CAPÍTULO SETE

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— Eu juro. Simplesmente saiu!

Olivia se explicava pela milésima vez para Kurt, que estava zangado, enquanto Molly se divertia com a situação. Se existia uma coisa que Kurt prezava, era uma boa festa, principalmente quando ela era de graça.

O motivo para ele estar sentado com uma cara feia de frente a Olivia no meio do refeitório principal da faculdade, era o risco "passageiro" que Olivia sofrera de ser demitida da Meraki.

— Mesmo você não sendo demitida, quem garante que você vai receber essas cortesias para as festas de lá? — advertiu Kurt.

— Para, garoto! Eu já disse que foi um acidente, e já me confirmaram que eu não seria demitida. E quanto as suas preciosas festas, eu daria um jeito de te enfiar nelas só pra não ter que te aguentar mais falando sobre isso...

— Enfim, né? — Molly entrou no meio da conversa, repreendendo Kurt com o olhar. — Vocês já começaram a pensar no documentário para o projeto de monografia?

— Não, ainda falt.. três mes.., Molly... — com a boca cheia, Kurt tentou responder.

— Mas vai dar trabalho, principalmente por que nenhum coordenador deixou fazer em dupla! — sua feição era de pura indignação. Os três faziam cursos totalmente diferentes na Universidade Hills, enquanto Olivia cursava Comunicação Social com especialização em Jornalismo, Molly cursava Moda e Kurt, Engenharia da Computação.

— Eu pensei em fazer um documentário lá pela editora, o que vocês acham? — Olivia batucou os dedos na mesa, aproximando mais o tronco dela.

— Faz tudo, mas não olha pra trás! — Molly disse rápido interrompendo o assunto da conversa. Olivia paralisou, já imaginando o que seria.

— Oi, Oli! Oi gente... — sentiu um braço apoiar-se na mesa ao seu lado. Quando olhou para cima, sua previsão foi cumprida. Era ele, os olhos cor de mel com luzes azuladas brilhando e o cabelo castanho claro charmosamente assanhado apontando para ela.

— Oi... — sibilou, estremecendo.

— Soube que você passou na seleção do estágio da Meraki! Não tive tempo de te parabenizar! — Olivia sorriu abobada ao escutar aquilo. Baixou os olhos quando percebera que a mão dele agora pousava sobre seu ombro nu. Seus pelos eriçaram.

— Obrigada... — sentiu um chute em baixo da mesa, e deu um pulo como reflexo. Arregalou os olhos para Kurt.

— Então, te vejo amanhã na aula! — o rapaz saiu andando para longe dali, falando com uma ou outra pessoa no caminho, e só quando ele virou para fora do refeitório, Olivia acordou.

— Se ele ficasse aqui por mais dois segundos, você ia comer sopa de baba! — Molly falou, rindo.

— Qual é a sua, Kurt? — esbravejou, acariciando o joelho que levou o chute.

— Pensei que você estivesse passando mal, mas agora percebi que você só estava parecendo uma idiota olhando pra o cara... — e agora os dois amigos riam dela.

— Você devia ter alguma atitude... Fazem faculdade juntos. Duvido que ele te dê um fora caso você o chame pra sair!

— Mas e se der? Vou ter que trancar o curso! Não aguentaria mais olhar pra ele.

— Como você é dramática... Levo no mínimo uns dez foras por semana e nem por isso estou morrendo! — Kurt disse, agora devorando sua batata-frita.

— Mas se continuar comendo essas besteiras toda manhã, vai acabar morrendo logo, logo... — Molly cruzou os braços, olhando com desdém para a comida do outro.

— Molly, é muita ilusão sua achar que a Oli conseguiria chamar esse cara pra sair, não consegue nem falar mais de duas palavras quando ele aparece...

— É, nessa eu tenho que concordar com ele, Oli... — disse a última palavra, imitando o cara que saíra dali a pouco tempo, deixando Olivia vermelha. Olivia jogou um pedaço de papel amassado nos dois e agora os três riam de suas próprias desgraças.

De fato, desde o primeiro dia de aula, Olivia sentia uma atração sem tamanho por aquele rapaz, Dave. Não próximos o suficiente para se chamarem de amigos, mas eram bons colegas de turma, mesmo que Olivia não conseguisse falar muito em sua presença. Por vezes ela tentava dar uma de inacessível e que não ligava muito pra ele, mas sem sucesso. Sentia-se uma idiota sempre que ele aparecia e ela insistia nessas atitudes. Sabia que nunca teria coragem de chamá-lo pra sair.

Quando Você Me Toca (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora