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A semana passou rápida. Quando dei por mim, já era quinta-feira. Amanhã teria a tal social do Vitor e eu estava em uma guerra interna decidindo se iria ou não.

Não é que eu tenha ansiedade social, que não consigo sair e conversar com as pessoas. Não é isso. Mas, ir para casa de uma pessoa que até dias atrás eu me matava de raiva por ela, era totalmente inesperado. Como um acidente no meio da rua chegou até esse ponto? De social de amigos? Eu estava tentando entender como isso aconteceu.

E aqui estou eu, no corredor da xerox, tirando as cópias como uma lesma e pensando nisso. As cópias saem da máquina e eu ponho os papéis bem devagar nela como se fosse a coisa mais delicada do mundo. 'Tô pensando tanto que acho que já estou com uma ruga na testa, de tanto esforço que faço. Mas é sem sucesso. Não consigo pensar numa explicação para tudo isso.

Depois de tirar todas as cópias saio do corredor com elas em mão e dou de cara com o Rafael. Ele apenas balança a cabeça me cumprimentando e segue seu caminho para o banheiro. E eu sigo o meu para distribuir as folhas. Depois do término do nosso "relacionamento" não nos falamos mais. Apenas cumprimentos cordiais na agência e nada mais. O que eu achei ótimo; eu não queria ter que ficar evitando ele no trabalho por que ele não me deixa em paz. Então, eu fiquei aliviada por ele não insistir e entender.

Assim que terminei todos os meus afazeres, esperei dar a hora de ir embora sentada na minha mesa olhando para a tela do notebook desligado. Parecia que eu estava em um transe, mas estava apenas distraída demais para perceber tudo em minha volta. Sai do transe quando o meu relógio de pulso apitou, marcando a hora de ir embora.

17:30.

Peguei minha mochila, bati meu ponto e desci os andares, saindo do edifício e indo direto para o ponto de ônibus.

- Joana! – Uma voz me chamou e eu virei para trás. Era a Lavínia, a menina do setor de planejamento – Estamos indo para um barzinho aqui perto, não está a fim de ir?

- Ah, não. Eu vou para casa, 'tô cansada – Falei e dei um pequeno sorriso para ela, que estava parada na calçada com o pessoal da agência atrás – Obrigada pelo convite.

- Tudo bem, então – Balançou a cabeça e acenou – Tchau, até amanhã.

- Tchau – Acenei de volta e segui meu caminho para o ponto.

De vez em quando eu saio com a Lavínia e o pessoal da agência, que são todos legais, tirando certas pessoas. Mas, hoje eu estava avoada demais. Certeza que ficaria na mesa só bebendo e boiando nos assuntos, e balançaria a cabeça em afirmação ou negação se me perguntassem alguma coisa.

Não demora muito e o meu ônibus chega e eu entro nele, sentando nos últimos bancos, encostando a cabeça na janela.

Logo que pus os pés em casa, a cama foi o meu alvo. Me joguei nela sem tirar as roupas e com a cabeça enfiada no travesseiro. Inspirei o cheiro do travesseiro que tinha a mistura do meu shampoo com cigarro. Para mim, a mistura perfeita. Aos poucos fui retirando os tênis, a calça jeans e por fim a camiseta. Me estiquei para pegar o cigarro de dentro da mochila e tirei um do maço, acendendo. Traguei o cigarro devagar, observando a fumaça subir e sumir. Traguei ele por inteiro, sentada na cama na mesma posição e vendo a fumaça se dissipar no ar. Não percebi o tempo passar e nem quando a campainha soou. Continuei sentada na cama, até ela soar novamente e eu finalmente perceber que alguém estava na minha porta. Coloquei a bituca no cinzeiro e fui até a sala, me dirigindo até a porta para abri-la. Kadu estava parado, com a mão na cintura, provavelmente puto porque eu demorei a abrir a porta.

- Oi, Kadu – Cumprimentei dando um beijo em seu rosto e lhe dando espaço para entrar – 'Tá tudo bem?

- 'Tá sim. Como você atende a porta desse jeito sem ao menos perguntar quem é? – Perguntou olhando meu corpo de cima a baixo. Olhei para baixo e percebi que só estava de calcinha, já que não saí de sutiã hoje.

O Que Nos Espera (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora