Capítulo 16

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Aphrodite estava em seu quarto e lixava as unhas despreocupadamente, seu coração leve e sua consciência também. Estar com Zoey a fazia feliz, e ser útil a fazia sentir-se inclusa. Suas dúvidas agora foram reduzidas, e fingir que continuava sendo Novata não era difícil, era apenas desconfortável. Ela nunca iria admitir em voz alta, mas ter a horda de nerds melhorava as coisas, mesmo que eles ainda não soubessem da sua condição humana, detalhes.

A loira levantou-se para ir até seu spa particular (que consistia em um banho relaxante com chuveiro Vichy que eram quatro chuveiros gordos, dois no teto e dois nas laterais do box de mármore do banheiro), até ela precisava ser mimada de vez em quando, mas uma dor lancinante atrás de seus fez com que a garota voltasse a sentar. 

- Merda - gemeu quando sua visão ficou vermelha.

A dor aumentou quando as imagens começavam a tomar forma e um senso de urgência tomou conta de seu corpo: encontrar Zoey.

- Malévola! - tateou pela cama em busca de sua gata e recebeu um miado enlouquecido e preocupado em resposta - Encontre Zoey, traga ela até aqui.

Sem saber se sua gata tinha entendido ou mesmo saído do lugar, Aphrodite segurou a cabeça que latejava e se concentrou em não desmaiar, as imagens vindo com força. Uma confusão de sensações.

De repente ela não estava mais na segurança e no calor de seu quarto na Morada da Noite, estava na noite de fim de inverno, no meio do mato e perto de construções abandonadas, uma área inteira de construções de mineração abandonadas. Uma dessas construções dava em enormes portões, ela percebeu que estava se afastando deles rapidamente, um pouco mais além dos portões dava para ver a entrada de um túnel subterrâneo e logo a garota percebeu onde estava. Os tuneis dos Novatos Vermelhos. 

Um aperto em seus pulsos fez sua atenção voltar para seu corpo (que não era bem seu, era da vítima), ela estava sendo arrastada e se debatia como louca, sua boca amordaçada, suas roupas estavam sujas e mal cheirosas. 

Eles a arrastaram até a linha de trem mais afastada, quase embrenhada no mato e esquecida e jogaram seu corpo sem cuidado no chão. Agora ela podia ver seus rostos, estavam engravatados e eram humanos, tinham facas e bíblias e crucifixos em mãos, eram cerca de nove pessoas e faziam uma espécie de circulo a sua volta. O corpo que Aphrodite estava, tremia de puro medo e confusão, o que estava acontecendo? Os homens falavam ao mesmo tempo, todos pareciam estar orando ou coisa do tipo e poucas frases podiam ser compreendidas, como: "livrar o mundo das abominações", "expurgar o mal destes corpos" e "salvar as almas imortais". 

As orações foram ficando mais altas quando dois homens saíram de um carro, seus rostos estavam protegidos pelas sombras da noite naquela distância, mas Aphrodite estava num corpo de um Novato Vermelho e ele enxergava melhor que outros Novatos durante a noite, então quando os homens se aproximaram: um com faca em punho e o outro com uma bíblia, Aphrodite gritou. Ela gritou pela faca que cortava sua pele e que afundava em sua barriga, ela sentiu seus órgãos sendo retirados de forma grotesca e desumana, mas o principal motivo que a fez gritar foi ter reconhecido seu pai como um dos homens que pairava sobre seu corpo e tiravam sua vida.

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Eu estava na biblioteca de mídia quando Malévola e Nala, completamente enlouquecidas, entraram na sala e começaram a miar de forma desesperada para mim, se eu não fosse tão ligada a minha gata ou tão rápida em reagir em situações de perigo, eu jamais teria entendido que era para correr até o quarto de Aphrodite. Meu estômago deu um nó tão forte que pensei que ia vomitar. Subi as escadas em tempo record e com velocidade digna de um guerreiro cheguei ao quarto de Aphrodite. 

A única luz do quarto vinha de uma pequena vela. Aphrodite estava sentada na cama, apoiando os cotovelos nos joelhos, que estavam junto ao peito, com o rosto mergulhado nas mãos, Malévola se enroscou ao lado lado dela.

Chosen (Girl X Girl)Onde histórias criam vida. Descubra agora