O Que Nos Espera (Em Pausa)

1.

3:15h da manhã de sexta-feira.

Maioria dos jovens estariam em uma boate, em algum show, barzinho, motel, puteiro, em qualquer lugar menos em casa. Mas como minha mãe já dizia, eu não sou todo mundo.

Cá estou no meu décimo terceiro sono quando meu celular toca uma música da Anitta super alto quase me deixando surda. Já sabia quem era apenas pelo toque que é exclusivamente do meu melhor amigo Kadu. Ele que colocou esse toque pois como ele mesmo diz "é a melhor música para rebolar a raba".

"Vem na maldade com vontade, chega e encosta em mim..." Essa música invadindo meus ouvidos, me tirando do meu sono delicioso.

Me estico na cama, alcanço o celular na cabeceira e olho pro visor do celular e vejo escrito "Kadu" com uma foto nossa num barzinho. Vejo a hora e espero muito que esse garoto tenha um assunto muito sério para me contar, porquê só existe esse motivo para ele me acordar a essa hora.

- O que foi Kadu? - Atendo com a minha voz ainda rouca de sono e mau humorada pra cacete. - Espero que tenha algo muito sério para me contar, se não eu volto a dormir e te deixo falando sozinho.

- Ai Joana, que mau humor é esse? Você não está beijando na boca não? - Kadu me pergunta com aquela animação que só essa criatura consegue ter em plena madrugada.

- Meu Deus, falo logo porra! - Já respondo puta, o que ele pensa que é para me acordar no meio do meu sono precioso?

- Você não vai acreditar, amiga! Advinha? - Ele me respondeu logo já percebendo o nível da minha raiva.

- Você vai se mudar para outro estado? Espero que sim. - Respondo cobrindo meu corpo e virando de lado.

- Credo, óbvio que não! Que tipo de amiga é você que me quer longe? - Ele respondeu indignado.

- Aquela que não aguenta mais ter que atender você no meio de uma noite! Jesus, fala logo Kadu, quero voltar a dormir.

- Ata, então escuta: eu finalmente saí da seca! - Kadu respondeu animado quase gritando no celular.

- O que? - Respondo quase engasgando. - Eu não acredito que você me ligou só para dizer que deu a bunda, Kadu. - Completo a frase mais puta ainda.

- Ué, você é a minha amiga, precisava compartilhar minha vitória com você. - Justificou com um tom calmo. - E ainda mais, foi com um Deus grego, eu to em choque até agora. Você tinha que ver o quão lindo ele era, mas você só quer ficar em casa dormindo.

- Pelo amor de Jah! - Eu usava sempre essa expressão quando estava bastante indignada e não sei da onde veio essa ideia de trocar o "Deus" por "Jah". Apenas usava. - Kadu, eu estudo e trabalho, não me sobra disposição para farrear contigo não! E isso não é desculpa para você me ligar agora, você sabe muito bem como eu demoro a voltar a dormir. - Respondi já me sentando na cama, sentindo meu querido sono indo embora.

- Joana, isso aí que é desculpa! Eu também estudo e trabalho e sempre sobra energia para eu sair aos fins de semana. Você que é uma molenga!

- Tá, tá que seja. Somos pessoas diferentes e temos corpos diferentes, você tem disposição e eu não, ok? Já estamos esclarecidos. Agora que você já me contou seu babado, posso tentar voltar a dormir?

- Pode, garota chata. Só queria contar isso mesmo, também vou dormir, o gato me deixou cansado. - Ele respondeu e eu já posso até imaginar que ele estava se abanando a essa hora, como sempre faz.

- Ok, poupe-me disso. - Respondi fechando os olhos tentando não imaginar nada que esse garoto possa ter feito. - Boa noite, adeus.

- Tchau amiga, beijos. - Kadu me respondeu mandando um beijinho no final e desligou.

Eu tenho uma rotina para quase tudo. Desde adolescente eu crio planejamentos de o que fazer o dia inteiro; a hora em que acordo, as tarefas do dia e a hora em que eu vou dormir. Entrei na fase adulta e não perdi essa mania. Hoje em dia acho até bem mais eficiente que naquela época. Eu odeio imprevistos, improvisos que atrapalhem meu planejamento, que me tire da rotina. E ser acordada no meio da noite é uma coisa que acaba com todos os meus planos. Se eu conseguisse voltar a dormir com facilidade, como se nada tivesse acontecido, ótimo! Eu nem ligaria para nada disso. Mas, manter o meu sono na hora correta é bem difícil e eu quero poder dormir a noite bem, sem parecer um zumbi no dia seguinte.

Muitos acham tudo isso uma besteira, para que planejar sua vida inteira se você nem sabe se vai estar vivo amanhã? Eu até posso concordar em parte nessa questão, não sabemos se vamos estar vivos no dia seguinte. Mas, eu espero estar viva, então eu planejo esse dia para que nada saia errado.

Na maioria das vezes até funciona, eu sempre consigo fazer tudo que eu quero, no horário em que planejei. Porém, imprevistos acontecem. Eu odeio lidar com eles, mas infelizmente tenho que começar a fazer isso e contar com eles.

Continuei sentada na cama criando disposição para me levantar, já que meu sono foi embora de vez e eu não consegui o agarrar e implorar para ficar aqui comigo. Quando finalmente consegui 15% de energia, levantei devagar e fui andando até a cozinha que é do outro lado do corredor, porém o corredor é tão curtinho que nem faz diferença. Com poucos passos cheguei na minha cozinha, procurei o interruptor porque ficar no escuro ainda é muito assustador para mim.

Depois de me acostumar com a claridade, abri a geladeira e peguei uma garrafa d'água e despejei em um copo que já estava em cima da mesa, que nem sabia se estava limpo ou não. Depois de matar a minha sede, fui direto pra sala, peguei meu maço de cigarros em cima da mesinha de centro junto com o isqueiro, liguei a TV e acendi um para relaxar.

Fiquei zapeando entre os canais, até achar alguma coisa interessante e encontrei num canal de música, um programa de clipes de músicas nacionais e decidi assistir isso mesmo, já que é um dos gêneros que eu mais ouço. Na hora, começou "O melhor da vida" de Marcelo Jeneci e eu me acomodei mais relaxada no sofá fumando e cantando a música mentalmente junto com o cantor.

Depois de ver mais um monte de clipes, apaguei no sofá e acordei com o despertador tocando com aquele toque super irritante. Eu coloquei qualquer toque que veio no celular porquê não queria estragar nenhuma música que eu gosto botando como alarme, fazendo eu odiá-la e jogar o aparelho na parede.

Após raciocinar direito onde eu estava, e com o pescoço todo dolorido, levantei devagarzinho, desliguei o alarme e a TV, que ficou ligada a madrugada inteira. Caminhei até o banheiro, escovei os dentes, olhei para o meu reflexo no espelho que estava a coisa mais horrível desse mundo, tirei meu pijama deixando no chão do banheiro mesmo e entrei no box ligando o chuveiro na água quente, relaxando todos os meus músculos.

Resolvi lavar o cabelo, mas quando percebi, meu xampu tinha acabado. Já começando o dia estressada, muito bem. Lavei só na água mesmo, desliguei no chuveiro e percebi que a toalha não estava no banheiro.

- Puta que pariu. - Soltei um grito e saí do box tentando não escorregar e fui direto para o quarto molhando a casa toda.

Já estou vendo que meu dia vai ser daqueles.

NOTA FINAL:

Oi gente! Então, essa é a minha primeira história e é de amadora mesmo, então não criem expectativas.

Espero que gostem, beijos.