A Capa

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Assim que pisei no campo de quadribol entrei em pânico. Mais de 20 pessoas voavam habilidosamente ou quase nem saiam do chão, e foi aí que eu me dei conta de que teria que sair do chão para voar.
Accio vassouras! — ordenou Malfoy e como num passo de mágica (literalmente) duas vassouras voaram em nossa direção, saindo de uma das torres do castelo. Provavelmente da janela do nosso dormitório.
Ele pegou as duas ainda no ar e estendeu o braço me oferecendo uma. Então eu travei.
— Algum problema? — ele estava confuso, meio contrariado. Acho que hoje de manhã eu falei para ele que estava animada em voar, algo assim.
— É... eu meio que tenho medo de altura.
— Como assim "medo de altura"?
— Medo de altura ué! Quantos medos de altura existem?
— Mas você precisa aprender a voar. — tentou parecer autoritário, mas nem ele acreditou em seu tom de voz — Eu estou aqui, não precisa ter medo — e disse isso olhando no fundo dos meus olhos, então eu pude ter certeza de que o certo seria acreditar pois ele disse só pra mim, só pra eu ouvir.
— Promete?
— Sempre. — ao ouvir essa palavra, eu peguei lentamente a vassoura da mão dele. Malfoy montou na sua e eu o imitei, como tenho feito quase sempre para sobreviver.
— Quando você monta em uma vassoura, ela automaticamente começa a flutuar aos seus movimentos. Tenta tirar os pés do chão. — ele orientou e eu tentei, mas não consegui, não estou acostumada com a ideia de sentar em uma vassoura e voar. E então ele levantou da sua, andou meio passo até mim e passou seus braços ao meu redor, me mantendo firme.
— Tenta agora. — e eu tirei os dois pés do chão, mas sendo mantida no ar não pela vassoura, e sim pelos seus braços.
— Obrigada.
— Não tem de que. — ele me largou devagar e ficou ao meu lado até eu me equilibrar, depois disso foi até a sua vassoura (que ainda estava flutuando) e se sentou nela.
— Agora você só tem que dar impulso pra frente e guiar, o resto ela faz sozinha. — Malfoy falou e eu fiz, cautelosa. Levantei a ponta da vassoura uns dois centímetros e meus pés já não batiam no chão, então quando eu fiquei mais no alto que ele, alinhei a vassoura e ela parou. — Muito bem! Melhor do que eu esperava.
— Ah então você esperava que eu me saísse mal? — botei a mão na cintura, brincando.
— Não, mas você tinha medo e tudo mais. Não parece com medo agora.
— Voar é bom demais!!!
          — Vai com calma, você só está a um metro e meio do chão. Acha que consegue ir mais alto?
          — Sim, acho que consigo. — empinei a vassoura ainda mais do que a última vez e subi. Um metro e meio... dois metros... dois metros e meio...
          — Lua, acho melhor parar por aqui — Malfoy disse me acompanhando. Três metros... três metros e meio... quatro metros... — Lua! — eu me desequilibrei e cai da vassoura, cai de uma altura de quatro metros.
          — Draco... — eu falei meio acordada, meio dormindo, desmaiada, sei lá.
          — Luana, você está bem?— Ele desceu da vassoura num pulo e se agachou ao meu lado, pondo a minha cabeça em seu colo. Era impossível de se ver a luz do sol, um paredão de bruxos e trouxas me cercaram, os olhares todos voltados para mim. — Lua?
          — Lua! — Rony falou e correu até nós, seguido por Harry e Hermione com seus acompanhantes, todos segurando suas respectivas vassouras. — ela vai ficar bem?
          — Eu tenho cara de médico? Pelo amor de Deus, saiam da frente! — ouvi Malfoy dizer e em seguida, ele se levantou comigo nos braços e foi andando em direção ao castelo.
          — Draco — era só o que eu conseguia dizer, outro som nenhum saia da minha boca.
          — Lua? — ele parou de andar.
          — Pode... me bo... tar... no chão.
          — Ah, claro. — ele me botou no chão e eu me apoiei em seu ombro, tomando equilíbrio. — Você ficou maluca? Era a sua primeira vez em uma vassoura, porque subiu aquilo tudo?
— Eu achei que ia conseguir, mas não quero nem tentar de novo. Por que em vez de chamar algum professor você mesmo me carregou?

(Voz: Draco)
Hum... por que mesmo eu tinha feito aquilo? Não sei o que deu em mim, eu também poderia ter usado wingardium leviosa, mas não. Não usei.
— Um professor ia demorar a chegar — falei mesmo sabendo que ela sabia que se fosse necessário, um professor chegaria lá em questão de segundos.
— Ah tá. — ela concordou, fingindo acreditar e eu preferi deixar esse assunto para trás.

(Voz: Lua)
Ele é maluco, só pode. Decidi não manter o assunto, deixa pra lá.
— Agora vamos para o pátio, relaxar um pouco. — ele falou e eu concordei com a cabeça.
Andamos pouco menos de um minuto e nos deparamos com um enorme pátio de pedra, onde pessoas conversavam, brincavam ou simplesmente ficavam paradas observando os demais. Fomos em direção a uma parede baixa, batia mais ou menos no meu cotovelo. E na cintura de Malfoy. Nos sentamos e ficamos em silêncio, olhando para o céu. Estava frio para mim, estou acostumada com o clima do Brasil, mas não deixei que ele percebesse.
— Eu devia te levar a Madame Pomfrey. — ele disse ainda olhando para o céu.
— Não, não é preciso. Estou bem.
— Mas acidentes mágicos não são como os dos trouxas. Pode causar danos invisíveis a olho nu e que podem acabar com a sua vida.
— Você está exagerando.
— Sim, estou, mas não deu muito certo. — eu ri e tremi de frio. Caramba, não vou me acostumar tão cedo com esse clima!
Comecei a mexer nas minhas unhas para tentar disfarçar e quando olhei para a frente, vi Rony vindo em nossa direção, tirando sua capa.
— Oi, vejo que você está melhor — ele disse, meigo — Harry e Hermione mandaram um abraço — olhei para onde ele estava e vi Harry e Hermione acenando, eu devolvi o gesto.
— Estou melhor sim, agradeço a preocupação — sempre tive um carinho pelo Rony através dos livros, para mim ele é um ser no qual ninguém pode tocar, de tão frágil.
— Estava te observando de longe e reparei que talvez você esteja com frio, veio de um país quente, não? — Rony falou enquanto Malfoy o observava de olhos semicerrados.
— Sim, do Brasil. Lá o calor é insuportável, o clima aqui é mil vezes melhor. Mas ainda não me acostumei. — ao terminar de dizer isso, ele concordou e me estendeu sua capa.
— Depois você me devolve, creio que está com mais frio que eu. — peguei a capa e sorri para ele, agradecendo.
— Ela não pode usar uma capa da grifinória. — falou Malfoy, ainda olhando meio torto para Rony.
— Se é questão de necessidade, sim, ela pode usar. — e saiu andando em direção aos amigos.

O menino que não teve escolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora