Recomeço- CAPÍTULO 1.

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Londres- Windsor


Definitivamente Londres é linda, o lugar é tão frio, diferentemente do Brasil. Agora nossas vidas terão um novo recomeço. Perdi-me em devaneios percorrendo um pequeno lugar no aeroporto de Londres.

-Eve venha! Vamos para Windsor!

Antes de chegarmos aqui mamãe pegou seu novo carro (presente do vovô) que já estava a nossa espera, seguimos para a pacata cidade do interior da Inglaterra.

Que engraçado, eu que sempre detestei lugares pequenos estou indo para praticamente o menor de todos, provavelmente não existem mais que 20 mil habitantes. A viagem foi muito cansativa, principalmente pela falta que ele faz. Era ele quem sempre animava nossas viagens de carro e agora esse silêncio eterno. Mamãe olhava vez ou outra pelo retrovisor do carro para observar possivelmente nossa avaliação com o novo local e claro que ao mesmo tempo fixando na estrada a frente.

-Vamos direto para o cemitério... Estão nos esperando. O pai, a mãe, o irmão e os primos do Nick. -mamãe costumava chamar meu pai assim-.

-Estou excitada de certa forma para conhecê-los. Eles nunca foram nos visitar. E a tristeza retornou.

-Humpf. Jamais gostei deles. Eles nunca estiveram presentes, só se aproximaram quando você mãe decidiu contar que nosso pai estava a beira da morte.

-Não repita isso Mellany Stace Smith Johnson! Mamãe sempre repetia nossos nomes por completo quando estava chateada conosco. -Os pais do Nick tem seus motivos de não poderem nos visitar e no mais, eles foram conhecer as duas quando eram muito novinhas. Quero que os respeitem, pois estão nos ajudando muito.

-Tudo bem mamãe.

-Tanto faz, só quero que essa farsa acabe e eu possa ficar no meu quarto em paz! Olhei para Mel em repreensão, ela assentiu e colocou de volta seus fones com música alta. Mellany nem sempre foi assim, ela começou a ficar um tanto quanto difícil depois que soubemos que não havia mais esperança para o papai.

Voltando a atenção para fora do carro, estávamos passando por um lugar maravilhoso, a estrada era rodeada por fileiras de belas árvores formando um túnel por extenso quase sem fim. Depois de mais ou menos uma hora distraída em meus próprios pensamentos chegamos. E lá estavam eles. Nossos parentes distantes, nossa nova família.

Depois de todos os cumprimentos (obrigatórios, por assim dizer sobre a parte de Mel) outro carro chegou com o corpo dele. Enterramos sob determinada relutância. Como se de alguma forma ele pudesse levantar vivo e dizer que tudo não passou de uma brincadeira (a pior) sem graça, falamos alguma coisa da qual prefiro não lembrar, com uma dose de choros e lamentações. O vovô Bernard se aproximou de minha mãe para dizer-lhe algo não muito secreto.

-A casa está em perfeito estado, pronta para recebê-las.

-Sejam bem-vindas a Windsor minhas queridas, tenho certeza que vocês vão adorar a casa, a cidade. Sabe, as pessoas daqui são bem receptivas, apesar de ser pequena há muito o que fazer. E vocês minhas netinhas, quero poder conhecê-las a fundo hum? E nos deu um abraço apertado. Vovó Agnella pareceu ser uma pessoa extremamente doce, havia ternura em seus olhos assim como os do papai. Já os do vovô tão vazios e distantes. Mamãe os abraçou, agradeceu por seu gesto e finalmente fomos embora.

Nossa casa não era tão longe do cemitério, mais ou menos um quilômetro de distância a dentro da floresta. Fica próximo a um lago e a um parque ambos muito bonitos. Nossos familiares foram para suas casas que fica um pouco próxima a nossa, já o tio Mike (irmão de nosso pai) morava muito longe tanto quanto o restante da cidade. Mamãe estava tão distante, provavelmente pensando no papai. A casa é de certo bonita, elegante e ao mesmo tempo bem aconchegante. Ela é de um bege escarlate com detalhes marrom e preto. Com vários cômodos, cozinha, sala de jantar, sala de estar, copa, escritório, três grandes quartos sendo apenas um (infelizmente) uma suíte, que no caso pertence a mamãe, e mais um quarto pequeno que fica no andar de baixo nos fundos e dois banheiros perto do corredor no andar de cima. Cada cômodo perfeitamente modelado de concreto e mármore e um belo piso de madeira. Deixei que Mel escolhesse seu quarto decorado com papéis de parede rosa e tons pastéis, -que bom que ela escolheu este, eu não sou muito fã de rosa-. Quando abri a porta do meu quarto deparei-me com uma cena maravilhosa; minha janela toda de vidro que mais parecia ser uma porta para o terraço ficava de frente para o horizonte com vista para o lago. Os lençóis eram brancos combinando com a textura do quarto em si, também possui um closet que se comparado com o meu do Brasil é enorme, um espelho de tamanho desnecessariamente grande junto a parede com a moldura dourada, uma mesinha de cabeceira com um belo abajur, e uma escrivaninha com um computador em cima e um tapete felpudo branco (escolha de minha avó).

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