Capítulo 4

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Narrado por Nicole:

Depois de quase cinco horas dentro daquela biblioteca, finalmente terminei todo o serviço. Por sorte, o senhor Carter tinha ido almoçar e não voltou mais. Já se passavam das duas da tarde e eu ainda não havia almoçado. Só espero que Sônia tenha pedido para Lúcia guardar algo para mim...

Depois de guardar tudo em seu devido lugar, caminho até a cozinha e dou de cara com Edward. Ele me olha, mas desvio o olhar e sigo até o forno, onde não encontro nenhum prato de comida.

— Se está procurando seu almoço, pode esquecer. Lúcia não guardou nada para você — sua voz grossa me assusta.

Eu tinha certeza de que ele tinha pedido para ela fazer aquilo de pirraça. Era a cara dele. Mas não iria me importar e rebaixar ao seu nível. Sem dizer nada, pego algumas coisas para preparar uma macarronada. Estou morta de fome.

— O que pensa que está fazendo? — pergunta ele, se levantando e caminhando até mim.

— Cozinhando algo para mim, ou também é proibido?

— Não, mas se quiser, posso pedir algo para você.

— Não precisa ser gentil comigo. Conheço muito bem o senhor. Aliás, tenho uma pergunta: por que Lúcia não deixou comida para mim?

— Porque eu disse que não era necessário.

— E por que? Pretendia me deixar com fome?

— Não seria uma má ideia. Hoje eu pedi algo, pois Lúcia teve um compromisso de última hora e eu autorizei sua saída.

— Milagre — digo a mim mesma. Ele parece ter escutado, mas não diz nada.

— O que pretende preparar?

— Macarronada.

— Não gosto.

— Que bom, até porque não te ofereci. Aliás, você não sabe o que está perdendo.

— Sei muito bem, comi uma vez na casa de...

— De?..

— Não lhe interessa.

— Grosso — respondo, ligando o fogo.

[...]

Estava terminando de comer a macarronada, que, aliás, estava uma delícia, e Edward continuava a me encarar, ou melhor, a encarar meu macarrão.

— Tem certeza que não quer? Você não tira o olho.

— Eu já disse que não gosto.

— Não gosta ou tem medo de meu macarrão estar ruim do mesmo modo que o último que comeu?

Ele não me responde, apenas se levanta e volta com um prato e garfo em mãos, colocando um pouco de macarrão no prato e se sentando em minha frente.

— Toma, coloca isso que fica mais gostoso.

— O que é isso?

— Queijo ralado.

— Não gosto.

— Já comeu?

— Não.

— Então não sabe se gosta. Deixa eu colocar.

— Certo.

Era a primeira vez que Edward estava calmo; nem parecia ele. Confesso que estava até com medo de ele estar tramando algo.

— Isso está uma delícia — fala, dando a última garfada.

— Sabia que ia gostar. Impossível alguém não gostar do que faço.

Beauty and The   #EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora