Capítulo 1 - A noite que jamais esquecerei

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~~ 18 anos depois ~~

-Bom dia mãe.- Falei entrando na cozinha.

-Bom dia Jenna! Fiz panquecas hoje.- Ela disse colocando a panquecas no balcão.

- Cadê o papai?

- Ele está lá na garagem treinando. E falou que quando você chegar da escola é para você ir treinar também.

- Foi meu aniversário, ele podia me deixar livre pelo menos hoje.- Essa semana meu pai está o tempo todo treinando comigo. Mais do que o normal. Isso é estranho, até uma arma ele começou a me ensinar a usar.

-Eu sei, mas é bom para você. Agora vai logo para a escola, não pode se atrasar.

-Tá bom mãe.- pego minha mochila, dou um beijo nela e saio com a minha velha bicicleta. São os últimos dias de Primavera e o último mês de aula. Todos só falam da formatura, da preparação da formatura, que roupa vai usar, com quem vai na formatura, etc. Eu nem estou me importando, não vou mesmo. Na realidade não tenho com quem ir.

Sinto de novo aquela sensação de que tem alguém me olhando. Isso já está me deixando com medo.

Estou tão distraída que não vejo que tem um rapaz na minha frente, tento frear a bicicleta, mas não consigo a tempo e bato nele. Nós dois caímos no chão. Acho que não foi nada sério pois eu nem me machuquei, mas acho que minha bicicleta quebrou.

-Garota, você é louca! Você não olha por onde anda não? – Ele disse gritando.

-Desculpa, mas não precisa gritar. Você que não presta atenção em sua volta. - Falo me levantando e ele se levanta também. Ele está todo de preto e é bem mais alto que eu, tem os olhos verdes e cabelos ondulados. - Você se machucou?

-Não.- ele responde sério e sai andando pelo caminho que veio. Ele podia pelo menos ter me perguntado se eu estava bem, se ele não percebeu, eu também tinha caído. Tudo bem ou não, minha bicicleta quebrou! A sorte nunca está a meu favor mesmo. Deixo a bicicleta encostada em uma árvore e sigo o caminho andando até a escola.

Fim de aula por hoje, finalmente! Escola definitivamente não é meu lugar preferido. Meus pais insistem que eu faça uma faculdade, mas eu não sei o que eu quero fazer. Eu queria mesmo era conhecer lugares novos, porque nunca saí dessa cidade, nunca viajei. É muito entediante às vezes, não tenho muitos amigos, as pessoas são muito falsas hoje em dia, encontrar alguém para confiar de verdade é difícil.

Quando estou andando pela calçada, a sensação de que tem alguém me olhando volta de novo. Quem será? Ou é coisa da minha cabeça? Eu tento andar mais rápido, pois estou definitivamente sozinha na rua. Meu coração começa a bater mais rápido. Olho para trás e não vejo ninguém, um barulho em algum lugar me assusta, mas não vejo nada. Ouço passos atrás de mim, mas meu medo não permite que eu olhe para trás e continuo meu caminho.

-Jenna, agora eu quero que você treine com a arma.- Meu pai disse. Ele sempre me treinou, todos tipos de luta, desde que me entendo por gente. Ele diz que devo saber lutar para me proteger do mundo, porque ele não vai ficar comigo para sempre, que a vida não é do jeito que a gente quer, que nada é perfeito e que o perigo está sempre presente. Mesmo que aqui nessa cidade, onde o maior crime que tivemos foi um roubo a loja do Sr.Benson há uns dois anos atrás. Nada demais acontece nessa cidade, por isso eu não entendo de que perigo meu pai tanto fala e o porquê de usar uma arma.

-Pai? - Digo e quase acerto o centro do alvo.

-Jenna, segura mais firme.

-Pai, porquê esses dias você aumentou o tempo de treino e está me ensinando a usar uma arma? – Meu pai nunca gostou de perguntas, sempre tenta fugir. E sei que dessa vez não vai ser diferente.

Ligações PerigosasOnde histórias criam vida. Descubra agora