Agridoce

•4•

Depois de quase bugar meu cérebro pensando em uma maneira de sair daqui,eu caí no sono e só acordei agora.

Pela minúscula janela do quarto,eu consigo enxergar que já é dia e o sol brilha fraquinho do outro lado.

Me levanto da cama e uma dor na costa me incomoda um pouco.Esse colchão velho é horrível,porém é o único que tem.

No quartinho,em frente ao pés da cama há uma porta sanfonada.Não explorei ali e não sei o que esconde,mas tenho uma grande suspeita de que seja um banheiro.E torço para isso.

Caminho até a porta e a puxo para o lado com um pouco de dificuldade.O plástico já está velho.Assim que abro por completo,minha suspeita estava certa.Realmente há um banheiro ali e eu agradeço aos céus por isso.

Saio do banheiro e ouço barulhos se aproximar.São vozes e são dos rapazes.Eles conversam animados,porém não consigo entender claramente o que falam.

Agora surge barulhos de pratos e copos.Alguém deve estar preparando algo no liquidificar,pois o barulho me faz identificar.Quando o barulho cessa,eles ainda continuam conversando e rindo,mas de repente eles param e mesmo do outro lado da porta,não os vendo,senti que o clima ficou tenso.

                                                                                      ••♡••

Estou deitada na cama após beber tanta água da pia do banheiro.Minha barriga até estufou,mas consegui disfarçar a fome.

Tento tirar um cochilo,mas não consigo.Então apenas fecho os olhos e começo a pensar nos momentos bons que passei ao lado de papai e mamãe.Ao lado da Bruna e da Kananda.Ao lado do Bruno e o dia em que ele me apelidou de sweet girl.Sorrio ao pensar nisso e abro meus olhos.Me assusto quando deparo com o rapaz de bigode parado a porta.

-Ta bem felizinha pra quem foi sequestrada.-ele diz.

-Só estou tentando me distrair.-respondo ríspida.-Quando é que vai me deixar ir?-pergunto e ele fica em silêncio por um longo momento,o que me irrita.-Quando é que vai soltar?Responde!-levanto da cama e por um grande impulso estou na sua frente encarando com uma coragem que nunca pensei que tinha.Ele umedece os lábios e eu faço uma careta.

-Estou decidindo seu futuro ainda.Não sei se te mando para um bordel,se te deixo na rua e você vire uma mendiga ou se simplesmente,deixo você aqui neste quartinho de empregada até morrer.-ele me empurra e fecha a porta trancando em seguida.

Caio no chão batendo meu braço na cama.Uma dor invade meu coração só de pensar no destino que esse filho da mãe está pensando em escolher para mim e começo a chorar.

Mais eu juro que quando sair daqui,vou fazer de tudo para ver aquele idiota atrás das grades.

Ouço barulho da porta sendo destrancada e me levanto rapidamente do chão.Se aquele idiota voltou,ele que se prepare com a pedradas que levará.

Encaro a porta,e quem entra é apenas Leon.Minha raiva desaparece como mágica.

-Vi o DG saindo daqui.Esperei ele subir e vim ver se ele te fez algum mal.-Leon se mostra preocupado.

Então aquele  troglodita de bigode é chamado de DG?!

-Além de me sequestrar ele quer me mandar para um bordel.-cruzo.-Ele tem sérios problemas,né?Porque todos nós sabemos que o caminho mais fácil é me deixar ir embora e pronto!Eu esqueço tudo isso.

-O DG não pensa como a gente. Pra ele,tudo tem que a haver uma estratégia,pra nada dar errado.-Leon explica.

-Porém às vezes ele erra,né?Olha pra mim aqui.-aponto para mim mesma e Leon ri.

-Ele ficou puto com isso.Quase matou o Lucca com uma surra.-ele diz com divertimento.

-Como consegue rir?Aquele idiota agrediu seu amigo.Você tinha que defende-lo!-o repreendo e ele para de rir.Me encara por alguns longos minutos até falar.

-Estamos encurralados em um grande problema.Esse sequestro era nossa salvação.

-E agora?O que vão fazer?-pergunto com a intenção de saber o meu destino.

-Não sei.DG tá aí dizendo que tudo tá sob controle,mas a gente tá ligado que não.-Leon diz acabando com minhas esperanças de não ir para um bordel.