O Jantar

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                        Narrado por Nicole:

Eu o sigo, um pouco apreensiva, sem entender direito onde essa conversa vai dar. Ele para na porta do escritório e me indica para entrar. O ambiente é imponente, como tudo na mansão, mas naquele instante tudo que sinto é uma tensão pesada no ar. Ele fecha a porta e me encara, parecendo medir cada palavra antes de falar.

— Eu sei que você odeia a Sabrina, e vou ser honesto... ela não facilita. — Ele suspira, esfregando a mão na nuca. — Mas enquanto ela estiver aqui, quero respeito. Ao menos, formalidade.

— Respeito? — replico, cruzando os braços. — Isso precisa ser mútuo, Edward. E respeito é algo que eu só dou a quem merece.

Ele me encara, o olhar um pouco mais suave, como se tentasse entender.

— Nicole. — Ele hesita. — sobre o beijo...

Sinto o rosto esquentar, e desvio o olhar. A última coisa que quero é falar sobre isso.

— Não precisa. Foi só um deslize, não é? — Tento soar casual, mas minha voz treme um pouco.

Ele avança um passo, o olhar fixo no meu, e sinto a intensidade daquela proximidade me invadir.

— Talvez tenha sido mais que um deslize, Nicole. — Ele fala baixo, mas com uma firmeza que deixa claro que está sendo sincero. — Eu não sei o que fazer com isso, mas você me deixa... intrigado. E irritado.

— Irritado? — Solto uma risada seca. — Porque eu não fico calada e obedeço?

— Não. Porque você me desafia, me faz ver coisas de outra forma. — Ele respira fundo, desviando o olhar por um instante, como se também tentasse se acalmar. — Eu não esperava que alguém entrasse aqui e... mexesse tanto comigo.

O silêncio se alonga, pesado, carregado de algo que nenhum de nós parece disposto a nomear. Finalmente, ele parece se recompor e dá um passo para trás, se afastando.

— Vamos descer. O jantar vai começar — Ele diz, seu tom mais frio novamente, como se colocasse uma barreira entre nós.

Respiro fundo, tentando recompor meus pensamentos, e sigo em direção à porta.

— Como quiser, senhor Carter.

Narrado por Edward:

Descer aquelas escadas ao lado dela pareceu mais um teste de autocontrole. Tive que me conter para não segurar sua mão, para não me deixar ceder àquela proximidade. Quando finalmente chegamos à sala de jantar, Sabrina já estava sentada, mexendo no celular e ignorando tudo ao seu redor.

Assim que me vê, ela abre um sorriso que se apaga quando Nicole entra logo atrás de mim. Sabrina lança um olhar afiado em sua direção, mas Nicole simplesmente ignora e vai até a cozinha para trazer os pratos.

Quando ela retorna com os pratos e se prepara para nos servir, Sabrina estica o braço e puxa minha mão, tentando se mostrar afetuosa. Ela está visivelmente se esforçando para marcar território, e não posso evitar sentir um desconforto crescente.

Nicole, por outro lado, faz questão de manter um sorriso profissional, embora seus olhos deixem escapar uma faísca de provocação.

— A comida está boa, Sabrina? — pergunto, tentando aliviar a tensão.

Ela dá uma mordida no prato e torce o nariz.

— Está aceitável. Acho que esperava algo mais elaborado para uma noite especial.

Nicole para ao lado da mesa, claramente ouvindo.

— Espero que o próximo jantar esteja ao seu gosto, senhora. — Ela diz em um tom que beira o sarcasmo.

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