sem maquiagem uma dezena vezes e ainda continua radiante para mim.
-Ata conta outra... essa não cola. Sussurrei virando-me para olhar em seu olhos.
-Você não tem a mínima noção da provável verdade porque não consegue achar mais de si mesma como em muitos seres humanos... a modéstia é algo mesmo admirável. Disse ele, eu suspirei tocando seu rosto... ele falou como se não si incluí-se, como se não fosse humano.
-Você é humano... é necessário humanidade para não fazer as escolhas erradas na vida, o amor dignifica e enaltece o homem, é o que nos torna humanos, e isso você tem de sobra, não somos diferentes de outras espécies... porque se um animal consegue amar e cuidar de seus filhotes isso não os torna menos humanos do que nós. Disse pegando seu queixo para que ele me olhasse.
-Entendo que você possa achar isso porque me ama demais ao ponto de rejeitar a verdade. Disse ele, eu revirei os olhos.
-Você é incrível e muito bobo e lindo. Suspirei, ele riu segurando minha mão contra os lábios e eu fechava os olhos.
-O que você fez pelo seu amigo foi muita generosidade sua. Sussurrou depois de um instante, eu balancei a cabeça.
-Isso não foi nada... não tem comparação com o quanto ele ficou feliz.
-Ainda sim... foi um lindo gesto de amor. Disse ele, eu dei de ombros levemente.
-Não é o que é importante... o gesto, o amor pelo outro é só o que importa... é o que nos faz humanos, o amor. Sussurrei respirando serenamente.
-Durma... recupere o tempo perdido.
-Acho que posso tirar um cochilo. Concordei cedendo a exaustão.
-Nos veremos em breve.
-Em um piscar. Prometi afundando mais, sonolenta, pensando em um amanhecer amarelo creme, lilás suave e o azul infinito, as flores e ele me esperando no final de um longo tapete cor de carmim... como se precisasse repassar aquele momento várias e várias vezes incansavelmente para ter certeza de que fora verdade, de que acontecera... voltando desde o princípio, o sono da noiva as quatro da tarde, induzido por calmantes, foi indispensável para que eu pudesse relaxar e acordar minamente estável para enfrentar a marota... desde o momento que acordara ainda a noite, as estrelas... pequeninos pontos cintilantes no céu como piscas-piscas, acesas na plenitude como vagalumes grudados na lousa, a lua pálida no centro do painel de vidro da janela de um dos aposentos da mansão... a invasão do comitê oficial de preparação da noiva, o comboio que irrompera sem cerimônia para dentro do quarto, as horas a seguir que teimosamente se recusavam a passar entre banho, cabelo, maquiagem, unhas até a chegada de madame Lenine as cinco da manhã para me enfiarem dentro do vestido... a última hora que pedi que todas elas me deixassem a sós para respirar e repetir mentalmente meus votos, as palavras de amor que diria a ele... me preocupava tanto que houvesse algum erro por minha parte mas não houve... tudo saiu perfeito, como deveria, como o planejado diria Tita... depois que o vi, tudo foi encaixado no seu devido lugar, foi como tocar música e dançar deixando fluir, irromper da pele a emoção tão natural quanto a água brotar da terra... as horas seguintes depois do sim foram acolhidas por mim com muita alegria, o espírito festivo ficou comigo até o fim, e na despedida lembrei-me de guarda-lo comigo para o depois... a família de Margaret, os Johnson ganharam suas merecidas férias para visitar seus parentes em Amsterdã na Alemanha, voltariam dentro de uma semana, só havia o tratador na fazenda para cuidar dos animais... estaríamos sozinhos... saber disso, ter a certeza de que era mesmo real me fizera acordar...
        Estranhei não estar mais dentro do carro, não olhar o teto preto e sim o teto branco, os cristais do lustre brilhando a meia-luz, pouco iluminado, sem sinal de luz do dia no ambiente confortável, deitada na cama do quarto dele... do nosso quarto na casa de campo, era noite... aquilo não era como eu tinha imaginado, eu sairia do carro, ele me pegaria nos braços de preferência comigo acordada e ciente, e depois ele me levaria até o quarto... não era para eu ter apagado... eu não acreditava que eu tinha dormido, foi o prometido, um cochilo e nada mais, eu deveria ter resistido por mais tempo, ter lutado contra aquilo para que pudéssemos passar a primeira hora de casados, somente eu e ele, juntos... estava tudo tão perfeito mas eu tinha que ter dormido, eu me virei procurando por ele e o vi parado lá fora, encostado no pilar da varanda olhando a noite, eu me sentei na cama ainda com o vestido, o véu e a tiara... acendi a luz do abajur e olhei o relógio de pulso dele, eu tinha dormido umas doze horas, tínhamos saído da festa meio-dia e agora era meia-noite em ponto, eu me levantei com um suspiro de decepção comigo mesma, andei até a escrivaninha de reitor de Universidade, haviam três objetos em cima da mesa comprida e lisa, uma caneta de pena branca, um tinteiro com um líquido escuro e profundo como a noite, e um caderno de couro preto, abri a gaveta o diário de couro marrom... ainda estava ali... toquei o couro da capa em memória ao dia que as coisas estranhas começaram a fazer algum sentido para mim.
-Ainda escreve?. Perguntei curiosa olhando o diário de capa escura em cima da mesa, ele ainda continuava de costas para mim.
-Quase todas as noites. Respondeu ele, eu sorri comigo mesma olhando a cadeira a meu lado e imaginando-o ali, na mansão atrás da mesa do escritório, debaixo de uma árvore em qualquer lugar do mundo com um caderno e uma pena em mãos.
-Quando começou?.
-Um ano após sua morte... minha irmã me deu o primeiro diário, disse-me que ajudaria... uma página ao dia ou duas, o quanto achar que for necessário... um diário ao ano ou três... não é proporcional. Respondeu... não quis perguntar sobre o que ele escrevia porque eu sabia que cada palavra, cada pensamento naquelas páginas, em milhares delas, foram escritas pensando em mim, clamando por mim... olhei a lua além dele.
-A lua não está mais com antes... não é mais a mesma. Constatei nostálgica, Adam confessou uma vez que pensava em mim ao contempla-la... e era verdade eu não era mais a mesma, não me sentia mais a Bella de antes... eu havia mudado... tirei os saltos sem esforço erguendo os pés ao lado da mesa, escorregaram com facilidade por causa das meias finas no mesmo tom do vestido e os deixei ali... observando o céu lá fora, eu tirei os grampos do cabelo que prendiam a tiara e a coloquei em cima da mesa, desprendi a cauda do penteado e coloquei com carinho na poltrona ao lado da porta.
-A que horas acordou hoje? Para o casamento?. Perguntei levando as mãos ao cabelo e desfazendo as tranças arruinadas depois de ter dormido em cima do cabelo... deixei que ele escorrega-se pelos ombros até a cintura livremente.
-Eu não conseguiria dormir muito mais que você neste dia... quando a trouxe para quarto, você estava em um sono tão profundo... tão linda e enquanto a via dormir também peguei no sono... quase acordamos juntos. Disse ele enquanto eu remexia no vestido as minhas costas puxando as pontas do lacinho... olhando sua silhueta a minha frente.
-O que tanto olha aí fora?. Perguntei soltando o vestido e deixando-o deslizar para o chão.
-O céu.
-E no que está pensando?
-Nesta noite. Disse-me ele virando-se lentamente, demorando-se em seu olhar em mim, eu me afastei um passo para sair do monte de tecido a meu redor e me virei para a cama, ouvi a porta da varanda ser fechada atrás de mim, o som das cortinas nos trilhos ao alto e quando me virei ele estava bem ali... as roupas dele estavam ao lado do vestido no chão... me voltei para seus olhos profundamente mais escuros e atentos aquela noite quase sérios demais na pouca luz que restara da janela acima da cama, toquei seu rosto com as duas mãos, os ombros largos, o peito... sentindo sua pele ainda mais quente na minha, macia e lisa... puxei seu rosto para mim.
-Recupere o tempo perdido. Falei pousando meus lábios nos seus, trazendo seu rosto junto comigo para a cama...

A Bella e a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora