CAPÍTULO SEIS

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Continuou presa ao chão pelo que pareceu ser uma eternidade, até se dar conta de que ainda estava na sala dele. Olhou ao redor e teve vontade de quebrar tudo. Sentiu o coração acender em chamas e a onda de raiva voltando. Bateu os pés no chão incontáveis vezes, os punhos rígidos, balbuciando vários palavrões. Parou ofegante e torceu para que ninguém a tivesse visto, então saiu da sala.

Virava em mais um corredor quando percebeu que não sabia pra onde estava indo. Viu a sala de Charlie novamente e decidiu bater.

A loira acenou de dentro da sala.

— Cristo, o que aconteceu com você? — Charlie franzia a testa, e antes que Olivia respondesse, ela se levantou. — Você está mais vermelha do que a bota ridícula que a Gwen veio hoje. E o cabelo todo bagunçado... — então a feição da loira mudou subitamente, transformando-se em um sorriso malicioso. — Não me diga que você estava por ai fazendo o que estou pensando, sua safadin...

— O QUE? NÃO, CHARLIE! — berrou.

— Senta ai. Precisamos dar um jeito nessa sua cara.

Sentou na cadeira, sentindo que agora o coração estava menos acelerado. Charlie voltou para trás de sua mesa, enfiando as mãos numa bolsa enorme e tirando de lá uma necessaire quase tão grande quanto.

— O que você vai fazer?

— Ora, como assim o que? Você já viu a bota vermelha da Gwen hoje? Eu jurava que tinha um pente aqui... — disse, voltando a vasculhar suas coisas.

— Não, Charlie, não precis...

— ACHEI! — e antes que Olivia fizesse outra objeção, Charlie avançou em seu cabelo, começando a penteá-lo. — Fala, o que houve?

— O que houve, é que provavelmente eu vou mesmo ser demitida.

— Hum?

Olivia começou a narrar o acontecimento anterior para a loira. Sentia-se bem conversando com ela, e não se incomodou com o fato de estar falando uma coisa que provavelmente qualquer pessoa daquele prédio a julgaria por ter feito. Enquanto contava todos os detalhes, via as feições de Charlie mudar poucas vezes, quase como se não estivesse muito surpresa com a história. Olivia achou que fosse por que ela se concentrava em passar blush no seu rosto, quando ela terminou de contar e a outra não falou absolutamente nada.

— Ah, Charlie, eu chamei o CEO da editora de ogro e ameacei jogar café na cara dele... Você não vai falar nada?

— Calma, que batom você quer? — mostrou quatro cores para a outra. Olivia resolveu escolher qualquer uma, evitando mais demora na obtenção de respostas. Depois de passar o batom nela, Charlie guardou suas coisas e sentou na cadeira em frente à Olivia.

— Então? Você acha que eu vou ser colocada pra fora, e se caso eu não seja, devo começar a andar me escondendo dele?

— Eu aconselho você a não se esconder dele, ou vai piorar tudo!

— Como assim?

— Eu sei, eu sei, ele não é o cara mais legal do mundo... Mas também não morde e nem mata. — a loira falava tudo tranquilamente. — Ele achou que você fosse um alvo fácil, e resolveu mexer com você. Sabe, ele é o teste da editora, se você sobrevive a ele, você tira esse trabalho de letra. E não comece a se esconder dele, ele vai te achar de qualquer jeito.

— Mas quem no mundo simplesmente começa a mexer com alguém só por que acha que ela é um alvo fácil? — cruzou os braços, indignada.

— ACHOU que você fosse... — Charlie corrigiu.

— Como assim?

— Não deve achar mais...

— Porque? — Olivia ficava cada vez mais confusa, por um momento achou que não deveria ter procurado Charlie para falar aquilo.

— Ora por que, você fala! — riu. — Normalmente, quando ele resolve tirar o juízo de alguém aqui na empresa, a pessoa se resume a ficar calada, tremendo, ou simplesmente desmaia no meio de uma reunião. E você acabou de fazer o oposto disso tudo...

— Ah meu deus, foi um momento de loucura... Então eu vou sim ser demitida. — colocou as mãos no rosto, afundando na cadeira.

— Para, você vai estragar a maquiagem... E não, se tem uma coisa que você não vai ser, essa coisa é demitida! — a loira riu.

— Como você sabe disso?

— Eu simplesmente sei. — levantou, voltando para sua cadeira atrás da mesa. — Ah, não se preocupa com isso Olivia, daqui a pouco ele encontra outra vítima pra descarregar o sarcasmo.

— Meio difícil, Charlie...

— Agora vai olhar a bota da Gwen, e depois quando se olhar no espelho, me agradece eim?

Saiu de lá um pouco menos tensa, mas assim que voltou o olhar para os corredores da editora, implorava ao seu consciente que aquele homem não surgisse em nenhum lugar ali. Voltou a pensar em como Charlie era legal e compreensível, sentiu que havia conversado com a pessoa certa, provavelmente ela não era a primeira a declarar o seu ódio eterno pelo CEO da Meraki. Pegou o elevador, decidida agora a narrar a história para Jade e Josh, sabia que eles teriam alguns outros palavrões para acrescentar na lista.

Quando Você Me Toca (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora