Capítulo 2

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     -Calma garoto não é nada -eu espero-. Fica quieto Zeus. Senta!

     Zeus se acalmou -como eu não havia visto nada resolvi que seguiríamos em frente. Com certeza minha mente havia pregado uma peça em mim- Andamos por mais vinte minutos até finalmente chegarmos ao cemitério. O caminho é um pouco assustador. -Acho que vamos voltar pela estrada não é? Falei olhando para ele -como se de alguma forma ele pudesse me entender-.

     Fui em direção onde meu pai está enterrado e de imediato as lágrimas caíam, passei a mão em meu rosto para enxugá-lo e em seguida por seu túmulo esculpido em mármore branco com peônias brancas e orquídeas roxas -mamãe passava por lá todos os dias depois do trabalho- Fechei os olhos, imaginei por um momento que talvez ele pudesse estar ali.

     -Você faz tanta falta, nem imagina o quanto. Eu ganhei um cachorro novo sabia? Foi a mamãe quem deu. "Você sabe que ela não gosta de animais tanto assim e me deu um de presente" talvez queira nos animar, fazer com que as coisas fiquem um pouco mais leves, não sei. Mellany está ficando mais bonita a cada dia você teria ciumes, sua menininha é linda. Como eu prometi estou cuidando delas. Mas, você precisa me ajudar tudo bem? Porque não é fácil e entrou mais um para a lista de cuidados. Olhei para Zeus e o acariciei, ele estava deitado no chão com a cabeça em meus pés, como se de alguma forma entendesse como eu estava me sentindo. -De uns tempos pra cá mamãe anda muito animada o que é bom não é? Semana que vem eu e a Mel vamos para a escola nova, a escola em que você estudou papai. Sorri.

     Olhei para cima e percebi que o céu estava escurecendo.

     -Essas flores são para você papai, eu peguei na floresta os últimos ramos que estão ainda de boa aparência. Desculpa por não serem peônias e também por ficar pouco tempo, mas, já está ficando tarde e a floresta está muito mais escura, prometo visitá-lo mais vezes. Beijei sua foto,lembrando com os olhos fechados mais uma vez de seu rosto, seu sorriso, uma brisa beijou meus cabelos e abri os olhos.

     -Vamos embora Zeus?

     -AU! AU! Latiu Zeus de novo alterado.

     -Acho que você está cansado não é? Vamos voltar pela floresta mesmo, pela estrada é mais longe...

     Andei por poucos minutos e Zeus voltou a ficar agitado. -Zeus pára! Você está me assustando-. Zeus correu sem parar  me guiando pela floresta adentro, pois o lugar estava muito escuro. Enquanto isso eu tropeçava em galhos, pedras e lama no decorrer do caminho, tentava tatear o que havia na minha frente, mas eu não conseguia encostar em nada, o melhor mesmo era esperar Zeus se acalmar, confiar nele e torcer para não morrer por aqui.

     -Se acalma Zeus. Ai! Esbarrei em alguma coisa e Zeus parou ofegante. Já conseguia ver a trilha e uma luz mais intensa ao longe. E num relance momentâneo percebi que havia uma pessoa na minha frente. Uma silhueta de homem.

     -Quem é você? Tentei disfarçar meu medo.

     -Você não sabe que este lado da floresta é proibido? Ouvi a voz séria de um rapaz  um tanto quanto agressiva.

     -Se é tão proibida assim, porque você está aqui? -É Eve continua confrontando esse desconhecido-. Minha consciência medrosa sempre aparecia nos "melhores momentos".

     Ele se virou e pude ver seu rosto. Apesar da raiva por ele ter falado comigo rispidamente, meu corpo todo estremeceu, não de medo. Como alguém pode ser tão lindo e tão assustador ao mesmo tempo? A cor de seus olhos é de um negro ofuscante, possui um olhar petrificante e parecia que eles brilhavam, a cor de sua pele é mais escura que a minha, um tom bronzeado, não havia como ver a cor de seus cabelos, a escuridão retornou, porém pude ver em um relance que seus cabelos voavam como se houvesse brisa ali o problema é que eu não sentia, seus lábios são incrivelmente vermelhos cor de sangue.

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