CAPÍTULO 2 - PESADELO

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Já tinha se passado uma hora que estávamos naquele carro, que lugar é esse que ele quer me levar? Quem será ele? Eu sei que eu já tinha o visto quando estava indo para a escola, será que era ele a pessoa que eu sentia me seguindo?

- Vamos parar nesse hotel para descansar. Precisamos repor as energias, a noite não foi muito agradável, né? – Ele falou como se estivesse debochando de mim. Que cara ridículo. Ele estacionou o carro na frente do hotel e desceu. Eu não queria descer desse carro, vai lá saber o que ele vai fazer comigo.

- Garota, desce desse carro logo. Não temos tempo para você fazer cena. – Disse ele já fora do carro. Ainda insistia em ficar dentro, não sei se posso confiar nesse maluco. Estou exausta sim, mas não dá para saber nada agora. Está tudo uma bagunça. Ele se aproximou e abriu a porta do carro do meu lado. – Olha para mim. Eu não vou fazer nada de mal com você, eu só quero entrar no quarto, me deitar e tentar ter uma noite de sossego. Mas eu não posso deixar você aqui dentro desse carro sozinha, aqueles caras podem voltar. É isso que você quer?

- É claro que não quero ver aqueles caras nunca mais. Eu posso até subir com você, porque também estou cansada, agora "noite de sossego" vai ser impossível eu ter.

- Tudo bem. Vamos logo – Ele disse sério e foi em direção a porta do hotel e eu o segui. Era um hotel antigo, bem pequeno e muito bonito. Me sentei em uma das cadeiras da recepção enquanto o maluco resolvia sobre o quarto. Uns cinco minutos depois ele vem em minha direção.

- Temos um problema. A moça chata da recepção disse que só tem um quarto de casal e ...

- E quem disse que a gente vai ficar no mesmo quarto? – Eu o interrompi o deixando com raiva.

- Será que dá para você deixar eu falar? – Ele me olha sério. – Como eu estava dizendo, e um quarto de solteiro e os dois tem banheiro. Eu peguei a chave do de solteiro porque era mais barato. Agora vamos subir logo, a moça disse que no quarto tem uma maleta de primeiros socorros.

Eu não disse nada, apenas concordei com a cabeça e o segui pelas escadas. Estava tentando assimilar tudo, eram muitos acontecimentos em um dia só, acontecimentos que vão me marcar para sempre.

Entramos no quarto, ele é bem simples, com uma cama de solteiro que poderia até caber duas pessoas, mas não quero esse maluco tão perto de mim. Me sento na cama e o tal rapaz, que por sinal ainda não sei o nome, vem trazendo a caixinha.

- Eu acho melhor você tomar um banho antes de mexer no machucado para não infeccionar. Vou ver se aquela moça tem alguma roupa limpa para você ou você tem alguma roupa nessa mochila. – Ele falou pegando a minha mochila, a mochila que meu pai mandou eu pegar e onde estava o envelope. Rapidamente tirei a mochila da mão dele antes que ele abrisse, ele não podia ver o envelope.

- Não é para você mexer nela. Eu vou ver se tem alguma roupa aqui. – Abri a mochila, porém não queria tirar as coisas que estavam dentro dela na frente dele, então só dei uma olhada por cima e tinha uma roupa sim. – Tem uma roupa aqui, vou banhar e já volto.

Um banho com uma água bem morninha era o que estava precisando para tentar tirar essa tensão que estava no meu corpo. Claro que nada nesse mundo vai tirar da minha cabeça as cenas que eu vi, cenas que vão me atormentar para o resto da minha vida. Mesmo que eles não fossem meus pais biológicos, eu os amava muito e sempre amarei. A dor de perdê-los não passaria nunca, é um buraco que vai ficar em mim, como uma cicatriz. Quando saio do chuveiro e me olho no espelho vejo como meus olhos estão inchados e vermelhos de tanto chorar. O banho ajudou bastante, mas ainda me sentia apreensiva, sem saber o que esperar. Saindo do banheiro vou direto para a cama, ela era bem confortável, mas nada como a minha cama, na minha casa, uma coisa que nunca mais teria de volta. Me assusto quando o maluco entra pela porta com um monte de pacotes na mão.

Ligações PerigosasOnde histórias criam vida. Descubra agora