A visita do furacão

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(Voz: Draco)
          Ela me levou para o quarto segurado o meu braço o tempo todo, como se eu fosse cair a qualquer momento, o que me fez pensar que se eu caísse ela não iria conseguir me segurar, sou bem maior que ela. Ainda havia resquícios de sol entrando pelas janelas do castelo, e eram lindamente refletidos em seu cabelo. Longo, castanho, liso ou ondulado, não dava para definir. Mas era lindo.
          — Senta aqui. — ela ordenou e eu me sentei na cadeira da mesa central do nosso quarto.
          — O que você vai fazer? Striptease?
          — Vou fazer um striptease da sua alma se você não parar de gracinha. — ela começou a procurar algo pelo quarto.
          — Tá. — não consegui conter o riso, ela brava era muito engraçado.
          — Tá rindo de que? — virou para mim e botou a mão na cintura.
          — Nem com raiva você consegue ficar ameaçadora. Talvez seja por causa do seu tamanho.
          — Tá, não é a primeira vez que eu ouço isso. Mas vacila comigo de verdade e sua opinião vai mudar. — uou. Fiquei quieto. Ela achou o que tanto queria e se aproximou de mim, só então pode ver que era algodão e um tipo de remédio. — por que vocês não brigaram usando as varinhas?
           — Sempre que tem briga aqui, a maioria é com varinha. Só de vez em quando que a coisa fica séria mesmo e usamos as mãos. — ela limpou na minha sobrancelha, o pouco sangue que estava quase seco.
          — E por que você ficou tão irritado? Quer dizer, ele só segurou o meu braço. — ela parou o que estava fazendo e esperou a resposta.
          — Não sei porque. Acho que descontei nele a raiva que eu estava daquelas garotas.
          — Ficou com raiva do que elas disseram né? — ela foi se virando, vi que estava magoada. E sim, eu ouvi um pouco da conversa, ouvi o que elas falaram.
          — Ei, vem aqui... — puxei ela pelo braço, de modo que ela acabou sentada no meu colo.
          — Malfoy, deixa eu ir. — ela se contorceu para sair do meu colo, mas não tinha a metade da força que eu tenho.
          — O que aquelas garotas disseram não é verdade. Eu sempre fui mais reservado, nunca fiquei pegando várias por aí. Não tem pelo que se preocupar. — passei uma mecha de cabelo dela por trás da orelha e olhei nos seus olhos.
          Cacete, ela é linda. Eu nunca quis tanto alguém como quero ela. Mas não posso me envolver, não agora. A vida dela correria perigo. Mas como não? Ela era o tipo de garota que os caras iam para a luta. Tinha uma pele morena, os cabelos negros e o corpo... ah, o corpo... ela tinha um corpo maravilhoso. Só não percebia isso.
          Eu fui chegando perto e ela também. Quando estávamos prestes a nos beijar, eu pareço acordar de um sonho. A segurei em meus braços, levantei e a coloquei sentada na cadeira.
         — Você me deixa louco! Eu... eu não posso. Desculpa, eu não posso. Eu nunca pude nada, nunca tive opção. Não é agora que eu teria. — ela me olhava com uma expressão de confusão e tristeza; ela estava com pena de mim. — Não, por favor. Não precisa sentir pena.
          — Mas eu n...
          — Sim, você está.
          — Eu só ia falar pra você ir tomar um sol, essa confusão toda te deixou ainda mais branco do que você é. Seu cabelo não, ele esta glamuroso, não se preocupe. — eu ri. Belo jeito de me acalmar.

⚜️

(Voz: Lua)
          Malfoy aceitou a minha sugestão de ir tomar um sol (mesmo que já esteja escuro, fomos tomar um ar), mas com a condição de que eu fosse junto. Fomos andando para o pátio, quando o clima, podemos dizer, mudou um pouco.
          Só tínhamos nos dois no pátio quando o céu escureceu completamente, não de forma natural. Eu parei de andar e cheguei mais perto dele, com medo (eu, não ele). Nuvens espessas pairavam sobre a nossa cabeça, trazendo com si sons de trovão e raios, muito assustadores. Algo foi descendo do céu em forma de furacão, e quando tocou o chão, se revelou. Voldemort.
          Dei um passo para trás e segurei no braço de Malfoy, escondendo metade do meu corpo atras dele.
          — Menino Malfoy! Coincidência lhe encontrar aqui, estava indo falar justamente com você! — ele foi se aproximando da gente, gesticulando com os braços.
          — Bem, estou aqui. Pode falar. — Malfoy disse com cautela, escolhendo bem as pelavas.
          — Oh, tão corajoso, não tem medo que eu fale do nosso assunto na frente de sua amiga!
          Malfoy pareceu pensar. Pensar sobre o tal assunto, se ele pode ou não ser tratado na minha frente. Por que não poderia?
          — Não, não tenho medo.
          — Sem problema, sem problema... Agora, vamos direto ao que interessa. Eu gostaria de saber o que você anda fazendo de tão importante que lhe impede de dar continuação a sua tarefa. — a tal tarefa.
          — Eu estou trabalhando na minha tarefa, milorde. Dentro do prazo ela estará pronta.
          — Assim espero. Não, assim você espera. Você sabe rezar? Pedir ao seu superior, seu criador... Reze para você conseguir terminar a tarefa, se não você será a própria.
          — Sim, milorde. — ele estava com medo, mas não demonstrava. Eu vi em seus olhos.
          — Linda, sua amiga. — ele tocou os dedos magros e gelados no meu queixo, e Malfoy segurou meu braço — Creio que ela saiba da tarefa, não?
          Malfoy levantou a cabeça rápido, lhe implorando em silêncio para que não falasse.
          — Não, milorde.
          — Ah, que feio, Draco! Escondendo coisas importantes da sua namorada... Mas fique tranquilo que eu não contarei. E você também não contará, se quiser que ela continue viva. — Malfoy me olhou, e sussurrou um "desculpa" — na minha próxima visita, a tarefa estará pronta, não é?
          — Sim, milorde. Estará sim.
          Ele assentiu e com um movimento da varinha, desapareceu na frente dos nossos olhos.
          Eu me virei e olhei para Malfoy, esperando explicações.
          — Você sabe que eu não posso falar. Não quero que você sofra, Voldemort nunca foi de ameaçar em vão. Desculpa.
          — Eu já sou grandinha, sei me cuidar. E se ele me matar, quem vai sentir a minha falta? Não tenho muitos amigos, mas pelo menos morrerei sabendo da tarefa. — ele me olhava incrédulo.
          — Você tem noção do que está falando? Eu vou sentir a sua falta, a sua morte vai entrar na minha lista de coisas que eu causei e me arrependo profundamente. Eu não posso perder mais as pessoas que amo.
          Ele se deu conta do que falou no segundo em que terminou a frase. Ele me ama? Não, com certeza foi modo de falar. Mas mesmo assim, meu corpo todo respondeu àquela frase, mas da minha boca não saía se quer um som.
          — Por favor... Se você me falar talvez eu possa ajudar. — fiz a minha melhor cara de tristeza e ele estalou a língua.
          — Me promete que vai só ouvir e deixar o assunto para la? — concordei com a cabeça — Tem um armário em uma loja em Londres e outro na sala precisa. O que entra em um armário sai no outro. Voldemort quer que eu conserte esses armários para fazer uma passagem para os comensais da morte.
          — Eu sei que não é só isso. O que os comensais da morte querem aqui?
          — Dominar Hogwarts.
          Um nó foi se formando em meu estômago, uma sensação ruim foi tomando todo o espaço do meu coração.
          — Mas e Dumbledore? — perguntei quando tomei coragem.
          — Essa é a parte final da minha tarefa. Eu terei que matar Dumbledore. — ele não queria isso, tinha certeza.
          — O que? Algo está me dizendo que o foco principal de Voldemort não é dominar a escola, e sim matar Dumbledore. Por que isso?
          — Voldemort quer a varinha das varinhas.
         
         
         

O menino que não teve escolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora